I Love You, Idiot! escrita por Hazy


Capítulo 15
Sequestro


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu tive que mudar algumas coisas do Preview que eu fiz, porque achei algumas outras cosas mais interessantes para colocar no lugar. Espero que gostem e peço que, por favor, LEIAM AS NOTAS FINAIS.

Agradeço a todos os reviews, vocês são uns amores.

Senti falta de algumas pessoas que estão sempre comentando no capítulo anterior. Uma, o Noots_, foi o que eu mais senti falta, pois ele é um dos poucos que fala o que gosta e também o que não gosta em cada capítulo. E isso é tão bom, incentiva tanto o autor a melhorar! Então, Noots_, cadê você? D:

Enfim, vamos lá.



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Capítulo 11 – Sequestro

 

It was suspicious days

I lost sight of an enemy

I did not notice the pit (I am foolish)

 

Hesitating Means Death – The Gazette

 

                                                      ...

 

 

Aquilo já estava se tornando irritantemente insuportável. Eu não aguentava mais ver como aquela garota sorria enquanto os dois assistiam episódios de Full Metal Alchemist na tevê, e o sorriso de canto que Sasuke lançava a ela cada vez que uma cena forte ocorria, observando suas reações.

 

Eu estava quase enfiando a cara dentro daquela almofada bordô para não ver mais aquilo. Eu não queria assistir àquilo na televisão, mas Ino havia me dito para ficar de olho. Porque as fofas com carinha de inocente eram as piores. E eu não sei por que, mas eu acho que me irrito sempre que o Uchiha se aproxima de uma garota. E isso não é bom. Realmente, não é nada bom. Afinal, eu sei o que isso significa, mas não quero e não vou, de modo algum, aceitar isso.

 

Eu não sabia muito sobre ela. Pelo que Ino havia me dito, seu nome era Inoue Orihime. Hime. Que coisa mais “século retrasado”.  Ela havia entrado no grupo das líderes de torcida do time de basquete do colégio – Sasuke era o capitão -, no qual Ino, Tenten, Temari e Konan participavam. Aquela Sakura também estava dentro, pelo o que eu sabia. As meninas queriam que eu entrasse, e mesmo eu insistindo que não queria, elas foram pedir para o treinador do time. A sorte é que o limite é de apenas seis pessoas.

 

Pouco me importa se ela usa roupinhas femininas super fofas - como casaco de lã com pêlos no capuz e bota de salto da última moda - apenas para ir assistir animes com um amigo. Eu ainda prefiro as minhas calças velhas e largas de moletom e aquelas jaquetas grossas.

 

Enquanto os dois riam e se divertiam comendo pipoca no sofá maior, de frente para a televisão, enrolados num cobertor que me parecia muito atraente, eu quase congelava encolhida na poltrona, olhando de esguelha para eles de quinze em quinze segundos.

 

Como os dois haviam se tornado tão amigos em apenas dois jogos da primeira rodada do campeonato de basquete, eu não sei. Que droga! Se Sasuke houvesse me contado que gostava de animes, eu poderia estar ali, assistindo Full Metal com ele, no lugar daquela “zinha”.

 

E o mais irritante de tudo isso, era que o moreno parecia ter percebido os meus olhares glaciais para ele, pois às vezes me devolvia com um sorrisinho malicioso enquanto balançava negativamente a cabeça.

 

- Hina... – Ouvi um Itachi com a voz carregada de sono me chamar. Virei o rosto e avistei-o com os olhos inchados de sono, os cabelos bagunçados e uma roupa vestida de qualquer jeito, segurando os dois exemplares de Chihuahua através das guias. Fugaku-san e mamãe não haviam comprado um pincher. Haviam comprado duas cópias quase fiéis a raça. As únicas diferenças eram os pêlos do Chihuahua, que eram maiores, e o fato de não serem tão barulhentos. – Sua mãe pediu para que eu levasse os pestes para passear, além de passar na pet shop para comprar ração. Vem comigo?

