A Última Carta - A Seleção escrita por AndreZa P S


Capítulo 17
3.1


Notas iniciais do capítulo

Antes de qualquer coisa gostaria de agradecer a vocês que favoritaram, que estão acompanhando e comentam. E um sentimento especial, cheio de agradecimento e felicidade, vai pra Lisa Costa que, mesmo a história não tendo terminado ainda, teve a gentileza de recomendar. Obrigada de verdade, viu?! Não esperava a recomendação e quando vi fiquei muito, muito, muito, muito feliz! HAUHDUHSAAUSH ♥ Mais faceira que mosca em tampa de xarope, que pinto no lixo! q
ahuahsauhduahsuahduahs ♥ ♥ adoro vocês :3



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Por um triz

Por Maxon Schreave

Era uma ardência misturada com um formigamento doloroso que se alastrava do meu ombro para o braço inteiro, além de uma parte do peito. Uma enfermeira morena entrou no quarto e veio examinar como eu estava, mas, durante o ato de verificar como estava o andamento o ferimento, acabou me machucando ainda mais. Franzo o cenho e cerro o punho da mão esquerda.

—Será que dá pra você tomar mais cuidado? - Pergunto sem me importar, num primeiro momento, se soei grosseiro ou não.

A mulher me lança um olhar de lado, sua expressão não transmitia nada além de paciência. 

—Vou tomar. - Respondeu simplesmente. 

Alguns segundos depois, ela deu-me um anestésico e aos poucos a dor foi amenizando, quando ela se aproximou para ajeitar o meu travesseiro, da forma mais delicada possível, decidi que a enfermeira não merecia a minha rudeza.

—Me perdoe, senhorita. - Eu lamento, fitando seu rosto que pareceu surpreso. - Foi muita indelicadeza minha, peço que, se possível, desconsidere as minhas palavras anteriores. 

Ela abre um pequeno sorriso e termina de me ajeitar da forma mais confortável que dava dentro das circunstâncias. 

—Está perdoado. - Murmura em voz baixa, e antes de sair do quarto me lança um olhar mais longo do que o esperado. 

Assim que me encontro sozinho novamente, afundo minha cabeça nas penas do travesseiro e fito o teto branco, poucos minutos depois, quando o remédio finalmente atingiu o seu ápice, peguei no sono e torci mentalmente para acordar melhor. 

 

Antes mesmo de abrir os olhos sinto um cheiro de perfume feminino muito agradável. Particularmente, gostava de mulheres que sabiam como usar aromas na quantidade certa e, apesar do perfume ser bom, estava forte demais. Com um suspiro cansado abro os meus olhos devagar e inclino a minha cabeça para o lado, dando de cara com Celeste lendo uma resvista de moda, na capa está escrito Vogue. Assim que percebe que já estava desperto, ela abre aquele sorriso que quando eu era mais novo (na verdade até pouco tempo atrás), me deixava com os nervos a flor da pele. 

—Finalmente, Maxon. - Diz Celeste ao cruzar as pernas e começar a mexer nos cabelos, sua expressão está aliviada. - Até mesmo meio grogue, você permanece um deus grego que eu gostaria de levar pra casa. - E então pisca pra mim de um jeito provocativo que eu já conhecia muito bem. 

Abro um sorriso de lado. 

—Sua gentileza me comove, Celeste. - Respondo com uma notinha de ironia que ela, esperta como sempre, notou de imediado e mordeu o lábio de forma sexy. 

—Imagino. - Murmura, desviando o olhar para a minha boca. De repente, seu corpo se inclina para o meu, seus cabelos compridos fazendo cócegas nas partes em que encostava na minha pele. 

—O que está fazendo? - Pergunto ao franzir as sobrancelhas e, da forma mais gentil que eu podia, a empurrei com o braço que não estava dolorido. Celeste bufa e joga os cabelos para o lado. 

—O que nós dois fazemos muito bem, oras. - Responde contrariada.

