Cursed escrita por Creature


Capítulo 5
III - A Wolf gives me advice


Notas iniciais do capítulo

Yooooooooooo folks.
Como foram de ano novo? Como está sendo 2016? Mais alguém já errou e escreveu 2015 sem querer? Minha virada de ano foi definitivamente animada, by the way. Colocamos fogo em um mato que tem perto da casa de praia sem querer. Yeah, whatever. Os bombeiros gostaram muito da nossa festa.
Sinto muito mesmo por demorar tanto. Serião. O lado bom é que estou finalmente de volta a civilização, e vou poder voltar a postar. (´∀`)♡
Como pedido de desculpas formal, um capítulo extremamente Jily pra vcs. Hell yeah. Also, é o maior capítulo até agora, so yeah. Não tenho ideia de quando vou postar o próximo, mas não pretendo demorar.
O título do próximo capítulo será "Our sensei is a turkey-man." Yeah, boa sorte tentando adivinhar do que se trata. <( ̄︶ ̄)>
Enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/666599/chapter/5

A Wolf gives me advice.*

*"Um lobo me dá conselhos" - Tradução livre. 

Lily Evans

A primeira coisa que eu notei ao sair do quarto foi que eu com certeza me perderia naquela casa. Era enorme, com pelo menos uns cinco andares e toda decorada em tons de vermelho e dourado. Havia um imenso estandarte pendurado na parede do fundo, que provavelmente percorria todos os andares da casa. Percebi de onde eles haviam tirado a ideia para o brasão dos Baratheon em Game of Thrones, porque o brasão dos Potter também ostentava um cervo coroado. A única diferença era que o cervo dos Potter era estampado em tons de dourado sobre um fundo vermelho, mais no estilo Lannister.

— Lene me explicou que antes de toda essa história com a maldição, esse costumava ser o palácio de férias dos Potter. James, Sirius e o outro amigo deles, Remus, viviam aqui. – A voz de Dorcas ecoou pelo grande salão.

— Junto com toda a população feminina do reino, diga-se de passagem – Marlene comentou, rindo. – Elas tinham muita sorte, ou talvez muito azar, dependendo do ponto de vista, dos três terem sido criados pela rainha Euphemia Potter. Ela nunca permitiria que um cavalheiro ultrapassasse os limites com uma dama antes do casamento.

— Você fala como se a conhecesse. – Notei, descendo as escadas.

Marlene deu de ombros.

— Só tenho dezessete anos. Mas meu avô a conheceu.

Dorcas e eu nos entreolhamos.

— Mas ela não morreu, tipo, uns trezentos anos atrás?

A morena riu.

— Oh, Dumbledore não é exatamente meu avô. Ele é meu tataravô.

— E imortal também, eu suponho? – Dorcas perguntou, encarando a situação toda com muita naturalidade, enquanto eu estava beirando mais um colapso mental. Talvez já fosse o quinto ou sexto dentro da última meia hora. 

— Meu avô é um mago, por isso ele é imortal. Infelizmente, a magia pulou minha geração. – Ela rolou os olhos, claramente irritada com o fato. – Ele trabalhava para a família real. Criou James como se fosse seu próprio filho.

Antes que pudesse perguntar mais alguma coisa, chegamos ao fim das escadas e dei de cara com uma das cenas mais esquisitas que eu já havia presenciado – e, considerando o dia que eu estava tendo, isso era algo surpreendente. O cervo e o cão estavam rolando no tapete com um lobo cinzento, e eu não tinha ideia de qual dos três parecia mais animado por estar com os outros. De repente, me dei conta que talvez a última vez que aqueles três tivessem se visto tivesse sido a trezentos anos atrás. A felicidade deles era contagiante, e antes que percebesse já estava involuntariamente sorrindo. Após alguns minutos, o corpo do lobo começou a tremer e ele transformou-se em um cara alto, com cabelos castanhos e inteligentes olhos cor de mel. Como os outros dois, ele também era profundamente bonito, mas transparecia uma energia muito mais calma que a dos dois amigos caóticos. Ele parecia ainda rir de alguma coisa que o cervo ou o cão haviam falado, mas então seus olhos repousaram em mim e ele fez uma expressão confusa.

