I Love You, Idiot! escrita por Hazy


Capítulo 14
Motivo


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo explica o motivo da infantilidade do Sasuke em relação às suas atitudes no passado.

Quero agradecer a todos os reviews, li e respondi todos com carinho. Muito obrigada, a fanfic cresce cada vez mais graças a vocês.

As 5 recomendações foram o que me animaram mais. Eu realmente não esperava o sucesso que a fanfic está fazendo, e agradeço a Sakura-Uzumaki, Ssazinha, Noots_, Arisu_Chan e Angeliza por terem recomendado a história.

Eu realmente demorei MUTO para fazer esse capítulo sair. Em várias horas a inspiração fugiu, enquanto em outras as ideias vinham com tudo. Depois de quatro dias consegui terminar o capítulo. ^^

ATENÇÃO: As notas finais tem spoilers do próximo capítulo. Quem não quiser saber sobre o que vai acontecer, não deve ler as notas finais.

Desculpem por qualquer erro de ortografia.

Boa Leitura.



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Capítulo 10 - Motivo

 

I know what it takes to move on

I know how it feels to lie

All I wanna do

Is trade this life for something new

Holding on to what

I haven't go.

 

Waiting For The End – Linkin Park

 

...

 

   Sexta-feira era, com certeza, um dos melhores dias da semana. Afinal, poderíamos aproveitar o dia sabendo que nos dois próximos teríamos algum descanso. E o tempo estava realmente ótimo para dormir, mas ainda teria aula.

 

Eu vestia a calça do colégio – usada nos dias de clima baixo - enquanto observava o tempo através da janela. Estava frio e chuvoso, relampeava bastante e eu definitivamente não estava gostando nada desse tempo. Não que eu tivesse algum medo de relâmpagos ou coisa assim, mas dias assim eram complicados para tudo. Só serviam para dormir, mesmo.

 

Eu não me lembrava onde havia colocado a blusa do uniforme. Já havia achado tudo: jaqueta, sapatos, meias, mochila, materiais. Mas a maldita blusa havia sumido.      

 

E o pior é que eu já tinha procurado no quarto inteiro.  É isso que dá ter um quarto grande e bagunçado.

 

Mas eu fiquei totalmente surpresa ao ver um Sasuke entrando no meu quarto apenas com uma toalha enlaçando seu quadril e outra que ele usava para secar os cabelos. E confesso que fiquei sem ar por alguns instantes quando me deparei com aquele tórax alvo, com algumas gotas de água escorrendo e adentrando a toalha.

 

- Hey. – Ele me chamou. Desviei os olhos daquela tentação – sim, eu admitia – para olhá-lo nos olhos. Sua expressão estava confusa.

 

- Sai do meu quarto! – Exclamei, percebendo que eu estava corando ao vê-lo daquele jeito. Tão... lindo.

 

- Esse não é o meu quarto? – Perguntou, olhando em volta.

 

Respirei fundo e me virei, continuando a procurar a blusa e já com a face em chamas.

 

- Não, é o meu quarto.

 

- Jurava que era o meu quarto.  – Falou, indiferente. – O que você está procurando aí? – Senti ele se aproximar e segurei a respiração. O cheiro que exalava do seu corpo já estava me deixando louca.

 

- A blusa do uniforme.

 

- Serve aquela ali? – Me virei e percebi que ele apontava para uma peça amarrotada atrás da porta.

 

Atrás da porta.

 

Caminhei até lá e peguei a blusa, olhando para Sasuke em seguida. Ele não havia se mexido.

 

- Eu gostaria de me trocar. – Comentei, deixando claro o que eu queria.

 

- Acordou de mau humor, é?

 

- Poderia sair, por favor? – Pedi. – Vai se trocar, garoto. Já está quase na hora de ir.

 

- Já estou indo. Não precisa me dar mais nenhuma patada. – Ele ria sarcasticamente.

 

- Sai! – O empurrei com força para fora do quarto.

 

E me arrependi totalmente ao ver que, sem querer, arranquei a toalha dele.

 

Joguei a toalha rapidamente para ele e virei o rosto, a fim de evitar observar o corpo exposto dele.

 

- Não sabia que você era pervertida. Olha que eu conto pra sua mãe. – Virei o rosto a tempo de ver o sorrisinho irônico adornando seus lábios.

