Depois da esperança - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 21
Capítulo 21




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 JOHANNA MASON

 

Eu achei que Klaine estava morto. Sofri pela sua morte nos jogos, mais do que eu imaginava ser possível. Qual não foi a minha surpresa, quando descobri que na verdade ele estava vivo? Foi em uma das inúmeras vezes que eu fui mentora. No começo eu ate me empenhava para tentar ajudar os adolescentes e as crianças tolas do meu distrito que eram sorteadas. Mas nunca consegui chegar muito longe. Então eu desisti. Tentava saber o mínimo possível sobre eles, para não sofrer quando os via sendo devorados por bestantes, ou espancados por algum outro tributo, até a morte. Mas antes de criar essa muralha que barrasse meus sentimentos, eu tentei seguir os passos de Haymitch, e passei alguns longos meses, afogada na bebida. E numa noite qualquer, o trem que levava a mim e aos tributos do meu distrito, direto para a capital, teve que fazer uma parada. E foi bem no distrito 2. Eu aproveitei para beber um pouco, tacar o terror em algum velho escroto, assustar algumas crianças, enfim, só me distrair. Porém, quem foi surpreendida, fui eu. Quando ao sair do bar em que bebi ligeiramente mais do que devia, fui arrastada por um homem que surgiu das sombras. Enquanto eu me debatia sobre ele, movi minha mão furtivamente afim de pegar uma pequena faca que eu sempre carregava comigo, escondida. Mas o homem, que corria comigo por entre as escuras ruas do distrito, segurou minha mão no exato momento em que eu ia puxar a faca. E só uma pessoa poderia saber que eu faria isso. Ele me colocou no chão, e puxou seu capuz, revelando seu rosto. Eu mal podia acreditar no que via. Klaine estava bem na minha frente. E eu passei anos achando que ele estava morto. Sofrendo por ele. Desgraçado. E quando ele levantou a mão e tentou tocar meu rosto, eu saquei minha faca e fiz um extenso corte em seu braço. Comecei a correr para longe dele, me sentindo uma idiota por estar chorando como uma menininha. Estava tão bêbada que não percebi quando tropecei em meus próprios pés, e cai estatelada no chão. E eu nem conseguia levantar. Não demorou muito para Klaine me alcançar. Num ultimo protesto eu vomitei em seus pés, um pouco sem querer. Ele apenas deu risada, me pegou em seu colo e beijou minha testa. E então me levou para sua casa onde me contou o que de fato aconteceu. O que não me deixou menos brava. Ele me contou, como teve que escolher. Entre fingir a sua morte nos jogos e nunca mais se aproximar de mim, ou e entre eu ser morta. É claro que eu não acreditei. Porque o presidente Snow faria isso? Eu gritei, quebrei coisas e fugi da sua casa. Achei que Klaine tinha se vendido para o poder da capital. Também achei que isso que ele fez não teria conseqüências para ninguém. Mas Snow pensava muito além de nós. Ele estava preparando armas, para usar contra os que ele considerava perigosos, ameaças. Os vencedores. E Klaine era arma dele contra mim. A loucura de Annie foi fruto dos jogos, mas foi intensificada mil vezes mais pela capital. Então, ela era a arma dele contra Finnick. A ultima arma humana de Snow, foi Peeta. E esta, quase foi letal. Quando realmente foi necessário, Snow não poupou esforços para usar Klaine. Ele havia se tornado pacificador. Forçado, segundo ele me confidenciou naquela noite em sua casa. Quando fui captada depois do massacre, era ele quem me torturava. Apontavam uma arma em minha cabeça, e diziam para ele me bater. Se ele se recusasse, eu seria morta. Então, chorando, ele me batia. E quando ele se recusou a continuar com isso e apontou sua arma para a própria cabeça, dizendo que podiam me matar, pois ele faria o mesmo consigo, eles fizeram pior. Prenderam Klaine, e o fizeram assistir a maioria das vezes que fui estuprada. E não sei o que doía mais, aquele abuso em meu corpo, ou ver a expressão de fúria misturada à dor, no rosto de Klaine. E mesmo assim, eu não contei sobre os planos do massacre bolados por Plutarch e Coin. Eu não iria contar. A única vez que titubeei, foi quando começaram a torturar Peeta na minha frente. E ver ele passar por aquilo, era insuportável. Pois ele era bom. A única pessoa boa de verdade e incorruptível que eu já conheci. Só que aí, eles que não queriam mais saber de nada, pois nos torturar, tinha virado diversão. Maldito Thread. Que sua alma esteja queimando no inferno. E depois que a guerra foi ganha, se é que pode se chamar isso de ganhar, eu nunca mais quis ver Klaine. Eu ainda sentia raiva dele, pois o achei fraco. Ele não podia lutar? Não podia ter tentado me encontrar? Mas o que realmente fez com que eu não quisesse nunca mais vê-lo, foi a vergonha de ele ter visto o que aconteceu comigo. Foi a vergonha de ele ter visto os momentos, em que mais fui humilhada na minha vida. O que ninguém sabe, é que eu fui atrás de cada um deles. Cada pacificador que ousou tocar em mim. E eu os matei. De formas pouco agradáveis.