— Quem é a ruiva?

O cão entrou em processo de transformação e seu lugar no tapete foi ocupado por Sirius, que após fazer uma expressão de dor colocou um braço ao redor dos ombros do amigo.

— Isso é jeito de falar com a visita, Remmy? Não foi essa a educação que eu te dei.

O ex-lobo-agora-homem-terceiro-mosqueteiro cruzou os braços e rolou os olhos, como se estivesse lidando com aquela discussão há séculos – e provavelmente estava.

— Ser mais velho não te faz mais responsável, Sirius. Quem te educou fui eu.

O corpo do meu cervo – pelo amor de Deus, Lily, ele é um príncipe egocêntrico amaldiçoado, e não o seu cervo, você tem que parar de falar dele assim – tremeu antes dele transformar-se em James ‘sou da realeza, beije minha bunda real’ Potter.

— Como assim você o educou? Eu tive que criar o nosso filho sozinho, Remus. – James colocou uma mão sobre o coração com uma falsa mágoa, e percebi que aparentemente príncipes amaldiçoados e atraentes de trezentos anos de idade tinham um senso de humor peculiar.— Six nunca soube o significado da palavra pai.

Sirius lançou para o lobisomem (será que era esse o termo certo?) um olhar cheio de mágoa.

— Você me abandonou como se eu fosse um cachorro vira-lata que você não quisesse mais.

James engasgou com a própria risada por causa do trocadilho, e percebi que talvez ele não tivesse rido na forma humana em um bom tempo, porque de repente em meio aos risos ele emitiu um som característico de cervos.

Um silêncio se instalou na sala até o momento em que Sirius se jogou no tapete, dobrando-se de tanto rir. Tive de me apoiar em Marlene, que se apoiou em Dorcas, que se apoiou na escada, as três rindo descontroladamente ao ponto de quase cuspir os rins. O momento me deixou feliz. Quero dizer, minha vida havia acabado de virar de cabeça para baixo e eu ainda nem entendia onde tinha me metido, mas pelo menos havia feito novos amigos. Menos o James. Ele não contava. Encarei o cara dos olhos cor de mel de maneira divertida.

— Por onde eu começo? Hm, Lily Evans, dezessete anos. Trabalho no zoológico durante as férias. Minha única atual amiga humana é a Dorcas, que gosta de conversar com Ellie, a elefanta. Ah, e acabo de descobrir que meu melhor amigo, que por sinal era um cervo, é, na verdade, o príncipe mais irritante que eu já conheci. O prazer é todo seu em me conhecer. 

James me encarou de maneira confusa e, para a minha surpresa, levemente magoada.

— Você nunca achou Prongs irritante.

— Porque ele não é. Você é. – Rebati.

— Por quê? Por que eu não sou um cervo de verdade?

— Exatamente. E porque você mentiu pra mim e me fez acreditar que você era. Achei que nossa amizade era real, mas aparentemente eu estava errada. 

Ele rolou os olhos e cruzou os braços, teimoso, e eu apenas fiz o mesmo e o encarei firmemente.

— Você não teria gostado de mim se eu tivesse te contado a verdade logo de cara, teria? - James rebateu, seco. - Não posso passar o resto da minha vida sendo seu cervo de estimação. 

— É uma honra conhecê-la, Lily. – Ao ouvir o som do meu nome, quebrei o intenso contato visual. – Sou Remus Lupin.

Sorri para ele e apertei sua mão, e então James bufou. Não bufou do jeito que nós, humanos, teríamos bufado. Não, ele bufou como um cervo irritado.

Sirius riu.

