Simple like Flowers escrita por BlueLady


Capítulo 19
Capítulo dezenove - Luta contra a rainha


Notas iniciais do capítulo

Então, esse capítulo foi focado em duas coisas principais: a luta contra a Rainha e a apresentação dos novos personagens. Eu nunca escrevi uma cena de ação antes, então não sei se ela está boa, o feedback de vocês será muito importante para eu melhorar.
A Volpina nessa fic NÃO é a Lila, eu já tinha pensado em toda a história antes do episódio da Volpina e eu não poderia simplesmente mudar tudo.
Para essa fanfic, é importante que vocês ignorem as partes 1 e 2 do Origens, porque eu mudei muita coisa.
Só isso, espero que o capítulo esteja fácil de entender.
Boa leitura ♥



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ATENÇÃO NAS NOTAS INICIAIS

Ele desistiu. Chat Noir simplesmente desistiu. Não sabia mais distinguir o que eram lágrimas o que era suor.

Suor de desespero.

Suas mãos tremiam e ele ainda não conseguia soltar o corpo frio de Marinette. Ele não conseguia falar, não conseguia mais fazer nada. Sua mente não funcionava. Perder Marinette era uma das piores dores que conseguia sentir, uma menina tão doce terminar daquele jeito.

― CHAT! POR FAVOR! ― A voz voltou a gritar, mas Chat não conseguia ouvir, seu cérebro não conseguia ouvir. Estava apagado para o resto do mundo.

Sentiu uma leve dor física em sua cabeça, mas nada se comparava a dor emocional dentro de seu peito.

As lágrimas já secas queimavam seu rosto. Devia estar sol, mas ele não conseguia ver nada.

Não, ele conseguia ver uma coisa. Conseguia ver o céu azul. E isso o fazia se lembrar dos olhos sem vida de Marinette. Doía demais.

― Reaja, Chat, não pode ser tão ruim o que você está vendo.... ― A voz tentou de novo.

Isso gerou algo dentro de si, uma raiva cresceu e ele conseguiu se levantar, com o corpo de Marinette ainda grudado no seu.

“Você está ouvindo, não está? Está ouvindo ela falar que a morte dessa garota não é importante. Você sabe quem é o vilão, não sabe? Não pode deixar a morte da garota ser em vão. “

Não era sua própria consciência dizendo aquilo, sabia que não era. Sua consciência não tinha uma voz tão diabólica e cínica. Ou ele tinha ficado louco de vez.

― O que eu faço com ela? ― Ele encarou o corpo quase inteiramente vermelho de sangue de Marinette. ― Eu não posso deixá-la aqui.

“ Deixe-a no chão, perto dos armários, você vai ter uma surpresa. Não saia de perto. Você não pode. “

― Não a escute, Chat. Eu não posso ir até você, mas ela está te usando, olhe para mim, isso é uma ilusão, nada disso é real.

Chat não conseguia ver onde a pessoa estava escondida, sua voz parecia vir de todos os lados, ele não conseguia segui-la.

― QUEM É VOCÊ? ― Gritou com todas as forças. A voz hesitou.

― Sou eu, Chat, a Ladybug, não consegue me ver? Eu estou aqui. ― Tinha desespero e ansiedade em sua voz.

“ Não se deixe enganar, Ladybug nunca ligou para você, verdade? Quem quer que seja, só quer que você sofra e abandone o corpo da garota. Você vai deixar isso acontecer? ”.

Chat sabia no fundo de seu coração que Ladybug se importava com ele, mas a raiva que o dominava não o deixou pensar. Voltou em direção ao armário de vassouras e se surpreendeu ao ver uma pequena cama improvisada, com um tecido vinho e travesseiros dourados. Era digno dela.

Abaixou e deitou o corpo de Marinette lá, a cobrindo delicadamente com o tecido.

“Eu não falei que teria uma surpresa? Não tem mais por que duvidar de mim. “

― Chat, o que você está fazendo? Quem você está segurando? Não tem nada em suas mãos. ― A voz soava mais desesperada que antes.

“ Hora de agir, Chat. Consegue ver o círculo vermelho? Não pode sair dele ou Ladybug o matará. Traga ela para dentro. Você não pode vê-la, mas eu posso, te direi para onde ir, onde olhar, vai ficar tudo bem claro. Não me desaponte. Pela garota. ”

 ― Como quiser. ― Ele não enxergava o inimigo, mas, de certa forma, sabia para onde ir. ― Você não vai escapar de mim, Ladybug!

