Playing Dangerous escrita por WeekendWarrior


Capítulo 4
Tiger


Notas iniciais do capítulo

Não tô me aguentando. Vou postar três capítulos seguidos ♥
(a fanfic já está completa).
Boa leitura.



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— Quarta-feira é aniversário de seu avô e muitas pessoas importantes comparecerão – explicou minha vó – Esse é o motivo pelo qual você precisa de um vestido novo.

— Então tá – dei de ombros e continuamos andando pelo centro da cidade.

Procurávamos um vestido a altura da festa de meu avô, ele era alguém importante na cidade, digamos que no estado todo. A mais ou menos oito ou nove anos atrás meu avô foi o Governador do estado do Tennessee, hoje em dia ele é um senador e todos por aqui o conhecem. Sim, eu venho de uma família rica.

Por fim achamos um vestido lindo(¹). Sempre amei vestidos na altura das coxas, floridos, estampados, cores pastéis, porém uma calça jeans e um shorts jeans nunca faltaram em meu guarda-roupa, juntamente de meus tênis.

A quarta-feira chegou logo e casa estava movimentada, haviam parentes meus que não via a anos e todos faziam questão de dizer: “Nossa, como você cresceu!”. Eu somente os respondia carinhosamente.

Também ali se via uma grande quantidade de conhecidos – de meus avós –, pessoas influentes, pessoas que pareciam ser de fora de Nashville, a mansão dos Grant estava a todo vapor.

Eu havia subido para meu quarto porque não aguentava mais meus avós me apresentando a cada ser presente lá embaixo, todos na cidade já deveriam saber quem eu era, quem eu sou. Bufei e me apoiei na janela de meu quarto que ficava no andar de cima, fiquei ali observando o movimento, as pessoas bem-vestidas, havia uma grande quantidade de “gente velha”.

Batidas na porta interrompem minhas divagações.

— Carmen? – soa a voz de Marina – Posso entrar?

— Sim, claro.

Ela entra admirando o aposento. Ela usava em belo vestido lilás qual tinha um avantajado decote.

— Algum problema? Tudo bem? Não quero parecer intrometida.

Ri de Marina, ela era muito falante.

— Não, está tudo ótimo por aqui.

Ela assentiu.

— Não vai descer? Logo, logo a vovó fará uma surpresa para o vovô, ela quer você presente.

Levantei-me indo em direção a porta num impulso.

— O que estamos esperando? – dei espaço para que ela passasse e adentramos o corredor, e descemos a escada.

— Marina querida! – chamou tia Kelly, mãe de Marina – Venha cá. Quero que me ajude com algo. Corra!

Marina olhou-me de soslaio.

— Volto num segundo – e saiu rápida atrás de sua mãe.

Bom, estava sozinha novamente, eu e a bela lua que brilhava esta noite. Sozinhas.

Perambulei pela ampla casa, por final decidi que iria atrás do movimento, onde todos estavam, no jardim dos fundos.

Logo que lá entrei as luzes fluorescentes das elegantes iluminarias ofuscaram meus olhos, dei algumas piscadas e minha visão voltou ao normal.

Comecei a andar por entre as pessoas, os garçons. A fala do local era mansa, um pequeno burburinho, continuei a caminhar pelo gramado ralo bem cuidado.

Estava morrendo de vontade de tirar aqueles saltos – minha vó não me permitiu usar um de meus tênis. Quando avistei um lugar para sentar-me, ouço alguém chamar-me.

— Carmen, meu anjo! – a voz calma de minha vó se sobressaiu — Venha, queremos lhe apresentar a alguém.

Mais alguém? Já não haviam me apresentado para praticamente todos aqui presentes? Segurei-me para não virar os olhos.

— Claro, vovó – sorri e comecei a segui-la.

Mais a frente observei meu avô numa pequena roda, três homens e uma mulher, pude ver o rosto de todos ali menos do… Oh, não! Não podia ser! Eu quase não o reconheci sem o uniforme. Minhas mãos logo trataram de suar, minhas pernas deram pequenas travadas. Merda.

Minha vó encarou-me de cenho franzido como se me indagasse qual o motivo de eu quase parar. Engoli em seco, caminhei até eles, parei ao lado de meu avô de frente para o Sheriff.