 

- Vou sim. Espera só eu trocar de roupa. – Dei uma última olhada a Sasuke. Ele não desviara os olhos da tela. Eu pouco me importava se quando eu voltasse os dois estariam se comendo no sofá. Mas mamãe não iria deixar. Ela não gosta de sala bagunçada.

 

Após colocar uma roupa decente para sair de casa, peguei a guia do Shiba, o menos atacado, e desci os andares pelo elevador junto com Itachi. Ele estava com uma cara que dava até dó...

 

- Itachi, se você quiser voltar a dormir, eu posso ir no seu lugar.

 

- Não precisa, Hinata. A culpa é minha por ter ficado na festa do Keigo até altas horas. – Ele deu de ombros, bocejando em seguida.

 

Quando o elevador parou e a porta se abriu, só pude ver a imagem do moreno sendo arrastado pelo Koron prédio afora. Ele estava tão fraco que conseguia ser arrastado por uma criatura vinte vezes menor.

 

- Koron-chaaaan... Devagar, onegai... – Eu só consegui rir da situação e da voz arrastada do mais velho.

 

Andamos aproximadamente cinco quadras, conversando amenidades antes de chegarmos à pet shop mais próxima.

 

- Você vai ficar bem aí fora? Eu só vou comprar a ração e já volto, ok? – Ele me perguntou.

 

- Itachi, quantos anos você acha que eu tenho? Cinco? – Soltei um risinho baixo. – Vai lá que eu seguro as feras.

 

Peguei a guia de Koron de sua mão e o vi adentrar o estabelecimento.

 

Itachi era um bobo, realmente. Ele se preocupava demais.

 

Afinal, o que poderia acontecer enquanto ele comprava a ração? Eu deveria apenas cuidar dos dois cães. Era um final de tarde de sábado e começava a escurecer, as ruas quase desertas por causa do frio. Eu apenas estranhei um carro preto que vinha nos seguindo desde que saímos do prédio, mas não deveria ser nada, já que ele passou reto após chegarmos ao local.

 

Definitivamente, nada poderia acontecer.

 

...

 

Sasuke Pov’s.

 

- Como assim a Hinata foi sequestrada? – Interroguei, gritando, enquanto adentrava a delegacia. Porque eu sempre era o último a saber das coisas? – Droga! Como isso pôde acontecer?

 

- Sasuke, acalme-se. Esse escândalo não vai ajudar em nada. – Ouvi meu pai falar, repreendedor.

 

Respirei fundo, tentando entender as coisas. Olhei para Itachi, que estava no canto do local, cabisbaixo, com os braços cruzados. Se alguém tinha culpa em tudo isso, era ele.

 

- Eu vou matar o Itachi.

 

- Isso também não vai adiantar. – Neji comentou. Ele estava tão nervoso quanto eu; era visível em seus gestos e na sua voz.

 

- Então. – Ouvi o delegado limpar a garganta, - De acordo com o depoimento de Uchiha Itachi, ele saíra da Pet Shop ao ouvir o gripo de uma senhora, encontrando os dois cães da família amarrados a um poste. A mulher disse que havia visto um homem agarrando uma garota e carregando-a até um carro preto, enquanto outro deixava um bilhete preso à guia dos cães. Ambos estavam mascarados. O bilhete mostrava uma única palavra. – O velho parou, observando o meu rosto que ardia em curiosidade. – Schiffer.

 

- Schiffer! – Exclamei, lembrando de súbito de onde eu conhecia esse nome.

 

A empresa de automóveis Schiffer, principal concorrente da Uchiha’s e que havia desmoronado em falência. Mas o que eles queriam com a Hinata?

 

- O que vocês vão fazer? – Ouvi Akane-san perguntar, o rosto repleto pelas lágrimas.

