This isn´t the end escrita por MaliaMultiboooks


Capítulo 4
Quando a luz acaba.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Cap novo, espero que gostem!
Beijos



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Chego em casa por volta das 20h30, com os meus pés me matando de tanto andar com aqueles malditos saltos altos. Abro a porta e encontro um bilhetinho de minha mãe dizendo que realmente tinha saído com Mary, o que me deixou feliz, de verdade.

Depois de tomar uma ducha, deito no sofá e começo a assistir a série American Horror Story . Assisto uns dois episódios, mas quando estou prestes a começar o terceiro, a TV se apaga, assim como as luzes. Já havia acontecido de acabar antes, mas nesse mês tenho certeza que pagamos a conta de luz. Mas aí me ocorre que, devido às chuvas frequentes, muitas cidades por perto haviam ficado sem energia por uma ou duas noites. Embora não tivesse chovido forte hoje. Vai saber.

Com a lanterna do celular, vou tateando os móveis até chegar aos armários e acendo uma vela, colocando-a encima da pia da cozinha. Tenho que admitir, não devia ter assistido àqueles episódios, pois estou realmente com medo de ficar no escuro, sozinha depois de ter assistido àquilo.

Abro a geladeira e vejo sua luz apagada; é um bom motivo para comer tudo, não? Mesmo que o nosso “tudo” seja um pote de sorvete gigante, uma garrafa d´água e pedaços de pizza perdidos.

Decido transformar a situação em uma coisa boa, afinal, era comida, então pego o meu celular com o restinho de bateria que me resta e logo coloco os fones de ouvido no volume máximo, obviamente. Sabe aquele momento quando o botão aleatório acerta? Então, o momento é esse. A batida de A Little Party Never Killed Nobody é tudo que consigo escutar, fazendo-me dançar ridiculamente. Afinal, eu podia, não é como se alguém estivesse me vendo dançar que nem uma idiota na cozinha com um pote de sorvete maior que minha cabeça em uma mão, e uma colher na outra.

Pelo menos achava eu.

Derrubo o sorvete e a colher do chão ao me virar enquanto solto um grito de susto. Caleb.

–Mas que porra, Caleb?!- Grito, ao vê-lo parado na frente de minha porta com os olhos cheios de divertimento.

–Bela performance. –Ele diz, rindo. Sinto minhas bochechas ficarem vermelhas instantaneamente, e pela primeira vez agradeço o fato de que está sem luz.

–Como você entrou aqui?

–A porta estava aberta.

–E por que você entrou aqui? –Pergunto catando as coisas do chão e parando a música no meu celular. Merda, era a melhor parte da música.

–Como você obviamente percebeu, acabou a luz. Então pensei que podíamos fazer alguma coisa, tipo conversar, ou comer toda comida das geladeiras, mas acho que você já teve essa ideia. Vamos?

–Olha, eu te conheço há um dia- pauso.- E já passei mais vergonha na sua frente do que, sei lá, na frente de muita gente. Então, o que tenho a perder? Vamos.

–Ótimo. Ficamos aqui?

–Nem pensar. Tenho um lugar melhor.- digo.

–Como você achou esse lugar? –Ele me pergunta. Subimos no terraço do prédio, depois de recuperar o pote de sorvete, pegar duas colheres e a vela. Sentamos um na frente do outro, no chão mesmo, que, ainda bem, não está molhado, colocamos a vela no meio, assim como o sorvete.

–É do prédio. Mas só eu venho aqui, até onde eu saiba. Então tornei aqui o meu “lugar especial”. Você sabe, onde você deita e olha as estrelas. É estúpido.- Respondo.

–Não é estúpido. Mas, não se sente sozinha?

–Ah. Acho que não. É, tipo, meu lugar. Já tentei trazer Nick e Lou aqui. Digamos que eles ficaram fazendo, hm, outras coisas, aqui encima, se é que me entende.- Digo, rindo.- E nem meu ex namorado gostava daqui. Então venho sozinha mesmo.

–Sério? Eles fizeram aqui? –Ele ri também.

–Não exatamente. Mas agradeço a Deus pela existência de fones de ouvido.

–Se é o seu lugar, por que me trouxe aqui?

–Ah, já era hora de deixar alguém usar aqui. Seria egoísmo de minha parte, não? –Digo, apontando a colher para ele. –Emprestar quando quiser.

