Dentro de um coração vazio escrita por Drylaine


Capítulo 4
Azuis sombrios sob um toque de inocência


Notas iniciais do capítulo

Olá meu povo saindo mais um capitulo. Eu ia postar ontem tentei e tentei e a net não me deixou, odeio essa net, mas fazer o q se dependo dela. Queria agradecer ao povo que está sempre deixando suas reviews. Elas são o q me ajudam a mover a trama. Muito obrigada pessoal. Vamos ao capitulo!!!



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Onde há desejo, haverá uma chama

Onde há uma chama alguém está sujeito a se queimar

Mas só porque queima não significa que você vai morrer

Você tem que se levantar e tentar, e tentar, e tentar

Você tem que se levantar e tentar, e tentar, e tentar

Você tem que se levantar e tentar, e tentar, e tentar

(Pink – Try)

~*~

Bonnie

− Cem anos preso em meu próprio inferno feito por encomenda, onde tempo não faz sentido. – Julian pegou a pedra vermelho rubi em suas mãos trêmulas e a exibiu pra nós. – A dor, o vazio, a completa falta de humanidade é literalmente infinita. – Ele dizia numa máscara amargurada, seus olhos se estreitaram parecendo sombrios. – Eu tentei fugi, mas ao invés disso, acabei matando a pessoa que eu mais amava. Todos os dias, repetidamente... — O vampiro continuou com sua voz impetuosa e maligna nos revelando como a própria pedra da Fênix jogou com sua mente.

− Você vai voltar pra onde você pertence. Para aquele inferno onde só uma criatura tão manipuladora e desumana deve viver. Espero que apodreça lá. – Stefan disse sem piedade.

− Deve ser o mesmo inferno onde Damon está apodrecendo agora. – Julian disse num ultimo ato de cinismo e crueldade. Stefan vestindo uma máscara feroz e demoníaca, impulsivamente pulou sobre o vampiro o derrubando no chão e depois extravasou toda a sua fúria em socos e palavras cheias de puro escárnio. A pedra caiu no chão e rolou até meus pés.

Logo, Beau surgir das sombras trazendo consigo a espada mágica que já estava suja de sangue de outros inimigos que cruzaram seu caminho e junto com ele Valerie, Enzo e Carol se juntaram a nós diante de um Julian combalido.

− Lembra-se das suas próprias palavras Julian? – Entreguei a pedra a Stefan que ainda brincou com ela em suas mãos parecendo meio insano. − Você disse que se não vencesse aquele inferno, então, você não seria um homem e sim um monstro. − Stefan empunhando a espada agora com a pedra rubi devidamente inserida nela se aproximou novamente do vampiro caído.

— Me perdoe Lily. – Julian murmurou pra si mesmo, vestindo uma expressão oca em seu rosto e com os olhos vazios e distantes se entregando a derrota.

− Ela já não está mais aqui. É tarde demais para perdão. Seu amor egoísta matou-a, destruiu seus sonhos, Julian. No fim aquele inferno venceu você, mostrando o monstro que você sempre foi. – Stefan lhe disse antes de cravar a lâmina da espada em seu peito.

Stefan deu o fim definitivo ao homem que havia assombrado seu passado e arruinado um futuro que ele um dia almejou.

Naquele mesmo dia, queimamos o corpo de Julian junto com o corpo dos outros vampiros nômades, só poupamos Mary Louise e Nora, mas com a condição de sumirem de uma vez por todas de Mystic Falls. E quando conseguimos retornar para nossa cidade, focamos sem descanso em conseguir salvar Damon. Entretanto, durante o ritual pra conectar a alma de Damon a seu corpo, algo deu errado e eu acabei sendo sugada pra dentro de seu próprio inferno, onde eu presenciei flashes dos seus tormentos mais profundos e sombrios...

 


Damon

− Nós precisamos continuar. – Eu dizia firme tentando fazer William não desistir. Meu companheiro de guerra estava ferido e muito debilitado.

