Hopeless escrita por katiclover


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Voltei com mais um capítulo!!!
Estão sentindo saudade do Castle, pois eu também estou!!! Fiquem tranquilas, no próximo nosso escritor aparece!
Boa leitura :)



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Anteriormente em Hopeless...

            — Henry... Tenho uma última pergunta. – disse, despertando-o.

            Ele abriu os olhos, encarando-a. Apoiou seu cotovelo na cama, descansando sua cabeça em sua mão.

            - Claro querida... O que foi? – perguntou, sorrindo de leve.

            Ela olhou para baixo, puxou a gola de seu pijama até a altura de seu peito e encontrou o olhar do homem em seguida, perguntando por fim:

            - Como consegui essa cicatriz?

...

            Henry congelou.

            Enquanto seu olhar permanecia estático na cicatriz em forma funda e circular para a qual Luiza apontava, seus pensamentos se concentravam em um constante mantra: “não entre em pânico, não entre em pânico, não entre em pânico”.

            Após alguns minutos Henry levantou seu olhar para olhar para Luiza novamente. Abriu um sorriso que com certeza não saiu como planejava, pois seu nervosismo estava aumentando cada vez mais.

            Deu dois tapas na cama, pedindo para que ela se sentasse ao seu lado. Quando ela o fez, ele se ajeitou para se aproximar de Luiza e se preparou para mais uma vez enfrentar uma situação delicada, que exigia muito cuidado de sua parte.

            - Isso parece uma cicatriz de tiro, Henry! Eu levei um tiro, é isso?! – perguntou Luiza com certo desespero em sua voz, interrompendo os pensamentos dele, que notou que as mãos da esposa tremiam.

            Ele permanecia segurando o olhar dela, enquanto calmamente levava sua mão até a gola da camiseta de Luiza, colocando-a de volta ao lugar. Não tinha como negar, aquela cicatriz não poderia ser de nada além de uma bala. Acariciou o rosto dela, mas a mesma permanecia com uma expressão escura e amedrontada.

            - Querida... Nós não precisamos falar disso agora. – disse em um sussurro, na tentativa de dispersá-la do assunto.

            - Não! – Luiza respondeu imediatamente, uma força surpreendente em sua voz. – Me responda. Eu tenho o direito de saber. – insistiu.

            Percebendo que não teria escolha, Henry acenou de leve com a cabeça, desviando o olhar por um momento. Ele não sabia como explicaria isso. Ele não contava com isso quando escolheu tomar essa decisão que nesse momento, quase o fazia se arrepender e querer voltar atrás. De repente, um pensamento lhe ocorreu. Uma resposta que com certeza era a melhor que ele poderia oferecer em um tempo tão curto. Não poderia ser tão ruim, certo? Ela acreditaria? Bom, ele não tinha tempo para pensar. Teria de arriscar.

            - Sim, Luiza... Você está certa. – disse, voltando o olhar para a mulher que agora parecia ainda mais apavorada.

            Ele respirou fundo, esperando que ela lhe dissesse algo mais. Quando o silêncio permaneceu, ele continuou:

            - Houve um tiroteio... Já faz algum tempo, eu estava tão apavorado... Tanto que não consigo me lembrar de tudo perfeitamente, sinto muito... – disse, olhando para baixo ao terminar.

            As primeiras lágrimas escorreram pelo rosto de Luiza.

            - Assalto? – ela perguntou em um sussurro, toda a força que sua voz possuía há minutos atrás, agora perdida.

            Henry mais uma vez suspirou, pensando se aquela era realmente a coisa a certa a se fazer. Não havia mais volta, pensou. Teria de lidar com mais uma – grande – mentira, o que o levava a imaginar: como Kate Beckett havia realmente levado um tiro no peito? Ele não fazia ideia de qual era a sua verdadeira profissão. E a dúvida maior, como diabos ela havia sobrevivido?

            Sabendo que seu tempo estava se esgotando, assentiu, dizendo:

            - Vários homens encapuzados e com grandes malas adentraram o banco gritando e anunciando voz de assalto, você era uma das próximas da porta, então foi a primeira que eles abordaram... Oh meu Deus... – disse Henry, cobrindo o rosto com as mãos e respirando descompassadamente. – Eu estava no andar de cima, e a última coisa que me lembro de ouvir era você dizendo que não sabia como ajuda-los, e então o som da bala sendo disparada... Meu amor, eu fiquei apavorado. Achei que tinha te perdido. – terminou mostrando seu rosto, onde agora uma única lagrima corria livremente em sua bochecha.

            Ele estendeu os braços na direção de Luiza, puxando-a para um abraço. Ela aceitou, deitando sua cabeça no peito de Henry, que acariciava seus cabelos.

            Permaneceram assim por alguns minutos, e Luiza ainda não havia dito uma única palavra desde que ouvira a explicação lhe dada.