― Então tente me pegar, aposto que não consegue. ― Ela caçoou, nervosa, com medo de descobrir se a estratégia iria funcionar ou não. ― Quem você estava segurando? Deve ser um alguém qualquer para você abandoná-lo desse jeito.

O sangue queimou nas veias de Chat, ele nunca se sentira tão bravo.

“ A atraia para dentro do círculo e poderá fazer o que quiser com ela. “

― Tenho planos melhores. ― Ele sorriu diabolicamente e, em um impulso passou a correr em direção da Ladybug.

“ Não! NÃO! VOCÊ NÃO PODE SAIR DO CÍRCULO, ME ESCUTE! ”

Mas Chat não ligava mais para a voz. Tudo ficou escuro e ele não enxergava mais nada, mas não parou, continuou a correr. Sentia que estava próximo de sua vingança.

“ÚLTIMA CHANCE! EU TE DAREI TUDO, POSSO TRAZÊ-LA DE VOLTA A VIDA SE QUISER”

A voz gritou, esperançosa que sua última tentativa surtisse efeito.

Mas Chat simplesmente não conseguiu parar e atravessou o círculo.

O ar entrou em seus pulmões e ele sentiu uma onda de choque percorrer por todo seu corpo, antes de cair de joelhos no chão.

― Chat! ― A voz gritou, e Ladybug apareceu em seu campo de visão e se agachou para encará-lo nos olhos. ― Graças a Deus, você parece inteiro. ― Ela segurou o rosto dele com as mãos e analisou, esperando ver algum ferimento.

Mas o ferimento estava em sua alma.

Não sentia mais raiva, na verdade não sentia mais nada.

Sua mente foi transbordada pelas imagens do corpo morto de Marinette e as lágrimas voltaram aos seus olhos. Dor. Dor se arrastou por seu corpo inteiro. Perdeu Marinette, como pode deixar isso acontecer? Como pode ser tão imprudente? Os pensamentos torturavam sua mente e corpo.

As lágrimas voltaram a cair, estava acabado. Ladybug não pestanejou e o abraçou, acariciando seus cabelos como se fosse uma criança e de fato, Adrien se sentia uma. Uma pequena criança indefesa que não sabia o que fazer.

― O que você viu que te deixou assim? Que ilusão ela fez para te derrubar desse jeito?

Chat segurou as lágrimas.

― Eu vi uma garota morrer, my Lady, eu não pude salvá-la, seu corpo... Seu corpo... ― As lágrimas caíram.

― Chat, por favor, olhe para onde deixou o corpo dela. ― Ele negou com a cabeça, assustado como uma criança. ― Não faria nada para te machucar, não é? ― Ela olhou com doçura para ele, com um sorriso em seu rosto e ele se convenceu que ela sabia o melhor para ele.

Ele se virou devagar, ainda temeroso com o que poderia ver, imaginou várias cenas em sua cabeça, mas o que viu o fez se surpreender ainda mais, sem saber o que fazer ou falar, apenas abriu a boca, surpreso.

Não tinha nada lá além de um armário espatifado no chão, exatamente do jeito que Chat vira depois de movê-lo. Sem sangue, sem um corpo, sem nada.

― M-Mas.... Mas eu vi. ― Sua voz estava trêmula.

― O akuma te provocou isso quando entrou naquele círculo. ― Ladybug apontou para um círculo vermelho desenhado no chão. Uma parede vermelha e transparente subia nos limites do círculo, formando uma cúpula. ―  Ela controla tudo lá dentro. É como seu reino particular. Ela brincou com sua cabeça.

A raiva cresceu em seu peito, mas não tanto quanto o alívio, mas logo depois, foi substituído pelo desespero.

― Ela estava lá dentro, eu sei que estava.

― Eu tirei ela de lá antes que jogarem o armário, ela está bem e fugiu com os outros alunos. ― Ladybug consolava o gatinho perdido. Não era totalmente verdade, mas Marinette estava longe de perigo.

Ele relaxou os músculos tensionados e sua expressão suavizou. Marinette estava bem.

