Beatrice e Matheus escrita por ACL


Capítulo 4
Primeiro dia


Notas iniciais do capítulo

Olá.
Antes de tudo, quero agradecer a Words, que, depois de Inflamável, voltou aqui para acompanhar a história de Bia e Matheus. (E já convido quem mais quiser a ler a minha outra fic)



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No dia sete de agosto de 2006, Beatrice começou as aulas na sua nova escola. Despediu-se da mãe com um beijo na bochecha e caminhou para o carro do pai. Vestia uma calça jeans, mesmo que não fossem permitidas na sua escola, porque sua mãe o permitira e não teria ninguém no mundo que a fizesse tirar. Seu cabelo estava preso com um laço amarelo e batia na cintura, exatamente como ela amava usar.

Bia andava pelos corredores ansiosa e preocupada. Não sabia como agir, uma vez que era seu primeiro dia em uma escola nova – a última vez que fizera isso foi na pré-escola. Não tão insegura, porém, por causa da companhia do seu pai, guiando-lhe até a diretoria. Ganhou de despedida um abraço e um beijo de boa sorte.

A sala estava vazia quando chegou. Sentou-se no fundo, no canto, onde acostumou-se a sentar quando tudo começou a desandar – como gostava de dizer – na escola antiga. Ficou quieta, observando com um tom de inveja os alunos chegarem contando suas histórias de férias. De certa forma, Bia era independente de relacionamentos humanos, mas ainda assim ela queria ter um pouquinho menos de rancor e amargura. Ela não sabia exatamente o que sentia, só que existia apenas uma sensação esquisita e incômoda bem na boca do estômago.

Esperou calada até a professora entrar e apresentar a nova aluna à turma. Ela pediu para que Bia se levantasse e dissesse alguma coisa, mas ela falou coisas aleatórias como o fato de sua cachorrinha ter comido seu chinelo preferido ou de ela não ter vontade nenhuma de ter um irmão. Talvez vocês tenham percebido a inabilidade de Beatrice em oratória. Se não, eu digo: ela é extremamente inábil.

A menininha voltou para a cadeira desprendendo o laço do cabelo – nunca conseguiu ficar mais que alguns minutos com ele de qualquer forma – e prestou atenção à aula, martirizando-se por falar besteira lá na frente. Ruborizando a cada minuto que lembrava do ocorrido.

Uma hora depois de seu início, uma visita interrompe a aula. Não é bem uma visita porque Matheus chega e senta na carteira vazia ao lado de Beatrice até o fim da aula. Antes da primeira professora do dia sair, ele explica para ela que mudou de turma.

A inveja de Bia em relação aos colegas de sala foi embora no momento em que Matheus sentou-se ao seu lado. Não, ela não se sentia enciumada. Pelo contrário, o mundo inteiro cobiçaria a radiância do casal de amigos.

Onze e meia da manhã era o horário de término da aula e, de acordo com o combinado entre Bia e sua mãe, ela esperaria sua prima Olívia buscá-la e iria com sua tia para casa. Bia amava estar na companhia de Olívia porque, apesar de ser mais velha ela não era chata como suas outras primas.

Olívia foi forçada a interromper a conversa da prima com o amiguinho porque tinha a mãe mais impaciente que se conhece e provavelmente já estava à espera dos filhos e da sobrinha desde as onze. Sua visão periférica captou o menininho e ela imaginou reconhecê-lo, mas ignorou.

Não o ignorou, entretanto, quando ouviu sua voz aguda dizer:

– Ei! Você é Olívia, a amiga de Guilherme, não é?

– Ah, oi, Mati – respondeu. – Sou eu, sim. Desculpa, mas nós temos que ir agora.

Bia desculpou-se com Matheus, mas ela realmente precisava ir embora. Tudo bem para ele. Não se importava porque no dia seguinte e em todos os outros dias do ano ele prometeu sentar do lado dela, exatamente como tinha feito no seu primeiro dia de aula.

– Liv, Guilherme, o irmão de Matheus, é aquele seu namorado?

Olívia parou no meio do corredor e encarou a prima mais nova. Estava sendo perseguida por todos os lados pela ideia de namorar Gui, mas eles eram só amigos. Ou ela pensava assim. De qualquer forma, ter sua prima a importunando com essa brincadeira idiota era demais para Olívia.

– Não, Beatrice, ele é só meu amigo.

Mas Bia era esperta. Viu o que Olívia estava tentando esconder. Viu as bochechas rosadas da prima ou no toque agudo da sua voz e na resposta rápida.

Só Olívia não sabia que era mentira.


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