–Realmente. E obrigada.

–Enfim, você vai na festa de Lou? –Pergunto.

–Ah, acho que sim. Sábado, dia 28, certo? –Ele pergunta e eu afirmo, levando mais uma colherada de sorvete à boca.- O que exatamente vocês fazem nas festas aqui?

–Hm, acho que é exatamente como nos EUA. Sabe, gente bêbada, dançando e dando uns amassos. Mas claro, na casa de Lou fica tudo mais legal com a praia e os jardins enormes.

–Você, dançando? Por experiência própria, não é uma coisa muito bonita de ser vista. Engraçada, com certeza.

–Primeiro, você que entrou no meu apartamento. Segundo, ninguém aprende a dançar. Terceiro, não é como se eu tivesse um pai para me ensinar.

–Vamos, levanta. –Ele diz, se levantando e pegando o celular.

–O que? –Digo, com a boca cheia de sorvete. Acho que minha dignidade acabou de vez hoje.

–Minha mãe era professora, então eu tinha que participar de todos os bailes e formaturas do colégio. Depois de um tempo, você só aceita. – Ele liga a música no celular, e reconheço como Heart on Fire do Jonathan Clay.– Vamos, apenas aceite. –Então me levanto sem jeito, arrumando minha regata e meu shorts que uso para dormir. Devia repensar isso antes de dançar no terraço do prédio com estranhos. Além do frio. Ele pelo menos estava com uma calça de pijama e uma camiseta.

Ele coloca a mão em minha cintura e eu, sem jeito, boto a mão em um ombro e encosto a cabeça no outro, sentindo sua respiração. Ao decorrer da música, ele me guia pelo terraço enquanto rimos, e ao decorrer até que vou me soltando. Mas não dá muito certo. Não por ele, claro. Eu que sou um desastre.

–Viu, é só jeito.- Ele finalmente diz, logo antes da música parar, deixando tudo num silêncio, por segundos que não dizemos nada, até eu me desprender dos braços dele e dizer:

–Pare, você só está sendo legal. Sou desajeitada. Eu sou a pessoa que mais caio nesse mundo, na verdade. –Falo, indo sentar, e ele vem também.

–Ah, acontece.

Continuamos conversando, e por um momento, tudo parece tão fácil.

Acordo de manhã atrasada depois de ir dormir às 2h. Me arrasto até o armário e boto um vestido florido e minhas alpargatas pretas. Estou muito cansada para escolher algo melhor. Desço as escadas e encontro minha mãe na pia com uma cartela de remédios.

–Está bem, mãe? –Pergunto, delicadamente.

–Filha. Nunca beba. Nunca.- Ela diz, e eu rio.

–Pelo menos foi legal?

–Muito, ma fille. Não está atrasada?

–Estou indo, mãe. –Digo, abraçando-a e saio pela porta. Me sinto meio mal por quase não a ver mais.

Desço as escadas e encontro Caleb à minha espera. Vamos andando até o ponto e pegamos o ônibus até chegar ao colégio. Vejo ele e meus amigos em algumas aulas, mas a maioria não coincide. Encontro-os no período do almoço e sentamos em nossa mesa, que agora têm quatro lugares. Começo a conversar com Lou, e Nick e Caleb conversam no outro lado. Escuto-os falando sobre a festa e garotas então prefiro parar de ouvir.

E assim continua pelas próximas duas semanas.

Os almoços, as aulas, o trabalho no café. Me encontrava diariamente com Caleb depois do trabalho, seja vendo filmes, estudando devido as nossas provas que estavam chegando, ou apenas conversando. Muitas vezes Nick e Lou iam também, o que era melhor ainda. Além do mais, Mary e minha mãe estavam sempre juntas, ou saindo, ou conversando em um dos apartamentos, rindo e tomando vinho. Estava feliz, afinal.

Finalmente, chega o dia do aniversário de Lou. Consigo sair mais cedo do trabalho, às 18h, mesmo sendo um sábado, que meu turno vai até as 22h. Ela não queria fazer nada demais no dia, já que a festa seria no sábado seguinte em que seus pais estariam fora da cidade, apenas ir para praia com nós três.