 

Joguei um travesseiro nele, mas ele saiu e fechou a porta a tempo de evitá-lo.

 

Vesti de uma vez por todas a blusa e o que faltava, ouvindo Itachi me chamar para irmos para a escola.

 

...

 

 

- Detenção, Hyuuga.

 

- O quê?! – Exclamei, exasperada. O que eu havia feito de errado?

 

- Antes eu vi você trocando bilhetinhos com a Yamanaka. Você dormiu na aula e seu celular tocou diversas vezes. Além de tudo isso, tirou uma nota baixíssima na última prova. – O professor falou, me olhando sob os óculos de grau.

 

Meu celular tinha tocado? Nossa, nem percebi. Tenho que ver quem era depois.

 

- Vai ficar aqui no final da aula estudando, e eu vou lhe explicar a matéria mais uma vez. Posso até te dar um tempo para fazer a prova novamente.

 

- Tá, tá... – Revirei os olhos. Minha tarde ótima para dormir de sexta-feira havia ido por água abaixo.

 

...

 

Já eram quase seis horas da tarde. Eu estava presa a mais ou menos três horas naquela sala com aquele professor velho, chato, gordo e com graves problemas de queda capilar tentando enfiar uma porcaria de um conteúdo na minha cabeça. Mas ela estava totalmente desligada, bloqueando qualquer droga de matéria que tentasse entrar.

 

- Entendeu, Hyuuga?

 

- Hai, hai... – Respondi, bocejando em seguida e passando a mão no rosto.

 

- Então já pode fazer a prova. – Ele me entregou uma folha com dez questões sobre algum assunto relacionado à matemática. Tinha que ser a única matéria em que eu ia mal.

 

Olhei para todos aqueles números e letras ininteligíveis e senti meu estômago embrulhar. Eu não havia almoçado, tinham cortado o meu almoço também. Eu realmente não consigo me concentrar quando estou com sono, fome, frio e dor de cabeça.

 

Tentei ler com atenção as questões, mas estava impossível de entender aquilo. Respondi qualquer coisa e entreguei a prova, ansiando para sair logo dali e ir para casa.

 

O velho me liberou e eu saí correndo, trombando em várias coisas pelo caminho a fim de chegar até a saída do colégio.

 

Me assustei quando um relâmpago iluminou o corredor já envolto em breu, e arrisquei olhar através de uma das janelas.

 

O céu estava escuro, a chuva forte acompanhada de granizo enfeitando o grande pátio do colégio. Era possível ver, mais além, os faróis dos carros amontoados acesos, e alguns motoristas gritando enfurecidos por causa do congestionamento.

 

Droga, como eu iria voltar para casa agora? Tudo culpa daquele velho maldito. Nem um guarda chuva eu tinha.

 

Caminhei, sem outra opção, até a entrada – que também servia de saída – do colégio. Me surpreendi ao ver um Sasuke escorado em uma das paredes, conversando com o porteiro e com o celular em mãos.

 

- Até que enfim você saiu de lá. Pensei que ia só fazer uma prova. – Ele comentou.

 

Dei de ombros.

 

- Culpa do velho.

 

- Culpa sua por ter dormido na aula. – Ele não estava de bom humor, pude perceber pelo tom de sua voz. – Itachi “pediu” para que eu ficasse aqui te esperando. Disse pra eu ligar que ele viria nos buscar, mas não atende o celular.

 

Droga.

 

- Vou tentar falar com a mamãe. – Eu disse, pegando o meu celular.

 

- Não vai adiantar. Meu pai me ligou agora há pouco. Eles foram para Kanagawa comprar um cachorro e visitar os meus tios de lá. Voltam daqui três dias. – Ele coçou a nuca, nervoso.

 

- Essas crianças... – Ouvi o simpático porteiro suspirar. – Vocês podem passar a noite aqui se quiserem. Mas amanhã de manhã, se estiver nevando ou fazendo sol, não importa. Fora. – Ele deu um sorrisinho fraco.

 

- Arigatou. – Agradeci.

 

Ele revirou os bolsos, achando uma chave e entregando-a a Sasuke.

 

- Esta é a chave da sala de arquivos. Creio que seja a mais aconchegante, pois é pequena e quente. Está ótimo para vocês.