— Carmen, por onde esteve? Este é o Sheriff Gyllenhaal, o melhor que esse condado já viu.

Arrisquei olhar para ele, logo que subi meu olhar lá estava aqueles azuis me encarando, eram azuis como o oceano, o homem tinha um sorriso no canto dos lábios.

— Não vai cumprimentá-lo, querida? – indagou minha vó.

Saí de meu estupor e logo estendi minha mão um tanto trêmula.

— Ah sim, desculpe. Sou Carmen – ele assentiu. Claro que ele já sabia que eu me chamava Carmen, mas que era neta de Charles Grant não…

Ele estendeu sua mão de encontro a minha, sua mão quente fez-me perceber o quanto a minha estava gelada.

— Muito prazer. Jake Gyllenhaal.

Sua voz quase fez com que jogasse-me naquele gramado e contorcesse-me. Deus, o que estava acontecendo aqui? Pelo amor de Deus, que ele não falasse do incidente do carro.

Desfizemos o aperto de mão, porém nossas olhares ainda estavam conectados, virei meu rosto sem jeito.

— Fique de olho em Carmen, hein Sheriff Jake – brincou minha avó – Ela é preciosa para nós.

Levantei meu olhar e forcei um sorriso.

— Com certeza manterei os olhos nessa garotinha – logo após dizer isso, Jake tomou um gole de sua bebida, whiskey talvez.

Entrelacei meus dedos e comecei a morder os lábios, uma mania que tenho ao ficar nervosa ou sob pressão. Droga, eu ainda sentia o olhar dele sobre mim, levantei meus olhos mais uma vez e lá estava o grande oceano azul.

— Acho que não será preciso, Sr. Sheriff – sorri pela primeira vez diretamente para ele, estava rolando uma batalha de olhares ou era impressão minha? Melhor que eu me fosse – Com licença, preciso encontrar Marina – e os deixei.

Respirei fundo ao sair, tentei não tropeçar em meus próprios pés – quase impossível com esses saltos.

Dizer que ia a procura de Marina foi somente um modo de escapar dali, queria mesmo era ficar sozinha, porém não podia voltar para o quarto, daqui a pouco a comemoração começaria, meus avós me queriam presente, óbvio e eu não poderia fazer essa desfeita.

Olhei ao redor, todas as mesas pareciam ocupadas e não queria sentar-me com desconhecidos, andei até uma pilastra e nela me encostei, fiquei a observar o movimento, já estava afastada de meus avós e do fatídico Sheriff.

Respirei fundo de olhos fechados, os mantive assim por alguns segundos, a cabeça apoiada na pilastra, porém quando abro meus olhos encontro aquele rosto. Ele estava a me observar de longe, o copo de bebida em sua mão esquerda, não havia mais um sorriso em sua face, somente o olhar fixo em mim.

Hum, então era isso mesmo? Uma batalha de olhares? Bom, eu não estava disposta a perder, isso parecia errado vindo dele, eu era toda errada. Foda-se.

O encarei de modo digno, do mesmo modo que ele fazia, os outros pareciam ter ficado em silêncio por um segundo, somente o som do oceano azul agora podia ser ouvido. Eu estava ali naquele azul magnífico, perdida, naufragada.

Quando vi já estava perdendo aquela pequena e estúpida luta, abaixei meu olhar, olhei para meus sapatos e depois o olhei novamente, ele estava rindo, olhando pra mim. Idiota. Claro que ele estava brincando comigo. O que ele ganharia flertando comigo? Sou uma estúpida mesmo.

O fuzilei com raiva pela última vez e entrei na casa, rumei até a sala de estar que estava vazia.

O ambiente era frio, quase sem vida. Como poderiam chamar um lugar desse de sala de estar? Me aproximei da lareira e lá continha fotos familiares, de meu pai quando novo, de meus avós, de meu tio Clark, havia até um porta retrato qual continha uma foto de meu pai e minha mãe, eles sorriam abraçados, peguei o objeto e fiquei a acariciar a foto. Mamãe era tão linda, cabelos castanhos cheios, olhos marcantes e lábios chamativos, sorri admirando-a.