            - Alguém chamou a polícia e na hora do pânico, eles deram mais alguns disparos e quando ouviram as sirenes saíram correndo de mãos vazias... – finalizou ele em mais um suspiro.

            Ao ouvir a menção de mais disparos sendo efetuados, Luiza levantou a cabeça para encontrar o olhar do marido.

            - Você também foi atingido? – perguntou.

            A princípio, uma confusão tomou conta do rosto de Henry, que em seguida balançou a cabeça negativamente.

            - Junto com a polícia, chegou uma ambulância que rapidamente te levou para o hospital. Você passou por uma grande cirurgia, e depois de horas finalmente recebi a noticia de que você ficaria bem. – ele acariciou o rosto dela novamente, enquanto ela assentia devagar, sem nunca deixar seu olhar.

            Após alguns minutos apenas o encarando, ela se afastou de seu abraço, e soltou uma risada irônica, enquanto secava uma lágrima. Sem desviar o olhar, perguntou:

            - Então significa que eu levei um tiro que obviamente poderia ter me matado, passei por uma cirurgia de risco que e você se esqueceu de me contar esse detalhe há alguns minutos atrás quando lhe pedi para me falar sobre minha vida? – sua voz soava irritada.

            Henry sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Seria essa a primeira briga que ele teria com Luiza?

            Continuou segurando o olhar dela, e quando tentou aproximar sua mão para tocá-la, foi impedido. Ela segurou seu pulso firmemente, afastando-o.

            - Não! – gritou. – O que você estava pensando? Que eu nunca descobriria? Achou que não era importante me dizer que o acidente não foi a primeira vez que enxerguei a morte de perto? – perguntou, a voz permanecia exaltada e as lágrimas continuavam marcando seu rosto.

            Estava na hora de reverter essa situação, pensou Henry. Prontamente, fez com que ela soltasse seu pulso e rapidamente capturou a mão dela entre as suas.

            - Ei... Calma. Eu mantive esse acontecimento de fora simplesmente porque achei que você ainda não estava pronta para saber... É claro que eu não esconderia algo assim de você, meu amor. – disse em uma tentativa de acalmá-la.

            A tensão lentamente deixava o rosto de Luiza, sendo substituído por um leve sorriso minutos depois.

            - Sinto muito, eu não deveria ter dito aquilo. Não deveria ter me descontrolado. É que... Eu ainda estou tão assustada com tudo isso... – ela suspirou. - Eu continuo imaginando que a qualquer momento eu vá ver alguma coisa, escutar alguma coisa que me fará lembrar de tudo... E então eu vi essa cicatriz uma semana atrás e eu fiz o que me pediu... Eu esperei. Dei um tempo para que nós pudéssemos descansar e superar tudo o que aconteceu em tão pouco tempo, mas eu não podia mais esperar, eu precisava saber. Eu sentia que o fato de descobrir algo importante que me aconteceu no passado fosse me trazer a memória de uma imagem, um som, qualquer coisa que me levasse de volta para o dia em que aconteceu. – ela respirava fundo, secando suas lágrimas e abaixando a cabeça.

            - Desculpe-me por não ter lhe dito. Prometo que farei tudo que estiver ao meu alcance para ajudar a recuperar a sua memória. – disse Henry, ainda acariciando a mão dela.

            Ela levantou a cabeça para olhá-lo depois de alguns minutos. Suas lagrimas haviam cessado e ela estava mais calma. Devolveu a ele o pequeno sorriso que ele a oferecia.

            Ele levou a mão de Luiza até seus lábios, dando um beijo singelo e depositando-a na cama.

            - Agora, vamos descansar. Tire essa preocupação de sua cabeça, iremos enfrentar tudo isso juntos. Lembre-se, eu vou estar sempre aqui para você. – disse Henry, já se deitando.

            Ela concordou, deitando e virando de lado, de costas para ele.

            Henry puxou o cobertor até a altura de seus ombros, se aproximando e abraçando-a, enlaçando a cintura de Luiza com seus longos braços. Ela rapidamente sentiu seu corpo ficar tenso ao sentir o toque, mas aparentemente ele não percebeu. Desde que voltaram para casa e dividiam a mesma cama, permaneciam cada um em seu lado da cama, sem nenhum tipo de contato além de um beijo de boa noite antes de se afastarem e permanecerem em seus respectivos espaços.

            Ela sabia que eventualmente esse momento chegaria, ele se aproximaria e diminuiria a distância entre eles, mas estava estranhamente desconfortável com a sensação de estar envolvida em seu abraço. Não queria magoá-lo ou demonstrar qualquer tipo de negação, então rapidamente decidiu ignorar a sensação de desconforto.

            Estava quase cedendo ao cansaço e adormecendo, quando se virou o bastante para olhar nos olhos dele. Chamou seu nome baixinho, e ao vê-lo abrir os olhos, pediu:

            - Sem mais segredos?

