O Testamento escrita por Cecília Mellark


Capítulo 15
Capitulo 15


Notas iniciais do capítulo

Oi meu amores!
Quem estava morrendo de saudades? o o o

Bem, sem mais delongas...



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O cheiro do shampoo que a Ceci ama usar é a primeira coisa que registro na manhã seguinte. Minha cabeça dói levemente e pela claridade que entra na janela eu sei que é tarde. Devo ter ingerido uma dose cavalar de calmante. Fecho os olhos novamente, desejando voltar a dormir, mas a porta do banheiro abre e Ceci sai de lá com seu roupão felpudo cor de rosa e uma toalha mal-ajeitada nos cabelos. Ela me vê acordada e corre para mim.

— Mamãe! Já está tarde! Isso não são horas de acordar, a vovó já está colocando o almoço!

— Eu sei meu amor, mas ontem eu tomei um remédio que a vovó me deu e não consegui acordar antes – Ela está distraída tentando colocar a toalha com eu faço – Como você dormiu?

— Eu dormi maravilhosamente bem! – Ela me encara agora, seus olhos azuis têm tanta expectativa – Dormi com o tio Pee... com o papai. Nós dormimos aqui na sua cama! Agora vocês vão namorar e casar com os papais e mamães?

Eu sorrio. É hora de parar de ser uma garotinha de 17 anos confusa e assustada.

— Ceci, você sabe que a mamãe jamais mentiria para você não sabe?

— Eu sei, já fizemos o pacto dos dedinhos. – Ela está com a testa franzida. – Mas você nunca me contou que o tio Peeta era meu papai.

É isso.

— Cecilie, lembra quando vemos alguns filmes em que a mocinha fica dividida entre dois mocinhos? Ela tem que escolher um, e as vezes só escolhe no fim do filme – Pego uma escova e começo a pentear seus cabelos finos, mantendo contato visual.

— Eu sei, na maioria dos filmes acontece isso.

— Bem então, a mamãe também viveu uma história assim como as dos filmes. – Ela arregala seus olhinhos.

— Uma história de amor?

— Sim pequena, uma história de amor. Eu tinha dois amigos que gostava muito, o Gale e o Peeta. E eu achava que gostava dos dois da mesma maneira, mas não era bem assim... – digo e meu coração aperta no peito.

— Você era apaixonada pelo papai? E pelo amigo de ontem também?

— Sim, eu era! Mas sabe o aconteceu? – Ela faz que não com a cabeça. – Eu não fui esperta como as mocinhas dos filmes, e acabei magoando o Peeta e ficando com o Gale. – Ela faz um bico, típico da Prim de que quer ouvir o resto da história não importa o que aconteça. – Bem e por isso eu pensava que o Gale era o seu papai.

— Eu acho que gostei mais de saber que é o tio Peeta, é ele mesmo, não é?

— Meu amor, eu também gostei muito mais de saber isso. Sabe, quando eu fui embora e deixei o Peeta para trás eu chorei muito, sofri como aquelas mocinhas. Mas aí, logo eu descobri que estava grávida de você, e minha pequena, você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

Ela sorri e me abraça, colocando os bracinhos em volta do meu pescoço e eu me levanto da cama, beijando sua cabeça.

— Eu te amo pequena, não importa o que aconteça.

A porta abre e Peeta fica um momento parado nos olhando. Eu sei que acabei de acordar, não escovei os dentes, nem arrumei o cabelo, devo estar inchada pelo choro de ontem, mas realmente nada disso no momento importa.

— Bom dia dorminhoca. – Ele diz sorrindo e Ceci praticamente se joga em cima dele.

— Bom dia!

— Eu já dei uma bronca na mamãe por ela ter dormido demais!

— Não precisa de ter dado bronca, hoje é um dia especial, lembra? Hoje está tudo liberado.

Não, ele não disse para uma criança de 7 anos.

— Posso comer só sobremesa ao invés de almoçar?

— Não – eu digo tentando parecer séria

— Pode – ele diz sorrindo para ela, enquanto ela enche seu rosto de beijos. – Mas agora, eu preciso muito conversar com sua mãe.

— Nós vamos nos trocar e já descemos Peeta, pode ser?

Quase meia hora mais tarde desço com Ceci usando seu vestido de fadas com meias grossas por baixo, autorizada de passar o dia comendo bobeiras. Eu pego um casado grosso porque sei que iremos conversar na casa do Peeta e rua está de dar medo de tanto frio. Entramos no carro em silencio, chegamos na casa dele em silencio e eu o sigo para o escritório do seu pai.

