Hopeless escrita por katiclover


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Heyyyy
Voltei!
Aqui vai mais um capítulo da tão dolorosa mas tão querida Hopeless... Neste capítulo, iremos descobrir um pouco mais sobre a verdadeira Luiza e sobre o passado de Henry. Mais uma vez, quero que se lembrem que isso é ficção, ou seja, nem todos os detalhes são perfeitos... É muito difícil transformar a minha tão amada Kate em uma pessoa totalmente diferente, mas tento fazê-lo com todo o cuidado, para fazer com que a história fique convincente e interessante.

Quero agradecer a todos que estão comentando, acompanhando e favoritando a história. Significa muito. E enfim... Vamos ao que interessa!

Boa leitura!!!



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Anteriormente em Hopeless...

A noite se passou rapidamente, e após algumas taças de vinho o casal de amigos decidiu que era hora de ir. Levantaram-se para se despedir, e Henry os acompanhou até a porta.

Micaela seguiu na frente, indo em direção ao carro. Carlos esperou até que a namorada estivesse em uma distância segura, antes de retornar seu olhar para Henry, dizendo:

— Eu aceito.

...

Após terminarem de limpar a cozinha e guardar as sobras de alimentos, o casal subiu para o quarto. Luiza carregava uma expressão mais leve em seu rosto, o que levava Henry a acreditar que o jantar com os amigos havia feito bem a ela. Enquanto subiam a escada, sugeriu a Luiza que se acomodasse na cama para espera-lo, enquanto ele tomava um banho rápido.

Atendendo ao pedido do marido, vestiu seu pijama e se aconchegou embaixo dos cobertores. Sentou-se com as costas apoiadas na cabeceira da cama enquanto traçava seu olhar por todo o cômodo, como já havia feito tantas vezes. A casa de Henry – sua casa – era grande, muito bem decorada e aconchegante, e ainda assim, ela se pegava desconfortável em diversos momentos. Estranho. Afinal, de acordo com o que Henry havia lhe dito, eles haviam se mudado logo após o casamento, três anos atrás.

Quando deixou o hospital, Luiza não conseguia impedir as diversas perguntas e dúvidas que rondavam sua mente.

Sabia que ele também estava passando por um momento difícil. Ele também estava no acidente.

Bom... Ao menos ele sabia quem ele era.

Ao subir no avião para voltar para casa, sentiu-se paralisada. Apoiou-se rapidamente na primeira coisa que encontrou ao seu redor. Sentiu como se o mundo parasse por um segundo, e todos os seus medos e pavores tomassem conta de si. Havia pedido a Henry para esperar alguns dias a mais até que voltasse, pois alegava não estar pronta para enfrentar a longa viagem novamente, dentro de um veículo idêntico ao que quase tirou a sua vida. Ele protestou imediatamente, insistindo para que saíssem de Nova York o mais rápido possível. Algo a dizia que havia um motivo especial para esse desejo tão forte que ele possuía, mas decidiu deixar pra lá. Ela tinha muitas coisas para se preocupar para se deixar abalar sobre um detalhe que aparentemente era insignificante. Ela estava indo para casa. Ela estava recomeçando. E apesar de não se sentir tão confiante e alegre com a ideia da mesma forma que ele estava, ela ainda tinha esperanças.

Ela tinha a esperança de que um dia acordaria e tudo estaria de volta. Sua identidade, suas lembranças, seus amores.

Quando finalmente se recuperou, após ser levemente pressionada por Henry, ela adentrou a aeronave e se acomodou em seu lugar – longe da janela, como havia pedido -. Durante todo o percurso, mais e mais perguntas a assombravam, mas ela estava tentando ao máximo ignorá-las nesse momento. Ela teria tempo para conseguir todas as respostas. Ele havia a pedido esse tempo, para que ele também pudesse se adaptar as mudanças em suas vidas, e a todas as coisas que ele certamente teria de esclarecer para ela.

