Miiu Hatsumine escrita por Creeper


Capítulo 9
É preciso se perder para se achar


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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(Miiu POV On:)
As gotas de chuva caíam pesadas e frias,os relâmpagos piscavam e apagavam como luzes no céu negro e os trovões faziam um estrondo como se fossem donos daquilo tudo.
Meus pés doíam de tanto correr,andei os mais rápido possível para não pegar chuva,mas foi impossível evitar de não me molhar.
Infelizmente havia me perdido,não sabia que caminho pegar por conta da escuridão e acabei indo pelo lado errado.
Meus fios verde-água estavam colados ao meu rosto e caíam sobre meus olhos escondendo as lágrimas que brotavam no canto de meus olhos,mas eu evitava que caíssem. Estava com medo,com fome e me sentia cansada,não queria me sentir fraca ou medrosa naquele instante.
Se já não bastasse tudo que estava passando,acabei tropeçando em um buraco,caí de joelhos no meio fio e pude sentir as milhares de pedrinhas de asfalto cravarem em minha carne a fazendo sangrar.
Só pensava em como Haku e Lenny estavam,"Será que estão sentindo minha falta?","Ou será que nem se importam que estou fora de casa?". Ao notar o que estava pensando,tratei de afastar isso de minha mente balançando a cabeça de um lado para o outro fazendo os meus cabelos chacoalharem.
Apoiei as mãos no chão meio lamacento e consegui me levantar,dessa vez caminhei mais devagar tentando descobrir minha localização.
Era uma larga estrada,os outros dois lados havia grama alta,não existia sinal de vida,a não ser uma cabana velha de madeira ou um trator parado.
"Onde estou?"
Graças a Deus a chuva começou a diminuir,agora apenas chuviscava e hora ou outra se ouvia um trovão.
Já estava cansada de andar,meu cérebro mandava eu continuar,mas meu corpo não obedecia.
Como eu vim parar aqui? Assim:
Depois de ficar mais um tempo no colégio com Crazy,Mike e Zatsu,estava tarde então resolvi voltar para casa.
Nenhum sinal de chuva,caminhei normalmente pela calçada, apenas ouvindo os meus passos e vez ou outra ouvindo a janela ou a porta de uma casa ser fechada.
Foi aí que uma forte lufada de vento veio junto de folhas de árvores e começou uma leve garoa,mas foi o bastante para que derrubar a energia.
Tudo havia ficado escuro,eu estava indecisa para que lado ir e acabei virando pra direita,quando deveria ter ido para esquerda.
A passagem foi mudando aos poucos no mesmo ritmo que a chuva ia aumentando,então me dei conta de que estava perdida.
Então foi assim que eu vim parar aqui,eu sou uma idiota!
Como posso estar no oitavo ano e nem sei qual é a direita e qual é a esquerda?
Não podia ligar para ninguém, já que naquele mesmo dia mais cedo,Saki havia pegado meu celular e jogado na privada do banheiro masculino e depois me veio com a história que foi a "loira do banheiro" que tinha feito aquilo.
Eu e Saki desenvolvemos uma boa amizade durante o início das aulas,mesmo que de vez em quando ele me irrita ou faz coisas que me deixam chateada. Não sei se vou conseguir perdoar ele pelo que fez com meu headphone,agora eu estou mais longe do que nunca de encontrar meus pais!
Sei que ele não fez isso de propósito, mas Saki deveria olhar aonde pisa.
E derrubar o meu telefone na privada,fez com que eu corresse atrás dele feito uma louca e Zatsu tentasse me impedir,isso tudo nos levou até aquela sala misteriosa.
Coincidência? Ligação? Proposital?
Por falar no Zatsu,ele ainda anda meio fechado e gosta de ficar sozinho,mas eu estou tentando fazer ele se soltar mais um pouquinho e acho que até o final do ano eu consigo.
Sai de meus devaneios ao ouvir um barulho de motor atrás de mim,virei-me e me deparei com os faróis acesos de um carro cegando minha vista ao extremo. Meu corpo ficou parado como se eu fosse uma estatua,eu mandava minhas pernas se mexerem,mas elas não me obedeciam,congelei no lugar que estava e fiquei tão gelada que parecia que o sangue havia parado de correr por minhas veias.
