- Fernanda, acorda! – ouvia a voz de minha irritante colega de turma – está na hora de acordar!

- E? – eu era grossa – O que eu tenho haver com a sua hora de acordar?

- Não é minha hora de acordar, é nossa hora de acordar!

- Você acabou de dizer que eu vou ter que acordar cedo? – gargalhei; aquilo com certeza era uma piada.

- Sim – ela disse levantando minha coberta – e a aula é em 10 minutos, se eu fosse você colocaria o uniforme.

- Que bom que você não é eu – disse – por isso que eu sou bonita!

Ela jogou o uniforme em cima de mim, levantei e o estiquei, era ridículo: Uma grande saia azul que chegava até meu joelho, uma blusa branca de babados e um sapato preto social, ridículo!

- Veste!

- Você não manda em mim, queridinha!  Melhor você ir, vou me vestir!

Ela saiu do quarto, peguei minha blusa e coloquei; meu deus ficou ridícula! Continuei, peguei minha saia e a coloquei, ficou muito longa então a coloquei na cintura e ela ficou no meio da coxa; perfeita! O sapato? Era muito baixo, peguei o salto mais alto que tinha e o coloquei, penteei meu cabelo e coloquei uma faixa nele, peguei minha bolsa vazia e fui em direção à porta.

- Estou pronta, vamos!

Ela me guiou até a sala da direção, eu não estava corretamente uniformizada, mas quem liga?

- Aqui está, acho que você deve conversar com a senhora Santos um pouco, até depois – ela disse e foi embora, já estava longe quando a vi acenando.

Bati na porta e a abri, a cadeira estava virada de costas para mim, fui atenciosa já que era meu segundo dia na escola.

- Bom dia, tiazinha – eu disse; poxa, essa é minha educação, vale de algo, não?!

- Tiazinha? – a cadeira virou e era um menino sentado nela, ele ria, e ria.

- Oi gato – sussurrei – o que faz aqui? Escola para meninas!

- Sou filho de uma das monitoras, estou passando o dia na escola – ele respondeu minha pergunta; que legal em?!

- Hm, então tá! Tchau – sai da sala calmamente e sentei em uma das cadeiras no corredor a espera da diretora, a tal de “senhora Santos”.

A monitora idiota de ontem a noite chegou, caminhou olhando para mim e entrou na sala, disse algumas palavras altas e saiu, o garoto saiu logo em seguida.

- Me chamo Alex – ele sussurrou perto do meu ouvido e saiu caminhando em direção à mãe dele; que falta de sorte dele de ter essa mãe!

A diretora não aparecia, olhei o relógio e já era mais de sete horas, ou seja, eu já estava ali a bastante tempo, que saco!

Comecei a olhar as fotos, foto por foto, muitas fotos ali eram de antigos times do colégio, sorri ao ver alguém familiar em uma das fotos que dizia “Campeonato Mundial de Vôlei – 1975”

- Que chato – sussurrei

Passei o dedo por outras fotos e voltei para aquela foto, realmente aquela garota me parecia muito familiar, mas quem ela era? Eu não tinha idéia, mas precisava lembrar, sentei novamente, mas agora para refletir e então aquele nome de veio à cabeça “Renata Alves Passos”

- Sim! Sim! Sim! Ó Meu Deus, é ela! – eu já estava gritando quando me toquei, sentei agora feliz e envergonhada pelo mico, olhei para baixo e uma lágrima escorreu por meu rosto.

- Você a reconheceu, não? – Uma estranha mulher de terno pôs a mão em meu ombro, olhei para ela, e assenti, ela passou a mão por meu rosto, limpando a lágrima, dei um sorriso e perguntei:

- É realmente ela? Ela realmente estudou aqui? – estava tão feliz que nenhuma palavra poderia mostrar como me sentia, Meu Deus, minha mãe estudou lá, agora eu posso saber tudo sobre ela!