Simple like Flowers escrita por BlueLady


Capítulo 20
Capítulo Vinte - Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Olá! Como estão vocês?
Obrigada pelas recomendações e comentários. Eu leio todos, mesmo que eu não responda. (Odeio responder comentários no Nyah)
Eu estava pensando em fazer um vídeo rapidinho aqui para o Nyah agradecendo ás recomendações, mas isso é só ideia ainda.
Achei o capítulo fraquinho, mas ele é muito importante.



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― Você vai me contar tu-di-nho, se não contar um detalhe que for, já pode dizer adeus para mim. Você não quer isso, quer? ― Alya estava, histericamente, gritando no meio de uma lanchonete cheia. Claro que todos paravam para olhá-la, mas ela parecia indiferente quanto a isso. Quer dizer, sua melhor amiga tinha acabado de receber um beijo na bochecha do herói da cidade, tinha alguma outra coisa com que ela deveria se importar?

― Alya, eu não tenho nada contar. ― Suas bochechas levemente rosadas não diziam o mesmo, mas Marinette parecia não perceber o quão corada estava. Em vez disso, sugou o canudinho esperando o milk-shake tomar conta de seu paladar.

― O caramba que você não tem nada para contar. ― Ela tirou a bebida da mão de Marinette e olhou sua cara de desapontada quando o copo desapareceu de sua mão. ― Conta. Agora.

― Não foi nada demais, quer dizer, eu ainda estava na escola quando o ataque começou. Adrien também. Ele me levou para o armário de vassouras e me pediu para ficar lá que pediria ajuda. Ele pediu ajuda para o Chat Noir, mas o armário foi jogado e quebrado. Ele teve uma ilusão de que eu estava lá dentro e entrou em pânico. Só isso.

― E como você saiu de lá de dentro?

― A Ladybug me salvou... ― Tentou pegar de volta a bebida, mas Alya não parecia fazer questão de devolver tão cedo.

― Você foi salva pela Ladybug?! E ainda diz que não foi nada? ― Ela bateu na própria testa. ― Me desculpe, Deus, por ter uma amiga tão burra e...

― Não precisa me difamar. ― Marinette interrompeu, irritada o suficiente para fazer Alya parar de prestar atenção no teto da lanchonete e encará-la com um ar irônico.

― Devia ter pensado nisso antes de ser tão... ― Alya se auto interrompeu pelo olhar reprovador da amiga. ― Você sabe o que eu quis dizer. De qualquer forma, não pareceu que aquele beijinho foi de alívio, parecia muito mais... Desejo. ― Se Marinette estivesse com o copo, teria engasgado com a bebida, mas, em vez disso, engasgou com a própria saliva.

― Não diga asneiras, Alya, como poderia ele me desejar? Você sabe como eu sou um desastre total e... ― Se embolou com as palavras graças ao nervosismo. Alya sorriu maliciosamente.

― Claro que eu sei, Marinette, claro que eu sei.

As duas saíram da lanchonete e se despediram rapidamente. Marinette tinha que voltar para casa e tinha certeza, pensou com relutância, que sua mãe não ficaria nada feliz graças ao horário que a mesma estava chegando.

Caminhou lentamente até a casa, se já levaria bronca, não importava mais para a garota chegar mais cedo ou mais tarde. Infelizmente, não conseguiu adiar demais a chegada, pois, ao olhar para frente, viu a entrada da padaria e seus pais olhando fixamente para os produtos da loja e para uma cliente ali dentro.

Infelizmente, novamente, sua chegada não passou despercebida. Tom continuou conversando com a cliente, porém Sabine fixou os olhos nela de uma maneira que ela soube que não tinha para onde fugir. Esperar seria até menos doloroso.

A cliente saiu com um sorriso no rosto da loja e passou direto por Marinette. Ela inspirou fundo e entrou dentro da loja. Tom olhava para ela com uma mistura de aborrecimento ou pena.

― Achei que tivesse sido claro quanto ao horário de chegar em casa. ― Sabine estava calma, mas seu olhar fulminava.

― Mamãe, não viu que a escola fora atingida por um akuma? Eu... eu fui levada com os outros alunos, eles evacuaram a escola. ― Os olhos semicerrados e desconfiados de Sabine se arregalaram em menos de um segundo. Em um segundo ela estava a dois metros de Marinette e no outro estava abraçando a filha.