A única coisa que pude fazer foi proteger a cabeça com os braços.
Estava esperando a pancada me jogar para fora da estrada...mas ela nunca veio. Em vez disso o veículo parou a poucos centímetros de meu corpo,me fazendo gelar.
Ainda tentava reagir,mas era impossível, eu tremia ao mesmo tempo que permanecia parada feito cimento.
A porta do motorista se abriu,revelando a figura de Haku com uma expressão de preocupação e susto.
"Só pode ser um sonho..."
Logo atrás da albina sair,vi Lenny pulando para fora do carro e se escorando nas pernas da mulher.
Meu coração batia a mil por hora,só faltava sair pela boca e eu estava tão pálida que parecia uma folha de papel.
—H-haku...—murmurei baixinho chegando perto de um sussurro. Meu coração falhou uma batida,senti como se meu corpo fosse derreter e minha visão ficou turva até se tornar escura como a paisagem.
***
Ao abrir meus olhos observei as quatro paredes de cor clara cheia de desenhos feitos com giz de cera,o cheiro de banana com canela,os lençóis brancos que forravam a cama em que estava deitada,o teto de madeira branca e material escolar espalhado pelo piso de madeira. Estava em casa,no meu quarto.
Continuava a trajar a camiseta e a saia do colégio,ambas amarrotadas e encharcadas.
Era possível ouvir o som da garoa cair lá fora,já era de manhã e o ar estava fresco.
Me sentei e comecei a relembrar da noite passada,provavelmente havia desmaiado por conta do susto.
Fiz uma massagem em meus joelhos ralados e passei as mãos na minha cabeça bagunçando os meus cabelos.
Ouvi batidas do outro lado de porta,disse para entrar.
Haku empurrou a porta com a lateral do corpo, já que nas mãos carregava uma bandeja cheia de comida,ao me ver acordada ela deu um grande sorriso,mas que logo se desmanchou e sua expressão mudou de feliz para decepcionada.
A albina colocou a bandeja em meu colo e se sentou ao meu lado com os braços cruzados,dei um grande gole no chá verde e depois comecei a comer o conteúdo do prato de porcelana. Estava faminta.
—Estou decepcionada com você.—Haku me chamou a atenção.—Miiu, você sabe que deveria voltar para casa depois da aula! Mas em vez disso você fica andando sozinha por aí a noite! Sabe o quanto eu fiquei preocupada? Eu estava a ponto de chamar a polícia!
—Desculpa.—disse de cabeça baixa. Odiava saber que Haku estava decepcionada.
—Vamos.—ela deu duas palmadas de leve na minha coxa.—Me conte como você foi parar naquela estrada.
Respirei fundo e contei toda história para ela.
—Isso foi muito perigoso,você poderia ter se machucado ou pior! E da próxima vez,ou melhor,espero que não haja próxima vez,fique dentro do colégio ou vá embora com uma colega que more aqui perto,mas você nunca deve sair sozinha! Poderia ter acontecido algo mais sério!—Haku estava a ponto de arrancar os cabelos.
A albina me passou um grande sermão que durou uma hora e trinta minutos,minha cabeça chegava a doer de tanto ouvir os gritos da mulher.
—Entendeu?—perguntou. Ainda bem que foi uma bronca e não uma surra,mas tenho certeza que a surra machucaria menos.
Assenti com a cabeça, mesmo que havia parado de escutar fazia uma hora.
—Vem cá.—Haku se levantou e abriu os braços, abri um grande sorriso e lhe dei um abraço bem apertado.
Haku alisou meus cabelos com carinho,aquilo me passava uma tranquilidade imensa,depois beijou o alto de minha cabeça e disse que me amava.
—Haku.—eu disse quando o abraço acabou.—Como você me achou?—perguntei inclinando a cabeça pro lado e arqueando uma sobrancelha.
—Depois de revirar a cidade de cabeça para baixo o único lugar que restou,foi o campo.—a albina disse revirando os olhos.