− Eu não posso mais Damon. Estou cansado demais. – Ele dizia fraco pedindo pra parar de continuar arrastando seu corpo débil comigo, enquanto eu tentava cruzar a fronteira com o objetivo de chegar até os soldados Confederados do outro lado da floresta e conseguir mais reforços.

− Só mais um pouco, Will. Seja forte. − Eu dizia ofegante apoiando ele em mim.

Meus olhos foram nublando com a fumaça vinda dos canhões onde a pólvora queimava junto com seu som retumbante e com os gritos dos soldados inimigos montados em seus cavalos que corriam indomáveis, galopando logo atrás de nós. No entanto, eu não podia parar agora, corria com dificuldade arrastando pesadamente Will por entre as árvores sem poder vacilar. Nós estávamos no meio da floresta aos arredores da zona de conflito, onde parte do meu batalhão ainda estava em confronto direto com os inimigos.

− Não, não dá mais... – Will dizia fracamente, me fazendo parar. Eu o coloquei cuidadosamente no chão apoiado sobre um enorme tronco de arvore caído que se encontrava num barranco cheio de galhos secos, grama e terra revirada, lugar perfeito pra escondê-lo. – Nossa tropa precisa de reforços. Estou te atrasando. Vá, eles precisam de você!

De repente ouvi o barulho dos cavalos se aproximando, eles estavam chegando cada vez mais perto. Eu me despedi de Will silenciosamente e parti desenfreado e em alerta com um único objetivo: sobreviver! Até que um soldado da União cruzou o meu caminho vindo sorrateiro e empunhando sua arma. Eu lutei bravamente conseguindo desarma-lo e nos derrubando no chão onde lutamos como animais selvagens e num ultimo ato de fúria eu usei uma pedaço de rocha pesada e dura acertando o crânio do inimigo, várias e várias vezes sem parar. Eu estava descontrolado só parei quando a exaustão me dominou.

Tudo o que restou do confronto brutal com inimigo, foi um rosto desfigurado pela minha ira e um corpo morto que mais tarde serviria de alimento para os urubus. Mas, eu nem tive tempo de me recompor, ouvi os relinchos e as patas dos cavalos baterem desenfreados sobre a terra molhada, seguindo atrás de mim e, no fim, acabei encurralado. Os soldados apontaram suas armas em minha direção e apertaram o gatilho.

Eu sabia que tinha falhado com meus companheiros e tudo o que havia me restado naquele momento foi desejar que minha morte fosse indolor e rápida. Entretanto, antes de encontrar meu fim definitivo os fantasmas do passado estavam ali envolta de mim, me dominando com culpa e vergonha. Os soldados inimigos que tiveram seu sangue derramado por minhas próprias mãos estavam ali, assistindo a minha morte na companhia de Lexi, Vick, Abby Bennett, meu sobrinho Zach ao lado de sua esposa grávida e várias outras vítimas de minha maldade e sadismo, todos estavam presentes assistindo eu agonizar. Aquele bosque frio e solitário onde eu estava morrendo lentamente foi dominado por rostos de meu passado obscuro, passando da culpa para o ressentimento. Lily também estava ali como um lembrete amargo e triste, porque nem em seu leito de morte eu a perdoei.

− Damon você tem que aceitar a dor. Pare de fugir. – Ouvi Lily dizer se aproximando de mim, seus olhos azuis refletidos nos meus pareciam me tragar pra uma falsa serenidade que logo se transformaria em pânico. – Está na hora de enfrentar os seus pecados e se juntar a nós. Sua alma já pertence às trevas. – A cada palavra eu sentia como se cada célula de meu corpo fosse puxada cada vez mais para o vazio. Quando suas mãos gélidas tocaram minha face, meu coração se encheu de arrependimento, a dor penetrou por cada pedaço de meu corpo. Eu estava agonizando, sangrando e chorando, enquanto meus fantasmas do passado me assombravam como se fossem anjos vingadores que vieram do reino dos mortos, só pra fazer meu julgamento.

