17 de janeiro de 2015 as 07:45 da manhã.

Estou pra lá de atrasada, 40 minutos, que droga, como consegui me atrasar para meu primeiro dia de aula do segundo semestre da faculdade, maldito despertador, sala 5, bloco 10, sala 5 bloco 10, hum... achei. Eu bati na porta e depois fui abrindo com cuidado, nem olhei pra cara do professor apenas entrei de cabeça baixa.

- com licença. – eu disse indo pro fundo da sala, não poderia estar mais vermelha com todos meus amigos do semestre passado olhando silenciosos para mim. Sentei do lado de um dos meus amigos, na verdade sempre tive uma vontade de beija-lo dês o primeiro semestre, porem Diego é comprometido então posso cortar da minha lista, eu sorri ao vê-lo.

- isso não são horas de uma moça que preza tanto a pontualidade chegar. – ele cochichou.

- meu despertador não concorda. – nós dois rimos um pouco. – do que é a aula?

- segurança no trabalho. É uma nova disciplina do curso, optativa. – ele respondeu.

- irei receber pessoas doentes e não loucas.

- a mente humana é algo imprevisível senhorita. – quando olhei pra cima havia um homem alto, de camisa social e calça do mesmo estilo, sua camisa tinha uma cor quase branca puxando para o azul, sua seriedade dava a aparência de uns 32 anos, já seu rosto tinha uma fisionomia de menos idade, ele tinha olhos um pouco claros e cabelos castanho-escuro, era o meu professor que estava lá, eu nem havia reparado quando ele tinha se aproximado. – você não concorda?

- desculpe, eu não estava prestando atenção. – eu disse.

- eu percebi que não. Como se chama? – ele perguntou me encarando, passava um certo desconforto seus olhos tão atentos em mim.

- Scarlett. – eu respondi. Ele deu um leve sorriso de lado depois colocou a mão no queixo, minhas pálpebras nem picavam.

- hum pois bem diga-me a senhorita pretendia chegar hoje 40 minutos atrasada? No primeiro dia de aula?

- não, é que... – eu já ia explicar quando ele me interrompe.

- considere sua situação, como a da mente humana Scarlett, as vezes nos deparamos com problemas inesperados, com situações que não estão em nosso cotidiano, nossa mente é imprevisível, nós somos humanos, e não há maquina mais brilhante e confusa que nosso cérebro, como saberá distinguir um paciente que está apenas com uma doença emocional, ou mental?! Não teremos que ser apenas médicos, precisamos ter um pouco de psicólogos em nós também. – ele terminou e sorriu simpático, logo após ouvimos o som do intervalo tocar. Todos foram saindo de sala, na minha pressa deixei a caneta cair, quando olhei para baixo novamente para pega-la, meu novo mestre de sala estava com ela em suas mãos, ele me entregou. – Scarlett, é um bonito nome. – disse ele, eu coloquei o cabelo para detrás da orelha peguei meu material e fui saindo, tinha certeza que estava corada.

- a senhorita não assinou na lista de frequência da aula. – ele disse me fazendo parar e retornar.

- bom, eu... eu mal assisti sua aula, cheguei no fim e o senhor ainda quer me dar a presença? – sorri.

- digamos que dessa vez eu vou lhe dar uma chance. Não é bom começar o semestre estando com faltas logo no começo do seu boletim. – ele sorriu, e me entregou a folha eu sem mais delongas assinei meu nome completo e lhe entreguei de volta. – deixe-me ver, se eu acho sua pasta, achei Scalett Rodriguez, 18 anos, tudo ok, a senhorita pode ir agora.

- obrigada. – ele assentiu, eu baixei o olhar, que diabos por que estou com borboletas no estômago, sai da sala seguindo para o refeitório.

- Scar, Scar... – já no refeitório ouvi alguém me chamar, era Ivy, minha melhor amiga.

- Ivy. – eu a abracei ao vê-la.

- ainda bem que te achei Scalett, nossa turma vai sair hoje, vamos.

- nossa turma? – eu ri

- é, você sabe, eu o Guilherme, a Mila, e o Diego também vai. Vamos comemorar.

