Por ironia do destino escrita por Ágata Arco Íris


Capítulo 4
O menino da minha escola


Notas iniciais do capítulo

Então queridíssimos... Espero que estejam gostando ^~^

Boa leitura!



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Aleluia! Graças á Deus é sexta-feira, tanto eu quanto meu irmão estávamos acabados, meu irmão comprou comida na volta para casa e eu alguma coisa para bebermos. Dormimos bem cedo hoje, e olha que nós geralmente não dormimos cedo, foi só o prazo de chegar em casa, jantar e tomar um banho que ambos literalmente capotamos logo em seguida, eu pelo menos né... Acho que o vizinho do andar de baixo foi capaz de ouvir o barulho abissal que fiz quando literalmente caí na cama, na verdade me joguei nela, mas é válido né.

No dia seguinte acordei às 6:00, não por querer, mas porque o FDP do meu irmão arrumou uma buzina e colocou aquela droga perto do meu ouvido.... Caí da cama, quer dizer, me joguei da cama no sentido oposto ao barulho... Depois de recobrar um pouco da minha consciência saí correndo atrás dele como uma pessoa normal faria. Tive dor de cabeça o dia inteiro por causa desse engraçadinho.

No domingo, na hora do almoço conversamos com minhas irmãs que ainda estão no Brasil pelo Skype. Se não me engano aqui era meio dia do domingo e lá ainda era meia noite, eu fico meio confusa com o fuso horário, mas tudo bem. É estranho, quando a tragédia aconteceu ao invés de ficarmos mais unidos, nos separamos mais. Minhas irmãs compraram uma casa em São Paulo para ficarem por lá de vez, minha tia ficou extremamente viciada em seu trabalho, meu irmão e eu afundamos no mundo dos games para tentar esquecer algo que acho impossível de esquecer. Quando minha avó morreu na metade do ano passado acho que caímos um pouco na real e começamos a mudar, quer dizer, em parte mudamos, porque minhas irmãs continuaram em São Paulo, minha tia começou a ficar depressiva e um tanto neurótica, mas começamos á nos unir mais, infelizmente não o suficiente, porque agora estamos em continentes diferentes. Ah quem quero enganar, sinto falta delas e tudo que fizemos nos separou mais ainda.

Ambas estavam no quarto da Isadora no Brasil, só havia a dona do quarto do outro lado da tela. Nós estávamos na sala usando o notbook da minha tia. Nós temos pc fixo, mas não temos lugar para por ele por enquanto, minha tia disse que vai usar o quartinho da área de serviço para fazer a sala de computador, lá é pequeno, mas tem janela e acho que serve.

[Isadora]: Tiiiiiaaaa Kiyomi... Maniiiiinhaaa... Coiiiisssa feeiiaa—Disse eufórica ao nos ver.

[Gabriel]: Coisa feia é você—Respondeu ele mostrando a língua.

Minha irmã Olivia se juntou á nós, ela terminava de secar o cabelo com a toalha em suas mãos.

[Kiyomi]: Parem meninos!!Mas gente, até separados como estão ainda conseguem brigar?

[Isadora]: Ah tia, não estamos brigando, só estou zuando esse filhote de cruz credo aí. Ai tia kiyomi, estou morrendo de saudades pessoal!

[Samanta]: Também estamos com saudades.

[Olivia]: Gente, tenho uma novidade... —Ela levantou sua mão deixando á mostra uma aliança—Eu agora sou noiva!

[Gabriel]: O que?! Alguém te quis?—Implicou meu irmão.

[Kiyomi]: Para Gabriel!—Disse séria—Parabéns Olivia, que pena que não vou estar aí para ver seu casamento.

[Samanta]: E eu para ser sua dama de honra.

[Isadora]: Hahahaha... Como se você fosse dama de honra, eu que ia ser a dama de honra, porque eu a amo mais.

[Samanta]: Não, eu que ia ser.

[Kiyomi]: Parem vocês duas!—Disse minha tia mais séria ainda—Então, quando vai ser o casamento?

Tia Kiyomi estava muito séria e cara fechada hoje, não estava para brincadeiras, algo deve ter acontecido no trabalho dela para ela estar assim... Até assusta vê-la séria assim, lembra o professor de japonês. Aff, acabei lembrando que não fiz o dever dele ainda, fiquei com preguiça, na verdade acho que ela ainda não foi embora.

[Olivia]: Não sabemos, mas provavelmente vai ser só no cartório mesmo. Estávamos pensando em ir visitá-los no natal.

