Capitulo 16 – Conversas

Londres, Reino Unido

Terça, 22 de dezembro.

 Erick fez aquela pergunta deixando todos estáticos, o rapaz estava em pé próximo à mesa da cozinha, observou Rony ficar vermelho e sem reação, Gina abria e fechava a boca, mas não falava nada, depois de alguns minutos a ruiva esbarrou em um vaso o deixando cair e quebrar em mil pedaços, Rony tossiu olhando em direção à dispensa onde estava Harry, por mais que soubesse que Erick era seu filho, aquela frase mexeu com ele. 

— Então, Harry Potter é meu pai? – Repetiu ficando irritado com o silencio. 

— De... De onde você tirou isso? – Gina gaguejou sem encarar o afilhado. 

— RESPONDE! – Gritou dando um soco na mesa. 

— Erick Granger, isso não é jeito de falar conosco! – Rony irritou-se pelo comportamento do rapaz. 

— Erick... – Gina olhou o irmão ficar vermelho, tentou neutralizar a situação. – Você precisa se acalmar. Meu querido, essa pergunta quem tem que responder é sua mãe. 

— Ontem nós discutimos, duvido que ela vá me falar alguma coisa. – Respirou profundamente. 

— Você tem que ir com calma. – Gina se aproximou devagar. – Sua mãe sofreu muito esses anos, ela superou tudo por você... 

— Gina... – Rony interrompeu a ruiva, não queria aprofundar no assunto. 

— Não é fácil ser mãe solteira ainda mais adolescente, levou anos para ela esquecer o que seu pai falou para ela no dia em que foi embora. - Alfinetou sabendo que Harry estava escutando.

— No momento certo você conhecerá seu pai, agora vá para casa e se desculpe com sua mãe. 

— Não sei o que falar para ela. – Suspirou, fechando os olhos. As palavras da madrinha tocaram seu coração, começou a pensar na dor da mãe. – Eu... Eu não sabia que ela passou por isso. Sempre pensei que ela tinha mandado ele embora... Que a culpa fosse minha.             

Harry sentiu uma dor em seu peito, sentou no chão apoiando os cotovelos nos joelhos, tampou o rosto com as mãos, escutar tudo aquilo estava acabando com ele. Queria poder contar a verdade por ter ido embora, mas não tinha forças para encarar o filho naquele momento, sabia que Hermione nunca o perdoaria se fizesse isso, iria conversar com ela primeiro, se explicar, contar o que aconteceu anos atrás, só depois conversaria com Erick, fechou os olhos escutando o restante da conversa. 

— Meu querido, nunca pense nisso! – Gina abraçou o afilhado, seus olhos estavam marejados. – O que aconteceu com seus pais não teve nada haver com você, não se culpe.              

— Erick, esfrie a cabeça, vá conversar com sua mãe. – Rony tocou o ombro do jovem. – No momento certo ela vai te contar a verdade, antes mesmo que você imagina. 

— Tudo bem. – Soltou-se da madrinha, andando até a porta. – Tchau, vou dar uma volta para pensar um pouco, depois vou para casa.

Assim que Erick passou pela porta, Gina jogou-se no sofá e Rony abriu a porta da dispensa encontrando Harry sentando com o rosto entre as mãos, ajoelhou próximo ao amigo, sabia que ele estava sofrendo, não queria que a conversa tomasse o rumo que tomou, puxou o amigo fazendo ele se levantar e sentar na cadeira da cozinha. 

— Harry você está bem? – Perguntou cauteloso. 

— Não... – Respirou fundo fechando os olhos. – Mas vou ficar, é a primeira vez que eu ouço a voz dele, as palavras dele mexeram comigo, espero que ele um dia entenda tudo que aconteceu...

— Dê tempo ao tempo. 

— Eu quero ser um pai para ele, quero que ele confie em mim assim como ele confia em vocês. 

— Dê um tempo a ele, Harry. – Rony apertou o ombro do amigo. – Ele está abalado com tudo isso, é apenas um garoto ainda... 

— Você nunca me contou que a Hermione sofreu todos esses anos. – Interrompeu e olhou para ruiva que estava emocionada com os olhos vermelhos. – O que aconteceu Gina? 

