Playing Dangerous escrita por WeekendWarrior


Capítulo 11
Lie to Me, My Little Love


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Acordei com beijos em minhas costas, imediatamente sorri e espreguicei-me um pouco.

— Bom dia, luz do sol – disse Jake me abraçando por trás.

Aproximei meu corpo mais ao dele.

— Bom dia – o saudei e mirei a janela, por entre as cortinas cor pastel já brilhava o sol – Que horas são? – sentei-me na cama preocupada.

— Oito horas – respondeu calmamente.

— O quê? Ai meu Deus! – exclamei e dei um pulo saindo da cama – Tô mega atrasada pro colégio!

Fiquei zanzando que nem uma barata tonta pelo quarto procurando minha mochila, lembrei que estava lá embaixo. Saí do quarto e desci as escadas num raio. Peguei minha mochila e voltei para o quarto, Jake ainda estava deitado entre os lençóis.

— Onde tem uma toalha?

— Ali – apontou para uma gaveta em seu guarda-roupa.

Peguei a toalha e saí correndo para a suíte do quarto. Fiz um coque em meu cabelo e tomei o banho mais rápido da minha vida, saí do banho, escovei meus dentes e penteei meu longo cabelo.

Fui até minha mochila que deixei em cima da cama e vesti uma calça jeans e uma camisa branca, sentei-me na cama e calcei meu tênis.

Senti o olhar de Jake em minhas costas. Ele tinha um semblante triste, porém sorriu-me, parecia um tanto desolado, meu coração deu uma pequena pontada. Droga.

Engatinhei até o homem e sentei em seu colo, ele sentou-se segurando pela cintura.

— Depois do colégio eu volto pra cá, ok? – disse rente a seus lábios.

Ele sorriu-me e respondeu:

— Vou esperar ansioso.

Encarei seus olhos azuis nebulosos, talvez cheios de segredos.

— Eu amei tudo, Jake. A nossa noite. Tudo. Obrigada – o abracei sentindo seu cheiro, acariciei seus cabelos com meu dedos – Mas agora eu preciso ir – afastei e fiz biquinho. Ele riu.

— Então vá, minha garotinha – beijou-me rápido.

O encarei maliciosa e saí de seu colo.

Olhei para ele pela última vez na porta do quarto e desci as escadas. Adentrei meu carro e logo já estava estacionando no colégio.

Eu simplesmente estava pisando nas nuvens, a noite passada pareceu um sonho, eu estava explodindo de felicidade e eu simplesmente não podia contar nada a ninguém, nem a Marina. Não que eu não confie nela, somente não posso.

Imagens e cenas da noite passada pipocavam em minha mente.

 

— Não acredito! Você gosta de The Doors? – tirei um LP de sua estante da sala de estar.

— Sim, tenho esse LP há anos – disse calmo enquanto fumava sentado no sofá.

A noite já se estendia e agora estávamos no andar debaixo. Havíamos descido para fazer um lanchinho. Agora estávamos em sua sala, ele sentado no sofá usando apenas uma boxer branca e eu vestia uma camisa sua – qual ficava enorme pra mim – e uma calcinha.

— Podemos ouvir? – perguntei ao avistar o antigo toca disco.

— Claro, coloca aí.

Assim o fiz e “Roadhosue Blues” começou a tocar. A batida contagiante e até mesmo sensual começou a soar. Essa música escondia muitas mensagens, todas agora nos olhos de Jake.

— Adoro o Jim Morrison, ele é tão… – me aproximei de maneira libidinosa até Jake – Sedutor. Sabe, adoraria ter vivido na época dele – agora eu já estava na frente de meu homem mais velho, ele sentado encarando-me sedento, eu, em sua frente o encarando com luxúria – Agora só o que nos resta são suas canções.

— Belas e sensuais canções. Para momentos assim – Jake puxou-me pela cintura ao seu encontro.

— Então vamos agradecer o Jim de nosso modo – sorri e encaixei-me sobre suas pernas. Estar em seu colo estava virando um vício.

Agarrei seus cabelos escuros e macios, acariciei sua nuca e guiei-me para seus lábios já sedentos pelos meus. Puro delírio, eu estava em chamas.

Jake acariciava-me por dentro da camisa. Suas mãos eram hábeis, eram deliciosas, como tudo nele. Tudo era puramente chamativo e delicioso. Era carnal… e bom, era meu.

Quando me dei conta, nossas roupas haviam sumido e nossos gemidos se misturavam na madrugada enquanto Jim Morrison nos cantava seus versos melódicos e cheios de prazer.

 

Um sorriso abestalhado me aparecia nos lábios ao reviver isso em minhas memórias. Era como se algo tivesse sido selado entre nós, como se nosso segredo tivesse ficado mais forte e ainda mais secreto. Sentia-me energizada e de certa maneira branda.

