O Diário de ártemis escrita por LucasLight


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Bem.... O que dizer? Faz mais de um ano que postei o último capítulo. Provavelmente nem tenho mais leitores. Mas acho que era o meu dever acabar essa história, não podia deixá-la inacabada. Então depois de muito, muito, MUITO, tempo eis a aqui o último capítulo dessa fic. Espero, para aqueles que o lerem gostem do final. E é com pesar e felicidade que me despeço desses queridos personagens. ;)



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POV – NATE

Levou mais dois dias até que Apolo me deixasse levantar da cama. E ali com minha mãe, meu tio e amigos eu me sentia realmente bem para alguém marcado para morrer. Não que a fúria de Zeus não fosse assustadora, mas eu me sentia realmente em paz quanto a toda a questão de morte e tudo mais. Passar aquele tempo com as pessoas que eu amo foi bom e se minha morte for realmente inevitável, se eu não conseguir aplacar a fúria do meu avô... Bem, eu não poderia pedir um último dia melhor do que aquele.

– Está pronto?

Eu dei um pulo com o susto que levei ao ouvir a voz de Roxanne. Virei-me para a porta e sorri ansioso:

– Eer... Sim, estou pronto.

Ela sorriu de volta para mim, mas não havia alegria no seu sorriso. Seus olhos estavam tristes sem a vida habitual. Fiquei surpreso ao perceber o quanto me importava com ela nesse momento. Não queria deixá-la, não ainda. Queria descobrir mais sobre meus sentimentos antes... Queria ter a oportunidade de... bem, de me apaixonar. Então como o estilhaçar de um vidro atingido por uma pedra, minha recém adquirida “paz interior” em relação a minha morte se despedaçou em milhões de minúsculos pedacinhos. Eu queria viver, queria outros dias como aquele, queria amar... Não, morrer não seria uma opção e o que tive até agora não é o bastante, decidi.

– Escute Rox – comecei – Não precisa se preocupar, tudo bem?

Ela levantou o olhar para mim seus olhos estavam marejados. Roxanne atravessou o quarto até mim e lançou seus braços ao redor de meu pescoço me prendendo em um abraço confortável. Meio desconsertado eu devolvi o abraço, incerto de como agir. Eu realmente não esperava aquilo. Ouvi uma batida na porta e nós nos separamos, subitamente envergonhados. A cabeça de Michael pulou pra dentro:

– Vamos pessoal? Está na hora.

Eu assenti, peguei minha mochila de cima da cama e fui atrás dele com Rox ao meu lado.

A viagem até o Empire State Building foi surpreendentemente rápida, graças ao fato de que o Hotel para o qual Apolo tinha me levado quando estava doente ficava em Nova Iorque e não na Flórida. Nós paramos em frente ao enorme edifício e eu respirei fundo. Finalmente senti, bem lá no fundo vale acrescentar, o fiozinho de medo. Nuvens densas e negras se aglutinavam intensamente na região ao redor formando quase um olho de furacão. Um silêncio mortal se espalhou entre nós quando um brilhante relâmpago riscou o céu seguido de um trovão de estourar os tímpanos. Olhei para minha mãe que estava tão dura quanto uma de suas estátuas e depois para os meus amigos tensos, dei um sorrisinho e brinquei:

– É parece que o vovô sabe que estou aqui.

Se eu pudesse teria engolido cada palavra e deixado a ideia de lado. Uma série de relâmpagos iluminou a cidade em um chegou a cair bem próximo de nós em uma lata de lixo na calçada.

– Se eu fosse você eu largava as piadinhas. – Annabeth

Nós entramos e minha mãe fiz um sinal para o guarda na recepção. Ele se levantou atrapalhadamente e a cumprimentou com a voz aguda de ansiedade:

– Senhor Ártemis! – ele ajeitou o quepe na cabeça.

Minha mãe olhou para ele e disse:

– Seiscentésimo andar.

– Sim, sim! Claro!! – ele mexeu nos bolsos e entregou um cartão-chave para ela.

Nós prosseguimos para o elevador. Minha mãe inseriu o cartão na fenda assim que as portas se fecharam. O cartão desapareceu e um novo botão com o número 600 apareceu. Ela o pressionou e o elevador começou a subir.

– Nós não podíamos ter voado pra lá ou algo assim? – Helena perguntou.

– Seria abusar da sorte – comentou Percy meio verde com a ideia de voar – O Senhor do Olimpo quer Nate morto e também não vai com a minha cara...

Depois disso ficamos em um silêncio apreensivo. O único som era a musiquinha que tocava no elevador. Com um “plim” as portas se abriram para um estreito caminho de pedras. Ali o céu estava ainda mais intimidador as nuvens estavam tão densas que nós não podíamos nem enxergar Manhattan lá embaixo.

– Vamos, não podemos mais adiar isso. – Ártemis falou, ela se virou para mim e com uma mão em meu ombro continuou de forma que só eu pudesse ouvir – Não saia de perto de mim.