− Damon! – De repente ouvi uma voz forte e conhecida me chamar ao longe. – Damonnnn! − A voz ecoava incessante me chamando pra ela. Atraindo-me com uma intensidade. – Damon... – Atraído por aquela voz eu sai daquela névoa sombria que me envolvia tentando consumir minha alma.

Meus fantasmas do passado ainda estavam ali tentando me sufocar com toda a sua fúria e trevas. Porém, eu ainda era Damon Salvatore, o cara impulsivo e teimoso demais pra aceitar um final assim. Usando o pouco de força que meu corpo ainda tinha, me levantei com muita dificuldade e comecei a correr usando toda a energia que ainda possuía em meu ser. Corri por entre aquele bosque pela noite mais escura e fria e tudo o que me movia era uma esperança inabalável que vinha direto daquela voz forte e poderosa ecoando por entre as profundezas da floresta, onde me embrenhei correndo numa corrida alucinante, sentindo o vendo frio ser canalizado pelas árvores, fazendo barulhos arrepiantes e criando sombras por onde eu passava. Sombras que pareciam querer me alcançar e me sugar pra dentro de sua escuridão mórbida. Consequentemente, eu consegui chegar até meu destino, porém senti bater em algo seguido por sons de vidros se partindo.

Magicamente, fui sugado para a escuridão completa até despertar dentro de um novo pesadelo.

Eu estava diante da sala da pensão Salvatore com seus móveis e outros pequenos objetos antiquados, no chão sobre o carpete havia um vaso partido em vários pedaços, neles eu vi meu reflexo, mas não era um homem se refletindo ali. Eu me vi refletido num menino de olhos azuis travessos e um semblante de traços inocentes.

− Damon, o que está acontecendo? – Meus olhos se voltaram para Lily que descia as escadas numa postura graciosa, mas também, carregando um semblante tenso no rosto. – O que você fez Damon? – Seu olhar era reprovador.

− Não fiz nada mamãe. – Eu dizia numa voz infantil me mantendo teimosamente firme.

− Não minta pra mim. – Minha mãe exalava impaciência e seus olhos transmitiam raiva dirigida a mim.

− O que está acontecendo? – Do escritório veio à voz áspera de Giuseppe me causando um tremor instantâneo, mesmo assim, eu continuei brincando com meus soldadinhos. – Eu perguntei... o que aconteceu aqui? – Giuseppe enfatizou colérico surgindo na sala com sua postura rude.

− Desculpe meu marido. – Mamãe dizia com uma voz baixa e dócil. – Foi um acidente. – Ela tentou me proteger se colocando entre mim e o meu pai impaciente, mas papai estava enraivecido e insensivelmente a empurrou contra a parede, deixando o caminho livre pra me castigar.

− Damon, vou perguntar de novo... O que você fez? – E sua voz retumbava energético. – Este vazo era muito valioso para nós. Agora, está em pedaços. Destruído. Sem chance de reparo. Foi você quem o quebrou? Damon você quebrou o vazo?! – E sua voz ganhou tons amedrontadores. Ainda sim eu permaneci inabalável, absorto demais com meus brinquedos. Meus soldadinhos que logo se sujaram de sangue. Meu próprio sangue.

Eu continuei a negar varias e varias vezes até que o dia seguinte chegasse trazendo consigo o frio gélido da solidão.

O que me fez chorar não foi às dores no corpo, não foi apanhar até sangrar. O que me fez chorar desconsolável foi acordar e não ver mais meus soldadinhos em meu quarto. Eles estavam me punindo.

− Eu sinto muito mamãe. – Eu dizia para minha mãe lhe suplicando para ter de volta meus brinquedos. – Fui eu, eu o quebrei. Sinto muito. − Eu dizia entre minhas lágrimas. – Por favor, mamãe. Não me deixe aqui, eu serei um bom menino!

− Meninos bons não metem. Você mentiu... você é um covarde. Uma vergonha para nós. – Sua voz veio impetuosa. – Você merece apodrecer nesse inferno, sozinho por todo o seu egoísmo e por suas mentiras. – Ela dizia frígida e aquilo ficou me assombrando.

