O Testamento escrita por Cecília Mellark


Capítulo 18
Epilogo


Notas iniciais do capítulo

Olá meu amores!! Sentiram saudade? Eu sim, eu senti muita saudade de vocês, dessa história. Por isso vim aqui, colocar esse finalzinho para vocês, espero que gostem.



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POV – Cecilie E. Mellark – 15 anos depois.

— Não consigo evitar o suspiro cansado que sai dos meus lábios ao ler a manchete sensacionalista

“Vice Primeira Dama abandona o lar!!

Cecilie Snow, que agora quer ser chamada de Mellark novamente, entrou com o pedido de divórcio nesta última semana e prepara-se para uma longa disputa judicial com o vice-presidente, Andrew Snow. Fontes próximas ao casal disseram que a brilhante filha do mais amado ex-presidente deste pais, Peeta Mellark, não aguenta mais as diversas traições do esposo. ”

Eu não deveria chorar, mas não posso evitar, penso em todos os anos desperdiçados ao lado de Andrew, penso em como meu pai não ficou feliz com meu casamento, mas respeitou minha escolha. Nas nossas conversas antes do casamento ele chegou a acusar Andrew de ser um alpinista político, que só me conquistou por ser eu a filha mais adorada do Presidente.

Hoje faz sentido. Hoje eu acredito. Ontem quando liguei para ele informando que estava voltando para casa, não houve um sermão, ele não me julgou, mas eu sei que daqui uns dias ele virá conversar. Como sempre faz, ele e mamãe são abertos, expressam suas opiniões nas nossas vidas.

Penso na minha mãe, viveu anos longe do meu pai por ter feito a escolha errada. Mas até hoje eles parecem querer compensar esse tempo perdido. Assim que meu pai cumpriu seu segundo mandato eles correram de volta pra Campina 12, para finalmente morarem na casa tão sonhada, afastada da cidade, com vista para o mar, onde todos os dias tem um por de sol cinematográfico para que eles sentem na varanda e apreciem.

Se, eu tivesse ficado aqui, se eu tivesse escutado minha mãe no dia do meu casamento. Talvez eu teria hoje para mim essa calmaria que estar ao lado da pessoa certa traz.

— Mamãe, quero fazer xixi. – Olho pelo retrovisor para meu filho, avaliando se dessa vez é verdade ou se ele apenas quer parar de novo. De qualquer forma encosto o carro. Não é fácil para uma criança aguentar 4 horas de voo, e logo em seguida entrar num carro e seguir mais três horas.

— Pronto meu amor, vem com a mamãe, vamos fazer xixi – Digo retirando ele da cadeirinha.

Olho para meu filho, tão pequeno, tão inocente do mundo ao seu redor. Ele não vai sentir muita falta do pai porque Andrew já não era muito presente mesmo.

— Pronto mamãe, terminei. Agora a gente já está chegando? Quero brincar com o vovô e com o tio Theo. – Ele diz esfregando os olhos de sono.

— Já te disse que o tio Theo não vai estar lá, ele está estudando lembra? – Ele faz que sim com a cabeça e depois de 15 minutos ele está dormindo novamente na sua cadeirinha.

Olho para seus cabelos dourados, cheio de pequenos cachos e não consigo evitar a pontada que dá no meu coração ao lembrar-me de Alex. Sorrio, pensando que as vezes ele poderia aparecer por aqui, será que ele estaria casado com aquela morena que levou no meu casamento? Minha vida foi tão corrida nos últimos 4 anos que eu raramente tenho a oportunidade de perguntar dele para minha mãe. E também eu não gosto de perguntar porque ela sempre fala de como eu tive coragem de transar com Alex minutos antes do meu casamento. Ela sempre me pergunta porque não fiquei com ele, porque nunca namoramos?

Ela não sabe, que durante a faculdade praticamente moramos juntos, fizemos planos, mas que o Alex queria mesmo era viajar o mundo, ele é um espirito livre, enquanto eu queria seguir carreira jurídica, como meu pai. Sem contar que havia toda pressão do mundo sobre mim. Ser filha do presidente te limita muitas coisas. Limita até você seguir seu namorado louco até o outro lado do mundo. Durante algum tempo nos correspondemos ainda. Ele me mandava fotos do lugares que havia conhecido, das comidas que tinha experimentado, e por fim quando eu lhe contei do Andrew, ele passou a me contar também das mulheres que conhecia. Confesso que no começo doeu um pouco, mas Alex e eu éramos mais parceiros que amantes. Nunca havia cobrança. Nunca assumimos. Sabíamos que nosso pais torciam por isso, mas parece que de pirraça não assumíamos.