 

- Com certeza, se sequestraram a garota, devem pedir dinheiro ou algo em troca. Será a partir das informações que nos derem que poderemos agir. – A voz entediante do delegado se sobrepôs. Não foi difícil perceber que ele pouco se importava com o que poderia estar acontecendo com Hinata no momento.

 

Eu estava com uma vontade de esmurrar a cara daquele velho forte o suficiente para que ele não pudesse raciocinar mais nada. Hinata estava nas mãos de pessoas que provavelmente eram perigosas. Eles poderiam fazer qualquer coisa com ela enquanto estava presa.

 

- Eu discordo. – Uma voz decidida transpareceu. Olhei na direção do som e vi que um dos policiais se aproximava. – Não podemos deixar que a menina fique nas mãos de sequestradores por muito tempo. Ela é apenas uma garota, e pode sofrer de abuso ou agressões físicas e morais. Nós não queremos isso. – Ele respirou fundo. – Temos que procurar por pistas. Konoha não tem mais que dez mil habitantes. Temos que averiguar todos os locais referentes a antiga empresa Schiffer, possíveis lugares desertos ou que serviriam de cativeiro na cidade. Se ficarmos esperando por tempo demais...

 

Eu concordava plenamente com o policial. Mas ele foi interrompido pela voz do velho.

 

- Ukitake-san, você é um dos mais novos policiais daqui. É inexperiente e, consequentemente, incapaz de pensar com clareza em assuntos como esse, sendo que é o primeiro caso de sequestro em que você participa. Por favor, peço que se contenha.

 

O policial exibiu uma expressão indignada. Olhei mortalmente para o velho.

 

- E você é apenas um jovem. – Ele respondeu ao olhar.

 

...

 

- Eu vou procurá-la, Ino. – Falei, convicto. Eu não conseguia aguentar esperar mais. Podia até imaginar o medo que Hinata deveria estar sentindo. Ela era forte, mas duvido que aguentasse por muito tempo.

 

Haviam se passado dois dias e nem sinal dela. A polícia e o delegado nada faziam, apenas esperavam algum contato. E isso era completamente inútil.

 

- Por acaso tem ideia de onde começar, Sasuke? A polícia está investigando, deveria deixar tudo por conta deles. – A loira falou. Eu percebi que ela também estava muito angustiada com tudo aquilo. Na verdade, todos estavam.

 

Itachi se culpava freneticamente por ter deixado Hinata sozinha, mesmo que por menos de cinco minutos. Konan e Tenten rezavam para que tudo terminasse bem. Deidara não parava de praguejar os sequestradores, não esquecendo de falar as coisas que iria fazer com eles quando fossem pegos.

 

- Nós podemos pegar um vibrador e enfiar bem naquele lugar para eles aprenderem...

 

- Cale a boca, Deidara, seu veado idiota. – Hidan o calou.

 

- Nós devemos procurá-la. Não posso deixar minha prima nas mãos de sequestradores. – Neji, que se encontrava calado até o momento, disse, com a voz ardendo em preocupação. Se havia alguma pessoa que estava tão preocupada como eu, essa pessoa era Neji. Akane-san estava mais calma devido aos diversos calmantes que havia digerido.

 

- Neji... – Tenten o fitava, preocupada.

 

- Eu nunca vi a delegacia tão cheia de jovens imaturos. – O delegado comentou baixo, mas o suficiente para que eu ouvisse e lançasse um olhar aterrorizante a ele. O velho desviou o olhar, falando algo com um policial.

 

- Está decidido. – Minha voz saiu firme. – Começaremos amanhã, depois da escola, Neji.

 

- Mas onde vocês acham que ela deve estar? – Konan perguntou. – Além do mais, é perigoso.

 

- Eu não tenho ideia. – Falei. – Mas acho que podemos começar no local onde era a antiga empresa Schiffer.

 

Neji assentiu.

 

- Eu acho que esse lugar seria óbvio demais. – Ouvimos o policial Ukitake comentar, juntando-se a nós. – Se não se importam, gostaria de ajudá-los. Não consigo aceitar a ideia de deixar uma garota tão jovem nas mãos de pessoas como essas. Andei pesquisando e tenho minhas referências. Acho que posso ser útil.