Eles me deixaram preso naquele porão sozinho e chorando, sentindo o vazio começar a se enraizar dentro de mim até que meus olhos encontraram com verdes tão reluzentes como uma pedra preciosa. Verdes familiares que exalavam aflição e, algo mais, que me atraiu imediatamente a ela me fazendo por um instante se esquecer dos meus próprios terrores. Sua face bonita e doce me fez pensar em anjos.

Seria ela, o meu anjo salvador?!

 

 

Bonnie

Meu coração batia assustado e frenético a cada vez que eu me guiava pelo desconhecido, onde apenas havia névoa dominando tudo, confundindo os meus olhos e me fazendo sentir como se eu estivesse andando dentro de uma bolha, ou como se estivesse fora de órbita. Eu estava vagando pelo desconhecido, extremamente cega e perdida, sem nada pra me guiar. Mas, eu sentia que tinha que continuar persistente, tentando atravessar aquela névoa sombria e fria. Minha única companhia naquele momento era a minha esperança e fé. Fé que eu acharia as respostas que eu tanto procurava.

Em minha mente eu só conseguia pensar em Damon. Ele sempre teve a habilidade de ser meu apoio justamente quando eu mais necessitava. Sempre quando parecesse que não havia uma saída, sempre quando o medo me dominava, mesmo não querendo admitir pra mim mesmo, Damon tinha o dom de saber exatamente como reacender aquela chama de poder e confiança em mim.

— Damon. — Comecei a chama-lo desesperadamente. — Damonnnnn... — Eu gritava em plena força de meus pulmões, fazendo o som ecoar no ar com o intuito de ouvir respostas para a minha prece, mas o minha voz ricocheteou ao nada. Era como estar dentro do extremo vazio.

Continuei vagando por ali, tateando o vazio no intuito de sentir alguma coisa por pequena que fosse, até que senti tocar em algo como se fosse uma parede invisível e, logo, o desconhecido ganhou formas, cores e sons.

— Este vazo era muito valioso para nós. Agora, está em pedaços. Destruído. Sem chance de reparo. Foi você quem o quebrou? Você quebrou o vazo? – Vi um homem carrancudo e com uma voz alterada beirando a pura ira repreendendo repetidamente um menino que permanecia inabalável, distraído com seus brinquedos.

Meus olhos viajaram pelo lugar reconhecendo o local onde eu estava, era muito parecido com a Pensão Salvatore só que numa versão de época. Havia também uma jovem mulher em trajes refinados de séculos passados e com uma postura tensa, por um instante meus olhos se cruzaram com os dela. E eu fiquei em choque.

− Lily... – Eu sussurro para o vazio porque ela não me respondeu apenas me olhava com um olhar apático, como se ela não estivesse me vendo ali. Meus olhos se voltaram para o menino de cabelos negros, pele pálida e corpo frágil brincando todo encolhido no chão com seus soldadinhos, tão inocente, mas, ao mesmo tempo, orgulhoso demais em suas pequenas atitudes.

− Você vai aprender a não dizer mais mentiras. Vou lhe ensinar a ser um homenzinho de verdade, seu moleque insolente. – O homem de postura grosseira esbravejava enfurecido com o menino. Sua voz ecoava obscura e gélida causando um tremor em mim.

A cena a seguir fez meu coração se agitar em pura raiva e indignação. Eu tentei impedir o homem de tocar no menino, mas era como se uma parede invisível me impedisse de chegar até a criança e salvá-la. Era como se houvesse uma pedra dura e fria entre nós, me impedindo de atravessa-la. Comecei a gritar desesperada para Lily que estava ali inexpressiva, sendo uma mera telespectadora da brutalidade daquele homem escroto. Eu queria arrancar o menino das garras daquele monstro abusivo e covarde, mesmo assim, o menino continuou inflexível, sem chorar.

Inesperadamente o cenário mudou e agora eu me via diante de outra cena tão perturbadora e triste quanto a outra.

