Depois do Fim escrita por Talyssa


Capítulo 23
No Castelo Viskha


Notas iniciais do capítulo

Oi, goxtosos!
Mensagem rápida pq só entrei pra postar e já tenho que sair haha
Desculpa a demora, obrigada pelo carinho e beijooooooos :3



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POV CEBOLA

De joelhos a puxei para meu colo e fiquei chorando ali agarrado a ela não sei por quanto tempo, talvez nada mais fizesse sentido, o mundo, meu povo, a vida; a única coisa que conseguia entender era a dor, mesmo nos meus piores treinamentos físicos ou nos maiores ferimentos de guerra havia passado por algo que pudesse ser comparado com aquilo, parece que arrancavam coisas de dentro de mim. Um beijo foi tudo o que trocamos, mas o suficiente para que eu ficasse ligado a ela de uma maneira inexplicável.

Acariciei seu cabelo que estava sujo de poeira e um pouco de sangue seco, limpei suas frias bochechas com meus polegares, havia alguns rastros de lágrimas por ali que eram perceptíveis, a boca estava toda rachada e ferida, não conseguia imaginar o trauma que a fizeram passar antes que ela chegasse àquele estágio. Ainda estava com a roupa do dia que visitamos o Oráculo, última vez que a vi com vida, as vestes estavam encardidas e rasgadas em muitas partes, onde o corpo estava descoberto, conseguia ver os ossos despontando, ela emagrecera muito nessa semana, que, a propósito, agora parecia muito mais do que isso.

Estava tão distraído que não percebi que não estávamos apenas só nós na sala, alguém entrara silenciosamente e interrompeu meu ritual de luto, a voz que veio de trás de mim deu-me raiva antes mesmo de saber a quem pertencia.

— Eu sabia que você viria buscar sua preciosa humana, só que parece que ela não lhe interessa somente para essa guerra, estou certo? — Virei a cabeça para olhá-lo, não precisava de apresentações, enfim via o rosto do Rei Toni, o Cruel, e para ele se mostrar daquela forma, só poderia achar que eu já estava morto.

De certa maneira, queria dizer que ele havia acertado, o desgraçado me matara no momento que havia tirado a vida de minha yala, o que estava vendo era apenas a carcaça do que já fora um homem. Porém, ele subjugou a ira de um macho que perde sua fêmea, pois, o que sustentava meu corpo era a sede por vingança e ele apareceu numa hora péssima. Falando em morte, um de nós faria companhia a ela logo logo.

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POV CASCÃO

Assim que a batalha começou naquela pequena sala o Príncipe desapareceu por um corredor, muitos diriam que era um covarde, mas eu entendia muito bem que o cara só estava lá para recuperar a mala dele.

— Yala. — Corrigiu-me a Maga ainda lutando ao meu lado, o que eu podia fazer se vivia esquecendo essas palavras complicadas? Entendê-las era uma coisa, agora decorá-las já estava um pouco distante da minha realidade. E sim, nós conversávamos enquanto derrubávamos uns Viskhas para passar o tempo.

Não eram muitos os que brigavam conosco, acredito que o Rei nunca esperaria uma invasão assim. Primeiro por que todos sabiam que o Xaveco estava de coma com aquela enfermeira gata que não saía do lado dele por um minuto!

— Cascão! – Magali rugiu ao meu lado.

— Opa! Desculpa, Maguinha. – Me desviei de uma lâmina que vinha em minha direção. – Esqueci que falava em voz alta. – Fiquei corado e mandei um jato de água para porta, fazendo com que três novos soldados que entravam escorregassem.

— Pois então fale menos e aja mais! – Disse um pouco alto demais, lançando uma bola de energia num Viskha que tentava atacá-la.

— Bem, seu desejo é uma ordem. – Não sei o que me deu, mas parei o que estava fazendo e fui em sua direção, a princípio ela continuou lutando, diminui a pouca distância que nos separava sem deixar de lançar meus jatos, que por acaso percebi que podiam mudar de temperatura, nos brutamontes que vinha em minha direção, queimando-os com o estado fervente da minha H2O.