[Isadora]: Ahh pode ser dama de honra então Sasá, não vai ter casamento mesmo.

[Samanta]: Ahhh-Disse eu triste.

[Kiyomi]: Olivia, não precisa se preocupar com isso. Eu dou um jeito de trazer vocês aqui, vocês duas são minha família também e mesmo que a família vá aumentar eu dou um jeito de trazer vocês três. Sem contar que você fica linda de branco minha flor.

[Olivia]: Ah tia, esse não é meu sonho. E hahaha... A senhora falou “família vai aumentar” eu logo pensei, eita estou gravida e não sei. Uma última coisinha, eu não aceito você pagar isso para mim, até o final do ano eu consigo o dinheiro.

[Kiyomi]: Não, eu insisto.

[Gabriel]: Ah gente, até o final do ano vocês decidem isso, estamos em abril ainda.

[Olivia]: Ele tem razão.

[Isadora]: É verdade.

[Olivia]: Então gente, como foi à primeira semana de aula?

[Samanta]: O inferno em forma de professores, aulas e dever de casa.

[Gabriel]: Uma merda!

[Kiyomi]: Shhhhh... Sem xingar! Ora, que coisa feia.

[Gabriel]: Perdão tia.

[Kiyomi]: Ok, mas não faça mais isso.

[Isadora]:Hahahaha... Só mesmo a tia Kiyomi para te por o Bibiel na linha.

[Gabriel]: Oh mas sem brincadeira, foi uma merrr—Gabriel olhou para minha tia— Enfim, não há uma mulher se quer na minha turma e a maior parte das estudantes da minha faculdade são japonesas.

[Isadora]: E daí?

[Gabriel]: Já vi que não tenho chance com elas... Afff.

[Olivia]: Anem Gabriel, você vai para a faculdade e só fica pensando em garotas?

[Gabriel]: Ué, eu não sou bicha então... Sim.

[Isadora]: Para de correr atrás de rabo de saia e vai estudar garoto!

[Gabriel]: O que você acha que eu fiz a semana inteira?—Disse ele triste.

[Isadora]: Ai, você não tem jeito mesmo. Mas e você Samanta... Como foi sua semana?

[Samanta]: Até que foi boa, fui bem tratada pelo menos.

[Gabriel]: Puff, sortuda.

[Samanta]: Não sou tão sortuda assim.

[Kiyomi]: Pior que ele está certo, quando fui para o Brasil tive várias dificuldades que você parece estar lidando melhor que eu lidei.

[Isadora]: Vai Sathan Girl!! —Disse ela toda exaltada—Ei, você ainda usa esse nome?

[Samanta]: Claro, essa sou eu nos games... Sempre será.

[Isadora]: Que bom.

Ficamos conversando até quase duas horas, foi bom, mas nenhum de nós fez o que deveria fazer àquela hora. Ou seja, elas não haviam dormido ainda e nós não havíamos almoçado, incrível como meu irmão e eu nos esquecemos de algo tão fundamental... Mas foi muito bom e valeu á pena todo o sacrifício.

Passei o resto da tarde folheando os papéis que Gina havia me dado, eu não conseguia me decidir qual clube escolher. Eu não queria entrar em clube algum, só de saber que terei que ficar na escola até quase seis da noite já me deixa triste. Pior que não podia fugir disso, minhas notas dependem do bukatsu, que essa atividade extracurricular, sem isso eu não tenho nota nas outras matérias... Droga! Já quase morri quarta e sexta quando fiquei na escola até mais tarde por causa da Educação Física, agora vou ter que ficar até mais tarde os outros dias também? Maldade... Muita maldade.

Por volta das cinco da tarde meu irmão invadiu meu com um pacote de salgadinhos.

— O que você está fazendo? —Perguntou ele com a boca cheia.

—Escolhendo qual clube eu devo entrar. Não vai me oferecer não?

—Não, se quiser é só meter a mão dentro do saco e pegar poxa. Você nunca pergunta se pode comer ou não mesmo.

Fiz o que ele disse, peguei uma mãozada de batatinhas e ele ficou me olhando com cara feia enquanto fazendo beicinho. Parecemos crianças, sei disso.

—Ixi, na sua escola tem essa coisa de ficar depois da aula também? —Perguntou ele sentando na beirada da minha cama.

—Ué, na sua faculdade tem?—Ele balançou a cabeça positivamente—Você já escolheu o clube?

—Futebol ora, qual mais? Aqui é Br na veia, tá esquecendo.

—É pelo menos uma coisa você faz bem e essa coisa é jogar futebol, né?