O verdadeiro motivo, no entanto, era um só. Ele realmente precisava de tempo, isso era certo. Tempo para planejar todas as coisas que diria para ela quando ela o atacasse com perguntas que ele nesse momento, não fazia ideia de como responder.

Henry saiu do banheiro e encontrou Luiza pensativa, encarando um ponto específico no teto e certamente, com a mente longe dali. Se aproximou lentamente, acariciando o braço da esposa. A princípio, ela se assustou com o toque, mas em seguida relaxou, devolvendo o leve sorriso que Henry a direcionava.

— Oi... – ele disse, se acomodando embaixo dos cobertores e sentando-se de frente para ela.

Era agora ou nunca. Ela precisava saber mais sobre si mesma, seus pesadelos à noite eram o suficiente para lembra-la de toda a tragédia que tinha vivido, mas acordar toda manhã e perceber que a sua realidade era ainda pior, estava a devastando. Ela estava no escuro, privada de qualquer memória boa que pudesse usar para substituir todo o trauma que vivenciara. Isso precisava acabar.

— Oi... – respondeu. – Podemos conversar?

De alguma forma, ele sabia. Havia chegado a hora. Ela havia cansado de esperar. Ainda não tinha todas as respostas prontas e planejadas, mas faria de tudo para não deixar transparecer o seu nervosismo.

Respirou fundo e acenou com a cabeça positivamente.

— Vamos lá... O que você quer saber? – perguntou Henry, percebendo a expressão de alívio no rosto de Luiza, a esperança de que finalmente sua mente pudesse clarear um pouco.

— Me fale sobre mim. Sobre meus pais. Minha família. Fale-me sobre eles.

No fundo, essa dúvida era a que mais a assombrava. A resposta não poderia ser boa. Depois de uma semana do acidente, de ter deixado o hospital e voltado para casa, não havia sinal de um membro de sua família além de Henry. Nenhuma visita ou ligação. Isso a preocupava.

— Luiza, meu amor... Entendo que isso é muito difícil para você. Se você quiser esperar, eu posso...

— Não. Eu quero saber. Eu preciso saber. Não pode ser tão ruim assim, certo? Eu não me lembro de nada, então não posso sentir falta de algo que nunca tive.

Era verdade. Por mais que possa doer saber de toda a verdade sobre a sua vida, não é nada que ela não possa superar. Ela sobreviveu a um acidente terrível, ao que pensava nada poderia ser pior do que isso.

— Seu nome de nascimento é Luiza Hall Wilson. 35 anos... Bom, isso você já sabia – sorriu levemente. Ele já havia lhe dito essas informações no hospital - Você é filha única... Seus pais eram Melanie e Jack. Eles falecerem quando você tinha 14 anos. – pausou ao vê-la abaixar a cabeça e respirar fundo. – Querida... Tudo bem? – perguntou, aproximando-se e segurando a mão dela, acariciando-a suavemente.

— Sim... – respondeu, levantando a cabeça e olhando-o nos olhos novamente. – Continue. Como... O que aconteceu? – perguntou. Ela começou, agora iria até o final.

— Era julho de 1999. Eles haviam saído em uma viagem de comemoração de seu aniversário de casamento. Chovia muito naquele dia, e em meio à tempestade, Jack perdeu o controle do veículo. Ele morreu no local, e Melanie permaneceu hospitalizada por dois dias, mas não aguentou. Eles foram ambos gravemente feridos. – permanecia fazendo círculos com seu polegar na mão de Luiza, em uma tentativa de acalmá-la.

Ela acenou, afastando o olhar brevemente. Uma lagrima desceu sobre sua bochecha. Respirou fundo, perguntando:

— E eu? Eu não estava...

— Não. – interrompeu Henry, continuando. - Você iria passar uns dias na casa de sua tia, Margaret. Ela era a irmã mais velha de sua mãe, as duas eram muito apegadas...