            Ele sorriu instantaneamente, entrelaçando seus dedos nos dela, que descansavam em cima de sua mão.

            - Sem mais segredos. – respondeu, beijando a testa de Luiza.

            Luiza retornou para a sua posição, adormecendo rapidamente.

            Naquela noite, após algumas horas de sono, aconteceu pela primeira vez.

            Ela caminhava lentamente em direção ao banco cercado por policiais. Trajava uma espécie de uniforme médico, e possuía um estetoscópio ao redor do pescoço. Com as mãos trêmulas, empurrava uma maca em direção à entrada. Aproximou-se até parar em frente à porta. Respirou fundo, tentou acalmar-se e esperou. Alguns segundos se passaram, e as portas foram abertas. Entrou, parando logo em seguida.

            Dois homens com trajes médicos e armados a cercavam, enquanto seu olhar imediatamente encontrou a de um homem ajoelhado aos pés de outro sujeito que parecia estar com alguma dificuldade para respirar. O homem ajoelhado a encarava com uma expressão de surpresa.

            Um dos homens ao seu lado pediu para que ela fosse revistada, e rapidamente uma moça com roupas semelhantes às que eles usavam se aproximou e o fez. Quando nada ameaçador foi encontrado, a mulher se afastou, liberando-a.

            Um homem a ordenou para que agisse rápido, e ela o obedeceu.

            Caminhou até os dois homens a alguns passos a sua frente e ajoelhou-se.

            - Como ele está? – perguntou.

            - Não está bem. – respondeu o homem ao seu lado. – O nome dele é Sal Martino. Ele tem epilepsia. Acho que o ataque foi induzido por estresse. – continuou.

            Ela acenou com a cabeça, voltando sua atenção ao sujeito deitado aos seus pés.

            - Oi companheiro... Há pessoas lá fora que gostam de você, então continue respirando. – disse ela, tentando acalmar o homem que permanecia se debatendo.

            Fez uma pausa, estendendo sua mão para segurar a mão do homem que ela acreditava ser também um refém. Ele permanecia ao seu lado acompanhando os movimentos que ela fazia, e ainda parecia surpreso em vê-la ali.

            - Eu prometo, eu irei lhe tirar daqui. – ela finalizou, dessa vez desviando seu olhar do paciente e encarando os olhos azuis assustados do homem que segurava sua mão.

            Foram interrompidos por um dos homens armados que se aproximou, pedindo para que o refém ajudasse-a a colocar o homem em crise em cima da maca.

            Fizeram como mandado, afivelando os cintos e prendendo o homem que gemia e protestava na maca. Antes de virar-se para deixar o local, alcançou mais uma vez a mão do homem que a havia ajudado. Ele apertou a mão dela, entregando-a um pedaço de papel rapidamente.

            Encaminhou-se para a saída. Antes de deixar o local completamente, voltou seu olhar mais uma vez para o refém que a olhava fixamente de dentro do banco, sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Ela o conhecia.

            A porta foi fechada atrás de si, e ela continuou o percurso de volta para a multidão de viaturas, ambulâncias e postos de controle. Foi recebida rapidamente por dois homens que tomaram o controle da maca, e se afastou, caminhando em direção a uma linda menina ruiva que a aguardava e possuía no olhar o mesmo desespero que ela havia visto nos olhos azuis do homem que a ajudara.

            - Seu pai está bem. – disse para a menina, em seguida voltando seu olhar para o papel que segurava em mãos.

            Sentiu o medo percorrer seu corpo quando leu o que estava escrito. Voltou sua atenção para a garota.

            - Alexis, preciso que fique atrás da fita amarela! – disse, aumentando drasticamente seu tom de voz.

            Correu em direção ao posto de controle do qual havia saído, e antes de adentrar o veículo, lançou seu olhar mais uma vez para o pedaço de papel dobrado que permanecia segurando em mãos trêmulas. Como se precisasse confirmar a informação para que pudesse acreditar que não estava enganada, ela desdobrou o papel e leu mais uma vez.

            “C4”.

            Acordou em um movimento brusco, sentando-se na cama. Estava suada e tinha a respiração ofegante. Levou a mão até o rosto, esfregando os olhos. Olhou para o seu lado onde Henry permanecia adormecido, agora virado de costas para ela.

            Calmamente, afastou os cobertores e levantou da cama caminhando em direção ao banheiro.

            Jogou uma boa quantidade de água gelada em seu rosto, secou-o com a toalha e respirou fundo, encarando seu reflexo no espelho.

            Luiza começou a relembrar os detalhes do sonho que tivera.

            Claramente ela estava em um banco.

            E aquilo era um assalto.

            Mas era totalmente diferente do que Henry a havia contado.


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Notas finais do capítulo

Espero vocês nos comentários! Um beijooooo!