— Aqui – ele me estende uma pasta de couro, reconheço que era de Evans. E então ele não diz mais nada, deixa-me folhear a pasta, vendo os e-mails trocados por nossa família, as fotos, a mancha de Ceci, e por fim o exame de DNA. Não impeço algumas lágrimas de rolar dos meus olhos pois lembro-me do carinho que Elise e Evans e os meninos tinham com Ceci. Era algo realmente especial e talvez se eu não cresse tanto nos meus erros eu poderia ter visto os sinais.

— Oh Peeta... eu não sei por onde começar. – Digo sincera.

— Vamos começar do início, talvez seja mesmo a hora de colocarmos os dedos nas feridas.

Bem, decidida ainda a não ser mais fraca e confusa. Sabendo que eu sempre o amei, procuro as palavras certas, mas não há um jeito certo de começar este assunto, fecho os olhos, torço os dedos, mordo a bochecha até sentir o gosto de sangue. Encaro Peeta. Céus, mesmo depois de tudo meu coração perde batidas por ele, como sempre, como a primeira vez que o vi.

— Você sabe que o inicio de tudo foi quando você se apresentou para a turma, há uns 17 ou 18 anos. Desde então você sempre esteve presente na minha vida, mas eu fui egoísta e mesquinha demais para perceber o que para os outros estava tão claro. Quando você caia e se machucava eu queria tomar sua dor, ou quando você era obrigado trabalhar os sábados, estes eram sem sentido para mim também. Quando meu pai morreu, só consegui chorar nos seus braços porquê de alguma forma era só você que trazia a paz necessária. Quando nos beijamos pela primeira vez, eu planejei cuidadosamente nosso futuro, uma casa naquele bairro perto da praia, com um grande jardim e cadeiras de vime na varanda feitas para apreciar o pôr do sol. Seria perfeito, veríamos nossos filhos correndo pelo jardim, depois os netos, e os nossos bisnetos.

— E o que aconteceu então? – Ele pergunta, emocionado, assim como sei que estou.

— Aconteceu Gale. E o meu egoísmo. Não eu não posso culpa-lo por tudo, afinal ele apenas me deu opções eu fiz as escolhas erradas que nos trouxe até aqui.

— E a noite de formatura? Porque aquilo afinal? – Bem no ponto.

— Porque não poderia ser com mais ninguém Peeta. Porque não havia outra pessoa no mundo para quem eu me entregaria na primeira vez. E acredite, foi tão difícil deixa-lo ir. Foi tão doloroso te magoar... – eu não seguro minhas lágrimas, levanto-me e me coloco de joelhos na sua frente, suas mãos me prendem querendo me levantar, mas eu não posso.

— Perdão Peeta – quando ele vê que é inútil tentar me levantar ele se ajoelha comigo, toma meu rosto com as mãos e força-me a olha-lo nos olhos. Azuis como sempre, investigando-me. – Eu peço perdão pelo que fiz com você naquele dia. Para mim parecia um motivo nobre, deixa-lo ir seguir sua carreira ao invés de querer você só para mim.

— Foi estupido, isso eu sei – ele me corta – Mas não há necessidade de torturar-se com isso Katniss. Agora somos adultos, temos uma filha para criar. O que está feito não pode ser apagado.

— Eu sei, infelizmente, não é? – Meus joelhos doem, eu sento sobre as pernas, ele me acompanha. – Olha, apesar de todas minhas burradas Peeta, eu já te disse antes, Ceci foi de longe a melhor coisa que me aconteceu, eu não preciso te contar o quão... vadia eu fui, por isso eu jamais suspeitei da paternidade dela.

— Tudo bem, não precisamos falar disso. Não é como se eu tivesse sido um santo também.

— Peeta o que eu quero deixar muito claro para você é que a nossa filha irá nos prender para sempre, mas eu ainda desejo que você se case, tenha uma família e seja feliz.

Ele me olha, indecifrável.

— O que os últimos meses significou para você?

Que sonhos podem tornar-se realidade. Só que não?!

— Significou muito, quer dizer... eu acho que sempre desejei ter você de volta na minha vida, mas isso era como sonhar que o Brad Pitt também aparecesse por aqui. – Sorrio, sinto-me leve afinal, todas as minhas portas e feridas foram abertas, todas as cartas estão na mesa – Oh Peeta, seria um erro mentir de novo e dizer que não te amo?