Quando finalmente chego ao meu destino, passo a mão pela minha cabeça, afim de afastar esses pensamentos idiotas sobre Klaine. Sei que é tarde, e na casa tudo está escuro. Mas não vim até aqui a toa. Bato na porta diversas vezes. Até que uma mulher, muito bonita por sinal, atende a porta com os olhos arregalados aparentando estar quase se cagando de medo.

— Posso ajudar em algo? – Ela pergunta.

— Espero que sim – eu respondo, e abrindo espaço eu adentro em sua casa, o que a deixa ainda mais assustada. – Onde está Tommy Stutti?

— É... ele... não se encontra no momento. Ele está fazendo uma viagem. A negócios. Na capital – ela responde, gaguejando.

— Alguém já te falou que você mente mal pra cacete? Ele está com a vadia da Sunny, eu sei disso. E você vai me falar tudo o que você sabe, por bem ou por mal – eu grito, e já faço menção em pegar alguma arma. Até que a mulher muda de feição de uma hora pra outra. E a doida começa a dar risada.

— Você – ela murmura.. – É você... Johanna Mason... Eu não acredito...

— Sim sou eu mesma, em carne, osso e muita raiva se você não cooperar comigo – eu retruco.

— Venha comigo, rápido – ela diz, e sem dar tempo pra uma resposta me vejo obrigada a segui-la. Vou com a mão posicionada sobre um machado, caso ela esteja armando para mim. Mas quando ela abre a porta de um dos vários cômodos da casa, e acende a luz, o que vejo faz eu sentir uma emoção tão grande, que eu mal posso acreditar.

— Mas... Como? – eu sussurro.

— Ela fugiu – a mulher responde. – Tommy a ajudou.

E então a minha pequena Prim, pisca sonolenta. E quando me vê, seus olhos azuis e bondosos como os de Peeta, se enchem de lágrimas. O que faz com que segurar minhas lágrimas seja a coisa mais difícil do mundo. Ela levanta da cama correndo, e me abraça. Pela primeira vez na vida sinto que fiz a coisa certa ao seguir meus instintos.

Mas meus instintos mais uma vez soam como um alarme em minha cabeça. E eu sinto que não há muito tempo para choradeira.

— Prim, querida, preciso que você me ajude. Precisamos encontrar seu pai – eu digo, enquanto acaricio seus cabelos. Pobre criança, porque passar por tudo isso? Por isso não quero filhos. Sabe –se lá o que pode acontecer.

— Eu.. eu vou ajudar...Eu prometo que vou fazer qualquer coisa pro papai voltar. E a mamãe, e Haymitch, Finn, Annie – ela começa.

— Shiiiiu – eu a interrompo, colocando um dedo sobre sua boca. – Tá todo mundo bem, seu pai é o único ferrado nessa história.
Sinto um olhar reprovador da mulher de Tommy sobre mim. Dou de ombros.

— Eu sei disso – Prim diz e baixa a cabeça. – Eu não queria ter fugido. Eu não... – ela começa prestes a voltar a chorar.

— Hey, nós vamos salvá-lo. Ele sempre gostou de ser salvo pelas moças mesmo – eu digo, o que faz ela rir mostrando suas covinhas.

Eu rio também, mas logo fico séria. Pois o que ela terá que fazer, será extremamente difícil, até para uma criança corajosa como ela.

