Depois da esperança - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 20
Parte III - Sobrevivente / Capítulo 20




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JOHANNA MASON

 

Idiotas. É o que todos são. E quando eu digo todos, me refiro a todos de verdade. Porque, não precisa ser nenhum gênio, pra entender que se você acua um animal, ele foge. Por isso tem que fechar o cerco. Mas o que meus queridos estúpidos estão fazendo? Varrendo um distrito por vez, dando a oportunidade do animal, no caso a vaca chamada Sunny, fugir para outros distritos. Mas eu não vou ficar aqui parada sendo feita de idiota junto com eles. De jeito nenhum. Umedeço uma toalha com água e um pouco desses sabonetes cheirosos. Passo a toalha pelo corpo, e já estou de banho tomado. Visto minhas roupas, as mesmas, afinal eu não trouxe muita coisa alem disso e meus machados de estimação. Não vou falar pra ninguém que estou debandando. Pois eu sou a louca da historia, sempre. Apesar de que às vezes Annie toma este titulo de mim. Me lanço na penumbra da noite, e correndo, vou até o posto de viagens de aerodeslizadores. Por ser madrugada, há poucos disponíveis, e o piloto velho e barrigudo que me atende, quer cobrar uma fortuna por uma voadinha rápida. Não comigo, senhor. Lentamente, puxo um dos meus machados sob meu casaco. O olhar do velho perde totalmente a ganância sendo substituído pelo medo.

— E o que o senhor acha de me levar até lá, vejamos, gratuitamente? – eu digo, enquanto passo o polegar pela afiadíssima lâmina do meu machado. Um filete de sangue começa a escorrer do meu dedo, e eu o levo a boca, segurando minha risada, pela expressão de pavor do velho. Tenho que honrar meu cobiçado título de louca.

— Eu acho perfeito, magnífico – o velho balbucia e se coloca a postos. Eu subo, e vou ao seu lado, só pra meter mais medo, não que eu ache que seja necessário.

E depois do vôo mais rápido da minha vida, aterrisamos no distrito 2. Vim até aqui, seguindo minha intuição. Pois nada tira da minha cabeça, que Gale está envolvido nisso e ele conhece tudo aqui, pois é o chefe da segurança neste distrito. E foi muito conveniente depois de anos sem dar noticias, ele aparecer fazendo ceninha no hotel, oferecendo ajuda para Katniss. Estando envolvido ou não, o distrito 2 é um lugar enigmático. Algumas arenas foram construídas aqui, pelo que eu saiba. E há tantas construções subterrâneas quanto se pode imaginar. Se eu fosse uma psicopata, eu iria querer me esconder aqui. Mas no calor do momento, eu não pensei muito bem em como começar minha busca. Agora, me encontro aqui, no meio do nada, de madrugada e sozinha. Eu me sento no chão, e tento pensar em algo. Pego um punhado de terra nas mãos, e deixo caírem por entre meus dedos, de volta ao seu lugar. Por algum motivo, a terra sempre me acalmou. Sempre me fez conseguir raciocinar. E enquanto olho a terra escoando uma solução absurda, porém plausível, se acende em minha mente. Me levanto, e corro.

Eu nunca me esqueci onde fica sua casa. Talvez ele tenha se mudado, talvez não. Eu temi o dia em que teria que voltar a encará-lo, mas sabia que ia chegar. Não sei direito como agir, e sei que o suor escorrendo pelo meu corpo, não é pelo fato de eu estar correndo o mais rápido que posso. É pelo fato de saber que vou vê-lo. Ao chegar em frente a bela casa, bato na porta três vezes seguida. E então ela se abre, o revelando.

— Johanna – ele diz, como se não acreditasse no que vê.

— Klaine – eu digo, e adentro a casa, fechando a porta e o encarando.

— Eu não acredito que você veio... Depois de todos esses anos – ele murmura, e levanta sua mão no ímpeto de me tocar.

Eu estapeio sua mão, mais forte do que o planejado. Ele me olha assustado, mas eu não titubeio.

— Eu vim aqui apenas pedir sua ajuda. E mais nada – eu digo o fitando de uma maneira que exale todo o meu desprezo por ele.

— Por você eu faço qualquer coisa – ele murmura, e baixa a cabeça.

O bolo de lágrimas vem até a minha garganta, mas eu resisto. Empino o queixo, pigarreio.