Logo a semana já se arrastava através dos dias. Dias, quais sentia cada vez mais falta de Jake e isso, de certo modo, era novo pra mim. Sentia que algo aflorava, não sabia muito bem explicar o que era. Só sentia que deveria afastar-me. Mas como?

Cada pensamento, cada passo, cada ato, cada sentimento… Lá estava Jake em minha mente. Merda!

Seria isso…? Não, não, não! E se for? Não, eu não posso. Eu quero, mas eu não posso. Será que consigo? Bom… amar? Amá-lo da maneira certa? Por que esse medo? Por que simplesmente não posso deixar ser?

Eu o quero tanto, mas tanto que poderia machucar-me esse nítido querer. Mas ok, primeiro vamos curtir esse jogo perigoso em que estamos, vamos nos divertir, diversão em primeiro lugar.

Estava em casa fazendo alguns deveres escolares em meu quarto, quando meu celular toca. Número de Bradley, hesitei em atender, mas o fiz.

— Alô?

— Carmen…

— Sim, sou eu – ri meio apreensiva – Algum problema?

Ele hesitou em responder, deu um suspiro.

— Na verdade sim. Bom, é que… cara, tipo…

— Fale logo! O que houve? Aconteceu algo? – agora me preocupava.

— Sim, é que Rose foi presa e bom, a fiança dela é de duzentos dólares e ninguém tem essa grana – ele deu uma pausa, deveria estar pensativo – Sei que sua condição financeira é melhor… Você disse que eu poderia contar com você…

— Claro que pode! Meu Deus, Bradley! – levantei-me, peguei de minha bolsa minha carteira e chaves – Estou indo para aí. Onde vocês estão? Na delegacia?

— Sim, sim!

— Em breve estarei chegando.

— Tudo bem e… obrigado.

Sorri e o respondi:

— Não há de quê! Logo chego.

Desliguei o telefone.

Meu Deus! Rose presa? O que será que ela aprontou dessa vez? Bradley fez bem em ligar-me.

Entrei em meu carro e parei em um caixa eletrônico, fiz um saque de duzentos dólares e dirigi o mais rápido possível para a delegacia.

Lá chegando avistei Bradley encostado em sua caminhonete negra. Corri até ele.

— Vamos, vem! – exclamei e caminhamos apressados até a delegacia.

Paguei a fiança de Rose, então um oficial foi buscá-la na cela. Uma desengonçada e desarrumada Rose apareceu através do corredor. Seus cabelos louros cacheados pareciam ter sido pegos por uma ventania, porém seu carisma um tanto ácido, ainda era visto.

Seu olhar correu o ambiente, primeiro encontrando Bradley e depois a mim. Ela encarou-me com… raiva?

— O que ela faz aqui? – indagou com um mero aceno de cabeça.

— Ela quem pagou sua fiança – apressou-se Brad em falar.

A loura ficou a encarar-me por algum tempo, engolindo as palavras pelo rapaz proferidas.

— De nada – fui ríspida e comecei a andar em direção a saída.

Ouvi passos atrás de mim, saí de dentro do recinto.

— Ei, Carmen! Espere! – chamava-me Brad. Virei-me e os avistei logo atrás – Obrigado. Muito obrigado mesmo. Vamos, agradeça-a – ele cutucou Rose com o cotovelo.

Ela virou os olhos mas rendeu-se.

— Hum, tá! Obrigada Carmen, por ter me tirado daquele buraco. Foi muito gentil da sua parte, bom, porque não nos falamos mais. Espero que não jogue isso em nossas caras depois, sabemos que você é rica e que…

— Já chega! Nunca jogaria isso na cara de vocês. Fiz isso simplesmente porque achei certo. Era o certo a se fazer. Espero que não se meta mais em encrencas.

— Então foi por isso que se afastou de nós? De mim? Queria ficar longe de encrencas?

Suspirei e virei os olhos, não queria mentir pra eles.

— Aposto que Bradley a contou sobre meus avós e… sobre a ameaça do colégio interno….

Ela assentiu tristemente.

— Sim. Mas enfim, obrigada.

— Obrigado, Carmen. Não se preocupe, eu a pagarei – disse Bradley, aproximou-se repentinamente e abraçou-me. Simplesmente retribuí.

Senti que o abraço demorava demais, o afastei. Então escuto um pigarreio forçado atrás de mim, virei-me para encarar quem atrás de mim estava. Meu coração perdeu uma batida ao encarar Jake, meus olhos se abriram ainda mais, igualmente minha boca.

Droga! Estávamos numa delegacia, seria óbvio ele aparecer por aqui a qualquer momento. Isso nem se passou pela minha mente. Bosta!

— Vejo que pagaram sua fiança – disse Jake olhando para Rose. Seu olhar raivoso já não se encontrava mais em mim.

Merda, o abraço! Merda! Merda dupla! Será que Bradley fez de propósito? Filho da mãe!

— Carmen pagou pra mim – falou a loura calmamente. Bosta… Comprimi meus olhos.

