(Miiu POV On:)
Acordei sentindo algo quente e úmido lambendo meu rosto,era Lenny,meu gato de estimação,virei para o lado e pude ver os raios de luz invadindo meu quarto.
—Bom dia Lenny!—eu disse enquanto me espreguiçava.—Hoje será um grande dia!
Ele miou em resposta. Sabe,às vezes eu penso que ele entende o que eu digo.
—Sabe por que?-eu me levantei.—Hoje é o meu primeiro dia de aula na Academia Vocaloid!
Arrumei minha cama,expulsando o gato preguiçoso que nela repousava. Lenny era meu fiel companheiro,um gatinho de pelo preto e olhos intensamente azuis.
Após realizar minha higiene matinal,olhei pra um canto do quarto onde o meu uniforme escolar repousava em cima da cadeira.
Vesti a camisa pólo branca,o blazer preto aberto e com as mangas dobradas,a saia preta rodada acima do joelho,as meias brancas ¾ ,depois coloquei o laço (gravata social) vermelho meio frouxo debaixo da gola da blusa (por volta do pescoço).
Me olhei no espelho, decidindo o que faria com os cabelos verde-água que caiam suavemente sobre meus ombros.
—O que você acha Lenny?—perguntei enquanto pegava a escova de cabelo em cima da cômoda.
Decidi prender o meu cabelo em duas maria-chiquinhas baixas com um elástico que tinha o formato de losango na cor preta com uma listra rosa.
Lenny me olhou inclinando a cabeça pro lado e miando.
—Está bom?—perguntei me dirigindo pro outro canto do quarto.
Olhei debaixo da cama empoeirada procurando meus sapatos,achei um pé de All Star vermelho e o outro preto.
—Hum.—dei de ombros e calcei os pares diferentes. Digamos que eu gosto de inventar moda.
Estava saindo do quarto,quando me lembrei de uma coisa. Corri até a cabeceira da minha cama e peguei meu headphone amarelo que tinham orelhas azuis de gato na parte de cima do arco que ligava os fones,coloquei ele na cabeça(mas especificamente nos ouvidos) e fui descendo até que o arco ficasse acima da minha nuca. Depois dei uma rodadinha na frente do espelho.
—E então?—eu disse colocando as mãos na cintura.
Aquele headphone era muito importante para mim,tinha um significado sentimental,pois era a única coisa que eu tinha dos meus pais.
Quando pequena,eu fui abandonada em uma cestinha na porta de um orfanato,disseram que eu estava com esse fone no ouvido.
—Você acha que eles vão voltar um dia?—perguntei deixando uma lágrima escapar.
Lenny esfregou a cabeça em minhas pernas,aquilo me fazia cócegas, eu comecei a gargalhar.
—Agora chega.—eu disse pegando minha mochila.—Tenho que ir pro colégio!
Ele miou de um jeito triste.
—Eu volto mais tarde.—disse saindo do quarto.
Escorreguei pelo corrimão da escada,peguei uma maçã na fruteira da cozinha e sai correndo.
Eu corria,não porque estava atrasada e sim porque queria chegar cedo.
—Miiu!—ouvi uma voz familiar me chamar.
—Angie?—disse me virando para trás. E "POFT!"
Só senti o duro do asfalto da rua quebrar minhas costelas,e o peso da Angie em cima de mim.
—A-Angie...você é meio pesada...—eu disse. Ela não é pesada,eu é que sou fraca.
—Desculpa.-ela disse saindo de cima de mim e me ajudando a levantar.
Quando nos levantamos,Angie me olhou de cima a baixo e olhou fixamente para os calçados de pares diferentes que eu usava,apenas bufei e passei a mão na roupa tirando a sujeira.
Quem é Angie? Minha melhor (e única) amiga. Ela tinha cabelos ondulados,longos e loiros em tons mais claros e outros escuros, sempre presos a um rabo-de-cavalo debaixo de um boné com formato de cachorro,outro detalhe é que ela usava um tapa olho preto que tinha formato de coração no olho esquerdo,o olho direito dela era de um tom dourado. Eu nunca ousei perguntar o porque dela usar aquilo,tenho medo de deixa-la constrangida. A loira estava vestida como eu,a única diferença é que ela usava o blazer amarrado no pescoço e o laço no punho feito uma pulseira.
Eram poucas as vezes que eu lhe chamava por seu apelido: Crazy. Não entendo,mas ela sempre gostou mais do apelido do que do verdadeiro nome.
—Pronta pra enfrentar o oitavo ano?—Angie me perguntou enquanto andávamos.
—Estou ansiosa pra estudar na Academia Vocaloid!—eu disse sorrindo.
—Quero descobrir os mistérios por trás desse colégio.—disse ela esfregando as mãos em um gesto maléfico. Angie amava desvendar mistérios, poderia ser uma detetive em vez de cantora.