Claro que ele foi convidado para meu casamento, ele foi padrinho. Chegou de manhã e pediu para ficar a sós comigo. Quem não deixaria? Fomos criados juntos. Para os olhos de todos éramos os amigos perfeitos, de infância, marcados pela coincidência de conhecermos nossos pais bem tarde. Bem, lá estava eu, com a lingerie pronta, um robe cobrindo meu corpo e uma saudade de 2 anos inteiros sem vê-lo. Foi natural me jogar nos braços dele, foi natural ele me beijar com toda saudade do mundo, e não teve remorso nenhum quando transamos em cima do vestido que usaria dali a pouco. O remorso só bateu quando minha mãe entrou no quarto e nos pegou cochilando, em cima do vestido, nus.

Avisto a casa dos meus pais, luzes acesas, parece que está acontecendo uma grande festa. Só mesmo o meu pai que pensaria em fazer uma festa para comemorar o meu polemico divórcio. Tiro Nico do carro, dormindo profundamente e entro pelos fundos mesmo. Minha mãe se emociona em me ver ali, e logo me direciona para o meu quarto onde tem um berço para que meu filho durma. Tiro seu tênis, e coloco uma coberta que ele gosta por cima dele. Devido ao cansaço da viagem ele vai dormir sem banho mesmo.

Por fim saio do quarto, abraço minha mãe e me permito chorar um pouco. Logo meu pai está abraçando nós duas.

— Ceci querida, nós estamos orgulhosos da sua decisão. – Papai diz me encarando com seus olhos azuis. Sua barba agora contém alguns fios brancos. Mas ele ainda é um homem lindo.

— Meu bebê, se eu pudesse voltaria no tempo e impediria seu casamento. Só vimos você sofrer desde que casou.

— Mamãe não fale assim, Nico é uma benção! – Os dois concordam e percebo que estão ansiosos.

— Venha querida, há muitas pessoas esperando por você. Coincidentemente Annie e Finnick chegaram hoje também, decidiram voltar para a cidade, parece que Alex também está com algum problema.

— Que problema? – De repente a ideia do meu amigo estar sofrendo parece pior do que meu próprio sofrimento.

— Não sabemos, eles chegaram hoje e parece que Alex chega amanhã.

Ao ver a minha pequena recepção, consegui deixar todos os problemas de lado. Todas as pessoas queridas da minha vida estavam ali, Effie com meus amados Liam e Sofia e o vô Hay que mesmo na cadeira de rodas devido a saúde fragilizada, ostenta um copo na mãos. Além deles Tia Annie e Tio Finnick junto com Mateo e o não tão pequeno Felipe também vieram. Os filhos de Annie saíram todos misturados, não parecem irmãos. Alex, lembra vagamente Finnick, o sorriso, as covinhas, o cabelo, mas nenhum dos seus dois irmãos possuem a mesma característica, Mateo é todo Annie, e Felipe deve parecer algum avô. Ao contrário de Liam e Sofia que são ambos uma mistura perfeita do rosto de Haymitch com os olhos de Effie, e um sorriso torto, humor quase ácido, mas diga preciso de ajuda que ambos se transformam nas pessoas mais humanitárias que conheci.

Lembro-me de anos e anos de infância, com todos nós pequenos, brincando enquanto os adultos conversavam. Agora cá estamos nós, conversando enquanto os nossos pais brincam. A vida é engraçada. Aqui todos reunidos penso em como sinto falta do meu irmão, que foi para Austria fazer um intercâmbio, está estudando direito também. A única desta família que vai nos salvar dessa área é minha pequena irmã. Depois de 40 minutos ouvindo meus amigos contarem de suas vidas e relacionamentos é que eu escuto ela descendo as escadas correndo. Céus! Como ela é linda. Ela é a mistura perfeita de papai e mamãe. Os olhos azuis, os cabelos negros, o rosto perfeito. A doçura e a força. Rose Mellark a cereja do bolo que é nossa família.

Peço licença e sento-me com ela para escutar todos os seus anseios e coisas de adolescente. Nossa diferença de idade nunca nos permitiu sermos amigas quando éramos mais novas, mas agora ela me vê como sua melhora amiga, a quem ela pode contar tudo. Ficamos mais alguns minutos conversando distraídos, quando minha mãe anuncia que o jantar está servido. Ainda bem que meu pai manteve o padrão da sala de jantar da casa branca. Uma mesa enorme que comporta facilmente 24 pessoas está perfeitamente arrumada esperando por nós. Cada um toma seu lugar e antes de começarmos meu pai agradece por esse momento, por estarmos reunidos ali juntos, e pede para nossas vidas se resolvam. É nesse momento que o interfone toca e meu pai autoriza Alex a entrar.