Seu alívio foi tomado pela raiva rapidamente. Um desejo assassino tomou conta do garoto.

― Onde ela está? ― Perguntou seco. Ladybug sabia que ele queria ir atrás da pessoa akumatizada.

― Birdie e Chien já foram em sua direção. Eu não sei onde estão, fiquei aqui para trazer você de volta.

― Merda! ― Ele gritou, furioso, e passou a mão no cabelo.

― Vocês precisam de ajuda? ― Uma voz ofegante atrás deles os fez se virarem, depressa.

Uma garota com cabelos castanhos, uma roupa laranja com detalhes brancos e uma flauta parou a poucos metros de distância deles. Ela estava ofegante, mas tinha um olhar calmo e acolhedor.

Ladybug entrou em alerta, nunca poderia saber quem era amigo e quem era inimigo.

― Eu estou aqui para ajudar, se não quiserem minha companhia, posso indica-los o caminho. Chien e Birdie precisam de sua ajuda. ― Ela disse em tom de desespero. Ladybug não sabia se devia confiar na garota, não lhe era familiar, mas não parecia alguém má.

― Nos leve, por favor. ― Chat pediu, com a voz ainda séria e a expressão irritada. Ladybug olhou para Chat Noir surpresa, abaixou a guarda por um minuto, Chat sempre fora brincalhão, uma criança, mas tudo que Chat Noir não parecia naquela hora era uma criança. Ladybug vira o homem por trás de Chat Noir.

― Será um prazer. ― Ela se curvou. ― Eu sou a Volpina, talvez não acreditem que posso ajudar, mas Chien e Birdie me conhecem. ― Ela parecia mais aliviada. ― Infelizmente, meus poderes não facilitam o transporte, mas não estão muito longe, se nos apressarmos poderemos chegar sem problemas.

Chat Noir assentiu com a cabeça, levemente. Ladybug não estava tão convicta, mas o fato de Chat Noir estar tão confiante e maduro, com a cara fechada e séria ― O tornando mais sexy, em sua opinião, obviamente que nunca admitiria isso. ― Fez com que ela concordasse.

Volpina se movimentava o mais rápido que podia, mas era aparente o quanto estava esgotada.

― Volpina! Aqui! ― A voz de Birdie ecoou pelos ouvidos dos três. Uma risada diabólica soou e viram Birdie ser atirado de uma casa em cima deles. ― Acho que ela não gostou da notícia. ― Ele disse enquanto se levantava com as mãos nas costas.

Alguns civis passavam por ali e pararam para ver, assustados, mas curiosos.

― Olha se não é um gatinho perdido. Você caiu que nem um patinho no meu reino, não acha? Pena que estamos tão longe dele, que tal o expandir? ― Uma figura apareceu em cima do telhado.

Parecia uma rainha de Copas, com um sorriso malévolo e olhos com grandes círculos pretos os contornando.

Ela levantou seu cajado e nada aconteceu, mas pelo olhar maléfico, algo grande devia ter acontecido.

Chat Noir tremeu. Ladybug se pôs em alerta, achando que ele poderia estar sendo controlado de novo, mas a tremedeira de Chat Noir se devia a outra coisa. Raiva.

― Acho que ele não gostou de ter visto a morte daquela garota. ― Ela riu amargamente, mas parou e se virou rapidamente para evitar ser atingida pelo bumerangue de Chien.

― Merda. ― Ele gritou ao ver o bumerangue voltar para ele.

― O cachorrinho insolente acha que pode me deter? ― Ela riu com escárnio.

Volpina tocou sua flauta e vários clones seus apareceram, deixando a Rainha confusa.

Ela não sabia para qual olhar, mas se virou rápida o suficiente para evitar outro ataque, dessa vez de Birdie. Sorrindo, ao confrontar o garoto, não viu outra pessoa chegando por traz e acertando seu pescoço, a fazendo cair de joelhos.

― Hoje não é seu dia. ― O homem que a abateu tinha cabelos vermelhos como o fogo, roupas azuis e uma barbatana saindo de suas costas. Ele olhou para os outros heróis, com olhos sérios, mas um sorriso escapou de seu rosto quando seus olhos pousaram em Volpina. ― O tempo fez muito bem para você, querida.

Ela riu, mas Ladybug percebeu suas bochechas vermelhas com o comentário.