Eu assenti e nós continuamos em direção a montanha onde o palácio de Zeus se encontrava. O Olimpo ainda estava passando pelas reformas que Annabeth decidiu fazer. Mas a perspectiva geral era impressionante. Eu a cutuquei.

– Está ficando muito bom.

Annabeth sorriu e agradeceu. Nós subimos os degraus de mármore branco, passamos por incontáveis jardins e outros palácios até o Palácio Central. Era enorme. O teto abobadado, as colunas maciças e os doze enormes tronos em um “U” invertido de repente transformaram o pequeno fio de medo em um devastador buraco negro. Nunca fui covarde, mas naquele momento...

Zeus me esperava, assim como os outros deuses. Apolo já estava em seu lugar e o único trono vazio era o de minha mãe. Meu avô tinha um rosto severo e orgulhoso e seus olhos carregavam uma fúria que, creio eu, não fosse pela minha mãe entre nós eu teria sido incinerado na hora. Nós nos aproximamos mais um pouco. O ar estralou, relâmpagos e brilharam e sentiu o fios de cabelo na minha nuca se arrepiarem com a estática.

A energia que emanava dos 12 deuses ali era sufocante. Principalmente no que se tratava de Zeus. Ele me olhou de cima a baixo e sorriu, um sorriso nada amistoso. Minhas pernas fraquejaram e eu caí de joelhos. Aquilo estava além do meu controle.

– Pare! Pai! – Ártemis falou.

– Você defende o garoto! – Zeus exclamou, sua voz imperiosa.

– É meu filho.

Mais raios riscaram os céus e trovões ensurdecedores estouraram no ar.

– Você ainda o reclama como seu?

Ártemis ergueu o olhar. Um brilho prateado começou a emanar dela e eu, sabiamente, desviei o olhar. Minutos depois ela estava do tamanho dos outros deuses e emanando tanto poder quanto.

– Sim.

Zeus se levantou irado. Seus olhos faiscando.

– Então devo atira-lo daqui imediatamente. – ele declarou – Ou incinerá-lo. Erros devem ser eliminados.

Eu me sentia agoniado. Eu queria fazer algo, mas não conseguia me erguer ou mesmo falar de tal forma o poder de Zeus me oprimia.

– Eu admiti meu erro. – Ártemis falou alto, sua voz cheia de poder – Mas Nate não é o meu erro. Por que o garoto deve ser morto?

– Você não podia concebê-lo! – Zeus gritou – Você jurou Ártemis!

– E esse é o meu erro, quebrar o juramento. – ela se voltou para mim e de alguma forma me vi livre, me pondo de pé – Ele foi uma benção.

– Não! – Zeus gritou.

O deus estava, se possível, ainda mais irritado.

– Não se quebra um juramento. Ele é a minha vergonha ambulante!

– Irmão! – ouvi a voz de Poseidon – isso não é verdade.

Eu esperava qualquer coisa menos a interferência do pai de Percy, ainda mais a meu favor. Zeus se virou para Poseidon que estava sentado, tranquilo, com suas roupas de pescador.

– Como? – Zeus rugiu.

– O que diz de Thalia? – Poseidon prossegui – Sua filha. Ou até mesmo Percy?

Eu olhei para Percy nessa hora que observava o pai atentamente.

– Nós prometemos que nãomais teríamos filhos com humanos, mas aí estão os dois.

– Todos nós cometemos erros, pai. – Ártemis falou – Mas nossos filhos não são culpados ou muito menos erros.

– É diferente!

– Como exatamente, pai? – Apolo se levantou e se aproximou de Ártemis.

Zeus fulminou-o.

– Percy e Thalia ajudaram a salvar o Olimpo!

– Ah isso é verdade, mas se tirar a vida de Nate... – Apolo parou em uma pausa dramática, ele era bom nisso – Pense no que o garoto pode fazer, meu pai. Ele ainda é jovem!

Eu não podia mais ficar quieto. Eu precisava falar em minha defesa ao invés de apenas ficar ali parado ouvindo todos me defendendo e enfrentando Zeus por minha causa. Tomei coragem e falei antes que mais alguém dissesse algo.

– Senhor! – comecei cerrando os punhos – Dê-me uma chance! Dê-me uma chance de provar que sou mais útil vivo do que morto.

Zeus olhou para mim com desdém, mas dessa vez não me deixei intimidar.

– Desde que tenho lembrança vivi aprendendo a lutar no Acampamento. Treinando para ser um herói, para ajudar outros como eu. – continuei, minha voz surpreendentemente firme – Eu vivo e respiro o Olimpo. Luto pelos deuses como todos os outros.

– Isso não muda o que sua mãe – Zeus pronunciou “mãe” como se a ideia de Ártemis ser minha mãe deixasse um sabor desagradável na boca.