— Seria sim, um grande erro – Ele avança e toma meus lábios, com paixão, com ternura, uma mistura que só ele tem e me embriaga, mas o motivo pelo qual eu o deixei há anos atrás pisca em neon na minha mente: “ele é demais para você e sua vida bagunçada, deixe-o ir, o rapaz ainda será presidente”. E eu me afasto, para olhar diretamente nos olhos dele e dizer as próximas coisas importantes que estão pendentes.

— Peeta, eu não quero que você fique por mim. Acho que você já sofreu tanto, com a perda dos seus pais, e tudo mais. Você uma hora ou outra terá que recomeçar sua vida. E é por isso que eu o deixo ir, para que você chegue onde deve chegar.

— Sabe Kat – Ele começa e me puxa para seu colo, alguém diz para ele que eu estou terminando o que quer que seja que a gente tenha e que a reação natural não é essa? – Não é como se eu tivesse sido um santo nos últimos anos, para te esquecer, muitas mulheres passaram pela minha cama. – Oh sim, eu me lembro de vê-lo acompanhado de lindas mulheres – Muitas eram apenas vadias, outras amigas que tive, e tiveram sim, algumas mulheres interessantes, lindas, divertidas, com pais influentes na política, desejando casar-me com suas filhas para fazermos uma aliança.

Não consigo ignorar a dor que se instala em mim ao ouvir tal relato. Meus olhos insistem em chorar, mas aí me lembro que eu fiz essa escolha, de deixa-lo livre. Mas parece tão absurdo agora nos braços.

— E você já escolheu alguma delas? Por favor, considere agora se elas se dão bem com crianças, eu não quero que machuquem minha filha. – Eu consigo dizer isso de forma confiante o suficiente para que ele me olhe por um momento e então ele está rindo, não, gargalhando.

— Você não sabe o efeito que causa, não é? – Ele pergunta, mas eu não tenho tempo de responder porque estamos nos beijando de novo. E enquanto nada foi decidido eu não posso convencer meu corpo a negar o prazer que só ele me dá. Logo suas mãos estão arrancando sem muita delicadeza toda peça de roupa, e as minhas seguem pelo mesmo caminho. Sua boca deixa a minha para traçar um caminho conhecido entre meu pescoço e meus seios, e eu sinto-me queimar de desejo quando olhando nos meus olhos Peeta suga meu peito, deixando a sua mão fazer movimentos circulares no outro. Um longo gemido me escapa quando ele desce sua boca até meu sexo, e eu mando um agradecimento especial a todas as mulheres que ele teve porque com certeza ele praticou muito isso para fazer com tanta perfeição. O orgasmo me atinge em cheio, e nós mal começamos.

— Katniss – ele me chama se encaixando entre minhas pernas e eu faço um esforço para abrir os olhos e encara-lo. Ele gosta disso, de me olhar quando desliza para dentro de mim. Ele solta um longo gemido, que acompanho sem pensar quando estoca firme e forte a primeira vez entrando em mim, então ele para.

— Peeta, não pare, por favor. - eu suplico, meu corpo pede. Mas ele abre os olhos e me encara.

— Eu quero que você entenda agora de uma vez por todas que não importa mais o que você fez no passado. – Mais uma estocada, oh! Sério mesmo que podemos ter essa conversa assim? – Eu te amo Katniss, sempre amei, é impossível apagar você de mim. – Oh, outra e outra estocada, eu não acredito que ele está me dizendo isso, ele não pode! Quando eu abro a boca para falar, ele me invade com beijo profundo e se afunda em mim, não parando mais até que atingimos nosso prazer quase juntos.

Ali estamos nós, suados, saciados um do outro no chão do escritório do sr. Mellark. Como isso pode acontecer? Eu sorrio involuntariamente.

— Esse sorriso é para mim? – Ele pergunta apoiando-se, no cotovelo e beijando a ponta do meu nariz.

— Peeta, transamos no escritório do seu pai, o que você fez comigo?

— Eu fiz amor com você, porque eu quero te convencer que não haverá madrasta para Ceci, nem uma outra mulher na minha cama, por todos os dias enquanto eu respirar.

Congelo, isso me assusta, muito. As lágrimas brotam dos meus olhos. Tento reiniciar meu discurso de como sou uma vadia e não o mereço, mas ele sela meus lábios com os dedos.

— Podemos ir devagar, eu sei que você acha que não me merece depois de tudo. Mas não é assim friamente que vamos chegar num acordo, pois apesar de tudo Katniss, eu amo você.


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Notas finais do capítulo

É isso por hoje meu amores, saibam que eu estou me empenhando bastante pra escrever rapidinho, mas gosto de qualidade também!

beijokas e até logo!



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