Olá, meu nome é... Não, não comecemos assim. Comecemos pelo meu cálice, meu prazer, minha esperança e o motivo de noites olhando o céu. Facilitando, sou um devaneio vivo, caminhando entre os nomes, entre os homens, romântico incomparável.

Quando observo as estrelas sinto saudade, uma saudade inefável e distante... Só posso afirmar que meus saudosos pensamentos se ligam ao que nunca se passou, àquela que nunca tive, aos abraços que nunca recebi. “Nuncas” que só valem para essa vida.

Necessito de alguém que me caiba, chore minhas mágoas e não se canse dos meus discursos filosóficos imperfeitos que falam de terras que não pisei, sobre traumas recônditos que regozijam sobre minha superação. Hoje pude perceber que o problema não é a negação, o constrangimento familiar e sim... Ela, sempre ela, aquela que nunca existiu. Não sei se resume-se em demência ou em inabalável sanidade: a espera por aquela que me toque.

Sinto falta. Na verdade, não seria certo dizer que sinto falta, afinal é necessário ter tido para sentir a inexistência. Sinto pesar. Um coração que se funda ao meu, um cabelo para acariciar, um ombro para chorar, uma mente para decifrar. Sem carros velozes, sem entorpecentes.

Como será ela? Como foi ela? Suponho que tais indagações mereçam tempo de amadurecimento.

Esclareço: não caço, e nem espero que chegue até mim, apenas me resumo a olhar, a conversar, a sentir. Um dia, quem sabe, sentirei dor que me fará ser o antídoto e a ferida. Assim poderei nomear a minha amada. Deitada no meu colo de manhã, fazendo um chá de sua vó na tarde e na noite, afagos na minha coxa.

“Aceita, ser o namorado do vento, para todo sempre?”.

FIM

20/12/15