My morphine escrita por Gabi magnago


Capítulo 2
Desconhecido


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora amores, Eu estava temporariamente sem internet e só voltou hoje, infelizmente. Demorei , mas está ai, fresquinho para vocês, espero que curtam. Beijos, Xo ♥



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Senti um vento em minhas pernas e constatei que já estávamos do lado de fora. Minhas mãos foram puxadas e no impulso fui jogada para dentro de um carro e um deles entrou comigo no banco de trás para garantir que eu não iria fazer nada, os outros dois aparentemente estavam no banco da frente. O celular de um deles tocou e no segundo toque, atenderam.

Ligação ON:

–Fala chef – Disse

...

– Já ta tudo feito e de quebra, ainda tô levando um presente que vai te render muito dinheiro – Meu coração gelou, Nesse momento eu estava rezando mentalmente para o tal presente não ser eu.

...

– Garanto que você vai gostar, ela é uma gracinha. – Merda.

...

– Pode deixar, chefe. Você vai ama-la.

Ligação OFF

Ele desligou o celular e o carro acelerou, Entrei em desespero e sem pensar duas vezes, comecei a me debater como uma louca .

–Merda, sossega – O rapaz do meu lado disse, tentando me segurar.

– Me solta, me deixa sair daqui agora – Gritei nervosa, Iria lutar até o ultimo minuto pra sair daquele carro.

– Eu poderia te soltar, só tem um problema – segurou meu rosto com as mãos – Você não manda em porra nenhuma aqui, então fica na sua.

Me debati mais ainda, acabei dando uma cabeçada nele que tentava me segurar. O carro freou bruscamente e alguém da frente se levantou. Ouvi o barulho do porta – malas se abrindo e segundos depois a minha porta foi aberta, mesmo amarrada, seguraram minhas pernas e meus braços enquanto eu gritava arranhando minha garganta. Senti uma dor forte na perna como uma agulhada e em segundos meu corpo foi ficando mole e já não tinha mais forças para lutar e me debater, meus olhos foram pesando e tudo foi embaçando. Fecharam a porta e eu continuei mole nos braços do rapaz que estava do meu lado, poucos segundos depois eu não vi mais nada, apaguei.

....

Acordei sem sentir minhas pernas, elas estavam adormecidas e formigando. Não fazia noção de onde estava, era Um quartinho, pelo menos parecia, só tinha uma janela que ficava a uns três metros de altura, fazendo com que o quarto não ficasse tão escuro. Tentei me levantar, mas foi em vão, acabei caindo de quatro. Meu cabelo estava uma inhaca, e minhas roupas estavam rasgadas, parecia uma verdadeira mendiga. Eu estava com medo, aterrorizada, com saudades de Jazz e Beth, na verdade eu estava com vontade de saber o que acontecera com elas. Meu coração estava partido, embora que eu não gosto de trabalhar lá, era minha casa, tinha meu quarto, minhas coisas e meu pai, que não era um pai totalmente, mas me passava uma segurança. Agora eu estou num lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas, e correndo um grande risco, sem saber pra que me carregaram da boate.

Afundei meu rosto em meus joelhos e não me preocupei em deixar as lágrimas rolarem. Eu sabia que algo ruim ia acontecer, sabia. A sensação que eu estava hoje de manhã não era em vão, só não fazia ideia de que seria comigo, justo comigo. A vida é tão injusta comigo, parece que os céus estão contra mim, já perdi minha mãe, perdi o amor do meu pai, perdi minha infância, e minha juventude e agora, me acontece isso. O que mais quer de mim, vida? Já não sofro o bastante? Quer tirar de mim a minha própria vida também? Que seja. O ódio tomou conta de mim, já não chorava por tristeza, mas por raiva de levar um fardo tão pesado, injusto.

Levantei finalmente. Não iria ficar ali, nem fodendo, Estava disposta a sair de alguma forma. Rolei os olhos pela sala e fitei a janela, pronto, achei minha saída. Calculei visualmente o tamanho da mesma e o tamanho do meu corpo, eu era fina, passaria ali fácil. Não perdi tempo e procurei alguma forma de chegar até ela, um caixote de madeira chamou minha atenção, peguei-o rapidamente e pus na direção da janela.

– droga – percebi que mesmo com o caixote, eu não dava altura á janela.

Apenas minhas mãos tocavam a abertura. Eu não tinha outra opção a não ser usar a força e tentar subir impulsionando meu corpo para cima, e assim foi, depois de duas tentativas eu finalmente consegui ficar parcialmente pendurada, com a cabeça e uma parte do tronco do lado de fora e as pernas para dentro. Me ferrei bonito, a janela ficava num ponto alto, dava de cara para um abismo enorme, se eu pulasse eu morria na certa. Olhei para cima e constatei que havia três andares acima de mim, eu estava em uma casa, provavelmente, e não era nem um pouco humilde. Desci da janela o mais rápido possível, já estava ficando sem ar de tanta pressão sobre meus pulmões.