 

Sasuke apanhou a chave e seguimos pela área coberta até a tal sala, que eu não sabia onde ficava. Deparei-me com uma área afastada da escola, onde havia apenas três portas: dois banheiros, pelo que percebi, e uma porta velha de madeira. O Uchiha a abriu e entramos.

 

Era uma sala visivelmente velha, porém limpa e aconchegante, como o porteiro havia nos informado. Havia um grande tapete felpudo adornando o chão coberto por um carpete velho, uma mesa grande e cheia de gavetas, com uma cadeira em modelo antigo atrás. Postadas sobre a cadeira, estavam duas almofadas. O que não faltava naquele lugar eram estantes repletas de livros e arquivos.

 

A noite seria entediante. Mas era melhor que voltar para casa a pé naquela tempestade.

 

Andei até a única janela que havia no local, retirando as cortinas amareladas e esburacadas para os lados. A vista dava para uma espécie de floresta, agora envolta pela penumbra.

 

Ouvi o celular de Sasuke tocando e ele logo atendeu, ativando o viva-voz.

 

- Itachi, eu te liguei no mínimo cinco vezes.

 

- Eu estava ocupado. A Hina está aí? – Ele perguntou.

 

- Eu estou bem aqui, Itachi. – Me aproximei do aparelho e respondi.

 

- Olha, não vou poder ir buscar vocês. O carro estragou no meio do caminho e eu estou tentando ligar para um guincho... 24 horas. Ligue para o papai.

 

- Eles não estão na cidade. O porteiro nos deixou passar a noite em uma das salas.

 

- Vocês dois vão passar a noite juntos? – Itachi perguntou, parecendo incrédulo.

 

Sasuke assentiu.

 

- Juízo. Não façam nada inapropriado. – Ele desligou.

 

Acho que Itachi tem merda na cabeça. O que dois adolescentes poderiam fazer, trancafiados numa sala escura num dia frio e tempestuoso?

 

Eu prefiro não responder.

 

Liguei o pequeno abajur que ocupava a mesa, percebendo que era a única luz presente. Resolvi verificar as ligações que havia ignorado durante a aula.

 

Kiba, Kiba, Kiba, mamãe e Kiba.

 

Kiba vinha me ligando frequentemente nos últimos dias, querendo saber como estava o meu braço – já curado há muito – e conversar sobre assuntos alheios.

 

Desliguei o celular e observei Sasuke. Ele estava sentado no chão sobre uma das almofadas que antes ocupavam a cadeira, escutando alguma coisa com os fones de ouvido conectados no mp4. Sentei ao seu lado e peguei um dos fones, recebendo um olhar curioso do moreno. Sua expressão estava cansada.

 

Ele começou a cantarolar baixinho a tão conhecida música que tocava no momento. Sentei ao seu lado e fiquei perdida nas vozes de Axl Rose e Sasuke, juntas. Realmente era uma sensação ótima ouvir o vocalista de Guns N’ Roses cantando, acompanhado pelo moreno.

 

- Oh, this time. – Terminei Patience junto com o moreno, que soltou um sorriso satisfeito, a expressão relaxando e os olhos se fechando.

 

Escutamos algumas outras músicas ocidentais antigas, passando também por algumas nacionais que eu desconhecia.

 

Abri meus olhos apenas ao perceber que Sasuke se levantara, deixando o mp4 e os fones para trás. Desliguei o aparelho e o segui.

 

O moreno começou a mexer em alguns arquivos das estantes. Pegou uma espécie de álbum e começou a folhear. Fiquei curiosa e peguei algo para ver também.

 

Era um álbum dos alunos do ano de 1990. Estava separado em primeiro, segundo e terceiro anos.  Folheei as páginas e percebi que abaixo de cada aluno havia alguma coisa que ele fez naquele ano, ou alguma característica, algum clube de que participava. Passei por vários que faziam parte do jornal da escola, outros do clube de futebol e alguns até do grêmio estudantil. A média anual de cada aluno também estava presente.

 

Olhei de esguelha para Sasuke e percebi que ele fitava uma página de um álbum sem piscar ou desviar os olhos uma única vez. Aproximei-me um pouco e vi que o álbum era igual ao que eu estava observando, mas a data era diferente: 1986.