 

...

 

No outro dia, já anoitecia e nem sinal de comunicação com os sequestradores. Neji, Ukitake-san e eu vasculhamos alguns prováveis lugares mais afastados da cidade. Vimos de tudo: Casas abandonadas, becos, o antigo teatro em ruínas... Mas nenhuma pista.

 

Exaustos, paramos num café para tomar algo e descansar. Não levou muito tempo para que o meu celular emitisse aquele som tão característico do toque. Era o meu pai.

 

- Sasuke, os sequestradores entraram em contato. Venha para a delegacia.

 

...

 

- Eles pediram o resgate. – O policial informou, assim que eu entrei na sala da delegacia em que todos os relacionados estavam presentes. – O valor é de quinhentos mil, em dólares.

 

- Pagaremos o que for necessário. – Papai falou.

 

- Como eles se comunicaram? Por telefone? – Perguntou o policial Ukitake.

 

- Não. Foi enviado um email diretamente ao endereço postal da empresa Uchiha. A mensagem apenas informava o valor do resgate, ameaçando a vítima caso o valor não fosse pago. A resposta deverá ser enviada através do mesmo email dentro de vinte e quatro horas. – O delegado explicou, tamborilando os dedos freneticamente na sua mesa.

 

- Temos vinte e quatro horas para agir. – Comentei. - E eles foram realmente muito descuidados.

 

- O que quer dizer com isso, Sasuke? – Neji perguntou, os olhos melancólicos voltando-se para mim, no mesmo momento que os outros que estavam no local repetiram o gesto.

 

- Vocês realmente não pensaram na ideia de rastrear o computador para encontrar o esconderijo dos bandidos?

 

- Nós já fizemos isso, Uchiha. O computador se encontra numa Lan House na região oeste da cidade, creio que a única que há por lá.

 

Região oeste. Um dos lugares mais tradicionais da cidade, habitados por casas antigas e pessoas muito hostis. Nós não havíamos investigado aqueles lados.

 

- De qualquer forma, essa informação pode nos servir de algo. A polícia tem que focar as investigações para aqueles lados. – Ukitake-san falou. – Temos vinte e quatro horas para achar o esconderijo e capturar os bandidos.

 

- Não seria mais fácil responder aos sequestradores afirmando pagar o resgate e esperá-los marcar um ponto de encontro, para tentar capturá-los na hora do pagamento? – Um dos policiais propôs.

 

- Eu realmente não gosto de pensar que a polícia de Konoha seja tão incompetente. – Neji falou o que eu, logo após de contar até dez para me acalmar, falaria. - Ninguém garante de que Hinata sairá viva dessa roubada. É muito fácil para eles pegar o dinheiro, matá-la e fugir. Vocês não saberão seus nomes e nem seus rostos. Ela pode estar passando por coisas terríveis nesse momento. Temos que pegá-los de surpresa, não dando chance para que se preparem.

 

Ukitake assentiu acompanhado por mim, e papai e Akane se entreolhavam, ansiosos e confusos.

 

- A polícia agirá conforme o plano inicial. Se quiserem agir por conta própria, fiquem a vontade, mas não nos responsabilizaremos por qualquer imprevisto. – O delegado falou, com aquela voz cansada e irritante. E eu confesso que nunca fiquei com tanta vontade de quebrar a cara de alguém como naquele momento.

 

- Minha filha... – Akane se exasperava, provavelmente pensando nos perigos que Hinata estava correndo. – Eu quero a minha filha.

 

- Acalme-se, Akane. Tudo ficará bem. – As palavras reconfortantes de meu pai não obtiveram efeito algum.

...

 

Pov’s Hinata.

