Divergentes escrita por Nightshade


Capítulo 9
Dor




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Dessa vez, eu é que ficaria sem lutar, por isso a única luta na qual me concentrei foi a de Karen, a qual ela venceu, contra Myra, uma garota transferida da Erudição. No resto do tempo, fiquei pensando em minha pequena discussão com Peter... ainda estava chateada pelas suas palavras... mas seu olhar para mim estava diferente naquela hora...

Minha atenção se volta para a arena quando vejo Tris e Peter em posição, prontos para lutar.

– Talvez eu pegue leve se você chorar. – diz Peter, em tom sádico.

Tris não diz nada, mas parece nervosa.

– Vamos lá, Careta – ele diz novamente, com os olhos brilhando – Só uma lágrima. Quem sabe se você implorar?

A luta se passa em cenas rápidas; não seria exagero se eu dissesse que Peter estava espancando Tris. Ele a empurra e ela cai no chão. Mas ao contrário de quando ele lutara comigo, ele não para de bater mesmo com ela caída.

Eric não faz nada, apenas sorri levemente e Quatro havia saído da sala. Peter permanece chutando e socando Tris, que parece cansada e atordoada.

Foi aí que eu agi impulsivamente.

– Chega! – gritei, minha voz ressoou pela sala.

Para minha surpresa, Peter parou no lugar ao som de minha voz e me olhou. Mas Eric me encarava de um jeito furioso.

Começo ou não a temer por minha vida agora?

– Tirem ela daqui. – Eric gesticula em direção a Tris, caída no chão. Christina e Al a tiram da sala – Saía. – ele ordena a Peter, enquanto tira a jaqueta e entra na arena, ainda me encarando. Por um momento, penso que Peter iria recusar, mas ele obedece calado – Suba aqui, amadora de plantas. – Eric grita, gesticulando para mim. Me encolho levemente com o apelido de mal gosto para as pessoas da Amizade; mas mesmo assim vou para a arena.

– Vou ensinar a não se intrometer aonde eu mando. – ele diz, assumindo a posição de luta.

Eu sabia que não teria chance contra ele, contra ele não, e isso se provou verdade, pois alguns minutos depois meu corpo estava jogado no chão e eu não podia me mexer; sentia lágrimas escorrendo por meu rosto e então perdi a consciência.

***

Quando acordo, estou em um lugar que provavelmente é uma enfermaria. Sinto tanta dor, que mal consigo respirar.

– Você acordou! – a voz de Karen soa ao meu lado; olho para ela – Como se sente?

– Como se tivesse sido atropelada por um trem. – respondo, e ela ri.

– Pelo menos seu olho não está roxo... – ela olha em direção a outra cama, na qual eu vejo, está Tris, com o olho roxo e inchado. Torço o nariz e desvio o olhar.

– Me ajude a levantar, por favor Karen. – estico meu braço e ela me ajuda a ficar de pé com cuidado – Quero ir para o dormitório. – digo, engolindo a dor – Estou sem fome.

– Tem certeza? – ela pergunta, preocupada.

– Sim. – digo entredentes.

***

Quando acordo na manhã seguinte, meu corpo inteiro doí. Karen não está no dormitório, nem alguns outros iniciandos... provavelmente estavam no banheiro ou no refeitório para o café da manhã. Mudo de posição para tentar me levantar e engulo um grito de dor. Meus olhos lacrimejam.

– Se sentindo bem, colorida? – ouço Peter perguntar, com seu tom debochado. Ele já está acordado e vestido, apenas sentado em sua cama.

– Eu estou bem, Peter. – suspiro, não querendo ter de lidar com ele agora.

Ele se levanta e vem para meu lado, instintivamente acho que ele iria minar minha paciência, mas ele está com uma expressão estranhamente séria.

– Deixe eu te ajudar. – diz ele, e para minha surpresa, ele abraça meus ombros com cuidado e me põe sentada.

Minha surpresa somente aumenta enquanto o vejo pegar minhas roupas e me ajudar a me vestir. Sempre calado e sem me encarar. Me ajuda a vestir minha blusa e em seguida a calça. Então se ajoelha para por meus sapatos. Sem me encarar.

Porque estaria ele me ajudando?, era a pergunta em minha mente.

Peter me olhou rapidamente, ainda amarrando meus sapatos.

– Você não estaria assim se eu tivesse parado de brigar com a Careta depois que ela caiu. – diz ele, apenas acima de um sussurro – Isso é o mínimo que posso fazer.

Fico tocada com sua ação. Talvez... talvez ele não seja “pura maldade” como Christina havia dito.

Ele termina de calçar meus sapatos, mas antes que ele se levante, o abraço, tombando minha cabeça em seu ombro.

– Obrigada. – beijo seu rosto. Ele fica tenso, mas para minha surpresa o sinto abraçar levemente minha cintura. Mas logo em seguida se solta de meu abraço.

Ele não me encara quando sai do dormitório, mas vejo seu rosto avermelhado.


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