― Oh, querida. ― Ela soltou Marinette do abraço e começou a apalpar seu rosto, em busca de machucados. ― Você se machucou? Está inteira? Como não percebemos que nossa pequena estava em perigo, Tom? Somos pais horríveis. ― Ela se lamentava e Marinette tentava interrompê-la e dizer que estava tudo bem, mas não conseguiu.

― Eu estou bem, mamãe, ninguém me machucou. Estou inteira. Vocês não são pais horríveis. Era impossível saber que eu estava em perigo. ― Marinette tentou argumentar, mas os olhos brilhantes de lágrimas de sua mãe mostravam que toda sua tentativa tinha sido falha.

 ― Vou preparar comida chinesa, é sua favorita, não é, bebê? ― Marinette estremeceu por vários motivos. 1) Odiava comida chinesa, mas sua mãe nunca soubera disso, Marinette nunca conseguiu magoá-la. 2) Ela esperava que Marinette comesse que nem uma condenada, e não aceitaria que a filha comesse apenas o macarrão. 3) Sua mãe só chamava ela de bebê as vezes, mas quando o fazia, sentia que não ia se livrar dela por muito tempo.

― Na verdade, mamãe, acho melhor só comermos algum lanche. Sei como dá trabalho e eu não estou com tanta fome. ― Marinette forçou um sorriso, esperando que a mãe não percebesse a investida da garota para se esquivar do jantar.

― Tudo bem, mas eu insisto em fazer isso no almoço de amanhã. Não, na janta, vou permitir que saia com seus amigos para o almoço. ― Marinette arfou, surpresa. Percebeu que nem metade de sua surpresa deveria estar estampada em seu rosto, mas, mais que olhos arregalados e uma boca aberta, não era algo que ela realmente queria mostrar.

― Tem certeza? ― Pergunta errada. Deveria ter se aproveitado enquanto a mãe estava bondosa e apenas tivesse pulado nela e mostrado sua alegria. Mas a pergunta já fora feita, de qualquer modo, e tinha que arcar com suas consequências.

― Não abuse da minha boa vontade. ― Marinette não ouviu o fim da frase, pois pulou na mãe, com um sorriso enorme no rosto.

― Obrigada, mamãe, você é a melhor do mundo. ― Deu um beijo em sua bochecha. ― Eu vou subir e já desço para o jantar. ― Sua mãe acenou para ela e foi em direção a cozinha.

O sol já caía no horizonte quando Marinette deixou suas coisas no quarto. Ela se virou rapidamente, queria descer o mais rápido possível e acabar com os sonhos loucos de sua mãe – que envolviam comida chinesa e muito sofrimento – o mais rápido possível.

Não foi isso que aconteceu.

Seus olhos pararam naquela parede perto do computador. Ela reconheceria a parede mesmo que estivesse cega. Ali, perto da janela, estava a parede de fotos. A parede de fotos do Adrien.

Aquela parede era quase como um santuário. Adrien nunca amaria ela, estava ciente disso. Embora seu coração criasse esperança, dia após dia, uma lasca era tirada dela quando ele não a tratava mais que uma amiga.

Não que de repente, passou a tratá-la com tanto carinho que ela duvidava, mas, afinal, quem gostaria dela? Uma garota sem graça e estabanada, com uma aparência convencional e sem nada que chamasse atenção.

Não importava se Adrien começasse a sentir algo por ela, as lascas da madeira nunca retornariam por simples carinho.

Mas havia algo que as faria retornar, e ela sentia, uma por uma, voltando ao lugar de onde vieram, aquecendo o coração da jovem e fazendo a mesma ficar boba pelos mesmos motivos, corada pelos mesmos motivos e sem folego pelos mesmos motivos.

Só a pessoa que não era a mesma.

Quando pensava em alguém em potencial para ficar abraçada enquanto assistia um filme em uma tarde de outono, a primeira pessoa que aparecia em sua mente, não era Adrien.

Era Chat Noir.

Era ridículo, pensava ela. Não percebeu quando ele se tornara uma pessoa tão importante em sua vida. O que ele fizera para ela, afinal? Ela cuidara dele algumas vezes, conversara com ele, sentiu seu calor...

E o beijo, teve o beijo na porta do cinema, do qual ela repudiara de imediato. Mas, naquela tarde, tudo que ela não se importaria seria Chat Noir ter errado a mira e acertado, sem querer, seus lábios, e não sua bochecha. Não havia mais sentido para aquelas fotos.

