Miiu Hatsumine escrita por Creeper


Capítulo 8
Do lado de fora


Notas iniciais do capítulo

Como foi o Natal de vocês? Se divertiram? Eu espero que sim!
Boa leitura!



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(Mike POV On:)
Ficamos alguns minutos parados ouvindo a melodia que vinha de trás da parede,o estranho é que não tinha porta alguma,então como quem (ou o que) entrou ali dentro?
Um arrepio subiu minha espinha,e comecei a coçar meu braço direito nervosamente quase arrancando a pele.
—É isso...fim da linha!—disse Rinny bufando.—Passamos por tudo aquilo pra não dar em nada!-ela fez biquinho.
(Mike POV Off)
***
(??? POV On:)
Coloquei o violino em cima da mesa de vidro que ficava no centro da sala,pois aquele era meu momento de silêncio mas foi atrapalhado por vozes vindas de trás da parede que dividia o prédio.
Seriam alunos? Mas como encontraram a passagem? E o mais importante...quem teria a chave?
Quando o colégio foi construído, dividiram essa sala ao meio,tanto um lado como o outro não tem saída, apenas entrada. Esse lado da classe é usado como uma sala de música e apenas "os escolhidos" saberiam chegar até aqui,mas a diretoria decidiu manter essa sala em segredo,por isso escondeu a porta da outra sala para nenhum aluno passar.
Andei nas pontas dos pés e coloquei meu ouvido na parede para ouvir melhor.
Eram vozes de adolescentes que pareciam discutir ...conhecia aquelas vozes: Rinny,Mike,Miiu,Zatsu,Saki e Angie. Desde o início do ano eu nunca tive uma aula sequer com eles,mas já sabia muito sobre cada um.
Qual deles teria a chave? Ou melhor...qual deles foi esperto o suficiente para acha-la?
(??? POV Off)
***
(Mike POV On:)
A música parou de tocar,ficamos lá tentando descobrir um jeito de passar para o outro lado mas nada funcionou.
Depois de uma hora inteira tentando formular um plano ou ligar os pontos,decidimos ir embora.
Fizemos o mesmo percurso com todos cansados e reclamando.
Chegando ao hall de entrada,tivemos uma surpresa: a porta estava destrancada,significava que ainda tinha alguém dentro do colégio e poderia ser a pessoa que estava tocando violino do outro lado da parede.
Eu estava morto de curiosidade para saber quem era,mas também estava com medo do que poderia ser.
—Temos que ficar e descobrir quem é que estava tocando aquela melodia!—eu e Angie dissemos em coro. Desculpa,a curiosidade falou mais alto.
—Então descubram vocês dois sozinhos,porque eu vou pra casa!—disse Rinny empurrando a porta de ferro para frente.
Arregalei os olhos ao ver o brilho da lua vindo do lado de fora,devíamos ter passado horas lá dentro pois a noite ja caia pesada.
—Só eu achei que anoiteceu muito rápido? O que pareceram minutos foram horas...—disse Zatsu confuso.
O céu estava completamente escuro,a lua estava cheia e uma neblina a rodeava e vez ou outra se via um relâmpago dar um rápido flash na escuridão.
—É melhor irmos para casa,vai cair um pé da água daqueles...—disse Saki olhando para o céu.
(Mike POV Off)
***
(Saki POV On:)
Mike e Angie ficaram na escola para ver se conseguiam descobrir quem estava tocando aquela melodia. Miiu e Zatsu esperariam mais um pouco,mas logo voltariam para casa.
Rinny morava na rua de cima da minha casa,como estava tarde e Mike não a acompanhou como nos outros dias,eu decidi leva-la até sua casa.
Durante o caminho,ficamos em silêncio,apenas ouvindo a garoa que nos molhava.
Foi aí que lembrei da hora em que estava engasgado e...
—V-você me odeia?—perguntei.
—Olha isso!—ela disse puxando uma mecha do cabelo loiro.—É sagrado,sabia?!
Eu ri. O cabelo dela podia ter uma cor de dar inveja,mas era ressecado e todo despontado.
—Perto de casa tem um salão de beleza,eu posso te dar o número.—provoquei.
—É naquele mesmo que você faz manicure,né?—ela revidou.
—Foi só uma vez!—eu disse ficando vermelho.—E no dia das bruxas!
