Let It Snow 2 - A Volta da Escuridão escrita por AliceFelton


Capítulo 1
PARTE 1 - AUGUSTUS - Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Vocês já sabem mas vale a pena lembrar:
Para entender alguma coisa dessa fanfic, é aconselhável ler Let It Snow, também postada e escrita por mim, aqui nessa mesma conta do Nyah.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/666627/chapter/1

Tudo começou no dia do casamento dos meus pais.

Eu sei, eles já estão juntos há uns quarenta anos. Ou mais. Meu pai já me contou que, no dia que minha mãe nasceu, ele ficou inexplicavelmente feliz e que se apaixonou por ela assim que a viu, deitadinha no hospital. Ela era neta de um dos melhores amigos dele. É claro que ele esperou até ela crescer para ficar com ela, de fato. Até porquê ela o odiava quando era criança. Ela me conta que ele sempre estragava as festas de aniversário dela com nevascas inesperadas. Era o jeito que meu pai tinha para chamar a atenção do amor da vida dele. Coitado, não o culpem. Ele é bem velho, aposto que não teve muita experiência com garotas.

Enfim, eles decidiram se casar.

Eles vivem juntos desde que eu e minha irmão gêmea nascemos, mas nossos avós estão ficando mais velhos do que minha mãe gosta de admitir. Vovô Jamie morreu há alguns anos e meus pais ficaram muito abalados, os dois. Foi bem triste, tenho que admitir.

Minha mãe e meu pai choraram por uns dois dias seguidos, eu diria. E o tempo ficou uma loucura. Fazia sol com frio e ficava nublado quente, alternadamente. A Tia Bea teve que vir aqui em casa e reclamar com os dois.

- Eu também estou triste, Alice! - lembro de ter ouvido ela dizer - Mas você acha que seu avô gostaria de saber que vocês dois fizeramisso com a temperatura mundial? Você acha, Jack?

Depois disso eles se levantaram da cabana do quarto deles e consertaram as coisas.

O fato é, desde que meu bisavô morreu, minha mãe decidiu que ia aproveitar ao máximo o tempo com seus pais, seus irmão e, claro, Tia Bea, Tio Dave e Gabi. Isso, aparentemente, incluía se casar.

A cena foi engraçada. Minha mãe entrou na sala e parou na frente do meu pai.

- Casa comigo? - ela disse sorrindo

Meu pai sorriu. Ele nunca conseguia ficar sério quando ela sorria daquele jeito para ele

- Hm, Lizzie, querida. - ele riu - É o que estamos fazendo há alguns anos. Quero dizer, aqueles dois estranhos ali são nossos filhos.

- Valeu Pai - riu Posy, minha irmã

Ela riu e o abraçou.

- Eu estava pensando em dar uma festa. - ela disse - Uma festa de casamento.

Meu pai me olhou, confuso.

- Claro - ele disse - Você sabe que eu faço qualquer coisa por você.

- É, você deixou bem claro isso na viagem que fizemos para a Islândia. - ela sorriu

Viagem para a Islândia. Longa história. Mas digamos que foram boas férias em família. Você é nunca velho demais para ver seus pais correndo de crianças enlouquecidas.

Meu pai riu.

- De onde surgiu essa ideia? - meu pai perguntou

- Você sabe... - minha mãe - Mamãe e Papai estão ficando bem velhos...

Meu pai assentiu.

Ele não se lembra muito bem de seus dias antes de virar o espírito do inverno. E isso foi há muito tempo. Mas o Homem da Lua foi gente boa com minha mãe e deixou ela ficar com suas memórias, então nos natais ainda vamos para a antiga casa de mamãe comemorar. Depois, sempre vamos para a casa de Norte e é lá que as festas de verdade acontecem. Amo aquele velhote.

Desde aquele dia, nós quatro começamos a organizar uma festa de casamento. Meus pais escolheram a data mais clichê de todas. O solstício. Noite mais longa do inverno em um hemisfério, dia mais longo do verão no outro. Me surpreende que eles não tenham resolvido casar no Equador ou na Indonésia, que é onde a linha que divide os hemisférios passa. Seria interessante.

Nesse maravilhoso dia eu acordei com o sol batendo no meu rosto. Meu pai havia construído essa casa quando eu era um bebê. Minha mãe conta que ele ficou sem ir pra casa por alguns dias, sem dar nenhuma notícia. Ela achou que ele fosse terminar com ela por terem tido filhos, mas ele estava construindo essa casa para nós quatro morarmos. Fofo, eu sei.

Ele construiu uma casa linda, cheia de vidros, onde a luz do sol entrava por todos os lados. Era a casa perfeita para quem amava o sol. No caso, era só ele. Quero dizer, eu amo minha mãe também, mas eu preferiria não acordar as nove da manhã com o sol me fazendo suar.

Escutei minha irmã gritando com alguém. Ela havia terminado com o namorado, de novo.

Posy é maravilhosa. Todos os seres mágicos que conhecíamos a adoravam. Ela é mesmo como a primavera depois de meses de inverno e a única pessoa que me entende. Ela é minha melhor amiga. Mas ela tem um pequeno problema com relacionamentos. Ela já saiu com uns oito garotos e sempre acaba na mesma. Eles terminam, ela fica furiosa e desconta nos nossos pais.

Ela estava saindo com esse espírito menor há alguns meses. Eu nunca entendi direito o poder dele, eu cochilava toda vez que ela tentava me explicar. Eu também não lembrava o nome dele.

