5 anos depois...

— Vamos lá, sorriam! – Diz Cato enquanto minha família e eu sorrimos para a câmera.

Flash e pronto. Ficou ali registrado a primeira noite de Natal da nossa pequena Rose. Cecilie a pega no colo, levando para perto de Cato onde espera para tirar uma foto com sua irmã caçula. Ela tem essa mania de ter fotos de todos nós espalhadas em murais no seu quarto. Peeta está com Theo nos braços indo ligar a enorme estação de trem que montaram juntos especialmente para esta noite. Depois que Rose nasceu, ele ficou ciumento, principalmente pela atenção do pai.

Eu corro o olhar pela minha confortável sala de estar, e não posso evitar de pensar o quanto feliz sou. Há exatos 5 anos atrás na noite de Natal, fui pedida em casamento desde então passamos por tantos momentos felizes, outros nem tanto, pessoas saíram das nossas vidas, e outras chegaram para nos transformar nessa estranha família. Meu celular vibra e corro para ele. Há uma foto de Finnick, Annie e seus dois filhos. Annie exibe feliz sua barriga e a mensagem diz o seguinte:

“Feliz Natal da família Cresta Odair, temos um rapazinho a caminho! :O”

Não posso evitar de sorrir para eles, e logo seleciono a foto que tirei mais cedo dos meus três filhos e envio desejando para eles um Feliz Natal também. Sinto falta deles, que ficaram no distrito 12 e este ano não puderam vir para a Capital para ficar conosco.

Cato e Clove começam a distribuir os presentes e meu coração aperta ao pensar em Haymitch. No mesmo instante a campanhia toca e Liz informa que os Albernathy chegaram, para meu imenso alivio.

Haymitch ainda está internado se recuperando do transplante de fígado ao qual ele se submeteu. Os últimos dias foram cheio de aflições, depois que Rose nasceu, ele me contou que estava na fila de espera por um transplante, a única solução que havia depois de meses de tratamento para o câncer ao qual ele estava enfrentando.

Uma vitória de cada vez docinho, é assim que a vida é. – ele sorriu com seu jeito paternal – veja bem que jamais imaginei que teria filhos e olha ai meu moleque correndo pela casa. E quando pensei ter vencido o câncer e encerrado a luta, veio mais essa. Mas não pense que isso vai me impedir de ser um bom avô para os seus filhos!

E realmente, nada o impede. Noto Effie aliviada, a cirurgia foi um sucesso.

— Oh Katniss! Que grande alivio querida, que grande alivio! Ele terá alta antes do ano novo! Mas não poderemos voltar pra casa ainda.

— Effie, aqui também é casa de vocês! – Falo insistindo para que aceitem ficar como meus hospedes – Posso mandar preparar tudo!

— Nada disso querida, nada disso! Estamos bem no flat! O Liam já veio lhe dar um abraço?

Momentos depois estou sendo abraçada pelo pequeno Liam e sua vitalidade, ele tem o olhos de Haymitch e também tem sua força e senso de humor. Sinto as mãos de Peeta me rodearem enquanto Effie conta que gostaria de ter um bebe em casa novamente.

— Eu também acho que quero mais um bebe em casa – diz Peeta sussurrando no meu ouvido esquerdo.

— Nem brinque com isso, três filhos está de bom tamanho. Não creio que a casa presidencial tenha tanta estrutura assim para uma família cheia de crianças.

— Como presidente eu posso solicitar ampliações e melhorias! – rimos, enquanto ele faz sua pose séria como se estivesse carregando a faixa presidencial ainda no peito.

— Querido, você já é o mais jovem presidente eleito, e tem uma oposição que espera a cada dia um vacilo seu, vamos deixar este plano de aumentar a família quando o mandado acabar, que tal?

— Seu desejo é uma ordem, primeira dama. Agora vem, quero lhe dar seu presente de Natal.

Vejo Peeta andar graciosamente pelos convidados espalhados pela sala e procurar na árvore meu presente. Inevitavelmente a lembrança do meu pedido de casamento há 5 anos atrás invade meu ser.

“- Papai, eu quero dar o presente da mamãe! – Ceci gritava depois que eu lhes disse que daria o presente dos dois ao mesmo tempo.

— Sim princesa, você pode entregar o presente que escolhemos, mas agora vamos ganhar o nosso primeiro, que tal?

E logo os dois estavam posicionados diante de mim, em cada mão eu continha uma pequena caixa onde estavam um pé de sapato de bebe em cada, com um recado dizendo: “Preparem-se Papai e Irmãzinha, estou chegando”.