— Ciúmes, Prongs?

— Não precisa se preocupar, Pads. É que eu sou irritante

Então ele bufou como um cervo mais uma vez antes de outro tremor percorrer o seu corpo, e ele transformou-se em Prongs antes de me dar um olhar duro e reprovador, mas um tanto magoado, e trotar para fora da sala. Nunca pensei que veria aquela expressão nos olhos do meu cervo. Pelo menos não pra mim.

— Todos os príncipes são mimados assim ou só os amaldiçoados? – Murmurei. 

Sirius emitiu um som do fundo da garganta que pareceu um rosnado, e então ele me olhou como se me culpasse pelo repentino mau-humor do amigo antes de segui-lo para fora da sala.

— Credo, gente. – A voz de Dorcas soou após um tempo. – Que clima deprê.

E só então Remus pareceu perceber a presença dela, e eu podia jurar que ele a avaliava como um lobo avaliaria uma presa, e eu não tinha ideia de se aquilo era bom ou ruim. Eles sustentaram os olhares do outro por tanto tempo que Marlene e eu nos entreolhamos e saímos de fininho, arrastando Sir Dumbledore conosco.

Não vi James pelo resto da noite. Não sabia dizer se isso era bom ou ruim. Imaginei que talvez eu tivesse sido um pouco dura com ele mais cedo, mas eu estava magoada e não sabia exatamente como comunicar a ele o que eu sentia. Conversar com Prongs sempre havia sido muito fácil, mas por alguma razão eu sentia como se James fosse uma pessoa completamente diferente. 

Sir Dumbledore, Marlene e Remus mostraram o resto da casa para Dorcas e eu. Era ainda maior do que eu havia imaginado. Conheci o meu quarto, decorado com pôsteres das minhas séries favoritas. Quando perguntei a Sir Dumbledore como ele sabia de quais séries eu gostava, ele simplesmente me disse que James havia listado tudo de que eu gostava e especificamente ordenado que meu quarto fosse decorado de modo que se tornasse o mais confortável possível para mim. Percebi que haviam até réplicas dos meus bichinhos de pelúcia preferidos. 

Fiquei tão surpresa que a única resposta inteligente que pude dar foiOh.

De repente, paramos em frente a uma porta com o brasão dos Potter estampado. Percebi que era o quarto de James, e que ele provavelmente estava lá dentro. Inconscientemente, engoli em seco.

Remus me encarou.

— Você deveria falar com ele.

Ergui uma sobrancelha.

— Falar com ele? Ele provavelmente vai me jogar no calabouço ou algo do tipo.

Remus sacudiu a cabeça em negação.

— Não temos um calabouço. Pelo menos não aqui. - Ele piscou para mim de modo divertido antes da sua expressão ficar séria novamente. - James não costuma se importar com o que os outros pensam dele. Ele é confiante demais em si mesmo pra isso. Se o que você disse o atingiu, ele deve gostar bastante de você. Você pode achar que não o conhece, Lily, mas eu te garanto que tudo que você aprendeu a amar naquele cervo era puramente James sendo ele mesmo. Fale com ele. James é mais sensível do que ele deixa transparecer. 

Respirei fundo antes de bater na porta. Ouvi um barulho lá dentro, como se ele estivesse mudando de forma, antes da porta se abrir.

Então, eu fiquei sem palavras. Literalmente. Fiquei congelada na frente da porta, a mão que eu havia usado para bater ainda pairava no ar. De repente meu corpo se tornou uma máquina de produzir hormônios e eu senti um calor subir pelo meu corpo. Merda de corpo descontrolado de piranha.  

Quando James abriu a porta, vestia apenas calças de moletom, com a parte superior do corpo exposta. Devo ter passado os trinta segundos seguintes encarando os músculos definidos do seu abdômen. E não, não me senti nem um pouco culpada. Envergonhada sim, mas não culpada. Afinal, apesar do dia esquisito que estava tendo, eu ainda era uma adolescente de dezessete anos com hormônios adolescentes que não sabiam lidar com situações como a em que eu me encontrava, e talvez por isso eu tenha gaguejado até conseguir murmurar um patéticoUh, oi.