— Preciso que você consiga uma lista, de pessoas que perderam muito com a guerra de Panem. Sei que você consegue. Quero saber quem perdeu pais, filhos, casa, luxo... O que você conseguir...

— Ora.. Bem... Posso acessar os óbitos infantis que morreram no pátio da mansão naquele fatídico dia e a partir daí, ver quem são seus pais... – Klaine diz, e passa perto de mim, perto demais.

— Já é alguma coisa... Mas preciso de mais – eu digo, sentindo a frustração. Essa busca vai ser mais difícil do que parece. Porque na nossa mente tudo parece menos complicado?

— Não há muito que eu possa fazer. Talvez verificar algo nos registros financeiros... Mas isso pode demorar – ele diz, e passa a mão pelos cabelos, os bagunçando.

— Apenas faça, logo – eu grito, e me coloco a andar de um lado para o outro. Não me permito pensar sobre minha história com Klaine. Não me permito pensar no sofrimento que ele me causou. E muito menos que ele agora é um deles... Um pacificador.

Klaine vai passando por fichas, fotos de crianças que morreram, e em seguida arquivando as de seus pais. E partindo daí, eu vou na casa de cada um destes homens. Eles perderam seus filhos na guerra que Katniss causou. Faz sentido se juntarem a Sunny nessa maluquice toda. Estou evitando olhar para Klaine, mas o desgraçado é muito bonito. Mais do que eu me lembrava... E quando decido olhar para ele furtivamente, a foto na tela do seu computador, me soa familiar.

— Espere – eu digo, e me aproximo, fitando o homem na tela.

— Você o conhece? – Klaine pergunta e toca meu braço, me desconcentrando momentaneamente. Eu puxo meu braço do seu toque, e começo a gargalhar na felicidade de ter descoberto algo, uma pista.

— Eu lutei com ele. Quando armamos a emboscada para Sunny, no lago.

— Você tem certeza?

Eu me lembro, da tinta verde de sua pele, visível graças ao corte que fiz em sua perna. E há também o seu tamanho, o cara é quase um gigante. Não é algo que dê para se confundir.

— Arranje o endereço desse cara. Ele está com Sunny, eu tenho certeza. Eu vou descobrir alguma coisa com a mulher dele, por bem ou por mal.

— Eu vou com você, é perigoso – ele protesta.

— Eu sei me virar sozinha, tenho feito isso todos esses anos, enquanto você brincava de morto-vivo, de pacificador, de aliado da capital...

— Chega – ele grita. – Você já me puniu o suficiente.

— Nunca será o suficiente. Traidor.

Ele suspira. Mas em seguida me encara com novo animo.

— Se você não deixar eu ir com você, não te darei o endereço.

Babaca.

— Ok, só vamos logo com isso, então.

Minutos depois, com o endereço desse tal de Tommy Stutti em minhas mãos, eu aguardo enquanto Klaine tira sua moto da garagem. É uma enorme moto, toda cromada, o que a faz parecer quase um espelho.

— Linda, você não acha? – Klaine pergunta orgulhoso.

Tento sorrir.

— Claro – respondo. – Deixa eu ir pilotando? Sempre quis pilotar uma dessas.

Ele parece feliz em ver meu interesse, e logo desce da moto.

— Só tome cuidado, pois ela é muito rápida – ele avisa. E quando ele esta prestes a montar atrás de mim, eu acelero, e reconheço que de fato, a moto é rápida.

Ouço os gritos de Klaine virando apenas sussurros enquanto me afasto da sua casa, decidida a nunca mais voltar ali. Mas não contenho uma gargalhada ao imaginar a cara que ele deve ter feito. E acho também que eu não devo devolver esta moto. Mas logo começo a ficar triste. Porque pensar na história que eu e ele poderíamos ter tido, ainda me faz chorar, mesmo contra a minha vontade. E enquanto acelero ao máximo para chegar à casa de Tommy, me deixo pensar só dessa vez, no que realmente aconteceu.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Obs: Pretendo voltar a postar a fic como antes, desculpem o sumiço! Espero que tenham gostado deste capítulo da Johanna, e que tenham ficado curiosos pra saber mais sobre essa história entre ela e o Klaine (quem não leu minha versão de A esperança, não vai saber quem é esse cara rsrs)... Não vou conseguir responder os comentários hoje, mas continuem comentando responderei todos em breve, porque agora eu voltei ;) Beijooos



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