O vento forte balançava meus cabelos, era uma tarde chuvosa e fria em um dia comum. Zhan Xixi estava em minha frente, com um olhar distante e sério. Quase sempre, ele esteve com esse semblante sério, sem sorrir.

– Você está de mal humor. – Falei, sentando em um banco protegido da chuva.

– Você me faz ficar mal-humorado. – Zhang Xi suspirou, sentando ao meu lado e olhando para baixo.

– Não quer passar a mão em meu cabelo para melhorar seu humor? – Perguntei, olhando-o e sorrindo com o canto da boca.

– Nem venha com esse papo de novo! – Ele falou, movendo-se para longe de mim. Fitei-o, encarando-o e sentindo meu rosto corar. Ele não me viu porque olhava alguma coisa do outro lado da rua.

– Você está estranho. O que está te incomodando? – Falei, aproximando-me dele e o contornando com um braço. Pude vê-lo revirar os olhos.

– Sai de perto! Você está próximo demais! – ele disse alto.

– Só estou tentando te animar. Vamos lá, não precisa ficar assim! – Falei, puxando ele para próximo de mim.

– Tira seu braço de mim! – Zhang Xi me empurrou. Tentando me apoiar nele, escorreguei e o puxei comigo. Ambos estávamos totalmente ensopados no chão. – Olha só o que você fez!

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– Obrigado por me deixar passar a noite aqui. – Falei, acendendo a lâmpada e caminhando até banheiro. O corredor estava vazio, a casa também estava. Apenas nós dois. – Onde está sua irmã?

– Ela está na casa de minha vó, minha mãe está visitando os parentes por lá. – Ele falou, colocando roupas limpas em minha mão..

– Por que você não foi? – Perguntei, entrando no banheiro e fechando a porta.

– Tenho que assistir as aulas. – Ele falou, suspirando. – Não demore aí.

Ele realmente estava estranho, creio que algo o aborrecia. Talvez, pressioná-lo só iria deixar tudo pior. Resolvi esquecer isso, se ele não quer dizer, eu não tenho motivos para querer saber.

– Jian Yi. – ele perguntou, suspirando. Pela altura da voz, ele ainda estava na porta do banheiro, esperando-me.

– Fale, estou ouvindo. – Respondi, entrando na banheira. Esperei uns segundos.

– Termine o banho rápido. Não demore quase uma hora, igual a outra vez.

– Você que manda.

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Ambos estávamos deitados, prontos para dormir. Eu em meu colchonete e ele na cama, como sempre. A coberta estava quentinha, mas a sensação de estar sem cueca era estranha. Por que ele não me deixava usar as cuecas dele? É apenas pano. Ele pegou no sono e não falou muito, talvez alguma coisa tenha acontecido com a família dele.

Fui até a cozinha beber um copo d’água, as lâmpadas estavam apagadas. Ao voltar, percebi que ele tinha um sono profundo. Ele é tão bonito, eu deveria ir agora e beijá-lo. Não, isso não é o correto. Todos sabemos que ele não é bem o cara escolhido para mim. Talvez porque ele é hétero, ou não me quer. Eu não quero forçar nada entre nós, mas eu devo confessar que não consigo parar de pensar em seus lábios, como deve ser beijá-los? Talvez eu nunca saberei.