— Prim, você vai ter que voltar para lá. Aí eu tento entrar quando abrirem pra você. Se eu não conseguir, pelo menos saberei onde estão se escondendo.

Vejo Prim se encolher, mas ela assente.

— Você não pode fazer isso – a Sra. Stutti protesta. – Você não viu o estado em que ela chegou aqui.

— Então me mostre outra solução. Você acha que alguém conseguirá entrar lá, sem ser recebido por uma chuva de balas? Só Prim pode nos ajudar a se infiltrar – eu grito, sabendo como é horrível o que estou pedindo. Mas preciso fazer isso. Por Peeta.

— Eu não vou deixar que nada aconteça a ela. Eu vou conseguir entrar. Eu prometo – eu digo, tentando tranqüilizar as duas. Mas ao olhar para onde Prim estava, percebo que ela desapareceu. Olho ao redor, e a encontro na porta da sala, esperando. Sendo filha de Peeta e Katniss, não podia ser diferente. Com Prim agarrada a minha cintura, acelero a moto, e partimos.

Quando ela me cutuca, sinalizando que estamos chegando, descemos da moto, e fazemos o restante do caminho a pé. Mas todos os meus planos vão por água a baixo, quando percebo que há uma movimentação bem a frente. Há veículos, pessoas. A desgraçada deve ter descoberto sobre a varredura que estamos fazendo. Eu sabia que ela iria fazer isso. Pensando em como proceder, só percebo que Prim não está mais ao meu lado, quando a vejo correndo em direção a movimentação. Merda. Garota impulsiva, como a mãe. Me aproximo mais, embrenhada entre as arvores, e vejo Peeta e a vaca Sunny. O que acontece a seguir é bem confuso. Pois Peeta parece pouco se lixar para Prim. Na verdade parece que ele está de braço dado com aquela vadia? Eca. O homem que eu reconheço ser Tommy pega Prim e coloca num carro. Todos embarcam nos veículos e começam a partir. Eu me viro e começo a correr em direção a moto, quando encontro um carro parado na estrada.

— Quer uma carona? – Klaine pergunta, colocando a cabeça para fora do carro.

— Ah, foda-se – eu respondo, e entro no carro. – Apenas acelera.

Durante a perseguição, numa distancia longe o suficiente para não sermos notados, Klaine tentou puxar assunto diversas vezes. Mas eu apenas mandava-o calar a boca, pois precisava pensar. Para onde eles estavam indo? Tentei contatar Katniss, Carolynn ou qualquer outra pessoa, mas sem sucesso. Que diabos estava acontecendo? E depois de muito tempo de estrada, qual não foi a minha surpresa ao descobrir os planos da vadia? Eles estavam bolando se esconder num lugar que jamais seriam achados. Sob o mar.

— Quanto tempo você demora para conseguir um submarino? – Eu pergunto para Klaine.

— Isso pode demorar um pouco – ele responde, já começando a ligar para seus contatos. Aterrorizada, eu assisto a chegada de Gale. Vejo ele avançar sobre Peeta e ser detido por Sunny. E por fim constato que ele estava mesmo fazendo parte disso. Mas o que me deixa ainda mais aterrorizada é observar todos embarcando no barco, que em seguida se eleva com paredes escuras e reluzentes, e vai submergindo aos poucos.

Droga. Eu irei perdê-los de vista.

— Droga, Johanna – Klaine balbucia enquanto sai do carro e corre até a costa. Há um barco ancorado, e Klaine se envolve numa conversa acalorada com o dono. E de repente, Klaine acerta o homem, me fazendo lembrar porque eu gostei dele um dia. Saio do carro também, e corro até ele.

— Isso aqui vai submergir também igual aquela coisa? – eu pergunto enquanto descemos até a cabine.

— Provavelmente- ele me responde, enquanto tento assimilar que realmente essa coisa vai submergir.

O terror começa a gelar meu corpo. Eu me lembro da capital. Dos abusos, de toda a maldade que um ser humano pode refletir. Os choques que faziam meu corpo quase se desmanchar... A água gelada fazendo eu trincar os dentes, enquanto intensificava os choques. Não percebo quando me encolho.