—Ei, não é bem assim.

—Hum, mas que bom que você achou um que goste. Eu não quero fazer isso, e minhas notas dependem disso.

—Hahahaha... As minhas não bobona.

—Sortudo!

—Pelo menos em alguma coisa né.

—A Ingrid, minha colega na escola disse que posso ver como é o cotidiano de um clube um dia se desejar, mas são 14 clubes... Não tenho paciência de visitar todos.

—Nem eu teria, mas fala aê... Quais são os clubes?

—Vôlei, basquete, karate, judô, esgrima, kendo, jornal, musica, jardinagem, artes, mangá, poesia, robótica, chá.

—Bem, vamos começar á excluir aqueles que você não iria nunca... Karate e artes marciais nem precisa perguntar, robótica eu que gostaria de ir, você não joga basquete, nunca tocou um instrumento se quer na vida e creio que não vá começar agora, não sabe ler bem japonês e creio que não consiga escrever poesias também... Com isso sobrou...

— sete clubes... Aff... Ainda é muito—Disse eu me jogando na cama.

—Ei, mas eu já diminuí a metade para você.

—Obrigada.

—Ah esquece isso e vamos jogar, estamos quase zerando esse maldito jogo.

—Qual fase você já está?

—125.

—Puxa, faltam só 25.

— Né... Quase lá, vem jogar.

—Na boa, nunca pensei que fossemos viciar tanto nesse jogo.

—Também não, paramos até de jogar no ps3.

—Né, mas está acabando Graças á Deus... Quando acabarmos esse jogo, que tal irmos numa loja de games aqui em Saitama?

—Ué, por que não? Agora fiquei curiosa, como será uma loja de games no Japão.

—Há uma perto da estação de trem.

—Legal... Vamos lá semana que vêm, que tal?

—Pode ser, agora vem jogar noob—Implicou meu irmão.

—Ah eu sou noob aqui? —Disse eu fingindo estar sentida—Cara, eu sou Master nessa bagaça, o noob aqui é você.

—Hum, então quero ver.

—Passa esse troço para cá.

Como de costume, tirando a pausa para a janta e tomar banho, ficamos jogando até onze da noite sem descanso. Na segunda de manhã, na hora do almoço eu resolvi sair da sala e andar um pouco pela escola, conhecia pouco aquele lugar. Subi rapidamente até o terraço, tive vontade de ir lá à semana passada inteira. Dava para ver a vizinhança lá de cima, cheguei perto da grade de proteção e olhei para os arredores da escola, tinha realmente muito verde lá, vi um cantinho na escola onde havia uma árvore, eu ainda tinha quase 20 minutos de almoço, havia tempo de ir lá.

Ao chegar debaixo da árvore vi um garoto escondido no lado oposto da árvore, reparei ao chegar que ele mexia em seu celular, sabia que era proibido lá, mas ah... Deixa o moleque ser feliz, se visse alguém da coordenação eu até o avisaria. Como ninguém apareceu, eu apenas permaneci lá sentada apreciando a vista, alias, era uma bela vista, aquela escola era enorme e muito linda.

Quando o sinal tocou virei-me para trás e o garoto ainda permanecia no mesmo lugar, deveria estar jogando, pois parecia nem ao menos piscar. Saí de lá, mas antes olhei para trás, ele permanecia imóvel, provavelmente iria matar a próxima aula... Legal, parece que nem todos os japoneses são certinhos, bom saber. Achei legal isso, espero conhecer esse menino depois.

Na volta para casa passei no mercado na galeria, minha tia havia pedido para que fizesse umas compras, pois chegaria mais tarde hoje. Fui ao mesmo que Yuan trabalha, apesar de não ser o mais barato (Na verdade não sei se é, porque eu não andei tanto por aqui) eu me senti muito bem atendida e confortável perto de outros estrangeiros, por coincidência eu vi o Yuan, ele estava limpando corredor de laticínios e quando passei para pegar um iogurte o encontrei. Ele é alto, eu pessoalmente não gosto de japas, mas ele é bonito e muito simpático, e ao ver que aproximava lembrou-se de mim na hora.

—Samanta-san... Quanto tempo?

—Yuan, você se lembrou de mim... Que legal.

—Tenho uma boa memória fotográfica.

—Eu não, sou péssima para reconhecer pessoas depois de certo tempo, mas te reconheci de longe.

Olhei um pouco ao redor, mas não encontrei o que procurava, e olha que esse é o item mais importante da lista que minha tia me deu.

—Hum, então... O que está procurando? —Perguntou Yuan.

