Jocelyn P.O.V:

— Musume, respire fundo, dará tudo certo, você verá.

Ai ai, aprecio que minha mãe esteja tentando me acalmar, porém admito que não está ajudando- nem um tiquinho- afinal, é meu primeiro dia não só em uma escola nova, mas também em um país novo!

Chamo-me Jocelyn Belrose, tenho dezessete anos e eu era do Canadá, só que a minha Okaasan recebeu uma proposta de emprego muito boa e com um bônus: mudança para o Oeste dos Estados Unidos de graça! Meu Otoosan – assim como eu- não parecia muito animado com a mudança de ares, mas é mamãe que manda, então lá fomos nós para a Califórnia; temos uma ascendência japonesa fortíssima, então nos chamamos pelos codinomes japoneses de pai –Otoosan- mãe-Okaasan- e filha-Musume.
Nunca pensei que ficaria tão nervosa assim em toda minha vida, estou tão ansiosa que não consigo parar minhas mãos, é, quando fico nervosa fico tentando achar algo para fazer com as mãos, é um costume antigo meu, e assim que vi a placa sinalizando que estávamos na West Coast High minhas mãos enlouqueceram, para tentar me acalmar enfiei-as no bolso do meu casaco e respirei fundo, Okaasan estacionou o carro, pois precisava falar com a administração do colégio sobre a minha transferência, me abraçou e me deixou entrar na escola depois de dizer:

— Boa sorte no primeiro dia, se acontecer qualquer coisa de ruim me avise está bem?

— Hai!

Entrei na escola cheia de alunos reencontrando amigos e contando sobre suas férias, isso me entristeceu um pouco, imaginei-me em Quebec com meus amigos fazendo a mesma coisa, contudo tentei retirar esse pensamento da cabeça enquanto tentava criar coragem para falar com alguém, para que eu encontrasse minha classe de história, devo dizer, tenho dificuldade em interagir com pessoas que nunca vi na vida, então quando me aproximei de um garoto de cabelos castanhos arrepiados que estava mexendo em seu armário, estava torcendo para não gaguejar, ficar vermelha ou ter um ataque cardíaco no ato, respirei fundo, me aproximei e toquei no ombro do rapaz, que se virou bruscamente com uma cara de quem iria me matar caso eu encostasse nele de novo! Eu fiz algo errado? Será que ele é uma daquelas pessoas que são meio dark? Mas ele não tem um estilo dark. Será que ele tem algum problema? Será que eu o tirei de um pensamento importante? Ai Jesus, o que eu fiz?! Porém depois de olhar bem para minha pessoa, o garoto suavizou sua expressão, fazendo com que eu me acalmasse um pouco. Eu endireitei minha postura e me apresentei:

— Oi, meu nome é Jocelyn Belrose, sou nova aqui, você poderia me dizer aonde fica a sala de história do terceiro ano?

Saiu um pouco robótico, mas não morri, já foi um progresso, o garoto me inspecionou com seus olhos verdes e me sorriu dizendo:

—Bom, pelo jeito estamos na mesma classe, eu te levo até lá, prazer Jocelyn, me chamo Ress.

Ele estendeu sua mão para mim e eu a apertei, aliviada por ao menos já ter um colega na nova escola.

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Ress P.O.V:

Jocelyn e eu fomos até a sala do professor Mountlake, conversando sobre a vida da recém-chegada, ela me contou sobre sua ascendência, sua velha casa e escola, sobre seus pais e eu também compartilhei um pouco com ela, contei que meu pai tinha morrido em um acidente de avião quando eu tinha nove anos. Minha mãe desenvolveu uma depressão profunda depois disso, fazendo com que meu irmão, Jin, de dezoito anos na época, tomasse conta de mim e de mamãe, até que -depois de cinco anos- ele também morreu, de maneira misteriosa, não havia nada de errado com ele anatomicamente, os médicos até hoje não sabem o que matou o meu irmão, depois de contar tudo isso, Jo se desculpou por me fazer desenterrar essa história, contudo a expliquei que não havia razão para que ela se desculpasse, nunca me importei em contar essa história, coloquei-a para trás e decidi olhar para frente para encontrar motivos bons para viver, claro que na época foi tudo muito complicado, afinal eu tinha quatorze anos, e tive que cuidar de tudo, pois a mãe só piorou depois que Jin se foi, o namorado do meu irmão, Alastor, foi ao funeral, mamãe não gostava dele e sempre o culpou pela morte do seu primogênito, pois na noite em que Jin fora encontrado morto ele deveria estar com Alastor, então até chega a ser compreensivo que ela guarde remorso, contudo eu não o culpo pela morte de Jin, mas sim por não cumprir sua palavra, ele disse que cuidaria da nossa família depois que meu irmão se foi, mas depois de dois meses, ele se mandou, fazendo com que eu tivesse que tomar conta de tudo sozinho, eu ainda vou encontra-lo e fazê-lo se desculpar de joelhos, nunca o perdoarei. Guiei Jo até nossa sala de história e me sentei com ela, eu sentaria com Jared se ele tivesse a mesma classe que eu, mas não era a ocasião e queria saber mais sobre a garota ao meu lado, afinal, não é sempre que eu faço uma nova amiga.

O dia passou tranquilo, tive três períodos com Jo e outros três com Jared, os apresentei na saída e eles pareceram se dar bem, os dois tem o mesmo jeito de levar os estudos, então os dois se entendem em partes; no final das aulas nosso trio se diluiu, Jared sempre estuda na biblioteca até a hora de fechar, Jo tinha que ver a Senhora Hemsworthy –a secretária da escola- para terminar sua inscrição escolar e eu tinha que podar as topiarías da West Coast High, bom, eu tenho arranjar dinheiro de algum lugar, a aposentadoria da minha mãe – que trabalhava como funcionária do Estado- não era o suficiente para nos sustentar no mês, então o Diretor Releigh me ofereceu esse trabalho, ele era amigo do meu pai e queria muito ajudar minha família depois que ele se foi e não me leve a mal, eu adoro trabalhar com plantas, é o meu jeito de me lembrar do Jin, foi ele quem me ensinou a cuidar delas, eu ás cultivo em memória dele, então assim que o diretor me ofereceu o trabalho, aceitei-o com gosto.

Terminei as topiarías perto dos portões da escola fecharem, então decidi ir ao meu armário deixar meus materiais ali, no caminho passei pela secretária e vi Jocelyn quase dormindo esperando que a senhora Hemsworthy terminasse de digitar os dados dela, a secretária é muito simpática, porém também muuuuuiiiito lenta, ri um pouco me compadecendo de Jo e continuei minha caminhada ao armário, chegando lá ouvi vozes femininas vindas do laboratório de química, curioso, abri sorrateiramente a porta e vi B, sentada em uma das mesas do laboratório enquanto conversava com ninguém mais, ninguém menos que Megan Nikolaev, e o mais estranho disso tudo é que Megan estava sorrindo! E ela nunca sorri! Um tanto horrorizado, fechei da porta do laboratório e virei-me para ir ao meu armário, porém deparei-me com um vulto preto, sem rosto, mais horrorizado ainda, tentei gritar, porém antes que eu pudesse, o vulto me atravessou, fazendo com que meu corpo ficasse mole e que minha consciência se esvaísse, as ultimas coisas que ouvi foram: a Megan gritando em pânico, a B tentando acalma-la e pedindo por socorro e uma voz tão familiar, mas ainda assim tão estranha dizendo:

— Nos veremos novamente, Ress Gemstone.