— A gravidez foi difícil, ela teve muitas cólicas quase perdeu o bebê... – Falou baixo com a voz embargada. – Nos últimos meses de gestação teve que ficar em repouso absoluto porque estava em risco.

— Tudo foi minha culpa... – Murmurou sentindo uma dor no peito.

— Depois que Erick nasceu ela teve esperanças outra vez, ele foi à salvação dela. 

— Eu não sabia. – Sentou-se na cadeira, permitindo as lágrimas escorrem de seus olhos.  

— Aos poucos ela foi superando, à medida que ele crescia ela foi sorrindo de novo, mas... 

— Mas? – Harry levantou os olhos encarando a ruiva. 

— Ela nunca mais voltou a ser a Hermione que conhecemos em Hogwarts. Você acabou com ela aquele dia. – Olhou dentro dos olhos dele, percebendo a culpa que ele sentia.

— Não vai ser fácil você conversar com ela. – Rony falou encarando o moreno.

— Eu preciso explicar o que aconteceu, aquele dia nós estávamos com a cabeça quente, agi por impulso... – Fechou os olhos lembrando-se da briga. – Eu... Eu me arrependo todos os dias pelo que falei para ela. 

— Não a procure agora. – Rony sentou próximo ao amigo. – Deixa as coisas se acalmarem, no jantar vocês conversam. 

— Tudo bem. – Concordou ficando em silêncio, depois de alguns minutos se levantou. – Preciso ir, quero ficar sozinho. 

— Tchau Harry. – Rony abraçou o amigo, Gina permaneceu distante. 

— Gina? – Harry se aproximou. – Eu ainda amo Hermione, não me esqueci em nenhum momento dela... Meu casamento foi somente por Sophie. – Falou observando a ruiva limpar as lágrimas que escorriam. – Tudo que eu fiz no passado foi para tentar proteger o Erick, eu errei indo embora, mas agora que estou aqui vou concertar o que aconteceu, não desisti de reconquista-la.  

— Eu não vou te ajudar com isso. – Gina soltou o ar devagar, estava com pena dele. – Mas não irei atrapalhar vocês. Se ela decidir te dar outra chance, espero que você saiba aproveitar a oportunidade. 

— É tudo que eu mais quero... Outra chance com ela. 

— Boa sorte Harry. – Abraçou fortemente o amigo, ainda torcia pela felicidade dos amigos.  

— Obrigado! – Sorriu aliviado abraçando Gina.

— Senti sua falta Ginny. 

— Esse apelido não. – Sorriu lembrando na época que namoravam. – Também senti sua falta. Vê se não faz tudo errado dessa vez. 

— Não farei. – Sorriu de lado. – Agora tenho que ir, até amanhã. – Harry se despediu dos amigos e saiu pela porta, decidiu ir a um parque para colocar os pensamentos em ordem, não queria voltar para o apartamento, precisava ficar sozinho. 

— Os próximos dias serão agitados. – Gina observou o amigo se afastar. – Não quero ver o reencontro deles. 

— Não quero estar perto. – Suspirou Rony olhando para a porta.  

— Vou passar na casa da Hermione, ver como ela está hoje. Deve estar sendo difícil para ela ainda mais agora com o Erick pressionando pela verdade... 

— Ele tem o gênio do pai e a determinação da mãe. – Comentou Rony sorrindo. 

— Nem me fale! Os dois são cabeças duras, mas ainda se amam.  

— Aposto que até o ano novo eles vão se reconciliar.

— Acho que levará mais tempo. – A ruiva arqueou as sobrancelhas. – Hermione está muito magoada ainda. 

— Vamos ver quem ganha. – Desafiou esticando a mão em direção a ela.  

— Apostado! – Apertou a mão do irmão. – Depois acertamos o que cada um ganhará. 

— Feito!  

— Agora tenho que ir, ate amanhã. – Piscou indo em direção à porta.               

Gina não iria trabalhar aquele dia, tirou sua folga para ficar com a amiga, sabia que ela não iria para o ministério depois do dia anterior, assim que saiu da casa do ruivo foi direto para casa da amiga que precisava dela naquele momento. Rony já estava atrasado para o trabalho, terminou de se arrumar e foi direto para o ministério, tinha que conversar com Sirius a respeito das visões de Erick, precisava saber o que fazer para ajudar Hermione, teria uma longa semana pela frente. 

