Capítulo III

Hoje é Sábado. Vou com Nícolas em nosso amado parque. Talvez Thom possa ir conosco, ele disse que hoje não está tão ocupado, mas também disse que vai se encontrar com a gente lá antes das cinco entretanto.
Carregando Ní em minhas costas, que está com os braços esticados como se fosse um avião, e segurando a guia do Beethoven, vamos andando na calçada, olhando pessoas com seus cachorros ou crianças, funcionários de diferentes departamentos e carros de todas as cores e formatos que não param de buzinar. As árvores fazem sombra nos bancos e nos pontos de ônibus. A diversidade dessas imensas maravilhas é incrível. Existe um parque que tem cerejeiras, mas nunca tivemos a chance de passar por lá. É longe de casa. Papai e mamãe não acham seguro andarmos sozinhos essa distância toda.
Nosso parque é enorme, principalmente sua entrada, que é onde estamos agora. É uma entrada bem clichê, aliás; um asfalto de cimento, com bancos de madeira nas laterais, postes altos e pretos de luz um pouco atrás dos bancos, que é o lugar onde começa a grama. Essa estradinha leva para um dos “meios” do parque. O nosso lugar é bem depois, já onde começa a ter várias árvores aglomeradas. Normalmente as pessoas fazem piqueniques lá. Mesmo assim é bem calmo.
– Agora você já pode descer, Nico.
Solto a guia do Beethoven e ajudo meu irmão a descer das minhas costas, em seguida tirando o peso da mochila dele. Enquanto ele brinca com o cachorro, eu forro a toalha no chão e arrumo nela as águas, frutas e brinquedos para o Beethoven.
– Você não me pega, bla! -Nico toca em mim e sai correndo.
Então que comece a brincadeira.
Ele sai correndo, se esgueirando em árvores e se escondendo atrás delas e dos arbustos. Pra mim é um pouco complicado acompanha-lo, suas pernas são curtas, consequentemente consegue correr mais rápido que eu e para lhe dar mais uma vantagem estou em um período de sedentarismo. Ele dobra em uma parte e eu o perco de vista. Enquanto o procuro, me apoio em meus joelhos e respiro profundamente, recuperando o fôlego.
Olho cada detalhe, o que tem atrás de cada tronco de árvore no meu alcance visual. Um arbusto se mexe, como se tivesse algo dentro, se escondendo. Então, lentamente eu me aproximo, mas Beethoven é mais rápido que eu e pula em cima de Nico, lambendo o seu rosto.
– Beethoven! - gargalha - Sai de cima de mim! A Lana vai me pegar! – ria enquanto tentava tirar o cachorro de cima do seu pequeno corpo.
Corremos mais um pouco, até que nos cansamos, até mesmo nosso querido Beethoven estava ofegante. Nós dois nos deitamos na toalha, observando as nuvens.
– Aquela nuvem parece com o Tyroni, La. Olha!
– Onde? Não estou a achando.
– Ali, Alana! – apontava freneticamente, mas eu não conseguia acha-la - Ela vai embora e você não vai ver!
Mais e mais nuvens apareciam nesse imenso céu azul. Adoro olha-lo. Tanto de dia, quanto à noite.
– Lana!
Levanto-me em um só pulo e me deparo com a Themis correndo para perto da gente. Beethoven latiu para ela, que se assustou por não ter notado a presença do cachorro.
– Crê em Deus Pai! Ele morde?
Ri e continuava rindo, não sei como alguém consegue ter uma reação tão bizarra como essa.
– E aí, The. Fazendo o que por aqui?
Ela se sentou na toalha, cruzou as pernas e deu um grande sorriso no rosto.
– Stalkeando o miss perfeição ali.
Aponta para o lugar onde o Spencer está junto com Castiel.
– Não acredito. Sério isso? Mulher, vá logo falar que você gosta dele. O tempo que você fica o stalkeando é o tempo que outra menina irá falar antes de você.
– Mas, Lana. Olhe para ele – olhou sonhadora, como se tivesse pensado no assunto várias vezes, como se achasse que era impossível de acontecer algo entre eles dois – aquele cabelo castanho até o pescoço, contrastando com a pele branca... Seus olhos... E aquele sorriso. - suspira - Alana, você realmente acha que eu vou conseguir?
– Você só vai saber se tentar – me levantei – Quer saber? Vou arrumar as coisas e juntos, vamos falar com ele.
– Como é que é?
– É o que você ouviu. Agora, vamos, Nico. Ajude-me a arrumar as coisas.
Guardando a toalha na mochila e as garrafas e restos de comida em uma sacola para jogar no lixo, vamos Themis, Nícolas Beethoven e eu finalmente conversar com o Spencer.
Depois de protestos dela dizendo que ele nunca mais a olharia na cara, correndo para outros lugares e se segurando nas árvores enquanto eu a arrastava, finalmente chegamos perto do tão incerto destino.
– Se ele não quiser mais falar comigo a culpa vai ser sua.
Empurro-a levemente, como sinal de apoio e impulso.
– E aí, Spencer, Castiel. – dou o primeiro passo.
Ela parece levemente acanhada, talvez pensando se realmente deveria contar a ele. Acho que deveria pressiona-la mais.
– Então...
– A amiga da minha irmã disse que gosta de você.
Ai. Meu. Hades. Ela vai matar meu irmão.
– Qual amiga da sua irmã? Ela deve ter muitas.
Spencer está confuso pelo fato de não esperar uma declaração indireta tão de repente assim. Não sei como a Themis tá mantendo tanto o controle, nem parece que meu irmão está falando dela.
– Ela! – Nico apontou para a loura. Pronto. Foi embora todo o seu autocontrole. Suas bochechas ficaram vermelhas e um sorriso amarelo formou em seus lábios enquanto abaixava o olhar.
– Você? Sério?
Themis concordou com a cabeça ainda olhando para baixo. Em nenhum momento ousou olhar para Spencer.
E então o Spencer a abraça, afagando os fios louros dela, que se mantêm assustada. Mas depois de um tempo, quando já se convenceu do que estava acontecendo finalmente devolve o abraço.