A Menina Que Beijava Monstros escrita por Kaito


Capítulo 7
O Jogo "Renai" – Final


Notas iniciais do capítulo

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— Ela era apaixonada por você, sabe. – a senhora Kagamine enxugou suas lágrimas. O marido pôs uma mão em seu ombro, como se para confortá-la, mas estava igualmente arrasado, a cara vermelha, os olhos pequenos escondidos sob sobrancelhas grossas demais, e a barba se movendo conforme ele fazia beiços, numa tentativa inútil de não chorar.

— Mas a Rin sempre nos deu problemas. Não nos entenda mal… – ele pronunciou-se. – Nós amamos a nossa filha.

Len não podia fazer nada além de se calar. Ele não tinha o direito de abrir a boca, tampouco a pouca vergonha de fazê-lo.

— Ela sempre precisou ir ao médico, pois tinha alucinações. Ela via bichos onde eles não estavam. Rin comia quando estava muito frustrada, e acabou ficando gordinha, e nós não a impedimos, até ela cismar de emagrecer… – A doce mulher limpou os olhos novamente. – Nós não impedimos novamente, faria até bem, mas… – ela não daria conta de continuar. – Mas…

— Mas as alucinações pioraram. Ela teve anorexia. Depois de muito esforço, passando por… cinco psicólogos, nós mandamos ela de volta para a escola. Ela parecia obcecada com isso… por sua causa. Ela queria te ver.

— Ela desenhava vocês dois se casando inúmeras vezes.

— Quando ela melhorou, nós não hesitamos. Ela tinha voltado a comer e as alucinações eram poucas, como quando ela era uma adolescente…

— Mas nós nunca achamos que ela estivesse vomitando a comida.

— E nós nunca esperamos que ela fosse morrer por falta de nutrição. Sempre nos preocupávamos com o que as alucinações podiam levá-la a fazer... – as palavras soavam fortes e pesadas, e levantaram todos os pelos no corpo de Len.

No seu primeiro dia de aula, Rin desmaiou, e foi levada por uma ambulância até o hospital. Já era noite quando Len decidiu tentar visitá-la, se é que lhe deixariam entrar, e os pais da menina ainda estavam lá. Foram eles quem autorizaram. Mostraram a ele o diário da menina, disseram que estavam felizes em conhecê-lo. No diário, só palavras boas sobre ele; cenários relatados em detalhes que Len nunca se lembrava de ter acontecido: quando ele brigou com todos os meninos que eram maus com ela, quando todas as meninas sentiram ciúmes de Rin, porque Len gostava dela, e não das outras; além de vários desenhos dos dois juntos, que iam ficando mais e mais detalhados conforme o tempo passava. Sempre o mesmo cenário, desenhado pelas mesmas mãos. Len se impressionou – a prática realmente gerara perfeição.

Len olhou para baixo, para seus próprios dedos intercalados.

— Senhor, senhora… eu não sou tudo isso que a Rin fala. Nada disso… nunca aconteceu… – ele tentou se pronunciar, os olhos cheios de lágrimas. – Eu sempre admirei a Rin de longe. Mas de perto? Ah… de perto… eu era só mais um babaca. Não posso fazer nada além de me afogar na culpa, porque é só isso que eu mereço…

— Não diga isso!

— Digo, sim. Eu nunca fiz bullying com a Rin, mas eu nunca a defendi também. Eu sempre fiquei calado. Eu fiz ela chorar, e eu nunca vou me esquecer. – ele se levantou. – Olha… quando a Rin acordar…

O senhor Kagamine olhou para baixo. As chances da menina acordar eram mínimas. Len não sabia o que mais falar.

— Pelo menos… - a mãe enxugou os olhos. – Ela vai sonhar com essa fantasia para sempre. Não é?

E eles não puderam ver, estando cabisbaixos; mas o olhar atrapalhado de Len, que nunca fazia nada certo, alucinou também, com um dedo se movendo, depois outro, depois outro… Uma visão real demais para ser uma alucinação. Ele piscou várias vezes, aguardando um próximo sinal. Fechou os olhos. Tomaria responsabilidade pelos seus atos. Já podia até imaginar os anéis.

— Sim. Para sempre.

AMOR VERDADEIRO X DESEJO = ?


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