― Quem é você? ― Ladybug perguntou, mas ele não teve tempo de responder, pois foi jogado longe.

― QUEM VOCÊ PENSA QUE É?! ― A Rainha gritou e esticou as mãos novamente, com uma cara extremamente irritada.

Ladybug e Chat Noir sentiram o efeito de imediato. O círculo vermelho que delimitava o espaço que Chat antes estava, crescia freneticamente.

― Meu reino está aumentando e vocês não podem fazer nada. ― Ela sorri. ― Preparados para o pesadelo?

Chat tremeu ao lembrar da visão que teve antes. Não duvidava em nada dos poderes daquela mulher, na verdade, cada coisa que ela dizia o assustava e o irritava mais.

Ladybug tentou um ataque pelo ioiô, mas a Rainha segurou o cabo e a girou pelos ares.

Ela viu o limite do círculo vermelho e viu o que viria. Ficaria presa numa miragem que nem Chat Noir ficara e não estava nem um pouco pronta para isso.

Pelo canto do olho, viu o olhar assustado de Chat Noir, mas ele não conseguiria parar, estava muito longe para isso.

De repente, sentiu seu corpo perder a velocidade ao ser jogado contra algo. Abriu os olhos e viu Volpina em sua frente, sendo empurrada pelo impacto para dentro do círculo. Ladybug caiu sentada no chão.

― Ladybug! ― Chat Noir a levantou pela cintura e correu para longe do círculo o mais rápido que pode.

― O que está fazendo? A Volpina ficou para trás!

― Se eu não te tirasse de lá, as duas ficariam para trás. Quer que o sacrifício dela seja em vão?

― Querida, isso que acontece quando você escuta aqueles que dizem te ajudar. ― Ouviram a voz da Rainha. Estava mais baixa que o normal. Ladybug ia retrucar, mas percebeu que não era para ela.

A Rainha olhava para o círculo e sua fala era diretamente para ele. Mesmo colocada no ombro de Chat Noir como um saco de batatas enquanto ele corria, ela conseguiu ver a figura de Volpina agachada, com a mão na boca, como se não acreditasse no que via.

― Vamos, querida, levante-se e atraia o tubarão aí para dentro. Ele irá se for por você. Sabe o que fazer depois, não sabe? ― A Rainha continuou. Seus olhos ficaram vermelhos por um instante, mas ela ainda encarava fixamente o círculo.

― Chat, me solta, não vai adiantar de nada ficarmos aqui correndo. ― Ele parou abruptamente e a colocou no chão com cuidado, o olhar dele estava preocupado, mas a confiança falava mais alto.

― Lucky Charm! ― Um óculos de sol caiu em sua mão. Marinette olhou aquilo preocupada. Quer dizer, tinha um círculo vermelho indo atrás deles e eles definitivamente não tinham tempo para tomar sol.

Ela passou a olhar as coisas ao redor. Foi só então que percebeu que o círculo tinha parado de crescer. Enquanto tem alguém lá dentro, ele não pode mais crescer, concluiu ela.

A Rainha estava fixamente olhando para o círculo, sem desviar os olhos, e seu olhar ficava vermelho algumas vezes.

― Chat Noir! ― Ele ficou ao seu lado rapidamente. ― Preciso que você faça uma coisa. ― Ela cochichou o plano em seu ouvido e ele assentiu rapidamente.

Chat Noir subiu silenciosamente as paredes do prédio onde a Rainha estava em cima. Parou logo atrás dela e a mesma nem se moveu.

Ladybug percebeu a deixa e jogou os óculos com a maior força que conseguiu e Chat Noir o pegou com êxito.

Ladybug preparou seu ioiô e a reação foi quase imediata. Assim que Chat Noir colocou os óculos na Rainha, sua atenção foi completamente para o gato, raivosa e pronta para jogá-lo longe.

Essa foi a deixa para Ladybug jogar seu ioiô e prender a perna da Rainha, ela olhou confusa para a canela, mas não teve tempo de fazer qualquer coisa, pois foi facilmente puxada para onde Ladybug estava.

No meio do caminho, sua mão não aguentou segurar o cajado, e ele se soltou, caindo no chão. Chat Noir foi rapidamente até ele, o pegando sem dificuldades, mas Ladybug estava longe demais para que ele pudesse jogá-lo para ela.