—Um iogurte, mas não o acho.

—Qual o nome?

—Não sei ler, minha tia que escreveu e disse que estava morrendo de vontade de tomar. Acho que posso chegar sem tudo dessa lista lá em casa, creio que ela ficará bem. Mas algo me diz também que sem esse iogurte minha tia vai brigar comigo.

Ele riu do que havia falado, parou de esfregar o chão e me estendeu a mão.

—Me deixa ver.

Entreguei a lista para ele.

—Hum, acho que deve ter acabado aqui— Ele olhou ao redor —Hum, acho que ainda tem no estoque.

Ele me deixou momentaneamente e entrou numa área que era somente para funcionários, minutos depois voltou com o iogurte. Yuan me entregou sorrindo, achei fofo.

— Aqui está, agora sua tia não vai mais brigar contigo.

—É verdade.

Segundos depois um senhor de cabelos grisalhos, camisa verde e calça de linho passou pelo corredor e de longe chamou a atenção de Yuan. Não faço a mínima ideia do que ele disse, apenas sei que era em mandarim e parecia bem zangado, devia ser o chefe do Yuan.

—Seja o que for que tenha dito ao Yuan a culpa é minha. Ele estava me ajudando.

—Ajudando?!-O senhor olhou para nós dois-Sei...

—Sério, não havia mais desse iogurte... Ele me arrumou um.

—Bom, nesse caso... Continue assim Yuan.

Antes de sair da nossa vista ele disse algo para Yuan novamente em mandarin. Ele ficou um pouco catatônico depois daquilo, eu tentei puxar assunto.

—O homem que passou aqui é seu patrão?

—Sim, epior que ainda... É meu avô também.

—Nossa... Que tenso.

—Um pouco, trabalho no supermercado dele na verdade.

—Uau... Mais tenso ainda. Ai Yuan, acho melhor eu ir embora antes que te cause mais problemas.

—Ah ok... Obrigado pela conversa.

Quando estava um pouco longe escutei um grito chamando meu nome, era novamente Yuan.

—Espere Samanta-san!

—Oi.

—Sei que acabamos de nos conhecer e você vai achar isso loucura... Mas será que poderíamos sair um dia desses?

—Hã?! Ué... Por que não?

—Poxa perdão por... Espera, isso foi um sim?

—Sim.

Peguei um papel qualquer, anotei meu Facebook (não tenho número de telefone ainda) e coloquei no bolso do rapaz que sorria estridentemente.

—A propósito... Quantos anos tem? —Perguntei.

—18.

—Sério?

—Juro por tudo que é mais sagrado e mostro até minha identidade se quiser.

—Não, tudo bem... Eu acredito.

—Samanta... —Ele olhou bem em meus olhos—Obrigado, tenha uma boa noite.

Não comentei nada com meu irmão, porque ele parece realmente decepcionado por nenhuma garota dar bola para ele na faculdade, pelo menos repete isso umas três ou quatro vezes na semana. Admito que tive um pouco d vontade de esfregar na cara dele que alguém se interessou por mim, mas deixa quieto tadinho. O dia seguinte na escola, na hora do almoço fui me sentar novamente debaixo da árvore, esse com certeza é o melhor lugar possível para almoçar nessa escola, a sala inteira tinha grupinhos e eu estava um tanto deslocada deles. A Ingrid tem almoçado comigo e as amigas dela nos último dia, mas elas só ficam fofocando e eu não conheço ninguém naquela escola, então fica difícil né.

Peguei minha lancheira, que me faz sentir uma menininha do pré estar com ela, mas tudo bem, ela cumpre sua função e é isso que importa. Ao chegar na árvore percebi que o garoto estava imóvel no lugar que estava ontem, ele nem ao menos se deu conta que eu estava lá, estava novamente aficionado na tela do seu celular.

Fiz isso o resto da semana, saía da sala e ia almoçar debaixo da árvore, em nenhum dia o garoto pareceu ver que eu estava lá, na verdade não pareceu olhar. Fiz isso na semana seguinte e finalmente quarta-feira algo diferente daquela rotina aconteceu, eu estava fazendo igual havia feito a semana inteira, mas quando cheguei perto da árvore percebi que o garoto não estava mais sentado em seu lugar, sentei para almoçar como fiz a semana passada inteira e do nada o vi vindo em minha direção sorrindo enquanto carregava duas canecas. O garoto sentou-se ao meu lado e me deu um caneca junto á uma colher, olhei rapidamente e vi que não era chá, ele sorriu de modo que seus olhos fecharam-se formando apenas uma linha na horizontal e então disse:

—Nem você nem eu nos apresentamos ainda—Ele estendeu seu braço para mim—Prazer, meu nome é Hiro!