 

- O que você está olhando aí, Sasuke? – Perguntei, mas o moreno não desviou o olhar do álbum. – Olha que eu já estou ficando com ciúmes. – Brinquei, mas nada. A atenção dele não saía daquela página.

 

Ele observava a foto de uma moça. Ela era linda, tinha os cabelos longos e negros, da mesma cor dos olhos. Seu rosto apresentava uma expressão travessa, e um sorriso malicioso idêntico ao de Sasuke. Abaixo da foto estava seu nome, Tsukyama Mikoto. Ela fazia parte do clube de futebol e sua média era 6,0.

 

- Ela é muito bonita. – Comentei. – Se parece com você.

 

O moreno finalmente desviou o olhar da foto, fitando algum ponto atrás de mim. Nunca olhava diretamente em meus olhos.

 

- É a minha mãe. – Ele suspirou profundamente e fechou o álbum. Eu sorri, desconcertada.

 

Um silêncio constrangedor – ao menos para mim – reinou entre nós. Eu estava controlando o impulso de abraçar Sasuke, ao vê-lo daquele jeito. Agora ele fitava o chão, as madeixas negras cobrindo parte de seu rosto. A mãe deveria mesmo fazer muita falta a ele, e lembrá-lo de algum tempo difícil de sua vida.

 

- Sasuke...

 

- Eu estou bem.

 

Ele caminhou e sentou no lugar em que estávamos sentados antes. Mexeu na mochila e de lá tirou um pacote de salgadinhos, me oferecendo. Sentei ao seu lado e peguei um pouco. Eu realmente estava com fome. E a cada minuto a temperatura caía mais e mais.

 

- Hinata?

 

- Hm?

 

- Me fale sobre você.

 

- O que você quer saber? – Perguntei.

 

- A sua vida. Me fale sobre ela. – Ele fechou os olhos.

 

A luz do abajur se apagou instantaneamente após mais uma trovejada forte. As redes de energia estavam sofrendo as custas daquela tempestade.

 

- Eu morei com os meus pais até os onze ou doze anos, pelo que eu me lembro. Éramos uma família feliz, apesar das diversas brigas que meus pais tinham constantemente. – Comecei, mirando o teto. – Quando minha mãe descobriu que meu pai a traia a quase um ano, não pensou duas vezes antes de sair de casa. Ela tentou conseguir a minha guarda, mas como não tinha um emprego fixo e provas da traição, acabou perdendo na justiça. Então se mudou para cá.

 

Respirei fundo, mentalizando as imagens daqueles tempos. De minha mãe chorando escondida a noite após as brigas. De sua expressão vazia ao descobrir a traição.

 

- Aos treze anos eu conheci o Kiba. – Vi a expressão de Sasuke se fechar quando eu citei o nome do moreno mais velho. – Ele me ensinou a surfar e a tocar guitarra, e me apresentou ao Shinji. Kiba era o meu melhor amigo e Hirako se tornou o meu “irmão mais velho”.

 

Parei, observando a face do moreno ao meu lado. Se ele não estivesse tamborilando os dedos no chão, eu poderia jurar que estava dormindo.

 

- Quando meu pai me apresentou a sua namorada, eu fiquei com vontade de dar uns murros na cara dela. E na cara do meu pai também.  – Ri com a lembrança, e Sasuke abriu os olhos, me olhando, confuso. – Ela era o tipo de mulher exibida e ridícula. A voz dela era tão irritante que me lembrava aqueles pinchers barulhentos. Ela foi morar conosco, e não fazia absolutamente nada para ajudar na casa. Eu tinha que fazer as refeições, limpar e arrumar a casa, e até tive que começar a trabalhar durante meio período. Meu pai mal se importava, me tratava como uma empregada.

 

- E você fazia tudo sem reclamar? – Ele perguntou e eu assenti. – Não falava nada?

 

- As duas únicas vezes em que eu tentei reclamar ou algo parecido, ele me bateu. – Fechei a expressão ao lembrar dos tapas desferidos em meu rosto pelo meu próprio pai, quando eu reclamava em ter que fazer tudo sozinha.

 

- Ele... te bateu. – Não era uma pergunta. – Eu sei que eu não devia dizer isso, Hinata. – Sasuke bufou, irritado. – Mas eu fico feliz por ele ter morrido.