— O que você tá fazendo? – Ela perguntou quando percebeu que estava ao seu lado e a puxava para meus braços.

— Você disse para que eu agisse, é o que estou fazendo. – E lhe beijei, o beijo apaixonado que estava louco por dar fazia um longo tempo. Minha Magali tentou se afastar, mas não demorou para corresponder, percebi que nada nos atingia e quando abri os olhos percebi que ela nos protegia com seu escudo de energia; acho que uma vez dentro dele nada entra e nada sai.

— Ei, pombinhos, será que dá pra ajudar aqui? — Capitão Franja lutava freneticamente com um soldado Viskha, decidimos deixar nosso momento para mais tarde e voltamos à luta. Magali me sorriu e me deu um último selinho, uma promessa muda de que continuaríamos nossa “conversa” depois que aquilo acabasse. Agora só faltava a Mô ser encontrada viva e bem e a gente sair logo dali.

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POV CEBOLA

Deixei a Mô com a maior delicadeza que consegui e me ergui para enfrentar aquele idiota parado na minha frente. Não esperei nada e muito menos quis conversa, apenas parti cegamente para cima do Viskha, acho que havia sangue em meus olhos, mas nada poderia me deter, não vi os golpes entrando, só o que sei foi que brigamos como bárbaros. Perdemos nossas espadas e o último golpe que dei foi apenas com minha mão; ele ficou ali, caído no chão e sem se mover, estava muito ferido, mas não sabia se conseguira tirar sua vida. Briguei com minha alma, não com minha força, briguei por vingança, por ódio e tudo aquilo só contribuiu para que eu o derrotasse.

Fiquei bem machucado com aquela briga, porém, tive força para chegar até ela novamente, queria verificar se estava morto, mas não tinha vontade alguma de morrer em cima do corpo daquele sujo, por isso, me arrastei de volta até onde tinha aninhado minha Mônica e a puxei para meus braços do jeito que pude, acredito que esse era o máximo que conseguiria fazer, quem sabe se os meus soldados e amigos sobrevivessem, viessem nos procurar e levariam nossos corpos para que fossem enterrados juntos.

O Doce ficou aninhado no colo dela, também não mais se mexia, não sei se a dor do bichinho era tanta que ele não aguentou, o fato é que não conseguiria dar atenção a ele naquele momento. Fechei os olhos e me aproximei de seus lábios o mais lento e carinhosamente possível, tentei ser amável mesmo que ela já não pudesse sentir, encostei minha boca na sua bem de leve e na minha cabeça orava para que por um milagre ainda pudesse sentir corresponder meu beijo. Tive tanta fé naqueles pensamentos e quis tanto, que consegui perceber sua boca respondendo, bem pouco, mas respondeu; claro que aquilo era apenas obra da minha cabeça conturbada, entretanto, foi excelente me perder na minha própria loucura por um momento.

 Abri meus olhos e vi o que não conseguia acreditar, seus olhos tremiam de leve, tive quase certeza que ela tentava abri-los, mas como estavam costurados era impossível. No entanto, sua boca abriu um pouco, tentando solver ar, porém, nada dizia. Meu coração deu um salto dentro do meu peito e vi que o Kaphi estava tão incrédulo quanto eu, ele se mexia freneticamente rolando pelo corpo de minha yala. A confirmação de que ela voltara só chegou realmente à minha razão quando senti um de seus dedos mover na mão que eu segurava.

O choro que saiu de mim já não era de tristeza, mas sim de felicidade. Aqueles pequenos gestos fizeram com que a esperança de tê-la voltasse e me desse forças para sair daquele buraco e levá-la em segurança de volta à Syati, assim, alguém a curaria e eu nunca mais a perderia daquela forma novamente. Foi o que fiz, respirei fundo e coloquei as deficiências do meu corpo de lado, reuni todos os meus esforços e consegui ficar de pé e puxá-la para meu colo. Passei por cima do corpo do Rei, que aquela hora não me interessava nem um pouco, e fui em direção ao único lugar que poderia ser nossa salvação, a sala em que estava acontecendo a batalha.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor, deixem suas opiniões e logo logo sai capítulo novo!
Amo vocês :3