— Está tudo bem – Klaine murmura. Ele viu pelo que eu passei. Mas eu não quero sua compaixão. Não quero a compaixão de ninguém, aliás. Eu recupero minha compostura, e espremo os olhos a fim de me acostumar com a escuridão ao redor, pois conforme o submarino vai avançando nas profundidades, mais eu me arrepio e temo pela vida de duas, das pessoas que mais amo, que são Peeta e Prim.

Quando por fim visualizamos a turva luz do submarino em que a vaca Sunny está, percebemos que eles também nos viram. Pois algo atinge com força nosso submarino e o medo de a água nos alcançar e nos afogar faz com que eu comece a perder o controle. Levo as mãos a cabeça, e quase consigo sentir a sensação dos choques. Tudo volta muito rápido, tudo que eu lutei anos para esquecer, volta num piscar de olhos. Klaine me abraça, e dessa vez eu deixo. Seu cheiro ainda é o mesmo de anos atrás. Se sobrevivermos a isto, talvez eu dê uma chance a ele. Outro baque, e o submarino treme violentamente. Vamos morrer. Klaine se afasta de mim, mas nem palavras para protestar eu tenho. Tento reagir, mas todo o esforço se torna nulo. Cada vez somos atingidos mais violentamente. Klaine reaparece e grita algo para mim. Ele me entrega umas roupas estranhas, e uma enorme máscara. Eu coloco tudo, sem saber ao certo o que estou fazendo, pois o estupor toma conta de mim. Pela minha visão periférica, vejo um clarão. E dessa vez, o submarino em que a vaca Sunny está, é que foi atingido. Corro até a janela da lateral, e vejo um submarino tão negro quanto as traiçoeiras águas do fundo do mar, avançando. E atacando repetidas vezes o que Sunny está. Mas, droga, Peeta e Prim estão lá também. E no meio desse pensamento, algo pavoroso capta minha atenção. A água. Olho para baixo, e vejo a água no nível de meu tornozelo. E subindo. Meu corpo começa a tremer. Klaine começa a me puxar.

— Temos que sair daqui, Joh – ele grita, enquanto me puxa. – Temos que sair daqui...

Eu não posso encarar isso. Eu não posso. Mas uma coisa faz com que eu comece a me mover. O ódio por Sunny. Eu vou matar aquela desgraçada. Ignorando todo meu medo, eu acompanho Klaine, e saio do submarino me jogando na água aterrorizante. A máscara diminui a sensação de pânico crescente, mas não parece ser suficiente para me tranqüilizar. Klaine e eu nadamos rapidamente enquanto os submarinos se combatem. Com muito esforço, conseguimos adentrar o submarino da vaca Sunny por uma janela estilhaçada. Retiramos as máscaras e olhamos ao redor. A água esta subindo em uma velocidade impressionante. Preciso achar Prim e Peeta. Logo.

— Nos encontramos aqui – Klaine diz, e me beija. Sem dar tempo para eu xingá-lo ele recoloca a máscara e sai correndo por um corredor. Um sorriso idiota aparece na minha boca. Se eu não morrer eu com certeza vou dar mais uma chance para ele. Recoloco a minha máscara e corro na direção oposta á Klaine, dando uma trombada dolorosa com nada menos que Gale.

— Seu cretino – eu grito, enquanto o soco sem parar. Ele pega bruscamente meus braços e me arrasta com ele. Ao chegar num cômodo ele arromba a porta, e me joga contra a parede.

— O que você faz aqui sua louca? – ele pergunta, descontrolado. - São vocês que estão nos atacando? Katniss e a corja salvadora?

— Ah, vai se ferrar seu merdinha. Toda essa vingança por causa de uma simples dor de cotovelo? – Eu pergunto sarcástica sabendo que cutuquei seu ponto fraco. Mas a água já pela minha cintura faz manter a pose ficar extremamente difícil.

— Todos vocês vão morrer – ele diz, e titubeia, pois seus ombros pendem de repente. – todos nós vamos morrer.

— Ele te salvou seu maldito – eu murmuro, e sinto lágrimas em meu rosto, conforme a água vai subindo por meu peito. - Na guerra. Me contaram. Os pacificadores teriam te torturado. Como fizeram conosco ou pior. Ele te salvou. E é isso que você faz em troca? Ainda da tempo de fazer algo bom.

