A Menina Que Beijava Monstros escrita por Kaito


Capítulo 2
Prisioneiro do Amor


Notas iniciais do capítulo

Música: https://www.youtube.com/watch?v=KVLZH3Mbebs



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Enquanto Rin abraçava o corpo de Kaito, Gakupo era sentenciado á morte.

A medicina podia não ser tão avançada, mas após uma tarde inteira de dedicação, os profissionais identificaram o motivo da morte do príncipe: fora posto veneno em seu vinho. Os cabelos de Rin, que ela não cortara apenas porque sabia que seu amado gostava quando ela os deixava crescer, caíam sobre seu rosto e o dele; aquele corpo aberto, que fora levado a um laboratório sujo e cheio de ratos, e o belo vestido verde que ela trajava, manchado de um sangue que não era dela.

E a mulher de Gakupo chorou, implorou, negou a culpa do marido; mas ele era o cozinheiro real. Não bastando este posto, naquela noite em especial, fora ele a servir o vinho. A jovem mulher de cabelos rosados foi largada aos prantos. Já não sabia se chorava pela decepção de ter um marido assassino, ou porque continuava incrédula, acreditando em sua inocência até o final.

Mas quem mais faria uma coisa dessas? O príncipe era tão querido e amado. Era difícil encontrar em um homem a bondade que se via em Kaito; sempre com um sorriso no rosto, uma flor para dar a uma criança, uma palavra sábia para dizer aos menos afortunados.

Ah sim; entre todos os ex-maridos de Rin, Kaito fora, de longe, o mais amável. A princesa amou a todos, mas abraçou o corpo de Kaito como se ele tivesse sido o único em sua vida inteira.

– Rin, minha irmã… - ela se virou abruptamente, assustada com a voz séria e melancólica que surgira atrás de si. Tentou sorrir.

– Len.

Entre os dedos finos do irmão mais novo, uma tulipa vermelha, sua flor preferida. Rin gostava de decorar seu castelo com elas. Buquês nos saguões, campos inteiros nos jardins. Ela olhou tristemente para a flor.

– Gostaria de ver Kaito segurando-a em seu caixão. - Sussurrou. O cemitério inteiro parecia feito de cruzes negras e tulipas vermelhas a esse ponto.

Ela tentou encaixar o pequeno caule verde entre os dedos frios de Kaito. Aqueles que a tocaram nas bochechas, nos ombros, nos lábios, e, seguramente dizendo, no corpo inteiro, estavam imóveis.

O funerário chegou com passos duros antes mesmo que Len pudesse respondê-la. Ela se levantou; aquele foi o seu adeus.

Virou-se para o irmão.

– Len… – Sussurrou. O loiro ergueu as sobrancelhas tristemente, seus lábios se curvando em compaixão pela irmã. - Por que eu?

E ela se pôs a chorar.

– Não é sua culpa, Rin. Você sabe que não pode controlar…

– Por que justo eu, Len? Eu nasci condenada, não foi? - ela virou o rosto, encarando-o com os olhos molhados. Suas íris da cor do céu contrastavam com o vermelho na esclera. Suspirou trêmula.

Sim, de fato. Kaito Shion estava morto, mas isso não era uma grande surpresa para ninguém. Na verdade, estavam todos contando os dias de vida do infeliz. A princesa Kagamine, como todos sabiam, era uma menina extremamente romântica, doce e gentil, porém enfeitiçada, sabe-se lá por quem (ou pelo quê): todo e qualquer homem que viesse a amar, fosse ele de seu reino ou do próximo, mais velho, mais novo, estava condenado a morrer.

Infelizmente, Rin jamais se cansaria de procurar seu amor; após a morte do primeiro, procurou substituí-lo; chegado o fim do segundo, quis um terceiro, e um quarto, e um quinto, pondo em mente que, um dia, seria capaz de viver feliz e esquecer de toda aquela tragédia.

Mas esta é a história de uma princesa extremamente azarada.

Len suspirou, perguntando-se o motivo da insistência da irmã em encontrar um marido que, bem, durasse. Sabia que ela morreria tentando; morreria viúva. Por sua beleza eminente, havia quem ainda tentasse lhe pedir a mão, mesmo que inutilmente, acreditando ser aquele que acabaria com a maldição da menina. Ele sabia que todo aquele amor que seus pretendentes sentiam era raso, não passando de uma grande atração que era inevitável, tratando-se de uma princesa tão bonita. Suspirou outra vez.

"Você não se cansa? Já não basta?", pensou. Ele nunca perguntaria. Seus olhos semicerrados encararam os caixões uniformes. Eram tantos, que ele já não podia dizer quem era quem.

O herdeiro, por outro lado, não tinha a menor vontade de se casar. Quem sabe, teria o mesmo feitiço que a irmã pregado sobre ele; jamais saberia. Nenhuma menina lhe agradava, nenhuma superava suas expectativas. Nunca foi capaz de amar uma garota, fantasiar com ela como Rin fazia com tantos jovens.

Se lhe perguntassem, Len diria que também estava enfeitiçado, como a irmã: como príncipe, não lhe faltavam status, fama, dinheiro ou uma beleza inegável; mas faltava a capacidade de ter aquilo que seu coração realmente desejava.

Nada lhe fora tirado tão brutalmente quanto os muitos ex-maridos de Rin, mas, abraçando a irmã daquele jeito, ouvindo seus soluços e toda a sua melancolia contagiante, ele se sentia como o prisioneiro de um feitço também.


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Notas finais do capítulo

Terá continuação :3~



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