—--------------------- ஜ Arte de Amar ஜ—---------------------

Gina não demorou a chegar até a casa de Hermione, tocou a campainha várias vezes e não escutou a amiga descer para atende, começou a ficar preocupada, bateu várias vezes na porta, ninguém atendeu, sabia que magia não abriria a porta devido aos feitiços de proteção.

— Hermione? - Gritou pela quinta vez. – Ai Merlin, ela morreu ai dentro, o que eu faço? O que eu faço? – Perguntou se desesperando. – Eu vou entrar. – Gina forçou a entrada, mas a porta não abriu, quando tentou novamente, pegando impulso a porta abriu, fazendo-a entrar e cair direto no sofá.

— Tudo bem, Gina? – Perguntou Hermione com a mão na maçaneta, vendo-a com a cara na almofada.

— Claro. – Respondeu sarcástica. – POR QUE VOCÊ NÃO ATENDEU A PORTA? – Gritou nervosa. – Eu quase morri lá fora.

— Calma Gina. – Hermione colocou a mão na cabeça. – Estava deitada, minha cabeça está explodindo. O que veio fazer aqui?

— Bem. – Falou mais calma passando as mãos ajeitando o cabelo. – Eu queria ver como você estava?

— Estou cansada, ainda não caiu minha ficha que ele está vindo para cá. – Sentou no sofá, abraçando as pernas. – Ontem o Erick quis saber a respeito do pai... Foi horrível Gina. – Sentiu os olhos lacrimejarem. 

— Hoje ele foi até o Rony querendo descobrir a verdade. – Encarou a amiga ficar pálida. 

— O que vocês falaram? 

— Nada, mas... – Segurou as mãos de Hermione entre as suas. – Ele perguntou se o Harry é o pai dele. 

— Ele descobriu. – Um soluço escapou de sua garganta, as lágrimas já escorriam por seu rosto. – Tentei tanto esconder isso dele e ontem ele descobriu da pior maneira... 

— Calma Mi. Falamos para ele que no momento certo vocês iriam falar a verdade para ele. 

— Vocês? – Hermione levantou o olhar, confusa. 

— Você e o Harry. – Falou calmamente observando a amiga arregalar os olhos. – Já está na hora disso Hermione, não vai dá para esconder a verdade dele por muito tempo, não com o Harry aqui em Londres, hoje quase eles se encontraram...

— Como? – Respirou profundamente com medo do que escutaria a seguir. 

— Harry e o Erick. – Contou vendo a expressão da amiga. – Na hora que o Erick foi lá conversar conosco o Harry estava lá, tinha acabado de chegar a Londres... 

— O que aconteceu? – Apoiou o rosto nas mãos, seu corpo tremia. 

— Acalmamos o Erick que estava nervoso, falamos para ele conversar com você. – Acariciou os cabelos da amiga.

 - E o Harry?

— Harry não encontrou com ele, mas ficou arrasado depois que ele foi embora. 

— Arrasada estou eu! – Chorou magoada. – Ele não tem o direito de entrar na vida do Erick... 

— Mi... Eu conversei com ele. – Interrompeu a amiga. – Ele mudou, está realmente arrependido, está disposto a concertar os err... 

— Para! – Tampou os ouvidos. – Não quero escutar nada sobre ele, por favor! 

— Tudo bem. – Abraçou a amiga. – Uma hora você terá que encontra-lo, vocês precisam conversar. 

— Eu sei. – Soltou o ar profundamente parando de chorar. – Só não estou preparara ainda.

— Eu te entendo. -  Acariciou os cabelos da amiga ficando em silêncio.

— Gina? – Levantou o rosto e encarou a ruiva. – Como ele está? 

— Uma perdição, os anos de quadribol e treinamento de auror resultaram em um ótimo resultado. Se ele não fosse seu, eu pegava. – Comentou Gina tentando animar a amiga. 

— Ele não é meu. – Resmungou fechando a cara. – Não quero nada com ele! 

— Ah qual é Mi, vai falar que você vai evitar um moreno gostoso na sua cama? – Brincou tentando distrair a amiga. 

— Eu já o tive uma vez e viu no que deu. – Murmurou tentando não imaginar ele está atualmente, estava determinada a esquecê-lo e era isso que iria fazer.