− Eu sinto muito mamãe. – O menino dizia para Lily. – Fui eu, eu o quebrei. Sinto muito. − Ele dizia entre lágrimas pedindo para ter seus bonecos de volta. Eu senti uma enorme vontade chorar com ele. – Por favor, mamãe... Não me deixe aqui, eu serei um bom menino! − A cada suplica dele eu sentia um frio de gelar a alma me dominar.

− Meninos bons não metem. Você mentiu... você é um covarde. Uma vergonha para nós. – Lily dizia numa voz tão fria. – Você merece apodrecer nesse inferno, sozinho por todo o seu egoísmo e mentira. – Ao ouvir essas palavras ditas de forma tão cruel me fez despertar, como se uma luz acendesse em minha mente.

O menino ficara chorando solitário naquele porão sujo e frio. Sem perceber a minha presença, eu o observei por um momento até que nossos olhos se encontrassem. Seus olhos eram azuis elétricos como os de Damon.

Inexplicavelmente, eu estava aqui diante de sua versão inocente, de rosto corado e um olhar forte e intenso me tragando para todos os terrores que ele estava vivendo, ou ao menos parte dele. Eu estava presenciando mais uma vez sob o ponto de vista de Damon, os seus segredos mais sombrios.

− Quem é você? – Ele dizia num fio de voz assustado. – Você é um anjo? – Por um instante eu me permiti sorrir, mesmo no meio de todo aquele cenário de tensão e horror. Era tão surreal ver Damon ali em seu momento de genuína inocência com aquela expressão curiosa e, ao mesmo tempo, com aqueles olhinhos azuis perspicazes, mas que escondiam também, tanta obscuridade e dor.

− Não. Eu não sou um anjo. – Eu me aproximei dele cautelosamente me ajoelhando em sua frente confrontando seus olhos azuis agora decepcionados. – Eu não sou um anjo... Sou uma amiga. – Eu disse sincera, fascinada pela sua face doce e angelical.

− Uma amiga?! Eu nunca tive um amigo. – Ele dizia triste. – Eles me odeiam. Todos eles. – Eu podia sentir a dor, a melancolia irradiar dele pra mim. E eu me vi chorar por Damon.

Eu estava ali, presa nesse pesadelo infernal com um Damon distante, tão oposto de quem ele iria se tornar no futuro. E eu chorei por ele, por saber dos caminhos espinhosos que ele iria atravessar pra se tornar um alguém que sempre esteve à procura de si mesmo. Eu chorei ao perceber que sentia tanta falta dele, mesmo que essa versão dele não fosse ainda aquele homem que poderia fazer de seus braços a minha fortaleza.

− Ei, porque você está chorando? – Suas pequenas mãos tocavam o meu rosto com afeto e sem me controlar eu o abracei com todo o carinho que podia lhe dar naquele momento.

No entanto, havia algo imutável entre essas duas versões: O pequeno Damon de olhos inocentes era tão teimoso quanto o Damon de olhos elétricos maliciosos e coração apaixonado. E quando me vi nesse pequeno abraço com o menino, também percebi que entre os dois lados (seja o inocente, ou o mais sombrio) existia aquela sensação de segurança e proteção, pois sempre no abraço de Damon eu encontrava o meu refugio para todos os meus medos e aflições.

Damon mesmo com toda a sua postura egocêntrica e orgulhosa, surpreendentemente, se tornara o meu refugio. Em seus braços eu encontrava meu próprio lar.

— Você quer ser meu amigo? — Eu pergunto ponderada.

— Sim, eu quero ser seu amigo. — Ele dizia todo sorridente com uma expressão suave e encantadora, me surpreendo com suas pequenas ações. — Eu gosto da sua cor. — Ele dizia brincando com a minha mão, me fazendo também observar o contraste diferente da nossa pele.

— Sim, obrigada. Eu também gosto da sua. Você não acha que elas combinam? — Eu sorrio ansiosa ao vê-lo retribuir meu sorriso com um sorriso torto, que mesmo ausente de malícia, ainda era muito típico de Damon.