– Ai cacete- Murmurei baixo, ao perceber que quando cai pisei em um caco de vidro. Mas que diabos aquele caco estava fazendo ali? Me abaixei para tentar retira-lo, mas parei quando ouvi barulho de passos na escada.

Fui mancando rapidamente até a parte mais escura do quartinho e me abaixei esperando alguém abrir a porta. Dois caras entraram me procurando, me encolhi um pouco mais na tentativa deles irem embora. – Que ideia tola- Foi em vão, um deles bateu o olho no cantinho escuro, bem onde eu estava, e me achou. Veio em minha direção e me pegou pelos braços, meu coração estava disparadíssimo, sentia como se fosse dar um treco. Me debati enquanto eles me carregavam escada acima, gritava tanto até que um deles me deu um tapa estalado na cara, fazendo surgir um vergão, agora apenas me debatia, mas era em vão. Subindo a escada havia um corredor, bem extenso com uma claraboia enorme bem no meio clareando-o completamente. No final do corredor havia uma escada, descemos por ela e chegamos ao andar de baixo, não reparei muito nos cômodos que haviam ali, eu estava de cabeça baixa tentando me tranquilizar. Paramos em frente a uma porta e um deles deu três batidas, poucos segundos depois a mesma foi aberta.

Fui largada em pé bem no meio da sala, em frente a uma mesa de vidro fumê com uma enorme cadeira que estava virada e os dois que me carregaram estavam parados a poucos passos de mim.

– Vejamos o que temos aqui - a pessoa que estava sentado na cadeira disse. Pela voz, deduzi ser um homem. – vocês já podem se retirar, me deixem sozinho com meu presente. – riu e os dois homens saíram, me deixando ainda mais assustada, além de estar com uma pessoa que eu não conheço, agora eu também estava sozinha.

A cadeira virou me dando a visão completada misteriosa pessoa. De fato, um homem, de cabelos aloirados com algo que parecia uma franja penteada para trás perfeitamente arrumado dando um ar extremamente sexy, olhos cor de mel, uma boca perfeitamente desenhada com alguns pelos faciais poucos visíveis de longe, tatuagens espalhadas pelos braços e um olhar profundamente misterioso. Ele estava me olhando de cima à baixo como se estivesse me examinando, me deixando sem graça, pois eu ainda estava com o body com o qual tinha me apresentado na boate, deixando minhas pernas e meus seios quase totalmente a mostra.

– Me diga seu nome – disse ele, quebrando o silêncio que estava na sala.

– Àgata – Minha voz saiu um pouco falha. Ele continuou me olhando com satisfação.

–Qual sua idade?

– 16. – Ele se debruçou sobre a mesa. Meu coração estava disparado, parecendo querer pular boca a fora a qualquer momento, minhas mãos estavam suadas e minha respiração ofegante.

– Com essa idade e já trabalha em boates? – indagou curiosamente. Assenti balançando a cabeça positivamente para ele. – Que coragem, parece ter bastante experiência, não é mesmo? – Continuei calada sem ao menos olhar para ele, estava fitando o chão, meu pé ainda sangrava.

Ele se levantou vindo em minha direção, me deixando ainda mais nervosa. Aproximou suas mãos de meu corpo e o acariciou, descendo do pescoço até parar em minha cintura. Me senti corada, arrepiei quando seus dedos tocaram minha nuca levemente, ele deu uma volta em volta de mim e se sentou na mesa em minha frente. Um sorriso brincou no canto de seus lábios.

–Você é bem bonita, bem ninfetinha. – Um nojo se instalou em mim, antes eu achava ele sexy, mas me chamar de ninfeta? Não aceito. –Se trabalhou em boate já deve ter dado muito – Olhei com desdém para ele. – Me responda, você gostava de trabalhar?

Meu estômago embrulhou ao ouvir aquela pergunta, isso me afetava, por mais que eu amasse dançar, eu não queria dançar pra aqueles homens nojentos que frequentavam a boate.

– Não te interessa – Disse ríspida. Ele fechou a cara.

– Ninfetinha malcriada hein..- Se aproximou apertando minhas bochechas em suas mãos. – Eu te tirei do quartinho pra ter uma boa conversa, ser legal, e você me trata assim? Merece apodrecer lá mesmo.

–Não, Por favor – Senti nojo de mim por me humilhar daquela forma perante ele, mas eu não iria aguentar ficar lá mais. – Eu faço tudo que mandar, mas não me deixa trancada naquela merda.

Um sorriso vitorioso surgiu em seu rosto.

–Vou ver o que faço com você, me senti ofendido com a forma que falou – debochou.

Ele saiu do escritório e me deixou sozinha, estava com um plano em minha mente de fugir, e aquele era o momento perfeito, eu só precisava de algo para me defender caso fosse pega. Olhei em volta de todo o escritório e uma ferramenta pontiaguda chamou minha atenção, tentei me aproximar dando passos devagar para o lado, parei quando senti uma forte pontada no pé, a merda do caco ainda me incomodava. Bem na hora Justin surgiu novamente na sala junto com os dois armários que me carregaram até aqui. Travei. Me arrastaram novamente para fora da sala até o quarto.