— Agora é diferente. Ele está uma tentação, um poço de sedução, não é fácil uma mulher resistir a ele. 

— Está enganada Gina. – Falou irritada, por mais que tentasse mentir para si mesma sabia que resistir a Harry não seria fácil. – As coisas mudaram. 

— Eu sei, estou brincando. – Sorriu, conhecia muito bem a amiga, uma hora ela iria ceder. – Independente do que aconteça com vocês, eu estou do seu lado, não quero que você sofra novamente. 

— Obrigada. – Apoiou a cabeça no ombro da amiga, igual quando elas eram adolescentes. – Irei encontra-lo no jantar. – Suspirou. 

— Eu sei. Você irá linda e maravilhosa! – Piscou maliciosa para amiga. – Vai mostrar a mulher gostosa que você se tornou. 

— Não quero isso Gina, por mim nem iria nesse jantar. – Murmurou fechando os olhos.

— Claro que vai! Ainda vai dar um chega pra lá na japonesa. – Riu vendo a careta da Hermione. – Mostrar que ele é seu. 

— Nem me lembre disso. Viktor vai estar aqui, irei acompanhada dele. 

— Chance perfeita para você dar o troco no Harry. – Sorriu maldosa. – Você deve provocar ele com o jogador, mostrar que você o superou e está feliz com outra pessoa.  

— Você tem razão. – A sombra de um sorriso apareceu em seu rosto pensando na possibilidade. – Pode ser uma boa ideia, pensarei a respeito. 

— Assim que se fala. – Gina sorriu satisfeita, embora mais cedo tivesse falado que não iria interferir na relação dos dois, queria ajudar a amiga fazer Harry sofrer um pouco, seria divertido ver a reaproximação dos dois.

O restante da manhã passou rápido, Gina ajudou Hermione a preparar o almoço, insistiu para saírem para fazerem compras, mas a morena não estava no clima, sua cabeça ainda estava latejando e seu coração doendo, contou para ruiva a discussão com Erick, depois do almoço Gina foi embora deixando Hermione descansar. Quando a noite se aproximava Erick chegou, tinha passado o dia inteiro com Ted e Paul, precisava conversar com os amigos. 

— Mãe? – Entrou na casa, não a encontrou na sala, subiu as escadas e foi até o quarto dela. Bateu duas vezes na porta e chamou novamente. – Mãe?! 

— Erick? – Hermione estava deitada na cama, assim que escutou a voz do filho seu coração acelerou, assim que ele respondeu, correu até a porta do quarto abrindo-a rapidamente. 

— Mãe, eu... – Não sabia o que falar, Hermione passou os braços ao redor do filho, abraçando-o fortemente. – Me perdoa mãe! 

— Oh filho. – Um soluço escapou de seus lábios ao escutar aquelas palavras. – Eu que te peço perdão, meu amor. – Afastou o rosto suficiente para encarar o filho. 

— Eu errei mãe. – Lágrimas escorriam de seus olhos verdes. – Me desculpe por pressiona-la pela verdade, eu sei que... 

— Não vou esconder nada de você. – Abraçou o filho novamente, afundou o rosto no pescoço dele sentindo seu cheiro. – Vou te contar a verdade, tudo que aconteceu... 

— Não! – Respondeu firmemente. – Não me interessa mais. 

— Como? – Encarou o filho surpresa, um alívio tomou seu coração. 

— No tempo certo eu descubro a verdade, não quero que você se sinta obrigada a reviver o passado. – Acariciou o rosto da mãe, enxugando algumas lágrimas que escorriam.  

— Eu te amo meu filho! – Beijou a testa do jovem, apertando-o contra seu peito, as últimas horas foram como uma tortura para ela, nunca havia dormido uma noite brigada com o filho, passou os dedos no rosto dele onde tinha dado o tapa. 

— Não se preocupe com isso. – Tocou a mão de Hermione em seu rosto, adivinhando o que ela esta sentindo. – Eu também te amo.

Hermione sentiu seu coração ficar em paz, tudo que precisava era do amor do filho, entrou com ele no quarto, os dois ficaram deitados na cama conversando sobre assuntos não relacionados a Harry, Erick precisava do colo da mãe, aquela noite ele dormiu nos braços dela como há muito tempo não fazia, pela primeira noite em muito tempo Hermione dormiu tranquila.