Então, eu estava em um campo? Devia ter andado por horas para chegar até lá...
—Agora vá se arrumar,vou te levar pro colégio.—Haku disse saindo do quarto e fechando a porta.
***
Estava dentro do carro com Haku a caminho do colégio, já se passou do horário de entrada,mas a albina disse que daria um jeito.
—Haku-san.—eu disse.—Você já estudou na Academia Vocaloid?
—Sim.—Haku disse com um sorriso.—Era um dos melhores colégios da época quando eu ainda era jovem,os maiores cantores ou cantoras que são famosos hoje em dia provavelmente já estudaram lá.
—Uau. Você acha que eu também posso me tornar famosa?—perguntei sorrindo.
—Se você se esforçar bastante,com certeza se tornará o que quiser.—Haku disse e bagunçou meus cabelos que estavam soltos.—Tudo na vida depende do nossos esforços e estudos,você pode ser quem quiser,o importante é fixar em seus sonhos e não esquecer de quem é você realmente,a fama pode mudar as pessoas.
—Eu sei disso Haku.—disse enquanto ela estacionava o carro do outro lado da rua onde ficava o colégio.
Tirei o cinto e peguei minha mochila,eu e a albina abrimos a porta ao mesmo tempo e ambas saímos do veículo.
Avistei os alunos da minha sala que estavam na quadra jogando futebol,time das meninas contra o dos meninos. Parecia um bom jogo,as garotas acabaram de marcar um gol e faziam a festa.
Ao fechar a porta do carro,joguei a mochila sobre o ombro e perguntei a Haku:
—Haku. —disse enquanto andávamos lado a lado.—Você estudou com meus pais?
A albina segurou o queixo com o polegar e o dedo indicador formando um "L",por fim disse:
—Sinto muito,mas eu não tenho como saber quem eram seus pais e se estudaram comigo. Não me lembro muito do rosto de cada aluno e eu não poderia te dizer ao certo já que não sei quem te deixou na porta do orfana...—ela parou de falar ao ouvir as próprias palavras.—Me desculpe. Sei que você não gosta de lembrar disso...
Era verdade,eu não gostava de lembrar que fui abandonada na porta de um orfanato. Me trazia tristeza por não conhecer os meus pais e ao mesmo tempo uma certa raiva (mas nem tanta,pois esse é um sentimento horrível) por terem me deixado.
Mas algo me dizia que Haku poderia estar ocultando a verdade sobre meus pais,foi aí que lembrei: "Notas musicais". Foi a dica que Haku me deu!
Era isso! As notas musicais pintadas nas paredes do prédio! E as mesmas nos levaram até a porta da sala misteriosa que estivera ontem com os outros.
Precisava contar isso a eles o mais rápido possível.
Sem nem avisar a albina,corri em disparada até a quadra e passei os olhos rapidamente para ver se encontrava Zatsu ou Saki. Haku gritou meu nome e ficou com uma expressão de interrogação, mas eu a ignorei.
Encontrei Zatsu fazendo (fazendo é modo de falar,ele parecia estar fingindo) aquecimento na lateral da quadra com outros garotos que se preparavam para entrar em campo.
—ZATSU-KUN!—gritei e o puxei pelo braço. Todos os alunos,até mesmo o professor ficaram nos olhando.
—Perderam alguma coisa?—perguntou Zatsu com a voz sombria em tom irônico. Todos olharam para baixo e voltaram a fazer o que estavam fazendo.—O que você quer?
—Eu preciso te contar uma coisa.—olhei para os lados.—Ué,cadê o Saki?
—Não veio pra aula hoje.
—COMO NÃO?—gritei,o garoto tampou minha boca com suas mãos e me guiou até o corredor onde ficavam os vestiários.
—Se você gosta de chamar atenção o problema é seu,só que eu não gosto.—ele disse.—Tente falar mais baixo,okay?
Uma gota enorme surgiu na lateral da minha cabeça, assenti e disse por fim:
—Você não sabe o que eu descobri...
—Não sei mesmo,é por isso que você vai me contar.—disse ele com certa ironia.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim! Até o próximo capítulo!