Ela sorriu brevemente, mas logo sua expressão mudou para séria novamente.

— Era?

— Como eu disse... Ela era mais velha. Após a morte de seus pais, você morou com ela até completar 22 anos, quando ela faleceu. Ela deixou a casa para você, era simples... Uma casa de campo há cerca de quarenta minutos de Londres. Após alguns meses, você vendeu a casa e com o dinheiro, se mudou para Londres.

Mais uma lágrima, e um aperto em seu peito se formava. Aparentemente todos os seus familiares não estavam mais presentes há anos. Ele havia parado de falar, o que a fez presumir que era aquilo. Essa era toda a sua história.

Ainda assim, perguntou:

— Há mais alguém? Alguém... Vivo? – suspirou. Ele a puxou para um abraço, enquanto secava suas lagrimas.

— Sinto muito... Tia Margaret se casou, mas se separou alguns anos depois. Seu marido era alcoólatra e não a fazia feliz. Isso é tudo... Sua família era pequena. Inclusive, você sempre reclamava sobre isso comigo, dizia que quando era criança seu maior sonho era ter uma família grande e bagunceira. – disse Henry, agora acariciando os cabelos dela.

Ela sorriu. Uma nova dúvida surgiu.

Se afastou o bastante para poder olhá-lo nos olhos. Ainda sorrindo, perguntou:

— Como você sabe tudo isso?

Henry sentiu seu rosto esquentar por um momento, mas logo retribuiu seu sorriso e respondeu sua pergunta.

— Você me contou tudo isso no nosso primeiro encontro. Nós trabalhávamos juntos, e durante semanas tudo o que compartilhávamos era “bom dia” todas as manhãs. Um dia você ficou intrigada e me perguntou por que eu te encarava dos pés a cabeça inúmeras vezes. Não resisti, e respondi: “Lhe conto o motivo no nosso jantar hoje à noite, no restaurante novo aqui em frente.” – ele sorriu convencido e orgulhoso.

Ela gargalhou, dando um tapa leve em seu braço.

— Sem chances! – riu ainda mais. – Eu não iria simplesmente aceitar o seu convite e contar toda a minha vida para você no nosso primeiro encontro.

Ele riu de volta, balançando a cabeça.

— Realmente, vendo por esse lado parece bizarro. Mas, você só me contou porque eu te contei primeiro. Depois da terceira taça de vinho, nós estávamos como eu posso dizer... Alegres. Eu comecei a falar, e não parei mais. Quando me dei conta, você me conhecia quase como eu mesmo.

— Ah, sério? E qual é a sua história? Sinto muito, Henry... Mas devido a obstáculos no percurso, você terá que se apresentar mais uma vez... Dessa vez a minha história veio primeiro, agora chegou a sua vez. – ela sorriu, apoiando a cabeça em suas mãos enquanto deitava de bruços para encará-lo, pronta para ouvir o que ele tinha para lhe dizer.

Henry  se sentiu  aliviado, estava sendo mais fácil do que ele imaginava... Ele não estava mentindo, na verdade. Era tudo real, exceto que essa história não era exatamente dela.

— Henry Louis Scott. 39 anos... Morei com meus pais até os 19 quando meu pai recebeu uma proposta de emprego na França e eles se mudaram. Eu escolhi ficar. Demorei alguns anos para me estabilizar e me acostumar com a independência de viver sem meus pais. Fui visita-los algumas vezes por conta própria, mas eles nunca voltaram. No fundo, sei que nunca apoiaram a minha decisão de permanecer vivendo em outro país, mas era o melhor pra mim... Quando completei 25 anos, meu pai faleceu. Acidente no trabalho... Deixou uma herança generosa para minha mãe, que alguns anos depois se casou novamente.

— Oh... Sinto muito. – disse Luiza, estendendo a mão para tocá-lo.

Ele balançou a cabeça positivamente, agradecendo.