—Estou noivo. - Digo de um jeito que deixava óbvio que não havia explicação melhor do que essa.

Ela revira os olhos.

—Isso não impedia da gente se encontrar quando você estava de namorico por aí. 

Fecho os olhos por um momento e aperto a ponte do nariz. 

—É diferente agora. 

—Por quê? - Questiona em tom grave, uma de suas sobrancelhas grossas se arqueou.

—Porque sim, Celeste. 

E então, ela começa a rir. Sua risada combina muito com ela, é forte e provocativa. Abro um sorrisinho de canto enquanto espero que ela me conte do que achou graça.

—Você sabe que estou namorando, eu estava brincando com você. - Fala ela, enquanto se ergue do pequeno sofá ao lado da cama e cruza os braços. Sua voz se suavizou e a expressão está levemente divertida. - Foi apenas um teste e você passou.

Ergo as minhas sobracelhas.

—Teste do quê? 

—Se você resistiu a mim, então você resiste a qualquer uma. - Explicou cheia de convicção, abrindo um sorriso de lábios vermelhos pra mim. -America terá um marido fiel. 

Dou minha habitual risada, longa e alta.

—Você tem razão. 

Ela então dá passadas firmes no chão, fazendo aquele som de saltos batendo contra o chão que eu, particularmente falando, achava bastante atraente. Quando ficou próxima o suficiente, Celeste completou:

—Mas não esqueça, você é meu melhor amigo. - Ela faz uma pausa dramática e eu a encarei nos olhos com ar divertido. - Caso queira, estamos aí, diponível para uma amizade colorida. 

Eu balanço a cabeça, abrindo um sorriso, mesmo o movimento tendo sido desconfortável. 

—Você não presta. - Murmuro em tom de reprovação, mas ela sabia que eu não estava falando sério. 

—Só estava brincando. Você e America tem mais do que química, é outra coisa. - Ela dá de ombros e antes de sair, me lança um beijo invísivel no ar e dá uma piscadinha. - Vou avisar papai que você já acordou, ele está morrendo de preocupação, mesmo todos dizendo que você não iria morrer. Não por isso. Te conhecendo como conheço, é mais provável que morra de amor do que baleado. - Resmunga com certo desdém e eu concordo com a cabeça.

—Não é impossível. - Retruco com ar de riso. 

Celeste abre um sorriso pequeno antes de acenar pra mim com dois dedos erguidos. 

—Fique bem, cowboy. 

—Vou ficar.

Ela estava prestes a abrir a porta quando a chamei.

—Cel?

—Sim? Decidiu que quer meu beijo agora? Já vou logo avisando, só vou beijá-lo se for na bochecha. - Diz ela enquanto desliza as duas mãos pelos os cabelos tão sedosos que pareciam cortinas, que já tive a oportunidade de acariciar muitas vezes. Por muitos motivos.

Reviro os olhos, e ela acha graça. 

—Quero saber se America veio. 

Sua expressão tornou-se séria.

—Não a vi, mas tenho certeza de que ela virá, Max. 

 

No dia seguinte fui para a casa, finalmente! Poderia ter vindo antes, mas minha mãe convenceu o médico de que ficar mais tempo no hospital era estritamente necessário, mesmo o ferimento da bala estar se cicatrizando melhor do que o esperado. Assim que entrei no meu quarto, fui surpreendido pela a presença de meu pai de costas para mim, fitando pela a janela com os braços cruzados. 

—Como você está? - Questiona ele ainda sem se virar pra mim, sua voz é mais dura do que pedra.

—Bem. 

—Posso saber o que você estava fazendo, Maxon? Naquela hora da noite e em companhia de nada mais do que uma garota? - Agora ele se volta para mim lentamente, e eu deslizo uma das mãos pelo o meu rosto.

—Pai, já sou adulto. Tenho o direito de sair de casa quando bem entender. 