James apoiou-se contra o batente da porta e riu, parecendo ter percebido exatamente o que havia acabado de acontecer, antes de me dar passagem para que eu entrasse no quarto.

E que quarto. Percebi que James talvez tivesse sido um príncipe rebelde, porque em contraste com a decoração vermelho-dourada do resto da casa, seu quarto era laranja. E uma bagunça completa, como se não tivesse sido arrumado nos últimos trezentos anos – e provavelmente não tinha. Havia espadas e escudos pendurados nas paredes, montes de pergaminhos na escrivaninha e uma enorme pintura pendurada logo atrás da cama. Um retrato da família real. O rei, coberto em roupas vermelhas e com a coroa dourada brilhando cabeça, tinha feições pacientes e gentis. Imaginei que ele tivesse sido um bom rei. Ao seu lado a rainha, vestida em tons de azul, tinha um sorriso capaz de mover montanhas, mesmo através de uma pintura. Ela parecia calorosa. Mesmo através da pintura, transmitia uma energia de mãe. Entre eles havia um garotinho de olhos castanho-esverdeados, desajeitadamente tentando equilibrar uma coroa na cabeça. Tinha um brilho brincalhão no olhar, como se estivesse prestes a fazer algo muito errado. O artista fez questão de pintá-lo faltando dois dentes da frente, dando-lhe um ar ainda mais brincalhão. James não devia ter mais do que oito anos quando o quadro foi pintado.

— Eu sei, eu sei. Sempre fui irremediavelmente atraente. – Me virei ao ouvir o som da sua voz, e ele me encarava de maneira divertida. Imaginei se ele ainda estava zangado comigo. Resolvi que era melhor descobrir.

— Foi mal. Pelo que eu disse mais cedo.

James cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha.

— Você não me acha irritante?

Fingi pensar por um momento.

— Oh não, eu ainda te acho irremediavelmente irritante. Você só não é irritante o tempo todo.

Para a minha surpresa, ele riu. Fiquei impressionada ao notar o quanto fiquei aliviada por saber que ele não estava chateado comigo.

— Sabe, na minha época, se você se dirigisse ao príncipe dessa maneira estaria encrencada.

Cruzei os braços e sorri de maneira divertida, de repente me sentindo estranhamente a vontade com o príncipe amaldiçoado e semi-nu.

— Ah é? E o que Vossa Alteza Real vai fazer, me jogar no calabouço?

Ele deu de ombros, sorrindo maliciosamente. Seus olhos adquiriram um brilho predatório que fez um arrepio correr pelo meu corpo inteiro. Um bom arrepio, ainda. Corpo traidor. 

— Não. A menos que você implore. Consigo imaginar algumas coisas que poderíamos fazer em um calabouço. 

Engoli em seco, o coração repentinamente acelerado. Eu normalmente não era tão desajeitada na presença do sexo oposto, na verdade eu costumava ser até bem confiante, muito obrigada, mas aparentemente nada nesse mundo te preparava o suficiente para um príncipe seminu e - com todo o respeito - gostoso flertando com você.

— Acorrentar o Sirius e nunca mais voltar? - Soltei, para descontrair antes que meu corpo traidor tomasse o controle e eu deixasse na cara a minha repentina explosão hormonal.

Ele riu, sacudindo a cabeça. Ficamos em silêncio por um tempo antes dele falar novamente.

— Sinto muito por ter te envolvido nisso, Lily. Quero que saiba que antes de envolvê-la fiz de tudo para ter a certeza de que não tinha outra escolha.

Suspirei, me encostando na parede atrás de mim.