Pela primeira vez, depois que as colocara, Marinette retirou todas as fotos da parede. Uma por uma.

***

―... E então, acredita que ele ainda sim resolveu que queria o bolo naquele formato? ― Sabine riu da história de Tom, sobre um cliente que se recusara a se desfazer de um bolo arruinado. Marinette estava muito avoada para aquilo, o que não passou despercebido pelos pais, que se encararam preocupados.

― Aconteceu alguma coisa, filha? Parece tão para baixo. ― Sabine comentou, tentando parecer casual, mas o tom de preocupação não fugiu de sua voz.

― Hum? ― Ela levantou o olhar rapidamente e curiosa, ao ouvir seu nome. ― Eu estou bem. ― Sorriu. De fato, estava. Era só... muita coisa para sua cabeça adolescente pensar. ― Eu... eu vou subir, tudo bem? Já terminei. ― Seus pais concordaram em silêncio. Marinette não se preocupou em se explicar de novo. Levou seu prato a pia e subiu as escadas.

Ela esperava muitas coisas quando subisse o quarto. Uma janela aberta, uma sensação de vazio por causa da parede, seguida por uma sensação de conforto ao pensar em Chat, esperava até o conforto de sua cama.

Mas, com certeza, não esperava isso.

Ali, deitado em sua cama, lendo uma revista de moda feminina – pertencente à Marinette -  estava nada mais nada menos que Chien de Garde.

― Pierre? O que está fazendo aqui? Na minha cama? ― Ele abaixou a revista e seu olhar encontrou o dela. Um sorriso divertido e presunçoso surgiu em seus lábios.

― Seria muito tentador responder isso, mas receio que teremos que deixar o papo para mais tarde. Pelo menos esse papo.

― O que quer dizer? ― Ele se levantou da cama e se espreguiçou.

― Quer dizer que preciso da Ladybug para uma conversa. Te espero lá em cima, e apronte rápido, você é a última. ― Ele saiu pela janela.

Marinette se transformou em Ladybug rapidamente e se encontrou com Chien no andar de cima.

― O que tem para me dizer?

― Aqui não, me siga. ― Relutantemente, ela o seguiu até perto da Torre Eiffel, onde conseguiu distinguir com clareza a silhueta de pessoas de pé, em cima de um pequeno prédio. Conseguiu contar seis.

Parou instantaneamente.

― A não ser que eu seja horrível em contar, têm duas pessoas que não deveriam estar ali. ― Sua resposta foi apenas um sorriso.

― Siga-me.

E ela seguiu. Não via por que não, mas não estava totalmente convicta que era, de fato, a coisa certa a se fazer. Duas das seis pessoas eram totalmente desconhecidas para ela e ela não estava certa de que queria conhece-los naquela noite. Mesmo com todas as suas dúvidas, ela o seguiu.

― Desculpe a demora, mas estamos todos aqui. ― Chien se aproximou do grupo e sentou no telhado, visivelmente confortável.

Ladybug tentou reconhecer, uma a uma, as pessoas com quem ela dividiria o telhado provavelmente, pensou, receosa, pelo resto da madrugada. Chat Noir foi o primeiro que reconheceu e seu coração parou uma batida. Deu graças a Deus que estava escuro o suficiente para ele não ver sua face avermelhada.

Seus olhos passaram por Birdie, que estava com a cara mais séria que ela já vira em seu rosto. Mais para a direita, estava Shark, com um braço passando pelo ombro de Volpina.

Ela encarou os dois desconhecidos. Mesmo naquela escura noite, ela conseguiu identifica-los. Havia uma garota, com um longo cabelo escuro, preso em um rabo de cavalo alto. Sua roupa era verde, mas ela conseguiu distinguir detalhes em alto relevo, algo parecido com escamas. Ela tinha uma cara neutra, séria e sem nenhum tipo de emoção. Era – tirando Ladybug e Chien – a única de pé.

Ao seu lado, estava um garoto. Não parecia muito velho, ela daria 12 anos no máximo. Tinha um cabelo volumoso, mas não longo, e de uma excêntrica com laranja. Sua roupa era a mais diferente, aparentemente toda mecânica, com cores amarelas e laranjas.

― Já estamos todos aqui, Chien, pode começar a falar. ― A garota desconhecida se pronunciou. Sua voz era boa de ouvir, aguda, mas não tanto.