— O que você quer, Carmen?

Os cabelos de minha nuca se arrepiaram, dei um pulo de susto, quase deixei o porta-retratos cair. Virei-me depressa e lá estava ele, arregalei os olhos.

— Eu? Mas do que está falando?

Ele riu pelo nariz debochado e se aproximou, fiquei parada onde estava.

— Lá fora atiçou-me o tempo todo com aqueles olhares – agora ele estava tão perto que eu sentia seu perfume, eu somente não conseguia desviar meu olhar do dele – Isso simplesmente não se faz, pequena Carmen.

— Mas eu não fiz nada…

Ele acariciou meu rosto com as costas de sua mão, fechei os olhos, logo seus dedos estavam em meus lábios. Sim, eu queria ser beijada por ele. Jake se afastou, infelizmente. Ter seus dedos em minha pele foi a melhor sensação que senti em anos, foi audacioso de sua parte, mas não o repeli, gostei.

— Fez sim, só que ainda não percebeu.

Meneei negativamente a cabeça de leve.

— Eu não entendo, você…

— Não há nada o que entender. Vejo que não tem nada de meu interesse aqui – ele se virou, estava indo embora e estava por cima, estava ganhando essa nossa pequena e estúpida luta. Não, não mesmo! Esse homem não tem o direito de fazer isso, tocar-me e afastar-se.

Andei em passos largos até ele, não o deixaria ganhar, não seria nenhuma adolescente bobinha que ele brincaria, não sou uma pequena assustada, sou Carmen, a Rainha de Coney Island. Não sabia muito bem o que fazia, mas sabia que seria perigoso.

O virei, seus olhos mostravam surpresa.

Coloquei-me na ponta dos pés e passei meus braços ao redor de seus ombros largos, logo meus lábios já estavam colados ao dele. O homem hesitou por um segundo, talvez pela surpresa, porém logo senti suas mãos em volta de minha cintura. Agora nossas línguas estavam em contato e Céus, que o inferno congelasse eu não o soltaria, o senti pressionar meu corpo mais a si, nosso beijo estava ficando cada vez mais íntimo, o ar foi necessário.

Me afastei dele saindo de seus braços. Meu peito subia e descia, sentia algo em meu íntimo que nunca antes senti, a parte interna de minhas coxas formigava.

Umedeci os lábios.

— Foi um ato impensado – me apressei a falar – Fiquei com raiva de você.

— Faz isso com todos que sente raiva?

O encarei aturdida só de pensar que o beijei. Eu o beijei e ele retribuiu! Isso é simplesmente errado demais, é tão incerto que meu cérebro pareceu pifar por alguns segundos. Impressão minha ou ele também parecia desconcertado? Confuso?

— Odeio perder – expliquei-me.

Ele arqueou as sobrancelhas sorrindo debochado.

— Então era um jogo? Sou um homem de trinta e sete anos, não brinco mais, pequena Carmen.

— Não me chame de pequena.

— É assim que te vejo; pequena e indefesa.

Enruguei a testa de raiva. Quem ele pensava que era? Será que eu era vista assim? Pequena e indefesa? Queria mostrá-lo o quão corajosa e valente sou. Minha mente se entupiu de desejos e vontades, pensamentos nada puros com Jake. Seria ele capaz de retribuir? Nada disso parecia tão distante agora, não depois desse beijo.

— Me deixe em paz – esbravejei e saí correndo do aposento em direção ao jardim, procurei por meus avós e não desgrudei deles pelo resto da festa, depois disso não vi mais Jake, havia sumido, talvez ido embora.

Estranhamente suspirei aliviada por isso.

Fiquei remoendo meu ato. O beijo. Ele havia retribuído, sim, havia e muito fervorosamente mas sentia-me estranha. Nunca havia beijado um homem com mais de vinte e cinco anos. E havia outra coisa, ele era “apenas” o Sheriff de nosso condado. Droga!

Eu simplesmente havia atiçado o tigre e corrido. Se bem que nunca temi tigres, eles me fascinavam.

 


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Notas finais do capítulo

Nome do vô da Carmen: Charles Grant.
Nome da vó da Carmen: Mary Grant.

Thanks 4 reading.



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