- comemorar o que? Que teremos mais um milhão de provas e noites em claro pela frente? – eu falei cruzando os braços.

- não seja boba, comemorar que estamos todos juntos no segundo semestre.

- eu não sei, ainda temos mais 3 aulas hoje à noite e você sabe disso.

- sim eu sei, mas dá tempo. Algumas cervejas não faram mal a ninguém Scar, vamos. – ela me olhou quase implorando.

- ok, direi aos meus pais que vou dormir na sua casa hoje. – aquele ser humano completamente louco me abraçou forte e deu gritos de alegria. – você é maluca.

- aqui entre nós. – ela me soltou e conteve sua euforia – aquele professor novo é um gato. – eu tive que rir.

- então qual o nome dele? – perguntei.

- é Thomas, Thomas Smith, fala se não é um nome perfeito para o dono?!

- você sabe tudo sobre ele já não é?!

- só o que ele disse no começo da aula que você estava ausente. – ela disse sorrindo.

- idiota. – depois que o intervalo acabou, continuamos com a aula de anatomia pelo resto da manhã. Tivemos a tarde livre e a noite retornamos para a universidade. Eu me encontrava na biblioteca perto da videoconferência quando senti alguém tocando meu cabelo.

- Vai com a galera hoje à noite? – olhei para cima e vi, Franck um colega de turma.

- é, estou pensando, eu ainda não sei direito. – fechei o livro e levantei, ele segurou minha mão. - eu não sabia que você também ia Franck. – falei tentando disfarçar meu incômodo, Franck era um rapaz bonito, mas a fama de galinha o segue.

- é o Guilherme me falou, hoje, será que dá pra gente conversar um pouco a sós? – ele disse tocando no meu queixo.

- nós já estamos conversando. – eu sorri desconfortável e virei o rosto pro lado.

- Scar, me da uma chance. – ele colocou uma mão de cada lado do meu rosto.

- não quero ser mais um dos seus troféuzinhos. Não estou interessada.

- por que você sempre me diz não? – ele disse indignado.

- por que não estou afim de você, quando eu estiver eu direi que sim.

- eu acho que você não está sendo totalmente sincera. – o dorso da sua mão tocou meu rosto, mas eu a tirei.

- algum problema aqui? – olhamos para a porta da videoconferência e lá estava nosso professor de segurança no trabalho.

- não há nenhum problema aqui senhor. – Franck respondeu.

- Scarlett? – o professor Thomas falou, ele se lembra do meu nome?!

- não, não há nenhum problema não - sorri de leve na tentativa de mostrar-lhe que estava tudo bem, depois peguei de novo o livro e apressei um pouco o passo em direção a porta. Franck não me seguiu, no caminho encontrei meus amigos.

- vem de onde Scarlett, parece que viu um fantasma ou pior o diretor. – Mila disse rindo.

- é, que pensei que tinha perdido o celular, mas por sorte ele tá aqui. – eu disse, Ivy me olhou um pouco desconfiada.

- então vamo galera? – Guilherme disse. Todos concordamos animados e seguimos para um bar a alguns quilômetros do campus, se meus pais me vissem ali eles me matariam e me deixariam pelo resto da vida de castigo.

- ta bom, eu não me importaria de fazer isso toda as noites. – Mila falou virando a garrafa de cerveja na boca, fazendo todos ali rirem, eu estava praticamente bêbada também. - e ao que vamos brindar meus loucos favoritos?

- aos peitos da Scar? – Guilherme disse, eu não me importei, pelo contrário

- não, a esse semestre e esse longo ano que teremos pela frente, mas se a Scar mostrar os peitos ai sim brindamos ao peitos dela. – Mila falou.

- ao semestre. – eu disse rindo feito uma completa retardada. Nos brindamos e depois viramos o copo. – eu amo vocês, tanto quanto amo essa garrafa em minhas mãos.

- me sento lisonjeada agora Scar. – Ivy comentou. O resto da noite seguimos todos para casa dela, já que ela morava sozinha num apartamento que é pago pelos pais, só que me resta nesse momento é a minha cabeça quase explodindo. Não demorou muito eu apaguei.