Por falar nisso,a Academia Vocaloid é formada por 75% de música,que envolve dança, canto e instrumental. E tudo isso em horário integral.
Tenho a forte sensação que meus pais gostavam de música tanto quanto eu gosto.
Quero me tornar uma grande cantora e cantar pro mundo inteiro!
—Chegamos.—disse Angie parando em frente ao portão preto aberto que dava a vista do enorme prédio vermelho que era o colégio.
Havia vários grupinhos espalhados pelo pátio da frente,emitindo todos aqueles burburinhos e gritos.
—Vamos ver qual é nossa sala!—Angie disse me puxando pelo braço.
Driblamos os grupinhos,de vez em quando esbarrando em uma pessoa ou outra,cortamos caminho por um jardim cheio de cerejeiras até chegar na porta da frente que era conhecida como "hall de entrada". Andamos reto pelo corredor e viramos a direita,onde encontramos uma parede com a tinta meio descascada,lá se encontrava um enorme mural de avisos,havia vários papéis adesivos e folhas sulfites que chegavam a cair no chão por conta da falta de espaço.
—Vamos ver...—disse Angie forçando a vista.
Passei meus olhos pelas várias folhas de papel penduradas no quadro,até achar a lista que indicaria em que sala eu caíra.
—8D.—eu disse colocando o indicador sobre meu nome na lista.
A loira ainda se esforçava para achar o seu nome na lista,acho que o tapa olho a atrapalhava um pouco. Ela estreitou bem o olho e se aproximou como se quisesse entrar dentro do mural.
—A-angie...—eu disse tomando coragem,queria tirar minha dúvida sobre aquilo.—P-por q-que você...
—Porque eu uso isso?—ela me interrompeu colocando a mão sobre o tapa olho.
Eu ia afirmar,mas o sinal bateu avisando que as aulas iam começar.
—8A.—ela disse olhando o quadro.
Fiquei triste ao saber que não ficamos na mesma classe.
—Nos vemos no intervalo.—Angie disse e saiu correndo pelo corredor.
—E-espera!—eu disse tentando correr atrás dela,mas ela havia sumido.
Eu não conhecia aquele colégio,nem sabia onde ficava minha sala.
Angie era o tipo de pessoa que entrava na sua casa sem ao menos bater na porta. Uma vez,acordei de madrugada e fui até a cozinha beber um copo de água e quem estava fazendo omelete às 5h30 da manhã na minha cozinha? Angie. Exato,ela foi até a minha casa fazer omelete e depois não me deu nem um tiquinho.
Por certo,aquela loirinha ja se localizava na sala de aula,enquanto eu estava perdida.
Comecei a andar pelos corredores,apertei o passo ,logo ja estava correndo. Percebi que estava andando em círculos. Quem é a retardada que se perde dentro de um colégio? Eu.
Ja se passara 15 minutos desde que o sinal tocou e Angie me abandonou.
Reparei na decoração,envolvia bastante a cor creme e branca,em algumas partes as paredes continham notas musicais nas cores douradas e pretas.
—Dó,Re,Mi,Fa,Sol,La,Si...—eu cantarolava passando a mão nas pinturas das notas musicais ali presentes. Eu iria ver até onde as notas dariam,mas decidi parar por ali para não me perder mais dos que ja estava.
Andei por um corredor estreito,até chegar a uma porta na qual dava a uma escadaria,desci as enormes escadas e comecei a andar por um corredor onde ficavam os armários e algumas portas, estava andando enquanto reparava no local. Sem querer esbarrei em alguém e caímos de bunda no chão por conta do impacto.
—Ai!—disse uma voz feminina.
Percebi que tinha esbarrado em uma garota,ela tinha os cabelos curtos e loiros que se tornavam turquesa nas pontas,estavam presos com um enorme laço preto,seus olhos eram de uma cor mesclada de turquesa e ciano, e ela era um pouco menor do que eu.
—D-desculpa,estava distraída.—eu disse a ajudando a se levantar.
—Está perdida?—ela me perguntou enquanto massageava o ombro.
—Na verdade,estou.—eu disse sem graça.
—Nunca te vi por aqui...é nova no colégio?—ela perguntou me analisando.
—Sou.—eu disse.—Sabe onde fica a sala do 8D?
—Sei sim.—ela afirmou com a cabeça animada.—Ande reto por aquele corredor,então vire a primeira porta a esquerda.—ela apontou pro corredor de onde eu tinha vindo.
—Obrigada.—fiz uma reverência agradecendo.—Tchau!—eu comecei a correr.
Ela continuou lá,revirando seu armário de um jeito bagunceiro, então eu virei e gritei:
—Qual o seu nome?
—Rinny!—ela me respondeu sorrindo.—E o seu?
—Miiu!