 

Me assustei com o tom de voz e com as palavras proferidas pelo Uchiha, mas logo relaxei.

 

Afinal, eu concordava.

 

- Às vezes eu penso a mesma coisa.

 

A escuridão estava me deixando cada vez com mais sono. Liguei o meu celular e percebi que já passava das dez da noite. O tempo havia passado rápido, diferente do que eu imaginava.

 

- Eu já te falei um pouco sobre a minha vida. – Sorri. – Me fale sobre você.

 

- Minha vida não é interessante o suficiente para te entreter, Hyuuga. – Ele falou, a máscara de arrogância marcando presença em sua face. E eu odiava aquilo.

 

- Eu te falei sobre a minha vida que também não é nada interessante, Sasuke. – Bufei. – Gostaria que me contasse o motivo de ter feito aquelas coisas com Ino e outras garotas no passado.

 

- Me deixe dormir, estou com sono.

 

Suspirei e deitei, com o intuito de dormir também.

 

...

 

Pov’s Sasuke

 

Acordei exausto. Minhas costas estavam doendo, assim como a minha cabeça, e eu estava com frio. A noite havia sido longa e cansativa, além das memórias de tempos antigos que eu vinha tentando apagar a muito tempo voltarem a tona.

 

E também tinha a história que Hinata havia contado. O pai batia nela... Eu já odiava o velho morto. Além de obrigá-la a fazer todo o serviço em casa, batia nela quando ela resolvia reclamar. Isso era injusto. Injusto demais.

 

Demorei um pouco para perceber que a Hyuuga não se encontrava na sala. Nem ela e nem a sua mochila. Levantei e vagarosamente arrumei as minhas coisas, sem disposição suficiente para me preocupar com ela ou algo assim. Hinata sabia se cuidar.

 

Confesso que no começo, quando ela foi morar no mesmo apartamento em que eu moro, eu a detestava. Para mim Hinata era como todas: Mais uma garotinha mimada e irritante que eu tinha que pegar. Mas aos poucos eu fui percebendo que ela era diferente. Que ela não era como eu pensava. E depois da rejeição na casa de Ino, eu percebi que estava sendo um idiota esse tempo todo. Um garoto idiota e infantil.

 

E ela estava se tornando algo mais em minha vida. Alguém que eu precisava ter por perto, de qualquer modo.

 

Saí da sala e parei, pensando num lugar provável para ela estar a essa hora da manhã. Não estava mais chovendo, mas o tempo estava úmido e gelado. Não havia sol, mas havia vento o suficiente para arrancar as folhas das grandes árvores da floresta.

 

Floresta... É, ela deveria estar lá. Vi ela observando a floresta pela janela durante a noite.

 

E com certeza ela já achou a rampa de skate e já deve ter conversado com os garotos que vão lá todo sábado. E isso definitivamente não é bom.

 

Andei rapidamente por entre as árvores, logo achando o espaço aberto, livre das árvores, onde havia a rampa.

 

E Hinata estava lá, sua mochila largada no chão enquanto ela conversava animadamente com Ichigo – que além de guitarrista também era skatista – e alguns outros do grupo.

 

E eu não estava com ciúmes. É claro que não. Eu não tenho ciúmes de ninguém, não gosto de ninguém.

 

- Hey, Sasuke! – Ouvi a voz alta do garoto de cabelos alaranjados me chamando.

 

- Poderia ter me chamado, Hinata. Ou ao menos ter deixado um bilhete ou algo assim. – Repreendi.

 

A Hyuuga apenas me olhou, divertida.

 

- Desculpe por ter preocupado você. – Ela sorriu de forma lânguida. – Seus amigos são muito queridos.

 

Lancei um olhar glacial a todos os sete garotos que estavam ali, e eles pareceram ter entendido o meu recado.

 

- Nós já estamos indo embora. – Escutei Renji falar, enquanto se retirava junto com o resto do grupo.

 

- Ahh, já? – Hinata parecia inconformada. – Até, então. Quem sabe eu apareça aqui sábado que vem.

 

- Vai ser ótimo, Hina! – Ichigo disse, lançando um sorriso para ela. Ao passar por mim, falou em meu ouvido. – Não se preocupe. Nós não vamos tocar na sua gata.

