Uma nova chance escrita por Ana Carol Machado


Capítulo 2
Eduardo


Notas iniciais do capítulo

Oiii. Espero que gostem do novo capítulo. Eu ia publicar ele no domingo, mas como é natal resolvi os presentear com ele um pouco antes. Abraços e espero que gostem. Boa leitura e feliz noite de natal.



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Enquanto estava no ônibus, com seus colegas de sala, a caminho do trabalho de encerramento do bimestre, Eduardo pensava em sua vida. Ele pensava em como em algum momento tudo em sua vida perdeu o rumo. Tudo desceu ladeira abaixo. Seus estudos, sua relação familiar, tudo. Quando ele pensou concentrado se lembrou do que gostaria de esquecer. De como tudo começou.

Tudo começou quando ele passou a andar com uns meninos barra pesadas como dizem. Um grupo de pichadores. Quando viu isso já havia comprometido seus estudos e sua relação familiar. Os estudos porque ele passou a faltar muito na escola para andar com eles e mesmo quando não falta sua mente estava longe e não conseguia prestar atenção em nada. Nessa onda ele acabou reprovando. A reprovação desagradou a família e foi o inicio de muitos conflitos em casa. Conflitos esses que abriram feridas que ainda não fecharam.

Eduardo talvez ainda estivesse envolvido com as pessoas erradas se um fato ruim não tivesse ocorrido e mudado tudo. O fato ocorreu em uma noite como todas as outras. Ele e seus supostos amigos estavam pichando a fachada de uma loja quando a polícia chegou. Tudo ocorreu muito rápido. O menino ficou tão em choque que não conseguiu correr, ao contrario de seus “amigos” que o abandonaram. No fim ele acabou assumindo a culpa de tudo sozinho.

Ele nunca vai se esquecer da decepção que foi para toda sua família saber o que filho fazia. Eles nunca mais voltaram a confiar nele. E as feridas abertas na relação com os pais passou a sangrar mais ainda. Com toda confusão que se formou ele acabou reprovando outro ano na escola. O que apenas piorou tudo que já estava ruim. Depois de tudo isso ele sentia que havia perdido a direção na vida.

O pior de estar reprovado dois anos era que ele se destacava na turma por ser muito mais velho que os outros colegas. Era muito difícil para ele se interar na turma e arrumar amigos. Não que ele quisesse ter amigos, pois ficou traumatizado depois do que ocorreu com seu último grupo de amigos. Mas ele sentia falta de alguém com quem conversa e até nos trabalhos em grupo sentia dificuldade.

Ele foi tirado de seus pensamentos pelo anuncio do professor de que eles haviam chegado ao local onde o trabalho seria realizado. Meio triste ele desceu do ônibus, mas somente depois de quase todos os outros alunos terem descido.

Quando desceu do ônibus, Eduardo olhou longamente para a fachada do local onde o trabalho seria realizado. Era um asilo. O menino ficou se perguntando se não teria um local menos triste para o trabalho ser realizado. Eduardo considerava os asilos os lugares, depois dos hospitais, mas tristes que existiam. Eles cheiravam a abandono e tristeza. Eles faziam o menino se lembrar do próprio vazio que sentia.

O professor reparou a demora de Eduardo em entrar no asilo e o apressou de forma um pouco irritada.

Quando Eduardo entrou seus olhos logo bateram em uma senhora que parecia mais triste que os outros. A idosa estava sentada em uma cadeira perto da janela. Olhava com olhos saudosos para o nada.

— Bom dia a todos. – seu professor de história começou a falar – Eu sou o professor Mário. Dou aula de história na escola Novo Dia e trouxe meus alunos hoje para fazer um trabalho de encerramento de bimestre. O trabalho e simples e não vai tomar muito o tempo de vocês. Os alunos vão apenas passar um questionário que tem como tema: “O passado da cidade que se mantém vivo”...

O professor continuou explicando os detalhes do trabalho, porém Eduardo não prestava atenção. Sua atenção estava toda na senhora que olhava pela janela, também sem prestar atenção no professor que falava.

Todos os seus colegas se separaram em grupo para fazer as perguntas do questionário. Ele ficou sozinho como sempre ficava nesses trabalhos. Mas não se importou. Ele iria fazer as perguntas de seu questionário para aquela senhora que estava com um olhar vazio. Eduardo viu no vazio daqueles olhos o seu próprio vazio.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram? Me digam nos comentários. Agradeço a todos que leram e até o próximo capítulo.



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