Beatrice e Matheus escrita por ACL


Capítulo 28
Escolha


Notas iniciais do capítulo

Olha quem apareceu na maior cara de pau depois de 2 anos. XD

Foram dois anos bem loucos e intensos, mas eu tô aqui. Ontem me deu uma vontade do nada de escrever e tô aqui. Lembram que eu disse que n ia esquecer de B&M??



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A noite passou num piscar de olhos para Beatrice. Talvez por isso que depois da festa ela nem lembrava da gafe da cerimonialista. Os convidados, no entanto, lembravam. Os parentes mais velhos de Bia e os pais de seus amigos não se importaram. Antônio Agno, o pai de Matheus soltou uma gargalhada na hora e não perdeu a oportunidade de brincar com o filho. Guilherme e Olívia se entreolharam desejando que fosse verdade.

O mais afetado por toda essa situação, obviamente, foi Caio. Ele passou boa parte da festa de cara fechada, mas deixou para lá quando pensou que não valia a pena uma confusão naquele momento. Amanhã eles se resolveriam.
Mas “amanhã” Bia não estaria com nenhuma disposição para ter uma DR. Chegou em casa às oito da manhã e dormiu até às 16 horas. Suas melhores amigas dormiram lá e a ajudaram a desembrulhar alguns dos presentes enquanto comiam os docinhos e salgadinhos que sobraram. Bia esqueceu que o celular existia, o que era bem comum em 2011, mesmo que ela tivesse o Blackberry mais moderno da época. Então, Caio não conseguiu se comunicar com ela.

Na segunda-feira, entretanto, a conversa foi inevitável. Ela ainda estava exausta do final de semana, mas não faltaria aula. Caio convenceu Bia a espera-lo sair da aula dele, que terminava quarenta e cinco minutos depois da dela por causa das aulas extras preparatórias para o vestibular. Bia convenceu Júlia e Valentina a esperar com ela.
Enquanto esperavam, as meninas contaram a Bia o que aconteceu na festa.

— Mulher, ficou um climão lá — Júlia comentou. — A cerimonialista simplesmente disse que Matheus era teu namorado, uma informação totalmente desnecessária na minha opinião. Se bem que eu preferiria que tu namorasse ele e não Caio.

— Julia! — Valentina repreendeu.
Bia revirou os olhos. Seus amigos mais próximos não gostavam de Caio, e isso não era novidade. Mas eles já namoravam fazia um ano e ele podia ser uma ótima pessoa quando ele queria. Por que seus amigos não viam isso?

— Mas que merda, hein? — Bia disse depois de um tempo. — Aposto que é sobre isso que Caio quer falar. Espero que ele não esteja muito puto.

— Claro que ele ficou irritado, Beatrice! — Júlia rebateu, evitando o palavrão. — Qual namorado não ficaria numa situação dessas?

Bia não respondeu. A conversa se estendeu mais um pouquinho, mas não tanto quanto elas esperavam. Vinte minutos antes da hora combinada, Caio apareceu e as meninas foram embora. Valentina perguntou se Bia não queria carona, mas ela não sabia quanto tempo a conversa ia durar, então a dispensou.
Ela estava um pouco nervosa com a conversa, mas não tinha motivo. Não tinha feito nada errado, não podia ser culpada pelo erro de outra pessoa. Caio estava muito nervoso. Ele sabia que queria conversar, mas não sabia por onde começar.

— Oi — saudou a namorada num tom levemente frio. Deu-lhe um abraço, mas não a beijou, como normalmente fazia.

Bia sentiu o clima estranho e decidiu ficar calada até ele decidir dizer alguma coisa mais. Caio enrolou mais um pouquinho, tomando coragem para dizer alguma coisa.

— Se divertiu muito com seu namorado na festa? — ele finalmente perguntou, fazendo sinal de aspas na palavra namorado.

Bia o encarou, incrédula com a forma que ele abordou o assunto. Ela dividiu até muito bem seu tempo entre os amigos e a família, entre Mati e Caio.

— Desculpa — falou quando percebeu o quão rude ele foi. — É que eu não consigo evitar ficar com ciúmes quando alguém fala que minha namorada namora outra pessoa na festa de quinze anos dela e ela não faz nada.

— Caio, eu nem percebi que ela disse aquilo — Bia respondeu indignada. — Eu estava tão nervosa com a festa, com a apresentação, que a última coisa na qual eu estava prestando atenção foi no que a cerimonialista falou.
Caio permaneceu calado, com uma expressão de irritado e olhando para qualquer lugar que não fosse para Bia.