Eu não posso evitar o arrepio que me percorre de vê-lo. Mas ele chega quase feliz, se perde nos braços dos pais e dos irmãos. Escuta algumas piadas do Hay, recebe todo carinho possível de Liam, Sofia e Effie e por fim dos meus pais e irmã. Me deixa por último. Quando chega perto, estende a revista contendo a matéria sobre mim na capa e diz.

— A gente sempre soube fazer merda com nossa vida amorosa não é?

Me jogo nos seus braços, tão conhecidos, tão acolhedores. Sim, esse era o jeito dele dizer que estaria do meu lado do mesmo jeito de antes. Então notamos Nico parado na porta, estendo meus braços para ele, mas ele me olha muito assustado.

— Nico querido, venha conhecer o amigo da mamãe. – ele faz uma cara de choro, então percebo que há algo errado, este não é Nico, estas não são as roupas dele.

— Nico, vem com a vovó... – minha mãe insiste e então o garoto abre a boca.

— Você não é minha vovó. Eu quero minha mãe – e chora.

Fico paralisada, assim como todos. Então Alex se adianta, pega o garoto no colo e nos diz.

— Por isso eu voltei para casa, descobri que tenho um filho. Na verdade, a mãe dele morreu, e a família não tinha como cria-lo então buscaram informações e alguns amigos dela disseram que eu poderia ser o pai. – Ele embarga a voz – Bem, eu fiz o teste. Sou o pai do Sebastian.

Meus pais me olham aflitos, assim como Rose. E Tia Annie é quem interfere.

— Mas quem é Nico?

— Sou eu... – diz Nico aparecendo como se tivesse brincando de pique esconde. E corre para mim.

O puxão que ele dá na minha calça para que eu o pegue no colo é que me desperta do transe. Sebastian e Nico poderiam ser irmãos gêmeos. Nota-se que Sebastian é um pouco mais novo, ou talvez seja as condições com ele foi criado. Ele pesa menos.

Há ao nosso redor um certo desconcerto enquanto as pessoas percebem o que está acontecendo e na minha cabeça eu fico tentando montar os quebra cabeças. Então minha mãe se joga nos braços do meu pai dizendo “Onde falhamos? ” “Não era para acontecer isso com nossa menina Peeta”

Vô Hay, ri. Mas ri alto, e gostoso. Enquanto Annie e Finnick nos leva para outro cômodo. Annie está chocada é claro, não sabia que poderia ser avó. Mas Alex e eu nos conhecemos só com o olhar. Os dele estão marejados de uma emoção indecifrável. Os meus de reconhecimento.

— Ceci, é possível? – Ele me pergunta.

— Alex, você e eu... nós...

— Eu sei. Céus, eu sinto que vou morrer. Dois. Olha para eles Ceci, são idênticos.

— Eu sei. – Rio nervosamente, e as lágrimas chegam – Alex, estou com você. Sempre estive. Conte comigo para te ajudar no que for preciso.

E então enquanto nosso pais estão ali parados avaliando as crianças e minha mãe conta que desconfiava, meu pai não acredita que fizemos isso, e para me ajudar ela conta para todos que nós transamos no dia do nosso casamento, em cima do meu vestido. Ao contrário do esperado, meu pai cai na risada, dizendo que Andrew merecia aquilo.  Mas neste momento, estou presa no olhar de Alex. Encontrando respostas que neguei para mim. Assim como ele. Então deixamos toda a confusão ao nosso redor e nos perdemos num beijo cheio de saudades e promessas. De agora em diante, nossas vidas estavam no rumo certo.

Algum tempo depois, quando a calmaria já havia se instalado novamente na minha vida e eu observava Nico e Sebastian brincando no quintal, minha mãe sentou-se ao meu lado. Entregou um copo de chá gelado e confessou-me.

— Cecilie, as vezes eu acho que errei com você.

— Não mãe, você foi a melhor do mundo inteiro. Apenas tinha que acontecer. – Eu sabia do remorso que ela estava sentindo por ver minha vida meio que repetir a dela.

— Oh querida, eu sei. Eu sei. Seu pai me diz isso o tempo todo. – Ela sorri revelando já algumas pequenas rugas da idade. Por fim eu me sento no seu colo, ficamos alguns minutos curtindo a paz do momento, mas logo meus irmãos chegam, assim como meu pai e Alex.

Ao lado deles estou segura. Essa é a vida que quero ter, a vida pela qual meus pais lutaram tanto para me dar. Aqui, estou em paz. Cercada de todo amor que a vida pode me oferecer.


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Notas finais do capítulo

Meu amores, assim me despeço de vocês.
Beijos e até a próxima.