Ok, eu sei que esse tom de cabelo não fica muito bom em mim, mas essa cara de merda? Vadias!

                - Nossa, que do mau vocês, pois eu achei ela uma diva – disse meu novo amigo, ou séria amiga?, de braços cruzados mostrando o quanto estava revoltada (?) com aquela situação.

                - Não, não – as garotas tentaram explicar rápido e mexiam os braços em quanto diziam – é que ela está simplesmente maravilhosa.

                Corei antes de perceber o que foi dito.

- Como assim eu estou maravilhosa? Quer dizer que eu não era maravilhosa antes?

- Você não entendeu, Fê?

- Não – disse confusa, porra, fala minha língua!

- Você ficou tão... linda, esse tom natural ficou perfeito em você, nem parece mais a garota que quer ser expulsa a qualquer custo, parece uma estudante comum!

- Acho que era isso que minha mãe era – murmurei com meus olhos lacrimejando – acho que ela realmente queria que eu fosse assim.

E então aquelas lágrimas idiotas começaram a cair sem se quer a minha permissão e eu simplesmente saí correndo dali, eu não queria mais ficar naquela escola, não queria mais ficar naquele ambiente onde, anos atrás, minha mãe estudou.

Não que eu ainda odiasse aquela escola, ou aquelas garotas, por que elas estavam sendo bem legais comigo afinal, mas eu não queria mais continuar naquele lugar, tudo me lembrava minha mãe.

Então eu saí, corri, voei, como você quiser dizer, sem rumo até um lugar indeterminado onde eu parei e pude ver algumas árvores. Pensei na criação de Deus, pensei em Seu infinito amor por todos nós, seus filhos, mas se Ele realmente ama a todos, por que levou minha mãe? Ele não imaginou como seria duro para mim crescer sem uma mãe?

Encostei em uma árvore e observei o desenho das nuvens no céu, imaginei diversas coisas, em uma nuvem pude ver, com toda a certeza, uma caveira que logo depois se transformou em um homem e então uma nuvem cinza a cobriu e rapidamente pude sentir seu efeito – gotas caiam sobre meu rosto.

Não fez diferença alguma por longos minutos, enquanto minhas lágrimas se misturavam com a chuva, até que senti mãos em meus ombros que me fizeram relaxar de um jeito... sinistro.

Só que mais sinistro do que o que aquele toque fez comigo foi o efeito daquela voz sobre mim.

- Por que está aqui, Fernanda?

- Como me reconheceu? – lhe perguntei assustada. Não estava tão mudada?

- Você fica linda não importa com que cor de cabelo – Max me disse.

Sem nem mesmo perceber eu corei de modo inacreditável.

- Quer me acompanhar? – ele me perguntou.

- Para? – lhe olhei confusa.

- Eu te mostro – sorriu de modo acolhedor e segurou minhas mãos me ajudando a levantar. Limpei minha roupa e o segui, de mãos dadas até lá.