Encontro-os na frente da casa de Lou na praia, ao pôr do sol. Sentamos na areia, dobro as barras da minha calça jeans, tiro os sapatos e deixou junto com minha bolsa sobre a areia. Ficamos ali conversando até escurecer, rindo, e tomando das mesmas garrafas velhas de vinho que Nick tinha pego de seus pais, com o céu cheio de estrelas.

Quando são umas 22h, Lou e Nick deixam Caleb e eu sozinhos, e caminham trôpegos pela praia, abraçados, se beijando com uma garrafa de vinho nas mãos.

–Quer ir até o mar? –Ele pergunta para mim, falando lentamente, até enrolando a língua um pouco. Ele não havia bebido o tanto quanto Lou e Nick tinham, mas com certeza mais que eu e o suficiente para estar bêbado; eu não era muito de beber.

–Hm, estou bem aqui, Caleb. E você devia ficar aqui também. –Digo, rindo.

–Eu vou lá. –Ele dobra as barras da calça e se levanta, quase caindo, caminhando até a maré.

Contra minha consciência, vou até lá, bem quando ele está prestes a tombar, e o seguro de última hora. Mas justo quando estamos parcialmente estabilizados, uma onda maior vem um pesadamente, fazendo-o cair. Quer dizer, nos fazendo cair, porque ele me puxa pela cintura quando a onda vem. Enfim, uma confusão. Dica para a vida: Não entre no mar depois de ter bebido. Só não.

–Você está bem? –Ele me pergunta.

–Dentro do possível, é, sim.- Respondo, sentada na areia, sentindo as roupas pesadas devido a água.

Me levanto, ainda cambaleando, e ele vai atrás de mim. Estou toda molhada, desde roupas a cabelo. Voltamos até o lugar onde estávamos, e consigo avistar Lou e Nick.

–Vocês foram tomar banho, por acaso? –Lou pergunta, rindo de nós.

–A gente meio que tropeçou. Culpa do Caleb.- Digo, torcendo o meu cabelo e roupas, fazendo os pingos caírem na areia. Levo um pouco para perceber que estava de blusa branca, penso, cruzando os braços. Outra péssima ideia.

–Nós vamos entrar, querem ir? –Lou diz, apontando para sua própria casa. -Katie, posso falar com você sozinha? - Concordo e ela me puxa.

–O que foi? –Pergunto.

–Eu estava falando com o Nick, sabe o Nick, né? –Ela estava realmente bêbada.- Então, ele me disse que o Caleb, sabe o Caleb, né? Então, ele vai ficar com a Julianne na festa sábado, tudo bem, né?

–Por que não estaria?

–Ah, sei lá.

–Sério, somos só amigos. Fico feliz por ele.

–Ah, que bom, então.

–Eu vou para casa.-Caleb diz, de longe.- Kate, você vai comigo?

–Gente, acho que vou. Obrigada por tudo.- Respondo. Damos tchau, e caminhamos em silêncio. Faço um coque em meu cabelo molhado e me abraço, pois o vento e as roupas molhadas estão me deixando com muito frio.

–Acho que vamos ter que ir a pé.- Ele diz. O que é verdade, pois os ônibus não passam mais a essa hora.

–Realmente.- Nesse momento, ele começa a cambalear enquanto anda. Ótimo, andar dez quadras desse jeito. Deus, minha mãe vai me matar.-Caleb, se apoie em mim, assim você não cai. – Eu digo, quando ele coloca os braços em meus ombros. Pelo menos aquele peso esquentava um pouco. Ele apenas balbuciava frases perdidas, que na verdade eram muito engraçadas. –Se lembre que você me deve uma.

Foram dez longas quadras.

Chegamos no apartamento depois de levar uns 15 minutos só para subir as escadas. Abro a porta de sua casa e noto que está vazia, para a minha surpresa. Avisto um sofá e literalmente o jogo lá pois, realmente, já fiz muito por ele hoje. Solto um suspiro e me viro em direção a porta, mas ele segura minha mão.

–Fica aqui, Katie. –Ele sussurra. Me surpreendo a ouvir aquilo, mas lembro que ele estava muito bêbado. E tinha a Julianne, obviamente.

–Boa noite, Caleb. –Digo, e fecho a porta atrás de mim.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?
Por favor, comentem, digam o que acharam! Significa muito pra mim!
Beijinhoss



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