 

Eu não sabia por quanto tempo estava ali, presa, naquele lugar imundo e pequeno, nua, coberta apenas por um fino lençol que não me protegia do frio cortante. Aquilo tudo me fazia sentir náuseas, asco.

 

Eu não aguentava mais. Me lembrava apenas que ter sido puxada violentamente por um homem para dentro de um carro. Ele logo colocou uma compressa com algum tipo de remédio forte sobre o meu nariz que me fez perder a consciência instantaneamente. Quando acordei, estava na mesma situação em que estou agora, apenas menos exausta e ferida.

 

Sim. Os dois homens que haviam me sequestrado faziam questão de me bater. Eu me encontrava com hematomas espalhados por todo o corpo, além de cortes, arranhões e uma dor emocional que superava todas as físicas. Eu estava sem comer direito a dias, apenas bebia uma água com um gosto péssimo e me alimentava de algo não muito nutritivo. Não me surpreenderia se eu pegasse uma doença devido a uma provável contaminação.

 

Eu queria apenas sair dali. Eu não sabia se alguém estava me procurando naquele momento.

 

Sempre que um dos sequestradores, um homem alto de longos cabelos negros e um sorriso que sempre demonstrava puro escárnio tentava abusar sexualmente de mim, o outro não permitia, dizendo algo como não poder devolver a tão preciosa filha da esposa de Fugaku-san em um estado tão deplorável. A ideia era apenas conseguir o dinheiro, não acabar comigo física e moralmente. Eles apenas me batiam, e nunca no rosto para não demonstrar sinais de agressão logo de cara.

 

Era incrível a auto-confiança deles. Os dois ameaçavam me matar caso o resgate não fosse enviado, ou a polícia viesse em seu lugar. Me batiam e falavam coisas realmente repugnantes.

 

Eu confesso que tinha medo: medo em ter que permanecer por mais tempo naquele lugar, medo de sair com alguma marca daquilo tudo. Medo da expressão doentia predominante no rosto de Nnoitra, medo do mistério que encobria a face de Ulquiorra.

 

Mas o que eu mais temia era que alguém que eu amo acabasse sofrendo ou se machucando por minha causa. Eu conseguia imaginar minha mãe passando noites em claro e chorando, temendo por mim. Ino, sempre tão alegre e extrovertida, poderia estar envolta numa máscara de tristeza agora. Neji... uma das pessoas que eu sei que realmente se importa comigo. Como ele estaria agora? Além de sua mãe estar quase morrendo, ainda tinha que se preocupar comigo. Itachi... deveria estar se culpando até a morte, por mais que ele não tivesse a mínima culpa do que estava acontecendo. Mas eu o conhecia bem o suficiente para saber o que sentia.

 

E Sasuke... será que também estaria preocupado comigo? Ou talvez agradecesse pelo encosto pessoal que ele carregava tivesse tirado férias por alguns dias. É claro, ele poderia estar numa cama com a Inoue no exato momento. Ou talvez não.

 

Me peguei rindo por um momento, assimilando que a pessoa em que eu mais pensei enquanto ficava presa ali era no Uchiha mais novo. Isso poderia ser realmente cômico, se a situação não fosse tão séria.

 

- Hoje você não me escapa. – Assustei-me com a voz sarcástica de Nnoitra, que até o momento eu não havia percebido que estava ali. Ele me olhava com os olhos ardendo em desejo.  – O chefe não está, não tem ninguém para me impedir. Você vai ser minha.

 

Encolhi-me sob o lençol, sabendo que tentar me soltar seria completamente inútil. Observava-o se aproximar cada vez mais de mim, sorrateiramente. Eu fitava seu rosto, temerosa. Na verdade, eu poderia dizer que estava desesperada.

 

- P-por favor... Não...

 

Fui calada por um beijo totalmente forçado e selvagem da parte dele. Eu tentava empurrá-lo, em vão. Tentei me separar, mas ele era muito forte e segurava a minha cabeça com força. Ele violentava a minha boca com a sua, e eu já sentia as lágrimas surgirem em meus olhos, prontas para deixá-los.