Ele estreitou os olhos e avançou até mim, ficando cara a cara comigo. Quando era criança, só de ouvir a sua voz irritada já tremia por dentro, mas de uns tempos para cá, mais precisamente quando ele começou a implicar com America, tive que me tornar mais firme. 

—É mesmo? - Bufa, balançando a cabeça de forma raivosa. - Você foi irresponsável, filho. Já não sabe que ano passado começamos a receber ameaças da oposição? Não sabe que esse jogo político não é para os descuidados e fracos?

—Entendo, pai, mas você tem que...

—Não, você não entendeu. Quando a pessoa não quer se corromper na politica, ela começa a adquirir muitos inimigos, e esse foi o rumo que você decidiu escolher. Então, se mantenha cuidadoso, você ainda é jovem, eu sei. - Meu pai agora põe as mãos sobre os meus ombros e seu olhar está cheio de preocupação. - Mas não seja irresponsável, sua mãe e eu não aguentariamos se algo de mais grave tivesse te acontecido. 

—Me desculpa, pai. Vou tomar mais cuidado, prometo pra você. 

—Que assim seja. 

Lanço um olhar por sobre o meu ombro quando escuto batidas na porta. Abro um sorriso automatico, deveria ser America. Rapidamente, me encaminho até ela e a abri, encontrando Carter com um buquê de flores na mão. 

—Pra quem é isso? - Pergunto com as sobrancelhas erguidas.

—Pro meu mozão. - Responde com uma risada.

—Carter, você me assusta. - Digo, causando um ataque de riso do meu amigo. Meu pai passa por nós e dá um tapinha nas costas de Carter e lança um olhar de "estamos entendidos" para mim antes de sair. Ficamos o observando até que ele dobrasse o corredor. 

—E aí, como você está?

—Levemente enfaixado. - Murmuro, agradecido por não estar mais sentindo dor alguma. 

Carter caminha até o sofá e se joga ali.

—Você tem alguma ideia de quem tenha feito isso? 

—Eu não, meu pai com certeza tem. - Falo com a voz frustrada. 

—Ouvi dizer que você e America estavam na rua na hora. - Conta-me ele com um sorriso malicioso. 

Sento na cama e apoio o cotovelo na perna. 

—É, pra ser mais exato estávamos nos beijando. - Admito, lembrando do momento exato e de como me senti. Acabei abrindo um sorriso.

—Deve ser por isso que esse seu sorriso idiota está nessa sua cara de molecote. Você quer uma dica? 

Reviro os olhos.

—Não.

—Não se apaixone, se apaixonar é roubada, cara. - Diz ele ao fazer uma careta.

—E se por acaso eu já estiver apaixonado? 

—Se joga da ponte. 

—Você é muito romantico. - Zombo, e nós dois rimos.

—Pô, vou levar flores pra minha gata. Isso não é razoavelmente romântico?

—Não era pra mim? - Pergunto, fingindo estar decepcionado.

—Você não tem seios e nem cabelos com cheiro de rosas, Maxon. E se fosse mulher não faria o meu tipo. 

—E qual é o seu tipo mesmo? 

—Sei lá...uma America Singer da vida.

Bufo alto e estreito os olhos.

—Cale essa sua boca e vá logo trovar mais uma pobre inocente. - Retruco, me sentindo surpreedentemente incomodado com as palavras de Carter, nunca fora ciumento, muito menos possessivo.

Carter se levanta todo animado, segurando o buquê contra o peito. 

—Não me julgue, você já iludiu inocentes por aí. 

—Essa fase já passou. 

Ele põe um dedo na garganta.

—Essa história de paixão me dá vontade de vomitar.

—Por gentileza, vá catar o que fazer. 

—Até mais. - Murmurou, dando as costas para mim.

—Um dia você ainda vai se apaixonar por alguém. - Retruco, sabendo que ele não ficaria calado.

—Só fracos se apaixonam. - Retruca de volta, com um sorriso zombeteiro no rosto e então partiu porta a fora.