 

Lancei mais um olhar congelante a ele, vendo-o rir e sair.

 

- Gente abusada. – Comentei, baixo.

 

Vi Hinata sentada na parte mais baixa da rampa, sem se importar com a poça de água acumulada abaixo dela, e fui até lá, sentando ao seu lado. Ela fitava um ponto qualquer, o olhar vago.

 

- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei.

 

- Não. Eu só estava pensando. – Ela checou as horas no celular e logo o guardou no bolso da jaqueta novamente. – Espero que minha mãe não compre um pincher. Ela sabe que eu odeio essa raça de cachorros.

 

- Hã?

 

- Você me disse ontem que eles foram comprar um cachorro. – Ela riu.

 

- Ah... é.

 

Ficamos em silêncio por um tempo, até Hinata resolver quebrá-lo com uma pergunta que eu já esperava ouvir.

 

...

 

Pov’s Hinata.

- Você não vai mesmo me contar os motivos daquelas idiotices que você fazia com as garotas, Sasuke?

 

Ele bufou e fechou os olhos, deitando na rampa e colocando os braços atrás da cabeça.

 

- Você não desiste mesmo.

 

Assenti.

 

- Não tem um motivo próprio, Hinata. – Ele falou, e eu me pus a observar a bela imagem dele deitado. Confesso que já estava achando tudo nele belo demais, atraente demais. E isso realmente não era bom. Não seria bom começar a gostar dele, vendo que estava estampado em seu rosto que ele definitivamente não ia com a minha cara. – Eu só posso te dizer que fui imprudente e infantil.

 

- Eu tenho que concordar com isso. Você realmente foi imprudente e infantil. – Continuei fitando-o. - E idiota também. Afinal, isso não te levou a nada.

 

- Hm.

 

Ele estava com uma expressão levemente irritada e infantilmente magoada, como uma criança escutando um sermão dos pais. Eu achei aquilo muito diferente da parte dele.

 

- Sabe Sasuke... – Comecei. – Não se deve fazer isso com as pessoas. Você já pensou em quantas pessoas machucou fazendo isso?

 

- Eu também fui machucado, Hinata. Eu estou machucado.

 

Aquilo eu realmente não esperava. Um sorriso triste adornava seus lábios, e mais uma vez eu tive que me controlar para não abraçá-lo com toda a força que eu podia.

 

- O nome dela era Matsumoto Rangiku.  – Procurei prestar toda a atenção nas possíveis respostas para as minhas dúvidas que ele me daria. – Ela era a garota mais desejada do colégio. Era linda, simpática, popular e gentil. Ela era a minha melhor amiga e eu não sei como, mas um dia eu simplesmente acordei apaixonado por ela.

 

Sasuke já havia se apaixonado, então. Acho que seria melhor eu gravar isso, ou poderia pensar que estava imaginando coisas.

 

- Eu sou humano, Hinata. Também tenho sentimentos, por menos que pareça. – Ele falou, abrindo os olhos e me fitando, como se pudesse ler os meus pensamentos. – Depois que a minha mãe morreu, Matsumoto foi a primeira a vir me consolar. Ela esteve sempre comigo. – Ele respirou fundo antes de continuar. – Mas eu descobri que tudo isso era mentira, Hinata. Ela sempre esteve comigo, sim, mas era para ganhar popularidade. – A voz dele estava transbordando mágoa e nostalgia. – E quando eu disse para ela que a amava, ela contou para mim tudo isso. Disse quais eram as suas intenções ao andar comigo, e que gostava de outro cara. Falou também que me achava apenas um garoto estúpido e metido. E aquilo era o que eu precisava para desabar de vez. – O moreno respirou fundo. – A mãe morta e um sentimento não correspondido. A minha melhor amiga e primeira paixão estava apenas me usando.

 

Uma pausa para assimilar tudo, por favor.

 

- Quando Ino apareceu para mim, surgiu a oportunidade que eu precisava. E você já sabe do resto.

 

Sasuke se levantou e começou a andar em direção à saída da floresta. Eu ainda estava confusa, tentando digerir todas aquelas informações repentinas.

 

- Você não vem? – Ele me chamou.