 

Ele separou o beijo e eu virei o rosto, me sentindo completamente enojada e suja. Até que eu senti um forte tapa ser desferido em minha face.

 

- Nunca vire a cara para mim. Entendeu?

 

Eu segurava o lençol com todas as forças, enquanto ele insistia em expor o meu corpo enquanto atacava o meu pescoço ferozmente. Eu não conseguia parar de soluçar, temendo o que viria a seguir.

 

Apertei os olhos com força. Ele não havia retirado o lençol de meu corpo, mas eu conseguia ouvir o barulho de um zíper se abrindo. Ele se aproximava cada vez mais. Eu estava com muito medo, queria, de verdade, que aquilo fosse um pesadelo. Apenas um pesadelo.

 

Eu não queria perder a minha virgindade daquele jeito.

 

Fiquei esperando o contato, que não veio. A dor, consequentemente, também não. Abri os olhos devagar e consegui visualizar o corpo, que até alguns momentos atrás ameaçava me violar, caído no chão, inconsciente.

 

Um casaco grosso foi jogado sobre mim.

 

Uma mão se estendeu a minha frente.

 

Olhei para cima e pude ver a única pessoa que me ajudou enquanto eu estava ali. O garoto que levava a água e a comida para mim todos os dias sorria.

 

- Vamos, eu vou te ajudar. Você não vai ficar mais nesse lugar.

 

Sorri languidamente e me deixei ser guiada, agradecendo internamente por uma criatura boa ter aparecido no momento em que eu precisava.

 

...

 

Eu olhava aterrorizada o garoto que tentara me tirar daquele lugar sendo espancado violentamente pelo ser infame que havia tentado me violar. Não consegui controlar as lágrimas. Eu gritava e me debatia, tentando me livrar das grossas cordas que prendiam o meu corpo àquela velha cama repleta de cupins.

 

Eu tinha que fazer alguma coisa! Ele só estava daquele jeito porque Nnoitra acordara antes de conseguirmos ir muito longe, afinal, no estado em que eu estava mal conseguia caminhar. E ele fez tudo isso por mim.

 

Eu não sabia muito sobre ele. Apenas sabia que ele era forçado a andar com os dois, e que já tentara fugir várias vezes, nunca conseguindo, de fato. Era irmão adotivo de Ulquiorra, e este sempre o tratou mal. Quando a empresa Schiffer foi à falência, Ulquiorra, filho legítimo do dono, prometera vingança. Afinal, havia perdido todo o conforto e luxo que tinha anteriormente – era ganancioso e mimado -, por causa de uma empresa concorrente. Que, pela minha sorte, era a empresa dos Uchiha.

 

Agora, Grimmjow estava ali, sangrando e sofrendo, por minha causa. E eu não conseguia fazer nada.

 

- O que está acontecendo aqui? – Ouvi a voz impotente do Schiffer; ele havia voltado.

 

- Esse garoto tentou fugir novamente, levando a mocinha consigo. Sorte que os peguei. – Nnoitra falou, entredentes, desferindo um último golpe às costas marcadas de Grimmjow. Eu estava pasma. – Ele é um encosto para nós, Ulquiorra. Deveria se livrar dele!

 

Ulquiorra ignorou-o e sumiu. Depois apareceu novamente, segurando uma xícara de chá.

 

- Eles vão enviar o resgate. – Comentou.

 

- Aposto que irão enviar a polícia também, Ulquiorra.

 

- Vocês... vão... se ferrar... – O garoto de cabelos verde-água falou, reunindo as últimas forças que tinha.

 

- Nós a mataremos sem hesitar se a polícia aparecer. Nem que sejamos presos no final, nós a mataremos. – Ulquiorra o ignorou novamente, e eu temi muito naquele momento. Definitivamente, não queria morrer.

 

Queria sair dali e levar Grimmjow junto comigo.

 

...

