Beatrice e Matheus escrita por ACL


Capítulo 19
Momento




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Tem uma coisa engraçada sobre a adolescência. Naquele período de tempo entre os 12 e os 19 anos, a gente tem mania de achar que sabe tudo sobre a vida. Não sabemos. Se você está passando por essa fase agora, pensa que sabe tudo, você está errado. Entenda, ainda tem muito para aprender.

Enfim, quando Bia tinha 14 anos, eu não tive a chance de abrir os olhos dela (afinal eu também tinha 14 anos). Mas ela era uma menina difícil. Era teimosa e muito dona da verdade. E esse era um dos seus piores defeitos.

Então quanto mais lhe alertavam sobre Caio, mais ela ignorava e aproximava-se dele. Caio, por sua vez, estava começando a gostar de Bia, de um jeito esquisito, mas ele queria ficar mais e mais com ela. Afinal, ele era mimado e era o centro do universo da maioria das pessoas ao seu redor, mas ele tinha, sim, sentimentos.

No final da festinha de 14 anos de Júlia, eles fizeram algo que hoje em dia chamamos de “dar um perdido” e foram para um andar abaixo do salão de festas, num tipo de lounge e passaram um bom tempo por lá conversando.

Caio não era das melhores pessoas para conversar, mas àquela altura, Bia também não era. Mas de qualquer forma eles aproveitaram a conversa. Não foi um dia só de beijos e mãos bobas e afins. Foi a vez em que Bia mais se sentiu confortável em estar com Caio. Ele contou um pouco como foi difícil quando o pai abandonou a mãe com vinte e um anos e um bebê de três meses, e isso foi quase um ponto de conexão entre eles. Claro, tinha um abismo enorme entre a relação de Caio e Bia com seus respectivos pais, mas era algo próximo. Um pontinho que ela não teria nunca com Matheus, porque tio Antônio e tia Mônica eram aquele tipo de casal que vai para o túmulo junto.

Então passaram a falar como queriam ser diferentes com os filhos se algum dia tivessem um. Bia não pensava em ser mãe – decidiu deixar a questão para quando tivesse mais idade. Caio, por outro lado, queria ter pelo menos um filho, um herdeiro. Bia não imaginava Caio sendo pai, assim como ele não a imaginava não sendo mãe.

De alguma forma, acabaram falando de música e mostrando um ao outro seus preferidos. Bia não tinha nenhuma frescura: gostava de todo tipo de música, até aquelas que todos torciam o nariz (sim, estou falando dos queridíssimos bregas recifenses). Já Caio era muito seletivo, ouvia um pouco de rock e algumas músicas mais alternativas que ninguém conhecia. Caio apresentou algumas músicas a Bia e Bia tentou convencê-lo a ouvir um pouco de Lady Gaga.

— A gente deveria namorar – comentou Caio depois de um tempo.

Bia estranhou de início e pensou em dizer não, afinal, não queria nada disso. Mas, por algum motivo ela disse sim. E eu não vou dizer que ela tomou uma decisão errada.


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