— Katniss! – Peeta sussurrou enquanto absorvia o significado daquelas palavras. E eu estava tremendo, com medo dele me deixar, afinal de contas estávamos juntos a poucos meses e de forma oficial há dois dias, e tínhamos acabado de descobrir que Ceci era sua filha. Então foi uma grande surpresa quando ele se ajoelhou e beijou com toda devoção do mundo o meu ventre.

— Eu vou ter uma irmã? – Ceci dizia confusa, enquanto nós a abraçávamos. Aquele foi o primeiro momento em que a palavra família fez sentido para mim.

— Pegue o presente que compramos para a mamãe!

— Ela vai adorar - dizia a pequena me entregando uma pequena caixa.

Abrindo eu encontrei um anel maravilhoso, e um recado com duas letras diferentes

“Aceite meu pedido e não saia nunca mais da minha vida. Amo você, seja minha esposa. – Peeta M.

Aceita por favor mamãe! – Cecilie E.M.”

Em meio a salva de palmas, lágrimas e sorrisos eu disse sim. E no mês seguinte eu estava de vestido branco e véu, entrando com Haymitch pela igreja, vendo Ceci e Alex caminhando na minha frente e Peeta esperando por mim no altar.

— Aqui está – disse estendendo um estojo azul de um tamanho médio. Abri fazendo suspense, pensei que fosse um colar de diamantes ou pérolas, mas deparei-me com um medalhão. Dentro do medalhão continha uma foto nossa do dia nosso casamento, e uma foto recente dos nossos filhos.

— Oh meu amor! – Eu disse emocionada. – Vocês agora estarão comigo o tempo todo! Obrigada!

Horas depois, todos nossos amigos já haviam ido embora, e casa parecia silenciosa demais. Sai procurando pelas crianças e os encontrei reunidos no quarto de Ceci, enquanto ela e Peeta mostravam ao pequeno Theo diversas fotos.

— Olhe Theo, esta é a Pepper quando era bebê. Papai me deu ela no meu aniversário de 7 anos!

— Eu também quero um cachorro papai!

— Ei! Já disse que quando voltarmos para o 12 você vai ter um cachorro!

— Porque o meu cachorro não pode ficar lá com a vovó também? – Ele disse fazendo bico.

— Porque a vovó não tem tempo de cuidar de tantos animaizinhos! – Eu disse, pegando todos de surpresa. Theo, era tão parecido comigo!!

— Theo você já tem o papai na sua vida desde que nasceu, pode parar de querer ter os mesmos mimos que eu!

Peeta e eu rimos. Realmente ele faz tudo para compensar a ausência dele nos primeiros anos de vida dela, e eu não me oponho porque a culpa disso é parte minha também.

Depois colocamos as crianças na cama, damos uma olhada na pequena Rose, e finalmente chegamos no nosso quarto.

— Obrigada por essa noite maravilhosa meu amor! – ele diz, enfiando o nariz no meu cabelo depois que estamos deitados, exaustos. – Eu jamais imaginei que seria tão rápido sabe, chegar aqui, ser presidente de Panem e ainda ter vocês na minha vida.

— Eu nunca duvidei que você chegaria aqui meu amor.

— Mas você nunca pensou que estaria do meu lado?

— Você sabe que não. – sorrio virando-me para olhar nos olhos dele.

— Sabe, a maior herança que meu pai deixou para mim não foi o dinheiro, até porque isso não importava para mim, mas aquele testamento me trouxe você de volta e me permitiu construir minha vida ao seu lado.

— Eu também sinto isso meu amor, jamais imaginei que ser herdeira dos Mellark me traria tanta felicidade. Realmente o inicio do testamento do seu pai faz todo sentido agora para nós.

— Você se lembra do que estava escrito? – ele pergunta divertido, apoiando a cabeça nas mãos para me ver melhor.

— Sim, ele disse: “Que meus herdeiros encontrem neste testamento, motivos para seguirem em frente com o mesmo amor que tendo eu na minha vida cheguei até aqui.”

— Oh sim, faz todo sentido. Encontramos o amor.

— Sim, nos reencontramos para ter essa chance de sermos felizes juntos.

Logo, seus lábios estão no meus, enquanto suas mãos ganham vida, e meu corpo e meu coração respondem da mesma forma, entregando-se completamente, pois hoje sei que esta vida maravilhosa que vivo foi me dada por herança, sendo eu, legitima herdeira da felicidade.