— Sim, nossas cores combinam muito. É como leite e chocolate! — Ele dizia arregalando alegremente seus lindos olhos azuis traquinas. — Qual seu nome?

— Me chamo Bonnie. — Ele me olhou em silencio com tanta intensidade quase hipnotizante, era como se ele estivesse procurando respostas dentro de si. Talvez, lá no fundo Damon estava me reconhecendo.

Subitamente, sentimos o quarto tremer, seguido por barulhos fortes que lembravam trovões. O pequeno Damon começara a ficar agitado.

— Eles vão voltar. Eles vão tirar você de mim... Eles tiram tudo de mim. Estou com medo. — Ele me olhava triste segurando apertado a minha mão. — Por favor, não vá embora. Não me deixe aqui sozinho! — Eu o puxei para os meus braços, decidida que eu tinha que trazer Damon de volta a realidade. Eu estava aqui pra busca-lo e eu não poderia perdê-lo.

— Você confia em mim? — Eu disse pegando em sua mão.

— Sim, você é minha amiga.

A casa voltou a tremer furiosamente e de repente tudo ao nosso redor começou a desmoronar. Segurando firme numa de suas mãos começamos a correr desenfreados sem olhar pra trás, mas a névoa sombria voltou a nos dominar com força, nublando meus olhos e confundindo a minha mente.

— Damon. — Comecei a gritar alvoroçada ao sentir suas mãos se soltarem das minhas. — Damon, onde está você? — Mas, eu não via mais nada a não ser a névoa que agora parecia fumaça cheirando a pólvora e sangue. Quando consegui me orientar me vi diante de uma zona de guerra, com vários homens vestidos em seus trajes de soldados, empunhando suas armas, enfurecidos e implacáveis no meio das explosões.

Eu estava assustada demais com todo aquele caos, tentei fugi dali até que fiquei cara a cara com um Damon sujo de sangue vestido como um daqueles soldados, com arma em punho e um olhar em fúria fixado a mim.

— Damon, não! — Eu gritei em desespero, mas era tarde demais. Ele atirou em mim sem titubear. A névoa se alastrou sobre mim e a ultima coisa que eu via era um Damon suplicando pra que eu não fechasse os meus olhos.

Ele estava chorando desolado como uma criança. Ali eu senti como se azuis inocentes tivessem se fundido aos azuis sombrios obscurecidos por dor e trevas. O homem e o menino se tornaram um só.

Eu queria permanecer em seus braços. Queria dizer que tudo ia ficar bem, mas a névoa foi me puxando cada vez mais pra longe dele. Arrancando-me tão violentamente de seus braços...

***

− Não! Eu tenho que voltar. – Eu dizia desesperada ao ver que havia despertado novamente na sala da pensão sem Damon ao meu lado.

− Bonnie acalme-se! – Stefan dizia tentando me segurar, mas eu estava totalmente agitada demais e até descontrolada. Além de Stefan, se encontravam ali Matt e Carol ao redor do corpo inconsciente e ainda sem alma de Damon, que fora colocado sobre a mesa no centro da sala. As velas em volta do corpo do vampiro ainda pareciam impecavelmente acessas, dando-me a impressão que o tempo nem havia passado.

− Por quanto tempo eu fiquei lá? − Percebi todos me olharem preocupados.

− Mais ou menos uma hora. – Carol disse aflita. – Mais é o maior tempo que você já esteve lá. O que aconteceu?

− Caramba, tudo isso. Pra mim foi tão rápido e ao mesmo tempo já foi tão horrível. Queria mais tempo, mas eu não consegui. – Eu disse tentando me desculpar silenciosamente para um Stefan que tinha uma expressão dura no rosto.

− Talvez, essa ideia foi um erro. – Ele disse me dando as costas.

− Claro que não Stefan. Dessa vez eu cheguei bem mais perto. Eu estava lá e parecia tão real. Eu até toquei em Damon! – Eu dizia transtornada travando e destravando meus punhos. – Eu falei com ele, foi muito rápido... – Murmurei conseguindo chamar a atenção do olhar consternado de Stefan. – Por instante, eu o toquei e eu quase consegui trazê-lo de volta pra nós. – De repente me senti fraca e senti gosto de sangue escorrer sobre meus lábios.