— Tudo bem. Sério. É só que isso tudo é muito novo e aconteceu muito rápido. Honestamente, ainda estou tentando assimilar a situação. E... - Respirei fundo, insegura quanto a terminar a frase. No entanto, olhei nos olhos de James e vi Prongs ali, me encarando de volta. Aquilo me deu a confiança que eu precisava. - Acho que fiquei um pouco magoada por você não ter me contado a verdade logo de cara e só me deixado acreditar que você era realmente um cervo.

James suspirou, passando uma mão nos cabelos bagunçados.

— Eu gostava - gosto— da sua companhia. Tive medo de que, se contasse, você não iria mais querer passar todo aquele tempo comigo. Eu teria tranquilamente passado mais trezentos anos como cervo se significasse ouvir sua voz todos os dias. - Meu coração acelerou com aquela declaração repentina. - Os últimos trezentos anos foram muito solitários. Eu não podia ver Sirius ou Remus, e honestamente não tinha a menor vontade de passar meus dias com outros cervos. Não me sentia feliz. Mas desde que você apareceu, nunca mais me senti sozinho. - Ele finalizou com um sorriso tímido. - Obrigado. 

Eu sorri de volta, ainda pega de surpresa pela declaração tão repentina.

— Aí está o Prongs que eu conheço. Está tudo bem, James. De verdade. Eu quero te ajudar. E ao Remus também. Não tenho tanta certeza quanto ao homem-cão. Acho que ele não foi com a minha cara. - Fiz uma careta.

James riu.

— O Sirius? Nah, não ligue pra ele. Ele acha que o tempo que passei com você como Prongs me deixou mole.

— Mole? – Perguntei, confusa.

Ele pareceu envergonhado de repente.

— É. Ele acha que poderíamos ter quebrado a maldição há muito tempo se eu tivesse contado ao Sir Dumbledore sobre você antes. Quando eu disse que não o fiz porque queria protegê-la, ele disse que você estava me cegando para o que era realmente necessário.

Semicerrei os olhos.

— Seu amigo acha que você querer me proteger é minha culpa?

James suspirou, passando a mão pelos cabelos.

— Sirius é o mais velho de nós três. Ele pode não ser muito responsável, mas sempre fez questão de nos proteger como um irmão mais velho faria. Não é culpa dele.

Bufei.

— Não. É culpa sua. Você inventou de me proteger. Por quê?

De repente, ele se aproximou. Se aproximou demais. O suficiente para que eu tivesse que prender a minha respiração para que não se misturasse com a dele. Eu podia ouvir meus divertidamentes gritando dentro da minha cabeça: Alerta vermelho, alerta vermelho, alerta vermelho, ALERTA VERMELHO AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA. Malditos hormônios.

— Porque Prongs se importa muito com você, e ele ficaria extremamente irritado se eu deixasse que algo te acontecesse.

Engoli em seco antes de tentar fugir do assunto, porque ele não precisaria se mexer muito para me prensar contra a parede e eu sabia exatamente onde aquilo tudo iria dar. E a pior parte é que a ideia não parecia tão ruim assim. 

— Você sofre de transtorno de dupla personalidade ou algo do tipo? Já viu aquele filme, Fragmentado?

Ele riu, mas antes que pudesse me responder um tremor percorreu o seu corpo, e ele se afastou com uma careta de dor.

— James? – Perguntei, e um tipo de alerta no meu cérebro me perguntava por que eu estava tão preocupada. – Você está bem?

Ele tentou responder, mas então fez outra careta de dor. De repente, me dei conta de algo.

James. — O repreendi. – Você está extrapolando o tempo da transformação, não está? Não seja idiota. Pare de se torturar.

Ele suspirou, correndo a mão pelos cabelos e sorrindo tristemente antes que seu corpo tremesse mais uma vez.

— Três horas por dia como James Potter simplesmente não são tempo o suficiente com você.