—Nada explica o fato de você ter pintado as unhas de azul escuro!
—Muitos homens passam base de vez em quando...—eu fiz biquinho.
—Você mesmo está dizendo que usam base e não esmalte cintilante!—a loira riu.
Chegamos ao enorme portão laranja da casa de Rinny,o carro de seus pais já estava na garagem o que significava que estavam em casa e ela levaria uma bela bronca por chegar tarde.
—Tchau.—eu disse coçando a nuca molhada.
—E quanto a sua mãe?—Rinny perguntou preocupada.
Eu e Rinny nos conhecemos desde o 5° ano,então ela ja sabe como é minha mãe.
—Eu dou um jeito...—disse sem firmeza nas palavras.
—Quer ficar aqui em casa esta noite?—a loira perguntou enquanto as gotículas de água escorriam pela pele lisa e clara.—Você pode dormir no quarto com o Mike.
—Vai ser pior se adiar...—eu disse e a garoa ficou mais forte.—Tenho que ir...
—Boa sorte.—ela sussurrou e os lábios deram um sorriso doce.
Assenti com a cabeça e virei-me para tomar o rumo de minha casa,ouvi a loira abrir o portão e tranca-lo,antes de um sumir da vista do outro,ela gritou:
—Tchau! Te vejo amanhã?
Olhei para figura da garota que ja estava desaparecendo conforme eu andava,respondi:
—Acho que sim! Boa noite!
A garoa só aumentava,apertei o passo e vesti o capuz da minha blusa encharcada.
Lá estava eu,correndo debaixo da chuva,sem ânimo nenhum de voltar para casa e ver minha mãe. Muitas vezes pensei em fugir de casa,mas saberia que não seria justo com minha mãe, afinal, ela só tinha a mim. Preferia enfrentar as surras e broncas que ela me dava do que abandona-la,mesmo que as vezes ela merecesse ficar sozinha,eu a amava demais para deixa-la.
***
Ao chegar em casa,abri a porta lentamente,"Droga,mamãe esqueceu aberta como sempre faz",andei nas pontas dos pés até achar o interruptor que acendia a lâmpada do corredor. Tirei os tênis e a blusa que estavam ensopados,a luz iluminou o corpo de minha mãe que estava desmaiada no sofá da sala,andei até ela,estava em seu estado que mais a via desde o divórcio: dormindo pesadamente,com os cabelos castanhos claros bagunçados,o top e a saia curta vermelha que sempre trajava e sempre acompanhada com o cheiro horrível do álcool. Mamãe havia bebido novamente naquele dia,provavelmente estava bêbada e nem deveria ter se lembrado que eu estava fora de casa.
Olhei para o piso que tinha algumas garrafas de saquê vazias e cartas amassadas relembrando do atraso do pagamento das contas.
Peguei um lençol que estava dobrado em cima do braço do sofá que mamãe dormia e a cobri,antes de ir para meu quarto lhe dei um beijo em sua testa e apaguei a luz.
Tomei uma ducha fria e rápida, andei até a cozinha,abri a geladeira e peguei uma caixa com um restinho de suco de laranja e uma lata de compota de pêssego.
Depois de comer,arrumei a cozinha para minha mãe, já que a pia transbordava de louça suja e o piso chegava a estar grosso de sujeira.
Com apenas a luz do corredor para iluminar tudo e o som da chuva caindo lá fora,quando terminei de limpar fui para o meu quarto, deitei-me em minha cama e fiquei virando de um lado para o outro tentando dormir.
Estava com medo do que minha mãe falaria no dia seguinte, medo de Miiu me odiar naquele instante,medo dos trovões que acompanhavam a forte chuva que caía do lado de fora da minha casa,medo de meu pai não viesse me buscar no final de semana como prometeu,medo do fantasma que estava tocando o violino vim puxar meu pé a noite. Com certeza eu não pregaria o olho naquela noite.
Meus medos podem parecer idiotas,mas a partir dos seus medos é que você se fortalece,né?
Afinal,o medo é um sentimento natural e saudável, só devemos ser capazes de controla-lo para que não vire nosso inimigo.


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Notas finais do capítulo

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