— O que você queria que eu fizesse? — ela perguntou depois de alguns momentos de silêncio. — Você queria quer eu pegasse o microfone e anunciasse que Matheus não é meu namorado? Todo mundo sabe que é você. Não tinha necessidade. Isso se eu tivesse ouvido o que a mulher falou, mas eu não ouvi.

— Às vezes parece que você gosta da ideia de namorar Matheus. Você nunca corrige quem fala que queria que vocês fossem um casal. Você nem estranhou o que foi dito na sua festa. E eu acho que vocês passam tempo demais juntos.

— Velho, não começa. Eu já disse a você que não tem motivo nenhum para sentir ciúmes. Qual é o sentido de a gente estar juntos se você não confia em mim?

Caio recuou, enraivecido.

— Tu tá dizendo que quer terminar?

— Claro que não — Bia replicou. — Eu quero que você confie em mim.

— Desculpa, mas eu não consigo confiar em você quando vocês estão juntos.

Bia não acreditava que Caio estava dizendo aquilo. Ele conhecia a história dela. Sabia que antes de Matheus seus amigos se resumiam em Júlia, Valentina e, algumas vezes, Olívia. Que Mati foi quem abriu as portas para novas amizades incríveis e sabia o quanto isso era importante para uma geminiana comunicativa, porém extremamente tímida, como Beatrice.

Ela sentia o rosto ardendo e sabia que estava toda vermelha. Não sabia se Caio já tinha feito ela passar tanta raiva antes. Estava tão furiosa que não conseguia dizer nada.

— Eu acho que seria melhor para nós dois se vocês parassem de se ver — Caio demandou depois de um tempo.

— Isso não vai acontecer — Bia retrucou imediatamente. — Eu nunca vou deixar de falar com Matheus. Você sabe que ele é meu melhor amigo e o tanto que eu o amo.

— Eu não acredito que você tem a coragem de dizer isso para o seu namorado.

— Eu já te disse isso várias vezes — Bia não percebeu sua voz aumentando e nem o leve tom de choro nela. — E você sabe também que eu amo vocês dois de maneiras diferentes. Não tem diferença nenhuma o jeito que eu amo Mati para o jeito que eu amo Júlia ou Valentina. Para de ser dramático.

— Bia, eu não consigo. Você precisa fazer uma escolha. Você disse que não queria terminar, mas também não quer abrir mão de nada pelo nosso relacionamento.

— Eu não preciso abrir mão de nada. Você está fazendo uma tempestade num copo d’água.

— Não é tempestade num copo d’água. Eu só não aguento mais ser trocado. Às vezes eu até esqueço que eu namoro. Você tem uma escolha, Bia. Eu não quero continuar namorando para ser a segunda opção em relação a ele.

— Você está dizendo para eu escolher entre você ou ele? — Bia diminuiu o tom quando a informação finalmente chegou ao seu cérebro. Não era justo que Caio fizesse isso com ela.

— Em outras palavras, sim.

Bia ficou em silêncio. Ela não acreditava no rumo que a conversa tinha levado. Não acreditava no motivo que levou eles a terem essa conversa. Isso tudo por uma confusão de uma mulher que estava trabalhando à meia noite de um sábado. Ou seria de um domingo?

— Eu não posso escolher, Caio — declarou, enfim. — Não é justo que você me peça isso.

— Então eu vou entender que você escolheu Matheus.

Ela balançou a cabeça negativamente. Não tinha escolhido nada. Não podia. Não podia escolher o melhor amigo em relação a um cara que ela até amava (ou achava que amava), e nem podia simplesmente deixar de falar com Matheus.

— Vamos fazer o seguinte — Caio quebrou mais um silêncio prolongado — a gente dá um tempo. Você pensa no que você quer. Depois a gente conversa. No final da semana. A gente pode ir para algum lugar legal sábado e você me diz o que decidiu.

A esta altura, Bia estava chorando, enfurecida. Ela odiava ser desafiada desta forma. Levou um tempo antes dela se recompor para responder.

— Eu não acredito nessa merda de tempo. Se você não quer mais ficar comigo, a gente termina. E também no final de semana eu não posso, é São João e eu vou viajar com a família de Matheus para a casa do tio dele.

Caio levantou-se num pulo, também enfurecido.

— Tá vendo que você sempre escolhe ele? Não sei nem por que eu ainda tento. É isso, então. A gente já era.

E saiu, deixando uma Bia chorosa tentando descobrir como voltaria para casa soluçando de tanto chorar.


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