Era realmente uma infelicidade que ele havia terminado com ela um dia antes do tão esperado casamento. Da mesma forma que não se pode controlar as flores nascendo depois de um longo inverno, não era possível controlar a fúria de Posy. Eu sempre fui o gêmeo calmo. Meus pais sempre contavam comigo para acalmá-la nessas horas.

Coloquei meu terno em um salto e ajustei a gravata borboleta laranja em volta do meu pescoço. Eu estava animado para a festa. As festas, quero dizer. Primeiro, eles iriam fazer uma pequena reunião com os seres mágicos. Para não ofender ninguém. E, a noite, seria a festa com meus avós, tios, primos e Tia Bea e família. Não era uma festa muito grande, mas esse é o preço a se pagar quando ninguém acredita em você. Com meus pais é mais fácil, eles são guardiões, todas as crianças do mundo acreditam neles. Eu e Posy? Somos só coadjuvantes. Ninguém nunca esperava muita coisa de nós.

Saí do meu quarto e minha mãe parou de falar. Ela tirou os olhos de Posy e os colocou em mim.

- Quem é esse bonitão? - ela sorriu

- Mãe... - ri

Ela sorriu.

Estava linda, como sempre. Ela havia tirado o vestido amarelo que ela usava, hm, todos os dias da vida dela e havia feito uma tiara de trança em seus cabelos. Meu pai estava ao lado dela, de terno e gravata borboleta, que nem eu, mas com a gravata azul, para combinar com seus lindos olhos, diria minha mãe. O passatempo favorito dela era falar dos olhos do meu pai.

- Posy - disse minha mãe - Eu sinto muito mesmo que você e Woody tenham terminado.

Esse era o nome dele Woody. E ele era guardião da madeira, dá pra acreditar que minha irmã estava sofrendo por ele?

- Mas temos que ir para a festa. - minha mãe continuou - É o nosso casamento.

- Eu não me importo. - minha irmã disse

- Você está chateada por estarmos nos casando? - perguntou minha mãe - Não precisa ficar assim, filha! É com seu pai mesmo, vai ficar tudo igual! Não é como se eu estivesse fugindo com um lenhador musculoso.

- Você conhece algum lenhador musculoso? - perguntou meu pai rindo

- Não - minha mãe respondeu - E você?

- Alguns - meu pai deu de ombros, rindo

Minha mãe deu uma gargalhada divertida.

- Mãe, me deixa ficar em casa... - Posy disse

- Mas é nosso casamento, Posy! - minha mãe disse com a voz trêmula

- NEM TUDO É SOBRE VOCÊS, GUARDIÕES! - ela disse

Minha mãe respirou fundo.

- Mãe - eu disse - Posso falar com Posy? Podem ir na frente, chegaremos logo.

Ela assentiu e abraçou meu pai. Juntos, eles saíram voando pela porta.

- Posy... - eu disse - Você não acha que está sendo um pouco injusta?

- Não - ela disse começando a chorar - Ele quebrou meu coração.

- Eu sei, eu sei. - eu disse a abraçando - Mas você quebrou o coração da mamãe, agora há pouco.

Senti ela soluçar.

- Vamos... - eu disse - Coloca seu lindo vestido.

Ela riu.

- Depois do casamento podemos comprar um pote de sorvete gigante. - eu disse - E chamarmos Gabi para assistir um filme.

- Gabi não tem mais tempo para nós. - Posy bufou - Ela está ocupada com seu marido e seus três filhinhos.

- Ela sempre tem tempo pra nós. - eu disse - Especialmente em situações críticas.

Posy assentiu e se dirigiu até seu quarto.

- Eu sabia que ia te convencer. - eu gritei

- Cala a boca. - ela gritou de volta

Fui até o banheiro e chequei minha imagem no espelho. A mesma de sempre. Alto, ruivo e cheio de sardas.

Minha mãe costumava beijar minhas sardas e falar que elas eram que nem as folhas que caiam no outono. Eu amava aquela definição. Teve um dia que eu obriguei Gabi a tentar contar todas elas, ela devia ter uns doze anos mas me ajudou mesmo assim.

Saí do banheiro ao mesmo tempo em que Posy saia do quarto, estonteante. Era difícil ser o único membro da família que não era maravilhoso.

Minha mãe havia feito um vestido longo para ela da cor das mechas rosa de seu cabelo. E Posy havia nascido com a habilidade de cuidar do seu cabelo, ela sabia fazer todos os tipos de penteados existentes em todos os lugares. Naquele dia, ela estava com um penteado parecido com o de mamãe.

- Você vai atrair a atenção de todos os solteirões da festa. - eu disse -Você vai esquecer Woody rapidinho.

Ela sorriu e fez uma reverência.

Estendi o braço para ela e ela o pegou.

Saímos de casa e voamos por cima do lago, para chegarmos na clareira onde meus pais haviam se beijado pela primeira vez, transado pela primeira vez e onde minha mãe havia se transformado. Era bem conveniente morar tão perto.

Mas tivemos uma surpresa quando chegamos lá e prestamos atenção no local.

A tenda estava vazia. Não havia sinal de nenhum convidado, nem de meus pais. Tudo estava manchado de preto, inclusive o buquê de minha mãe, abandonado no altar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fiquei inspirada e resolvi escrever uma continuação para Let It Snow, espero que vocês gostem dela tanto quanto da primeira.
Beijos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Let It Snow 2 - A Volta da Escuridão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.