― Chat Noir! ― Birdie chegou voando ao seu lado.

― Birdie? Achei que você tivesse levado uma surra. ― Chat comentou sem maldade. A cara de Birdie fechou.

― Não faz bem para minha autoestima ficar relembrando esse fato, só me dê o cajado que eu levo para Ladybug. ― Ele assentiu e entregou o cajado.

Birdie voou até Ladybug. Ela ainda prendia a Rainha e pela sua expressão, não ia aguentar muito tempo.

― Solte-me, joaninha imprudente! Quem você pensa que é? ― Ela gritava. Birdie se preparava para intervir quando algo se chocou contra a Rainha, a fazendo cair.

― Uh-la-la, Rainha. ― Chien estava em cima dela, segurando suas mãos contra o chão. ― Essa posição seria muito mais agradável se você não estivesse tentando nos matar. ― Ele sorria para ela, que o olhava com ódio. ― Não faz essa cara, me magoa.

― Ladybug! ― Birdie gritou. Ela olhou para ele no exato momento para pegar o cajado.

Ela o quebrou contra seu joelho e o akuma saiu. Ela o purificou.

― Miraculous Ladybug! ― Ela gritou ao jogar os óculos escuros no céu.

O apitar de seus brincos indicou que ela não tinha muito tempo sobrando. Ela atirou seu ioiô contra um prédio e desapareceu entre eles.

Birdie estava conversando com a garota akumatizada.

― Vai ficar tudo bem. ― Ele disse, afagando seus cabelos. ― Não era você fazendo isso. ― Ele dizia com uma voz tão calma que a garota conseguiu parar de chorar e se encostou contra seu peito com os olhos fechados, cedendo ao desespero.

― Ela está bem? ― Chat Noir chegou. Birdie não falou nada, só assentiu levemente. ― Qual seu nome?

― M-Melody. ― Falou com a voz baixa. ― E-Eu s-sinto m-mui...

― Não precisa, não foi sua culpa. ― Ele sorriu para ela e a deixou ser confortada por Birdie.

Volpina estava mais ao fundo, sendo afagada pelo novo herói. Ele tinha um olhar extremamente calmo e conversava com ela baixinho o suficiente para que só os dois escutassem.

― Quem são vocês? ― Chat perguntou, na defensiva, quando se aproximou.

― Eu sou a Volpina, é um prazer. ― Ela se soltou dos braços do tubarão e se curvou, em uma reverência.

― Eu sou Shark, e é um desprazer sua presença nesse momento. ― Ele disse, com uma cara fechada, mas um sorriso logo apareceu assim que Volpina deu um tapa nele.

― De onde vocês vieram? Por que surgiram do nada? ― Chat Noir precisava saber. Em um momento, eram só ele e Ladybug, então, de repente, eram 6 deles.

― Eu cheguei na cidade há pouco tempo, desde então, estive ajeitando minhas coisas. ― Volpina comentou, com um sorriso simples.

― Eu estive aqui o tempo todo. ― Shark comentou, dando de ombros. ― Eu só apareci porque a Volpina apareceu.

― Eu sei que é difícil entender e até acreditar em nós, mas recebemos nossos miraculous há algum tempo. Antes disso, fomos treinados, sabe? Eles precisavam que vocês agissem imediatamente, mas podiam nos treinar para que ajudássemos vocês posteriormente.

Chat Noir se sentiu levemente traído. Por que nunca soube desses heróis? Em sua cabeça, era tudo tão mais simples...

Um barulho de adolescentes conversando chamou sua atenção. Reconheceu alguns rostos e a ficha caiu. Eram os alunos de sua escola. O desejo de ver Marinette ultrapassou qualquer outro sentimento.

― Sinto muito, eu preciso... ― Não conseguiu terminar a frase, simplesmente saiu correndo na direção dos adolescentes. Alguns reconheceram Chat Noir e apontaram em sua direção, comentando.

Assim que ouviu o nome ser pronunciado, Marinette não conseguiu evitar procura-lo na multidão. Ladybug sabia o sofrimento que Chat sofrera, mas Marinette não, e ela tinha que se agarrar a esse pensamento.