– O que eu fiz não interfere na vida do garoto! – Ártemis – Assim como não interfere na vida da minha jovem caçadora e na de Percy.

– Se o seu desejo for me matar, creio... Creio que não há nada que possamos fazer. – eu hesitei quase imperceptivelmente – Mas peço uma chance de provar o meu valor. Quando for preciso.

Zeus voltou a se sentar, assim como Apolo. Minha mãe não saiu do lugar, mas me lançou um olhar, não mais do que um segundo, de orgulho. Sorri para ela. Zeus continuava sério. Ele coçava o queixo pensando. Eu sabia que não havia mais nada que pudéssemos fazer. Então só me restava esperar.

Depois do que pareceram dias de espera Zeus levantou o olhar e falou:

– Aproxime-se semideus.

Eu passei por Ártemis e parei diante do trono de Zeus. Ele se inclinou e me olhou diretamente. Senti vontade de me encolher, mas lutei contra aquilo com todas as minhas forças e devolvi o olhar. Se eu fosse morrer, morreria de cabeça erguida. O olhar do deus pareceu me atravessar. Ver tudo o que eu era.

– Muito bem. – ele falou voltando a se ajeitar em seu trono – O garoto pode viver. Mas chegara um dia que terá de provar o seu valor menino.

Eu assenti.

– Como quiser senhor.

– Existe algo em você, um potencial e é por isso que estou poupando a sua vida. Não falhe comigo.

Eu assenti com a cabeça de novo.

– Pode ir.

Eu me virei e olhei para minha mãe, ela deu um breve sorriso e se sentou em seu trono. Que queria me despedir ou algo assim, mas sabia que não era possível. Caminhei rapidamente até meus amigos e nós saímos da Casa de Zeus. As portas se fecharam. Eu sabia que agora algo aconteceria a minha mãe e ia isso me incomodava profundamente, mas se uma coisa eu sabia sobre ela era que ela era forte. Assim que chegamos a uma distância segura Helena e Annabeth me abraçaram. Michael e Percy deram tapinhas em minhas costas dizendo o quanto estavam contentes que eu ficaria vivo, mesmo que eu ainda tivesse algo como uma sentença de morte, mas ei quem sou eu pra reclamar?

Roxanne ficou um pouco de lado, um braço atrás das costas o olhando a comoção toda. Annabeth olhou para ela e então para Helena que concordou com algo em uma conversa silenciosa, as duas puxaram Percy e Michael para longe me deixando a sós com Roxy. Uma lágrima desceu pelo rosto dela. Eu cocei a nuca sem ideia do que fazer, então, ela correu para mim e pulou em meu pescoço com um abraço tão apertado que quase fiquei sem ar. Eu a abracei de volta enterrando meu rosto em seus cabelos negros, inalando seu perfume doce. A sensação de tê-la em meus braços era melhor do que saber que eu não iria morrer.

– Eu estou tão feliz Nate... – ela falou, a voz embargada – De verdade.

– Eu também.

Ela se afastou e me olhou nos olhos. Seu olhar era tão doce e quente que eu achei que poderia derreter (no bom sentido). Nosso rostos estavam a centímetros um do outro em um impulso eu fechei o pequeno espaço entre nós, selando os lábios dela com os meus. Nunca eu havia sentido nada como aquilo antes. Beija-la me fazia sentir tão bem, tudo naquele toque gritava certo em minha cabeça. Eu aprofundei o beijo e só nos separamos porque precisamos respirar. O rosto branco dela estava corado e o meu também devia estar por ardia fortemente. Meu coração batia loucamente e eu podia jurar que a a qualquer momento ele sairia pela minha boca.

– Sabe, depois de tudo o que aconteceu. – ela falou, ainda em meus braços (eu não queria soltá-la) – A forma como nos conhecemos, a luta contra a quimera, você adoecendo e a agora, ali, com Zeus – raios riscaram os céus, nós olhamos para cima e rimos – Eu descobri... Bem descobri que não posso...

– Shh – eu falei colocando um dedo nos lábios dela – Eu te amo.

Eu a amava, e aquilo era a mais pura verdade. Nos conhecíamos a poucas semanas, mas eu sentia do fundo do meu coração que a amava. Hoje cedo pensava em me apaixonar, mas a verdade era que eu já havia me apaixonado no momento em que coloquei os olhos em Roxanne.

– Idiota! – ela riu e me bateu – Eu ia dizer isso primeiro.

Eu dei de ombros rindo.

– Bem você ainda não falou...

Ela revirou os olhos.

– Eu te amo.

E então, pela primeira vez em minha vida tudo estava certo. Perfeito até, diria eu. Eu sabia quem eu era, conhecia minha mãe, tinha amigos que estariam sempre comigo e uma garota que me amava. Então ali, naquele segundo nas ruas do Olimpo, eu me sentia um estupidamente feliz e completo. E não poderia pedir mais.


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