— Você acha? – ele pergunta, parecendo extremamente perdido. Sinto pena dele. Ele é só mais uma marionete de Sunny, que ela criou, alimentando todo o ressentimento dele, por não ter ficado com Katniss no final das contas.

— Na verdade eu não acho. Eu tenho certeza – eu digo e percebo que estou sendo sincera. A água agora chega até minha boca. Eu coloco a máscara, e mergulho. A cena que encontro em seguida, é medonha. Sunny segura o tornozelo de Peeta, que se debate tentando escapar. Sem pensar duas vezes, eu saco um machado e consigo acertar sua coxa. O que faz com que ela solte Peeta, e direcione toda atenção para mim. Ela é ágil e mesmo ferida, avança na minha direção. Eu me desvio de seus golpes com dificuldade. A desgraçada parece ter se preparado a vida toda. Seus golpes são rápidos e precisos. Mas ela está lidando comigo. E eu tenho uma máscara de oxigênio. Ela não. No primeiro vacilo que ela dá, eu consigo sacar meus dois machados, e cravo em seu peito. Um de cada lado. Ela arregala os olhos, e olha para o sangue se espalhando em câmera lenta pela água. Finalmente ela abre a boca, e posso jurar que ela esta soltando um grito da mais pura dor. Eu deveria deixar ela morrer lentamente, mas não quero correr o risco dessa coisa voltar a infernizar a vida de ninguém. Então saco meu ultimo machado, e cravo em sua cabeça. Nado contra a pressão da água, e saio do submarino. Para então encontrar Peeta e Prim, a alguns metros de mim. Ambos estão se afogando, e a superfície parece longe, como nunca. Eu pego Peeta pelo braço primeiro. O mar que antes estava calmo, começa a se agitar. Eu começo a ficar ofegante, pois a sensação é esmagadora. Quando por fim chego a te Prim, constato que não terei como carregar os dois. E sei que se eu pegar um e depois buscar o outro, será tarde demais. Minha respiração começa a ficar pesada. Sei que o oxigênio da mascara esta acabando. Eu não posso escolher. Olho para Peeta, olho para Prim. Com minhas lágrimas se misturando a água do mar, eu retiro minha máscara, coloco em Peeta, e o solto nadando para a superfície com Prim em meus braços. O mar se agita cada vez mais. De uma maneira feroz. Onde estão todos? Eu penso, enquanto sinto que não conseguirei nem salvar Prim. Meu corpo começa a sofrer de espasmos involuntários. Foco minha visão na luz que vejo acima, na luz, que significa o fim desse mar quase infindável. Me agarro a Prim enquanto nado, ao mesmo tempo que me agarro a pouca sanidade que me resta. Você não vai vencer Snow. Você não vai vencer Thread. Você não vai vencer Sunny. Todos estão mortos, e mesmo assim pensam que podem acabar com nossas vidas. Não hoje. Olho para trás, e vejo Gale, Puxando Peeta logo atrás de mim. Isso me dá um fôlego novo. O infeliz realmente fez algo bom no final das contas. E quando tudo parece estar dando certo, as ondas se tornam extremamente fortes, e me jogam para baixo. Eu perco Gale e Peeta de vista, mas continuo firmemente agarrada a Prim. E nos minutos seguintes, me vejo lutando contra o mar, lutando contra as águas, lutando contra meus medos. Eu nado até não me restar forças. As ondas não dão trégua. Mas eu consigo emergir com Prim. Quando chegamos até a areia, estou sem fôlego, completamente desnorteada. A chuva cai sem piedade, fazendo com que o pânico se instale ainda mais em mim. Água... tudo se resume á água. Raios caem a uma curta distancia, me fazendo lembrar ainda mais dos choques. Prim permanece desacordada, seus lábios arroxeados. Eu tento puxar a água pela sua boca diversas vezes. Mas é extremamente difícil quando o ar te falta. Olho para os lados, e não há ninguém. Não vejo Peeta. Não vejo Gale. Só vejo a água que cai do céu, e o mar a minha frente. O terror me sucumbe. O ar some do meu corpo. Sinto apenas a chuva gelada. Tenho a impressão de ouvir Prim tossir. Mas não consigo fazer mais nada. Meu ultimo pensamento é em Peeta, e em como eu nunca irei me perdoar, se ele tiver mesmo morrido.


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