― Estão todos bem? Nenhum ferido? ― Falou de fachada, mas nem se importou em ouvir a resposta, pois os olhos azuis de Marinette preencheram sua vista. Ele nunca pensou que pudesse se sentir tão aliviado, mas ver Marinette em sua frente, com os grandes olhos azuis cheios de vida o encarando, fez algo dentro de si – que tinha certeza que era o coração, mas ignorou a informação – queimar de desejo.

E, pela primeira vez, ele realmente desejava os lábios dela contra os seus.

― Você está bem? Soube que estava no armário de vassouras e, bem... ― Não conseguiu terminar a linha de raciocínio.

Marinette teve que resgatar todas as forças para conseguir atuar bem naquela situação.

― Ah, Adrien te achou? Ele está bem? ― Ela perguntou, nervosa, mas Chat não conseguiu perceber. Ela não queria deixar transparecer a culpa por não ter pensado no loiro uma vez sequer desde que se transformou em Ladybug, visto que outra pessoa dominava seus pensamentos...

Era ridículo, mas Chat sentiu ciúmes dele mesmo. Marinette pensava em Adrien, não em Chat Noir, e isso fez com que ele quisesse matar a si próprio.

― Ahn, sim, claro, eu o vi. ― Ele respondeu, hesitante. ― Ele está bem, me pediu para te ajudar. ― Sorriu, mas sua cara fechou quando lembrou do corpo de Marinette sem vida em seus braços. ― Eu vi o armário se espatifando, foi assustador. ― Foi tudo que conseguiu dizer.

Todos olhavam aquela conversa com os olhos arregalados, mas sem saber direito o que fazer. Não queriam atrapalhar aquela cena, mas a curiosidade os queimava por dentro.

― Imagino... ― Ela não conseguiu dizer nada mais e um silêncio desconfortável se pôs entre eles.

― E-Eu vou indo, j-já que não precisa de minha ajuda. ― Chat Noir quebrou o silêncio, sem uma real vontade de dizer aquilo. Marinette assentiu com a cabeça e esboçou um sorriso tímido.

Aquilo o atingiu no peito.

Ele pretendia ir embora sem causar alvoroço, mas com Marinette sorrindo daquele jeito o deixou totalmente sem fala nem reação.

E então, teve a reação mais improvável possível.

Se inclinou e seus olhos verdes ficaram na altura dos olhos azuis dela, levemente arregalados graças a surpresa. Ela abriu a boca, pronta para falar algo, mas foi prontamente interrompida pelos lábios de Chat Noir encostando nela com um beijo.

Na bochecha.

Ela adquiriu todos os tons possíveis de vermelho, quando o viu recuar. Por baixo da máscara, ela conseguiu ver a face levemente rubra do mesmo.

― A-A-Até mais. ― Ele conseguiu sibilar e saiu dali o mais rápido possível.

Todos olhavam perplexos para Marinette, que não pareceu notar, seus olhos estavam na direção que Chat desaparecera.

Chat Noir correu para um lugar que ninguém o visse.  Sua face queimava tanto que ele podia entrar em combustão ali mesmo.

Subiu em um prédio e se destransformou em seu telhado. Embora fosse o fim da tarde, o céu estava incrivelmente azul e brilhante.

Tudo favorecia para que pensasse nela. Em seus grandes olhos azuis brilhantes que o cativavam.

― Adrien? AAAAADRIEN! ― Plagg gritava, em súplica.

― O que foi, Plagg? ― Adrien perguntou, irritado por ser interrompido ao pensar em Marinette.

De alguma forma, os olhos azuis dela pareceram familiares, mas ele não conseguiu lembrar onde os tinha visto fora do rosto da jovem, então apenas deixou o sentimento de lado.

Embora ele ainda martelasse sua cabeça.

― Eu quero queijo, o que estamos fazendo aqui nesse telhado, está pensando em se matar, Adrien? ― Perguntou com a voz calma.

― Claro que não! Eu só... estou pensando. ― Ele suspirou e Plagg fez o mesmo, mas o suspiro do kawami se devia ao fato de achar que Adrien estava perdido.

― Pensando em me dar Camembert?

― Pensando na Marinette. ― Fez uma longa pausa, olhando para o céu desaparecendo no horizonte. ― Plagg?

― O que foi? ― Respondeu, já irritado.

― Acho que eu estou apaixonado.

― Adrien, me poupe.


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Notas finais do capítulo

Eai, o que acharam?