− Aqui Bon. – Matt se aproximou de mim me trazendo um lenço branco que logo ficou sujo de sangue, meu nariz estava sangrando sem parar o que fez tanto Matt quanto Carol ficarem preocupados comigo. Senti-me um pouco tonta.

− Droga! De novo falhamos. – Stefan dizia irritado, desviando o olhar do meu. Ele parecia impaciente. – Precisamos continuar.

− Não hoje, Bonnie precisa descansar. – Matt disse confrontando Stefan. – Ela está exausta. E sabe se lá o que ela viu dentro do inferno dele.

− Não temos tempo pra isso. – Stefan parecia estar com raiva de mim e eu nem entendia o porquê do seu jeito quase hostil. − Quanto mais Damon estiver preso lá dentro, mais perto de perder sua humanidade ele estará. – Suas palavras me corroeram por dentro.

− E a culpa é de quem? – Eu digo grunhindo de raiva com a forma como Stefan parecia indiferente a mim. − Eu quero Damon de volta tanto, quanto você. – Eu disse tentando me manter em pé, o que fez o jovem Salvatore me olhar arrependido.

− Sinto muito, Bonnie. – Stefan se aproximou de mim me segurando firme. Eu ainda me sentia muito zonza, parecia que minhas forças estavam esgotadas o que fazia a minha cabeça latejar. – Eu só me sinto impotente aqui, sem poder te ajudar. E nem poder salvar meu irmão. – Ele me fez sentar sobre o sofá ao lado de Matt, enquanto ele mesmo ficava zanzando por ali, mexendo nervosamente em seu cabelo.

Na nossa primeira tentativa com a pedra vermelho rubi, não tivemos êxito em trazer Damon de volta e a próxima semana se passou seguida por várias outras tentativas falhas. Até Stefan e Ric se arriscaram pra ser uma espécie de ancora como aparentemente eu fui entre aquela prisão infernal e a realidade, no intuito de criar uma ligação forte com Damon. Porém nenhum deles fora capaz de conseguir qualquer conexão com o vampiro e tudo o que Stefan e Ric conseguiram foi bater numa espécie de barreira invisível e vazia. Nem mesmo os dois hereges aliados sabiam explicar como era possível eu poder entrar no meio do inferno pessoal de Damon. Pois, a pedra combinada à lâmina da espada fora criada exclusivamente para punir almas de vampiros, ou seja, era uma prisão com grades invisíveis, feito sob medida para Damon confrontar seus pecados e ninguém poderia entrar e interferir... Claro, a não ser eu e minha habilidade de conseguir fazer até o impossível.

− Eu não entendo, porque é tão difícil trazer Damon de volta? Beau e Julian não pareciam ter tido tantos problemas pra sair. E nem precisaram de nenhuma ancora. – Carol dizia olhando pra mim com uma expressão confusa.

− Eu não sei. Mas, segundo Beau ... − Stefan disse se aproximando do corpo inconsciente de Damon. − Pra Damon conseguir sair é necessário (além da magia certa e da própria pedra da Fênix) que ele encontre seu próprio caminho de volta e, assim, nós conseguiremos reconectar a sua alma. − Nos entreolhamos aflitos e frustrados com tudo.

− Eu sei que eu posso trazê-lo de volta. – Eu disse determinada, ignorando minha própria exaustão física. − Talvez, tudo o que seja necessário é que eu seja a sua bússola para orienta-lo. Eu devo guiar Damon até encontrar a sua alma.

Contudo, o que eu não imaginava era que no caminho para salvar a alma de Damon Salvatore, eu acabaria por perder a minha própria alma.

 

 


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Notas finais do capítulo

No próximo capitulo algumas coisas serão melhores explicadas. Ah muitas coisas importantes pra acontecer e decisões que poderão mudar a vida do nosso casal Bamon. Bjus!!!