Beatrice é uma menina forte, vocês sabem disso. É o tipo de pessoa que não se importa muito com os tropeções. Isso não é, de jeito nenhum uma coisa boa. Bia acumulava tudo de ruim que acontecia com ela, em silêncio, sem extravasar. Eventualmente ela liberou tanta energia negativa guardada, mas sofreu calada por um bom tempo.

Um dos dias mais difíceis para ela foi quando Matheus e Manuela declararam o namoro. Estavam “ficando” havia dois meses quando ele a pediu em namoro. O que foi um erro. Ele não sabia na época, mas ele devia ter ouvido seu coração. Clichê e meio brega, mas simples assim.

Manuela era uma ótima pessoa, não se enganem. Era bem simpática quando deixava alguém se aproximar. Doce e gentil. Como qualquer pessoa, tinha defeitos. Manu era mandona e mimada. Defeitos contornáveis quando tratados, mas ela era resistente a mudanças. Ela não tinha muita vontade de modificar sua personalidade por quem ela amava.

Não estimulo ninguém a mudar por causa de namorado, não me entendam errado. Mas quando você tem algo de ruim em você, que incomoda a outra pessoa, por que não deixar isso para trás?

Em contrapartida, Matheus estava adquirindo um espírito livre. Era para isso que tinha sido criado: a liberdade era valorizada pelos seus pais. Mas como os defeitos sempre ficam na obscuridade, os primeiros meses do seu relacionamento foram maravilhosos, pelo menos para eles.

Beatrice tentava não se importar, mas era difícil. Tentava lutar com essa sensação de que Manu estava roubando tudo o que ela tinha e ter um bom relacionamento com a irmã postiça por causa do pai. Tentava ignorar o fato de não ser mais tão próxima de Matheus quanto antes.

Quando houve a sobrecarga de pensamentos ruins, a explosão não foi  nada bonita como fogos de artifício.