Mal podia encostar os pés no chão, não sei como aguentei ficar em pé naquela merda de escritório. Sentei para futucar o machucado e tentar tirar o resto do caco que estava afundado em meu dedão.

P.O.V Justin

–Vou ver o que faço com você, me senti ofendido com a forma que falou – debochei.

Fui em busca de James e Tyler, para levarem ela pro quartinho de novo, preciso arrumar um espaço pra ela em meus negócios, A filha da puta ia me dar muito dinheiro.

– Ou – Sinalizei para os dois, que estavam encostados em uma parede. – Leva ela. – Os dois se dirigiram ao escritório.

Peguei minhas chaves que estavam em cima do balcão, fui até a garagem em busca do meu Land rover Evoque , e parti em direção ao casebre onde os meninos devem estar a essa hora. Ryan, Chris e Chaz são os melhores amigos que eu poderia ter,um bando de cuzão que me ajuda em muitas roubadas. Os moleques eram meus parceiros nos negócios que eu tinha, todos tinham uma função.

O casebre era bem escondido, ninguém acharia, nem policiais, nem os meus rivais do tráfico, eu era bem sucedido, conhecido por todos na região, nada se compara ao lendário Justin Drew Bieber, as mulheres que o digam. Larguei o carro a poucos metros e, como eu havia deduzido, os moleques estavam ali.

–E ai viados? – Disse assim que entrei.

–Olha ai, olha ai quem chegou, galera – Ryan disse, rindo. – O fodedor de enfermeiras.

Ryan estava comentando sobre a ultima noite, eu estava de olho numa enfermeira gostosa que me dava mole a algumas semanas, fingi estar passando mal e fodi ela ali mesmo, no hospital.

–Iiih, mas é mesmo – Chris gritou

Me acomodei no sofá preto que tinha ali e relaxei um pouco.

– Quem resiste a um paciente como eu? - Disse rindo

–Aquela velhinha que te atendeu uma vez quando levou um tiro, lembra? - Chaz disse gargalhando e se sentou ao meu lado.

– Aquela porra era louca, queria me evangelizar no hospital, me benzeu duas vezes quando viu a arma na minha cintura. - Cumprimentei chaz com um toque.

Velha sinistra.

– Mas fala ai, você aqui á essa hora, é novidade. - Ryan disse, largando as notas de dinheiro que estava contando e vindo sentar.

– Umas novidades pra vocês. - Chris se sentou também. - Na verdade, uma.

– Desenrola – Ryan disse.

–Sabe a boate que meus caras roubaram hoje de manhã?

–Falando nas boates – Ryan me interrompeu - Já somei a grana e o total foi de 100.000 paus, a boate era bem frequentada..

–Realmente, uma quantia boa para uma boate que fica embaixo de uma casa.- Chaz completou.

– Tá, tá, mas agora vamos as novidades. Eu ganhei um presentinho muito especial dos caras.

– Como assim? –Chaz disse

–Ganhei uma ninfetinha, puta que pariu, a mina é boa, de alto porte e ainda por cima dança na barra. – os moleques riram- Ela vai ser muito útil pra mim – Sorri.

– Ih, ta apaixonado, porra?- Ryan disse

–Porra nenhuma. Ela pode ser útil nas boates.

–Vai botar ela pra dar? – Chris disse.

–Ta louco? Ela não vai se deitar com homem nenhum não. –Realmente, não vai. – Ela serve pra dança e só. Aconselho vocês a irem lá em casa conhecer ela, é uma gracinha. –gargalhei, lembrando daquelas pernas lindas.

–Quero só ver se a mina vale a pena. Como eles trouxeram ela pra você? – Chaz indagou

–Sequestrada. – Dei de ombros.

Levantei-me e fui em direção á geladeira, a procura de algo pra beber. Peguei quatro garrafas de Jack Daniel’s e joguei três pros moleques e sentei denovo.

–Mudando de assunto. Justin, foi até bom você vir aqui porque a gente tem que te falar umas paradas. – Chaz se levantou indo em direção ao notebook e o trouxe pra mim. –Ta vendo esses pontos ai? – Disse apontando para os pontos vermelhos que tinham no mapa que estava no notebook.- Tem gente nova na fronteira, El Diablo voltou – Engasguei com o Whisky.

– Porra – Tossi- Denovo? Esse caralho tá afim de morrer, só pode.- El Diablo era um inimigo meu no tráfico, morou em Atlanta por anos, roubava bancos, mas um dia acabamos nos enfrentando, ele não aceitando a derrota saiu da cidade e disse que voltaria pra pendurar minha cabeça no portão da mansão dele que permaneceu intacta desde que ele se foi, há uns 3 anos mais ou menos.

–Agora fodeu mesmo. – Ryan exclamou.

–Não fodeu nada não, ele voltou por que quis, e sabe que já perdeu uma vez, se quiser me enfrentar de novo, vai perder de novo.

O telefone fixo que colocamos no casebre tocou, levantei e fui em direção a ele correndo. Parei ao ver escrito “Desconhecido” no visor.

Continua...


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