Eu não tinha ideia de como reagir, então agradeci a todos os deuses que conhecia por ele ter se transformado, sendo substituído pelo cervo que eu conhecia tão bem. Ele hesitou por uns instantes antes de aproximar-se e tocar minha mão com o focinho. Hesitei também, porque aquele era James e ele estava consciente de tudo o que eu fazia e havia aquele alerta no meu cérebro dizendo que eu provavelmente deveria me afastar. Ah, que seja, pensei, acariciando os pelos macios do seu pescoço. Por mais que eu soubesse que aquele cervo não era um cervo, era bom ter meu amigo Prongs de volta, mesmo que temporariamente. Quase dava para esquecer que eu estava acariciando um príncipe amaldiçoado de trezentos anos de idade que eu por sinal havia visto sem camisa. Quase.

Suspirei.

— Sabe, eu não estou zangada com você. Lene contou que você não podia transformar-se em humano até me conhecer. De nada, por sinal.

O cervo rolou os olhos castanho-esverdeados e bufou como se estivesse rindo. Me levantei e andei até a porta, e o cervo me seguiu alegremente.

— Você não vai dormir comigo, James. Agora que eu sei o que você é, não quero mais saber das suas gracinhas, beleza? – Encarei ele com o que eu esperava que fosse um olhar repreendedor, mas ele pareceu estar se divertindo muito mais do que estar amedrontado. Coitado. Não conhecia o poder de uma ruiva. - Ah, pelos deuses, James. Onde está o seu cavalheirismo?

Ele me encarou como se dissesse "Eu posso te mostrar exatamente onde está meu cavalheirismo, se você quiser.”, e me surpreendi por ter certeza de que aquilo definitivamente soava como algo que James Potter diria. Sacudi a cabeça, porque já tinha pensamentos confusos demais por um dia, e minha estranha conexão com James Potter definitivamente não poderia ser um deles.

Quando fechei a porta atrás de mim, encontrei um lobo cinzento no corredor, que me encarava como se dissesse “Eu te disse.”. Rolei os olhos e sorri, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa uma Dorcas usando um pijama do Star Wars passou correndo por mim e abraçou o lobo com força, que me olhou com uma careta estrangulada.

— Ele é tão fofinho, não acha Lily?

Apesar de tudo, Remus não pareceu se incomodar. Apenas bufou e abanou o rabo como um cão, enquanto Dorcas pendurava-se em seu pescoço. Quando a cena tornou-se constrangedora demais arrastei a minha amiga pelo corredor segurando-a pela blusa. Dorcas tinha um ponto fraco por lobos. Ou elefantes. A levei para o meu quarto, e mal tínhamos chegado quando a porta foi escancarada e então fechada na mesma rapidez, e Marlene apoiou-se contra a parede.

Huh, foi mal a invasão. É que eu preciso me esconder do Sirius.

Ergui uma sobrancelha.

— Ele não pode, sei lá, te farejar? Tipo, ele é um cachorro.

Ela deu de ombros com um sorriso malicioso.

— Não após ter o focinho atacado com perfume francês de ótima qualidade.

Dorcas e eu nos entreolhamos antes de rir. Naquela noite, nós três conversamos muito. Descobri que havia certa história entre Sirius e Lene, porque eles se conheciam desde que ela tinha doze anos de idade. Apesar da enorme lista de xingamentos que ela havia criado especialmente para ele (eu havia aprendido umas palavras novas incríveis, e mal podia esperar para usá-las) dava para sentir pelo seu tom de voz o quanto ela se importava com ele. Talvez ele fosse mais do que um funil, pau-d’água, mata-borrão, biriteiro, ébrio, xumbregado, pilecado, etc. Palavras dela, não minhas.

Naquela noite, sonhei com cervos, cães, lobos e maldições. (E, estranhamente, com a quinta temporada de Game of Thrones.)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

ヾ(^∇^)
((((não, eu REALMENTE gosto de kaomojis.))))