— Tenho pouco contato com minha mãe hoje em dia, e não a vejo há mais de dois anos. Ela veio ao nosso casamento, e voltou à cidade alguns meses depois, somente porque seu marido tinha um compromisso profissional. Vocês duas não costumavam conversar muito, mas minha mãe sempre apoiou nosso relacionamento, mesmo sem conhecê-la tão bem. – ele finalizou.

— Deve ser difícil para você... Quero dizer... Não ter a sua mãe por perto. – ela disse, acariciando a mão de Henry, que descansava próxima a sua.

— Nunca fui tão apegado a meus pais, e vice-versa... Desde criança passava muito tempo sozinho... Que bom que esse não é mais o caso. – sorriu.

Luiza sorriu de volta, afastando seu olhar.

— Você disse que trabalhávamos juntos... – disse ela após alguns minutos, voltando seu olhar para ele.

— Sim... Na época, éramos ambos atendentes bancários. Depois de alguns anos, eu fui promovido e você foi transferida para trabalhar na unidade de Carlos. Eu e ele cursamos faculdade juntos e nos aproximamos muito, sempre fomos bons amigos, ele se deu muito bem na profissão desde o começo, já que seu pai é um homem importante no ramo. Eu demorei um pouco mais para crescer...

— E no meio disso tudo, como ele se tornou meu chefe? – perguntou Luiza.

— Isso demorou um pouco mais... Nós nos casamos, e durante o tempo que passamos juntos, Carlos estava sempre por perto. Ele acompanhou todo o nosso relacionamento, e também a nossa evolução profissional. Você sempre foi muito boa no que faz, e há dois anos ele conseguiu um cargo pra você próximo ao dele, tornando-os parceiros.

Ela concordou com a cabeça, processando as informações. Bancária. Isso sem dúvidas a surpreendeu.

— E agora, como vai ser? – ela perguntou, sentando-se na cama e alcançando o copo d’água na mesa ao seu lado.

— Conversei com Carlos hoje a noite enquanto você estava na sala de estar com Micaela... Você irá trabalhar como sócia dela agora, acredito que vocês vão se dar muito bem, e a amizade dela será muito boa para você.

Sentiu seu corpo relaxar.

— Isso é bom! Ela é adorável! – disse sorrindo.

Havia sentido desde o primeiro momento ao lado de Micaela, que ela era uma boa pessoa. Honesta e sincera, muito bonita e alegre. Era definitivamente o tipo de companhia que ela precisava agora.

Estava começando a sentir o cansaço e o sono se aproximando, e agora se sentia muito melhor após descobrir mais sobre sua vida.

— Vamos dormir? Amanhã o dia será longo... Vamos acertar as papeladas do seu novo emprego e quero te levar para dar uma volta na cidade. Quando voltarmos, posso te mostrar algumas fotos antigas de sua família, você as guarda em uma caixa que raramente mexemos, mas vai ser uma boa. O que acha? – sugeriu Henry.

— Parece maravilhoso. Mal posso esperar. – respondeu Luiza, se levantando.

Foi até o banheiro, escovou os dentes e prendeu seu cabelo em um coque frouxo. Quando estava pronta para sair, lançou mais um olhar para seu reflexo no espelho, lembrando-se que havia mais uma pergunta para fazê-lo. Uma que vinha evitando, por medo de saber a resposta.

Deixou o banheiro e avistou-o já deitado e com os olhos fechados. Aproximou-se parando na beira da cama, chamando-o.

— Henry... Tenho uma última pergunta. – disse, despertando-o.

Ele abriu os olhos, encarando-a. Apoiou seu cotovelo na cama, descansando sua cabeça em sua mão.

— Claro querida... O que foi? – perguntou, sorrindo levemente.

Ela olhou para baixo, puxou a gola de seu pijama até a altura de seu peito e encontrou o olhar do homem em seguida, perguntando por fim:

— Como consegui essa cicatriz?


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