 

Pov’s Sasuke

 

Na manhã seguinte, fomos investigar, por conta própria, a parte oeste da cidade. Saímos cedo, pois, mesmo com a resposta já dada aos sequestradores, teríamos pouco tempo para salvar Hinata antes que ocorresse o pagamento.

 

A polícia e papai eram tolos. Em vez de investigar a fundo, resolveram simplesmente dar o dinheiro e ponto final, apostando sempre na sorte – se pegariam ou não os bandidos, se Hinata sairia ou não viva.

 

Fracos.

 

Ukitake-san havia reunido alguns outros policiais que discordavam da decisão do delegado. No total éramos cinco.

 

Paramos numa casa e fomos atendidos por um velho senhor com cara de poucos amigos.

 

- Desculpe incomodá-lo, senhor. – Comecei, sendo o mais educado possível, observando os policiais mostrarem os crachás que comprovavam a identidade da polícia.  – Mas estamos à procura dessa garota – Mostrei uma foto. – Ela foi sequestrada e gostaríamos de saber se o senhor sabe de algum lugar suspeito nas redondezas?

 

- Não sei. – Ele observou melhor a foto. – Mas vá até aquele salão de beleza que fica no final da rua. Ele reúne os mais diferentes tipos de mulheres fofoqueiras da região. Devem saber de algo.

 

Agradeci e fomos ao tal salão. Chegando lá, ouvimos diversos burburinhos e sentimos vários olhares curiosos.

 

Explicamos a situação à dona.

 

- Olha, eu não tenho certeza. – Ela começou. – Mas há algum tempo eu ouço gritos vindos de um barracão que fica perto da rota que sai da cidade, há poucos quilômetros daqui. Tenho que passar por lá para ir para casa, que não fica na cidade, e um dia vi um tipinho estranho carregando um corpo para dentro.

 

Respirei fundo. Gritos. Se Hinata estivesse realmente lá, alguém a estava fazendo gritar.

 

- Sabe como é, eu nunca falei com a polícia nem nada porque não quero me envolver em nenhum rolo. Imagine só.

 

Agradecemos e saímos em direção à rota da cidade. Começara a chover, como vinha acontecendo muito nos últimos tempos, quando nos aproximamos do tal barracão.

 

- Fiquem aqui. – Omaeda-san falou, direcionando o olhar para mim e Neji. Eu estava pronto para argumentar quando ele continuou. – Vamos averiguar se a garota está realmente no barracão. Vocês são inexperientes e só irão atrapalhar.

 

...

 

Pov’s Hinata.

 

- Movam-se um passo e a garota morre, agora.

 

Eu observava a cena assustada. Nnoitra me segurava com força enquanto Ulquiorra apontava o revólver em direção a minha cabeça. Do lado de fora do quarto eu constatei que havia três policiais armados.

 

Um deles arriscou dar um passo e eu gelei. Ulquiorra puxou o gatilho. Se ele o soltasse, seria o meu fim. Eu não conseguia conter as lágrimas.

 

- Se você atirar na garota, sabe que morrerá no mesmo momento. – Um deles gritou.

 

- Eu sei, mas ela também. Eu posso não vencer isso no final, mas, se eu morrer, ela vai junto.

 

Depois disso tudo foi muito rápido. Eu só pude ver um dos policiais fazendo um sutil sinal com os olhos para alguém atrás de mim.

 

Grimmjow se atirou sobre o meu corpo, fazendo com que nós dois caíssemos ao chão. Não pude ver nada além dos dois corpos que me ameaçavam inertes ao chão, o sangue escorrendo pelas feridas causadas pelas balas. Quando Ulquiorra soltou o gatilho, atingira em cheio o abdômen de Nnoitra.

 

Eu não conseguia parar de chorar. Grimmjow, mesmo fraco e todo machucado, me salvou no final. Eu seria eternamente grata a ele, por tudo.

 

- Vai ficar tudo bem... – Ele sorria fraco e afagava os meus cabelos. – Não se preocupe...