― Bem, vamos começar com apresentações, alguns novatos podem estar confusos quanto a isso. ― Ele piscou para ela, que ignorou descaradamente. ― Eu sou Chien de Garde, tenho 16 anos. ― Ele apontou para si mesmo. ― É obrigatório falar a idade. ― Ladybug viu o garoto mais jovem se remexer discretamente.

― Eu sou Chat Noir e tenho... 16 anos. ― Se remexeu desconfortável em ter que compartilhar essa informação.

― Eu sou Birdie, tenho 17. ― Informou, sem pressa e nenhum desconforto.

― Shark, 21. ― Ladybug e Chat Noir olharam surpresos, ele não parecia tão velho. Os outros não fizeram nenhuma menção de que aquela informação fosse surpreendente quanto Chat Noir e Ladybug achava que fosse. Chien tinha um motivo para pedir a idade, só restava saber qual seria ele. ― Eu me sinto um professor de creche. ― Volpina riu e um sorriso apareceu na carranca de Shark.

― Eu sou a Volpina, tenho 17 anos. ― Ela sorria. Ladybug não teve dúvidas que era a mais simpática do grupo. Ela exalava confiança, determinação e amor ao próximo.

― Eu sou Ladybug. ― Interrompeu, deixando as apresentações inéditas para o final. ― Eu tenho 16 anos. 

― Sobraram vocês. ― Chien sorriu, encorajador.

― Eu sou a Vipere. Tenho 16. ― Ela não parecia má, com certeza deveria ter um coração grande, mas parecia reservada, na dela, sempre com uma expressão séria.

― E-Eu sou Leo. ― Ele falou, constrangido. ―...ze anos. ― Chien fez uma cara desentendida. Leo percebeu e se encolheu mais ainda em seu canto, com todas as atenções voltadas para ele.

― Acho que eu estou ficando surdo, o que você disse? ― Chien fazia seu ar mais inocente, mas Marinette percebeu certo deboche neles. Leo se encolheu ainda mais. Não deveria, mas Marinette achou o garoto muito fofo, adoraria ter um irmão como ele.

― Catorze anos. ―  Sua voz saiu tão baixa que todos só escutaram, porque estavam em completo silêncio. Ele se contorceu mais no lugar, incomodado por ninguém falar nada, apenas encará-lo com curiosidade. ― E-Eu não entendo por que estão me olhando assim, o Shark é um velhote e ninguém fala nada.

― Ora, seu pivete... ―  Shark fechou a cara. Teria avançado no garoto, mas ele era 7 anos mais velho e tomaria a responsabilidade caso um garoto de 14 anos aparecesse morto em cima de um telhado

Talvez se todos fossem embora rápido...

― Bom, vamos ao que interessa agora. ― Chien esfregou as mãos uma na outra. ― Eu os reuni aqui para falar sobre...

― Por que pediu nossas idades? ― Leo interrompeu, visivelmente irritado. Chien olhou feio para ele, mas depois soltou um sorriso.

― Ah, não era importante, só queria ver você se auto humilhar. ― Leo ficou vermelho. Eles não sabiam dizer se era raiva ou vergonha, mas era simplesmente uma mistura dos dois. Ele voltou a ficar quieto, mas não totalmente, pois, se prestasse atenção, podia facilmente ouvir resmungos irritados. ― Continuando.

Ele olhou para cada um, depois passou o braço pelo ombro de Ladybug, a puxando para perto. Ela arregalou os olhos, surpresa, mas esperou para ouvir o que ele tinha a dizer.

― Infelizmente, nossa querida joaninha terá um imprevisto em aproximadamente... ― Ele fez algumas contas mentais. ― 3 Semanas? É isso? Bem, não importa, o que importa é que ela não vai estar aqui. Sem ela, todos nós somos inúteis. Vocês sabem o porquê, não é?

Todos assentiram silenciosamente e ele largou Ladybug.

― Bom, por isso que temos aquela criança conosco. Ele, por incrível que pareça, é a nossa solução. ― Os olhares de todos foram para ele, que encarava os pés com muita convicção. ― Bem, diante de vocês, essa pequena criatura de um metro e sessenta tem o primeiro miraculous criado em laboratório.


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Notas finais do capítulo

Eai, o que acharam? Teorias? Adoraria ouvi-las!(lê-las)