 

Corri até ele e o abracei. Eu acho que ele realmente precisava daquilo, pois correspondeu de imediato, largando sua mochila no chão.

 

- Me desculpe. – Pedi. – Eu pensei tantas coisas ruins sobre você. Eu ainda te acho um idiota super arrogante, é claro. – Ele afundou seu rosto na curva do meu pescoço. – Mas eu não sabia do seu passado. Desculpa.

 

- Você não tem que se desculpar, Hyuuga. Você sabe disso. – Ele suspirou. – Eu gostaria de esquecê-la. Mas eu não consigo...

 

- Você vai conseguir.

 

Não sei por quanto tempo ficamos ali, daquele jeito.

 

- Tipo, eu já estou cansando disso. É bom você me soltar logo, estou ficando com dores. E você amassou a minha roupa.

 

Lá estava aquele Sasuke irônico novamente.

 

Eu me sentia bem por ele ter contado aquilo tudo. Isso mostrava que de alguma forma ele confiava em mim.

 

- Tipo, sua bunda tá molhada, Sasuke. – Comentei quando ele se virou e começou a caminhar. – E a minha também... droga.

 

- Deve ser porque sentamos numa poça de água naquela rampa e mal percebemos isso.

 

- Vamos embora antes que o Itachi fique preocupado e...

 

Não pude terminar de falar. Foi só comentar que o diabo apareceu, correndo e gritando feito um louco.

 

- Hinata! – Itachi me abraçou, quase me sufocando devido a força. Como ele havia descoberto onde nós estávamos eu não sabia. – Você está bem? Está toda molhada, mulher! O Sasuke fez alguma coisa pra você? Ele te atacou ou alguma coisa assim?

 

Ri com toda aquela preocupação exagerada da parte do mais velho.

 

- Estou ótima, Itachi. Ele não fez nada. Não me atacou nem nada parecido.

 

- Como nos achou aqui, aniki? – O Uchiha mais novo perguntou, cínico.

 

- Eu falei com o porteiro e ele falou que vocês estavam na sala de arquivos. Quando cheguei lá só precisei seguir uma trilha de lápis e canetas até aqui.

 

Sasuke ergueu uma sobrancelha, e eu vi Itachi segurando vários lápis coloridos.

 

- Acho que seu penal estava aberto.

 

O mais novo pegou a mochila e a encontrou aberta, com o penal vazio.

 

- Droga, estou com frio. – Comentei para mim mesma. Mas me surpreendi ao ver Itachi me estendendo uma toalha e Sasuke pegando uma jaqueta na sua mochila.

 

- Eu já imaginava que vocês deveriam ter tomado chuva, então trouxe essa toalha. – Itachi sorriu.

 

Fiquei esperando Sasuke entregar a jaqueta para mim. Mas o vi vesti-la com toda a calma do mundo. Olhei confusa para ele.

 

- O que foi? Eu estou com frio. – Ele me olhou, divertido. – Não pensou que era pra você, não é?

 

...

 

Fim do capítulo 10.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Mereço reviews? ^^

Me desculpem se o motivo foi idiota, mas saibam que o aparecimento da Matsumoto na história não acaba por aqui.

Enfim, como eu disse, aqui vão alguns spoilers do próximo capítulo ~

...

— Como assim a Hinata foi sequestrada?! Droga! Como isso pode acontecer?

— Sasuke, se acalme. Isso não vai ajudar em nada.

— Eu vou matar o Itachi.

— Isso também não vai adiantar.

...

— Eu vou procurá-la, Ino.

— Por acaso tem ideia de onde começar, Sasuke? A polícia está investigando, deveria deixar tudo por conta deles.

— Nós devemos procurá-la. Não posso deixar minha prima nas mãos de sequestradores.

— Neji...

...

— Eles pediram resgate.

— Pagaremos o que for necessário.

— Minha filha... Eu quero a minha filha...

— Acalme-se, Akane.

...

— P-Por favor... Não...

...

— Eles vão enviar o resgate, Ulquiorra.

— Aposto que vão enviar polícia também, Nnoitra.

— Vocês vão se ferrar.

— Cale a boca, Hyuuga. Ou quer apanhar assim como a sua priminha?

...

Aí estão os spoilers *3*

Reviews são amor, kissus ;*