Flor Vermelha escrita por magalud
Notas iniciais do capítulo
A chegada da lua cheia traz mais problemas do que qualquer um poderia prever
- Olhe, eu sinto muito, mas não há nada que se possa fazer.
- Eu entendo, mas é que... vou sentir sua falta.
Remus sorriu e abraçou Proserpina, beijando-a na testa com ternura.
- E eu também vou sentir sua falta, querida. Mas serão apenas uns poucos dias.
- Não sei se vou agüentar, Remus.
Ele beijou-a com carinho.
- Eu voltarei para você.
Num impulso, ela tirou o prendedor de cabelo. As madeixas cascatearam livremente, e ela soltou-as com os dedos. Depois colocou o prendedor nas mãos deles:
- Leve com você.
- Mas é seu prendedor. Como vai prender seu cabelo se me der ele?
- Eu faço outro. Eu lhe disse que estava mesmo para colher outra flor.
- Vermelho combina muito bem com seu cabelo preto. Ficarei curioso para ver que flor vai escolher.
- Então você voltará daqui a alguns dias.
- É só a lua cheia diminuir de intensidade e já poderei voltar.
- Mal posso esperar. Já estou com saudade.
- Mas serão só alguns dias.
- Eu sei, Remus. Mas é que não temos tanto tempo. Odeio perder estes dias que poderia passar com você.
- Entendo. Mas não se engane: o sentimento é mútuo.
- E se eu... pudesse visitá-lo? Ajudar você na sua... condição. Posso?
Ele empalideceu. Ficou todo tenso, e o rosto adquiriu uma carranca.
- Nem pense. Proserpina, eu falo sério. É muito perigoso. Pode ir tirando isso da cabeça. Não quero ouvir você falando nisso novamente. Entendeu?
- Claro. - Ela o abraçou. - Desculpe. Não quis deixar você nervoso.
- Então, que tal ir lá para o lago? Ainda não está muito frio.
Ela concordou e o casalzinho saiu, abraçadinho, rumo ao lago. Eles pareciam bem juntos, e não havia nada que pudesse ameaçá-los.
Ou haveria?
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- Boas notícias, Srta. Prince!
O tom entusiasmado do Prof. Slughorn fez Proserpina animar-se um pouco. Era o primeiro dia da lua cheia e ela sentia falta de Remus mais do que achara possível.
- Boas notícias, professor? Estamos próximos de uma cura?
O homem largo e careca segurou a pança ao rir:
- Próximos de uma cura? Minha querida Srta. Prince, acho que podemos curá-la agora mesmo!
O sorriso dela caiu:
- Agora mesmo? Agora?
- Sim, nesse exato instante. Que tal? Pronta para deixar nosso jovem Severus Snape sair para brincar após todo esse tempo?
Ela empalideceu. Não!... Não podia!...
Remus...
Ela tinha que ser rápida.
- Mas Professor, isso não seria estranho? Digo, se Proserpina sumir de repente, isso vai ser muito estranho com os outros alunos e professores. Sem mencionar que isso seria descortês com Narcissa Black e Lucius Malfoy. Eles foram de tanta ajuda para Proserpina.
- Ora, isso é muita consideração de sua parte. Sim, sem falar que realmente pareceria estranho. Mas estou surpreso. Eu imaginei que gostaria logo de sair dessa sua dificuldade.
Proserpina apressou-se em dizer:
- Por favor, não me interprete mal, Professor. Eu agradeço muito tudo que está fazendo e o que fez por mim. Também tenho muita pressa em voltar ao meu verdadeiro eu, por se dizer. Mas acho que Proserpina merece uma despedida, não acha?
O professor de Poções enrolou os generosos bigodes, como se estivesse ponderando com eles. Então, assentiu:
- Acredito que tenha razão, Srta. Prince. Vou alertar o Prof. Dumbledore de nosso progresso. Por que não dedica o seu dia amanhã a despedir-se dos amigos e a anunciar a volta de seu primo Severus Snape?
- Sim, senhor. Boa idéia.