 

Uma hora antes do jantar mais ou menos, ouço duas batidas hesitantes na porta. Devagar e com certa preguiça, caminho até ela para poder abri-la. E lá está ela, com aqueles olhos azuis escuros, como se fossem uma noite límpida. Aqueles cabelos que sempre quando estão ondulados me dão a impressão de uma certa selvageria que constratava bastante com aquela carinha de anjo que America tinha. Tive que me conter para não agarrá-la ali mesmo.

—V-você está bem? - Me pergunta constrangida, olhando para baixo. Lembrei de quando começamos a ter contato, em como seu olhar era agressivo pra mim, mas agora, ela parecia perdida e insegura. Frágil, e eu queria protegê-la. 

—Estou melhor agora. - Respondo com um sorriso, que ela retribuiu.

E então ela me abraça forte, tanto que dei dois passos para trás quando ela investiu para cima de mim. Alisei seus cabelos com a ajuda do braço bom e repousei o queixo no alto de sua cabeça, sentindo seu cheiro suave e tão bom que me deixava desnorteado.

—Pensei que ia te perder. - Ela sussura contra o meu peitoral.

—Você nunca vai me perder. - Digo, erguendo o seu rosto até que ela me fitasse. Fixo meus olhos dentro dos dela e sinto alguma que coisa havia mudado entre a gente. 

America não era apenas uma amiga, era mais que isso. Naquele momento tive certeza de que, caso eu não estivesse apaixonado ainda, faltava apenas um triz para isso acontecer.

Talvez ela seja aquela que iria me consumir.

 

Por America Singer

Bati duas vezes na porta, mal usando força alguma. Caso Maxon estivesse dormindo ou algo do gênero, não iria querer acordá-lo. Meu Deus, como eu queria olhar pra ele, eu precisava acalmar aquele aperto dentro do meu peito que já começava a me deixar louca. Pouco tempo depois ele aparece, seu rosto não parecia surpreso com a minha presença, e sim feliz.

—V-você está bem? - Pergunto com a voz constrangida, olhando para os meus pés com minhas sapatilhas azuis já gastas de tanto que eu usava.

—Estou melhor agora. - Responde ele. Olhei para cima a tempo de ver aquele sorriso que fazia surgir uma covinha em sua bochecha. E então, sem pensar muito sobre o que eu estava fazendo, apenas seguindo o meu instinto, o abracei forte. Ele pareceu surpreso num primeiro momento, me apertando contra si antes de começar a deslizar uma das mãos pelos os meus cabelos. Enterro meu rosto em sua camisa, fungando baixinho.

—Pensei que ia te perder. - Sussurrei.

—Você nunca vai me perder. - Responde ele, e suas palavras foram absorvidas por mim com uma alegria inusitada. Maxon ergue meu rosto para o seu, me encarando com aqueles olhos de Toddynho, de leite com muito Nescau. Naquele instante seu olhar era tão terno, sua expressão sugeria que ele refletia sobre algo.

—Já me acostumei com você, ia ser péssimo te perder. - Digo eu, de repente ansiosa por dissipar aquele clima denso que havia se formado entre a gente. O seu corpo irradiava calor para o meu e eu não me importaria de ficar colada nele por um bom tempo, mas...ele me afastou um pouco.

—Você ia sentir falta do meu beijo? - Pergunta, sorrindo de um jeito confiante e levemente malicioso que eu não tinha visto ainda. 

—Talvez. 

—Talvez sim? - Indaga com uma risada.

Abro um sorriso largo.

—Talvez sim. Com certeza sim. - Falo, chocada comigo mesma por ter dado essa resposta tão na lata assim.

—E o que a gente está esperando então? - Murmura, me puxando novamente pra ele e se inclinando para baixo.

—Não sei. - Respondo com as palavras saindo entrecortadas, enquanto sinto sua respiração contra minha pele, causando um arrepio agradável no meu corpo.


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Notas finais do capítulo

Eu não sou muito boa com essa coisa de POV, mas me pediram e eu resolvi tentar. Espero que tenham gostado.