 Carmen, Carmen… Sempre tão prestativas com os amigos, não? – tomara que os outros não tenham notado seu tom de voz cheio de escárnio.

— Eu liguei pra ela e ela veio nos ajudar. Carmen disse que posso sempre contar com ela – proferiu Bradley solene.

Porra, fodeu! Encarei Jake, seu olhar era raivoso e tempestuoso. Seus olhos azuis estavam nublados, somente eu podia perceber aquele olhar.

Umedeci meus lábios e suspirei.

— É, pois é. Pra isso que servem os colegas – sorri desconcertada.

Jake assentiu com a face passiva. Passividade que escondia sua nebulosidade interna, suas narinas estavam dilatadas, eu via que ele se segurava. Seu olhar também era raivoso contra Bradley, o garoto somente sorria, talvez debochado?

— Que tal você levar sua amiguinha embora, Sr. Soileau? – inquiriu Jake.

— É Bradley, leve-a. Ela está há horas aqui pelo que sei. Seria bom levá-la pra casa – o incentivei.

A loura assentiu.

— Sim, verdade. Só quero ir pra casa – disse agora, uma cansada Rose.

Vi o olhar de Bradley cair sobre Jake e depois sobre mim. Ele assentiu e se virou, levando Rose consigo. Havia um olhar desconfiado em suas íris verdes, mas mesmo assim ele se foi.

Suspirei e falei baixo para Jake antes de ir em direção ao meu carro:

— Não me diga nada, não abra essa boca.

E comecei a dar passos firmes pelo estacionamento da delegacia. Comprimi meus olhos com apreensão quando escutei os passos do homem atrás de mim.

— Não dizer nada, Carmen? – ele proferia baixo, somente eu podia ouvir – Não dizer nada? Poupe-me! Eu disse pra você ficar longe dele. Longe! E como você fica longe dele? O abraçando? Dizendo que ele “pode sempre contar com você”? – riu raivoso.

Agora eu estava ao lado de meu carro. Segurava minha raiva para dentro, odiava ser privada de algo.

— Eu já disse que você não manda em mim! E outra, eu não ando mais com eles. Não tenho contato com Bradley há tempos. Ele estava em apuros e o ajudei, apenas isso.

— Que mandasse ele pro inferno com seu grupinho. Eu não quero você nem mesmo olhando pra ele. Nenhum contato. Nada! Você prometeu pra mim.

Suspirei me controlando. Abri a porta do meu carro, não ia ficar ali discutindo com ele, alguém poderia nos ver. Será que ele não pensava nisso?

— Ah, por favor, Jake! Depois falamos disso e…

Ele fechou a porta num estrondo me assustando. Se meus dedos estivessem ali, os teria perdido. Assustei-me.

— Falamos depois o caralho! Escute, Carmen: Eu somente quero seu melhor. Preste atenção, apenas faça o que digo. Será que é difícil?

Olhei para os lados e por sorte o local parecia estar vazio.

— Jake, pare. Pode aparecer pessoas a qualquer momento aqui, pare com isso.

Ele olhou ao redor e se afastou um pouco.

— Não a quero com ele – disse por fim, já calmo, me encarando nos olhos – Não a quero com ele – falou pausadamente.

— Você precisa confiar em mim. Você sabe que não ando mais com ele, nenhum deles. Confie em mim – falei triste.

Ele fechou os olhos e pensou.

— Eu confio. Eu confio, Carmen, acredite, eu confio.

— Então pra que tudo isso? Ah, Jake… Me perdoe, mas eu tenho que ir.

Ia entrar no carro, quando ele segura minha mão. Olha para meus lábios e depois fundo em meus olhos.

— Gostaria de beijá-la agora, mas não posso – ele sorriu de modo que me fez derreter por dentro – Me perdoe. Eu fico meio louco com essas coisas, quando você teima comigo e me desobedece. Perdoe-me.

Sorri e pressionei mais minha mão na sua, olhei ao redor e vi que ninguém estava a vista.

— Eu te perdoo, paizinho – afaguei-lhe os dedos – Mas pare com essa mania de tratar-me como criança.

Ele retribuiu o sorriso e separou-se.

— Tudo bem, desculpe. Mas agora vá, minha garotinha e siga meus conselhos.

Virei os olhos e entrei no carro.

— Até mais, Jake – dei partida em meu Chevelle.

Eu simplesmente não entendo. Eu só queria ajudar um amigo, eu apenas sou uma alma, quais intenções são boas. Deus, não me deixe ser mal interpretada.

A vida tem seus problemas, porém sou apenas uma humana. Que Jake, não me interprete erroneamente, que eu não me sinta mal por “desobedecê-lo”, pois não sou a bonequinha de porcelana dele.

O adoro, o quero, o desejo. Mas hoje ele mostrou-se ainda mais possessivo e meio que, isso assustou-me, senti-me estúpida por sentir-me mal, pois ninguém manda em mim. Isso foi o que sempre pensei.

Ah, Jake… O que você está fazendo comigo?


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem.



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