Naquela noite, Proserpina não dormiu. Seu pior pesadelo tinha se tornado realidade. Não era só a separação de Remus, mas o fato de não poder dizer adeus. Afinal, a lua cheia ainda estava plena.
Não havia tempo.
Ela tinha se tornado naquela criatura cruel e desprezível de que Lucius e Narcissa tinham falado, na taverna Três Vassouras.
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A despeito de tudo, inclusive de si mesma, na manhã seguinte, Proserpina viu suas pernas a guiando até a mesa no extremo oposto do Salão Principal. Ela sabia que haveria murmúrios, mas o som do seu próprio sangue bombeando furiosamente estava predominando em seus ouvidos no momento.
Proserpina não acreditava no que estava fazendo.
- Black?
- O que você quer?
- Gostaria de lhe pedir um favor.
- Um favor - ele repetiu devagar, encarando-a como se ela o repugnasse. - E por que acha que eu faria um favor a você?
- Porque seu amigo iria gostar. E porque eu jamais pediria outra coisa a você.
- Hum, essa segunda parte me interessou.
James Potter a encarou:
- O que você quer?
- Um simples favor. - Ela estava quase rosnando, arrependida de ter tomado aquela atitude. Mas Remus merecia aquele sacrifício. - Olhe, se isso é tão difícil para vocês, não se incomodem.
Ela ia dar meia volta, quando ouviu a voz de Lily Evans:
- Proserpina, espere.
Lily, sempre Lily.
- Que posso fazer por você?
Proserpina mostrou a carta:
- Gostaria que entregasse isso a seu amigo Lupin quando ele voltar.
Sirius quis saber:
- Por que não entrega você mesma?
Ela apertou os lábios, como se temesse as palavras que sairiam deles:
- Não poderei fazer isso. Meu primo está para voltar, e eu tenho que ir embora.
- Mas... vai embora assim? - Sirius parecia indignado. - Não vai nem se dar ao trabalho de se despedir dele? Que espécie de garota é você? É covarde a esse ponto?
- Não me chame de covarde! - Ela rosnou, mas logo se controlou para acrescentar: - Eu não tenho escolha. O Prof. Dumbledore disse que eu tenho que ir embora quando o Primo Severus voltar.
- Snivellus, aquele...
- Cale a boca, Sirius! - gritou Lily. Ela se virou para a moça de cabelos negros. - Proserpina, se preferir, eu entregarei sua carta.
Lily ofereceu o lugar a seu lado a Proserpina, que aceitou, grata. Ela entregou a carta a Lily, pesarosa. A moça de cabelos avermelhados deu um sorriso triste e indagou:
- Algum recado adicional?
- Se não for muito trabalho, eu queria dizer a ele que sinto muito por não poder dizer adeus pessoalmente... E que... tentarei escrever também.
Lily pegou a mão de Proserpina.
- Eu digo a ele. Remus vai ficar arrasado por não ter podido vê-la.
- Eu também estou muito chateada. Mas não houve jeito. Eu tentei. Pode dizer isso a ele também?
- Claro que digo. - Lily sorriu, um olhar caloroso. - Foi bom ter você aqui, Proserpina. Sev está bem agora?
O apelido de seu alter ego arrancou um sorriso de Proserpina:
- Acho que sim. Não sei detalhes. O Prof. Dumbledore vai me falar tudo mais tarde.
Sirius interrompeu no exato momento em que Lily ia abrir a boca:
- Evans, você está dando trela para essazinha? Eu sabia que ela ia dar o cano em Remus.
Lily fechou a cara:
- Vá embora, Sirius, ou vai se atrasar para a aula. Aliás, vamos nos atrasar todos.
Os alunos começavam a deixar o Salão Principal, rumo às primeiras aulas do dia. Proserpina acompanhou a movimentação, sabendo que aquele era seu último dia em Hogwarts. Ao menos a carta seria entregue, e a humilhação que passara tinha valido a pena.
O coração pesado não se aliviou ao lembrar que ela não mais veria Remus.
Ela só esperava que ele não a odiasse.
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