 

A única coisa que eu pude fazer foi abraçar o seu corpo com toda a força que me era permitida. Meu corpo estava todo dolorido. Eu havia sido fisicamente destruída, mas nada comparado à Grimmjow. Ele, além de todos os hematomas e machucados, estava com uma das costelas quebradas, e eu não sabia de onde havia saído tanto esforço para conseguir me livrar das mãos daqueles dois. Eu podia imaginar a dor que ele estava sentindo.

 

O garoto que eu abraçava foi perdendo a consciência vagarosamente, e eu percebi que ele estava apenas... dormindo. Como devia não dormir a muito tempo.

 

Um barulho de sirene podia ser escutado. Uma ambulância se aproximava.

 

- Conntatei aos pais e chamei uma ambulância. – Ouvi um dos policiais comentar com o outro. – Bom trabalho, pessoal.

 

Um deles vinha em minha direção, mas foi impedido.

 

- HINATA!- Escutei duas vozes em uníssono gritarem o meu nome, e me permiti sorrir diante daquilo. Levantei o meu corpo com o máximo de esforço que consegui, sentando-me.

 

Neji me abraçou com toda a força que conseguiu. Eu tive que conter um gemido de dor. Não podia preocupá-lo mais.

 

- Você está bem? – Ele me perguntou. – Eles fizeram alguma coisa com você?

 

- Eu estou bem...  – Desviei o olhar de seu rosto para o do moreno que se encontrava ao meu lado. Ele me fitava com uma expressão de dor, preocupação e alívio ao mesmo tempo. Observava o meu pescoço que estava evidentemente marcado, e depois olhou para mim, deixando à mostra a forte preocupação que sentia. Sorri fraco para ele.

 

- Hinata, eles... Me diga que eles não fizeram... – Os dentes estavam cerrados, os punhos fechados. Logo entendi a pergunta.

 

- Não! Eles não fizeram isso, Sasuke... por pouco. – Falei, sorrindo para o garoto inconsciente ao meu lado, inerte ao chão. – Ele não deixou, Sasuke. Grimmjow me protegeu.

 

- Me desculpe. – Sasuke me surpreendeu com essa, me abraçando com cuidado. Parecia perceber que eu estava com várias dores físicas. – Eu não consegui te proteger... Eu fiquei tão preocupado, Hinata. – Sussurrou ao meu ouvido.

 

Naquele momento, eu senti o meu coração bater mais forte. Ele parecia querer saltar do meu peito. Fui invadida por um sentimento que nunca havia sentido antes. Sorri largamente e correspondi ao abraço do moreno. Ele depositou um beijo em minha testa, e, depois, um selinho demorado nos lábios.

 

Eu corei extremamente com o ato, desviando o olhar. Encontrei Neji chutando Nnoitra com todas as forças. Alguns médicos já adentravam o local.

 

O gosto dos lábios de Sasuke sobre os meus... O seu cheiro... era tudo muito inebriante. Capaz de enlouquecer qualquer um. Eu estava me sentindo feliz, o meu coração de aquecendo a cada toque.

 

Mas eu não podia me iludir. Eu não podia, e não iria me apaixonar. Não por ele. Pois, por mais que eu, de certa forma confiasse nele, algo me dizia que eu poderia me machucar muito por sua causa. E não me apaixonar, não me envolver era o melhor a fazer.

 

Fim do décimo primeiro capítulo.


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Notas finais do capítulo

Ufa! Grande como sempre.

Então, o próximo capítulo vai ser um especial, pois ele não é tão grande como os outros e será postado antes do ritmo atual.

Será o especial Cuidando de você, e revelará algumas coisas importantes, focando nos sentimentos dos dois. Aparecerá uma parte do trailler, também.

Então, agora são três e meia da manhã e eu ainda tenho tarefas pra fazer - a loouca -, fiquei aqui só pra postar pra vocês.

Beijos. :*