—Ah, prazer Hiro, meu nome é Samanta... O que é isso que você me deu?

—Bolo de caneca, gosta?

—Hum, nuca experimentei.

—É bolo de todo jeito, queria comprar um na vinda para a escola, mas não deu tempo, então peguei isso do laboratório de culinária... Só shhh, não espalha, quase fui pego.

Eu ri daquilo... Pelo jeito nem todo japonês é certinho mesmo, gostei dele.

—É tão estranho para mim ouvir “laboratório de culinária”.

—É só uma maneira mais simpática de dizer “cozinha”.

—Verdade, de onde vim não havia aula de “atividades domésticas”. Se eu quisesse fazer um bolo e eu não soubesse, ou pedia á minha avó ou destruía a cozinha tentando sozinha.

—Eu sou péssimo na cozinha, já fui reprovado várias vezes nesse quesito... Sorte que isso não dá bomba.

—Eu sei cozinhar, quer dizer, pelo menos sei cozinhar comida brasileira... Japonesa eu nunca aprenderei.

—Então você é brasileira, de que sala você é?

—3C.

—Sério? É a mesma sala que o meu amigo estuda, puxa... Que legal... Você deve conhecer ele né.

—Ah, eu já fui apresentada á todos da sala, mas mal me lembro do nome dos professores, não vou saber o nome dos alunos, mas vamos tentar. Qual o nome dele?

—Hum, vamos ver se você descobre... Ele é basicamente bom em tudo que faz e é extremamente perfeccionista e é bem popular por suas habilidades e seu sobrenome é Ogawa... Então, conhece?

“Hum, deve ser o Mu...Não, Masashi, é o único que consigo pensar. Ele é popular, parece ser um crânio e creio que muitas estudantes dessa escola tem um crush por ele. Mas não sei o sobrenome do garoto, então não vou arriscar”

—Hum... Provavelmente sim, mas não lembro o nome de quase ninguém da minha sala.

—Vamos fazer assim... Você dá uma olhada e amanhã me diz quem é meu amigo... Que tal a brincadeira?

—Legal, mas por que esse mistério todo?

—Adoro games de detetive, então meio que com tudo eu faço essas brincadeiras de adivinhar.

—Gosta de jogos? Eu amo, mas prefiro gênero aventura... Se bem que tem uns que você meio que vira um detetive ao fazer as quests.

Eu peguei um pouco do bolo, que á propósito estava maravilhoso e percebi que Hiro havia se calado. Foi um intervalo de alguns segundos que isso aconteceu, eu peguei um pedaço e coloquei em minha boca, depois virei-me para Hiro. quando olhei para ele levei um susto... Ele estava de queixo caído me olhando.

—Eita?! Está bem garoto?

—Repete o que você disse por último—Disse ele me olhando.

Ele não me olhava parecendo um total pervertido ou tarado, você escolhe o melhor jeito de falar, mas enfim er como se estivesse muito surpreso, estranhei isso mais que tudo.

— Você está bem?

—Não isso, sobre games.

—Ahh... Eu prefiro gênero aventura?

—Não, que você ama jogos... Isso é uma raridade em garotas aqui no Japão.

—É verdade, eu amo games... Sou uma gamer assumida.

— Su-go-i...Suuugoooiii!!!

Basicamente ele falou que era legal, mas não tipo... Ah que legal! Mas no fundo está pensando foda-se e eu com isso?... Foi mais... Meeuuu Deeeuuusss!! Muito top!!

—Samanta... Você joga comigo uma hora dessas? E uma pergunta... Existem mais garotas gamers no Brasil?

—Até existe, mas eram poucas amigas minhas que jogavam e muito menos que jogavam bem. E eu jogo com você sim fofo.

—Droga, se tivesse meu celular aqui poderíamos jogar agora... Amanhã você joga comigo?

—Claro.

—Que legal... Nossa, nunca conheci uma garota que jogasse.

—E eu nunca conheci um garoto que fosse gamer e não me tratasse como noob, como se fosse inferior mesmo sem nem antes jogar comigo. Aliás, você é gamer mesmo ou só gosta de jogar.

—Gamer de paixão, coração e alma. E eu que sou muito noob, se você for não posso falar nada. Um exemplo, eu amo mmorpg, geralmente fico como o mago ou feiticeiro, aquele que fornece energia para os outros mas fica mais de longe.

—Hum, mas eles são importantes nas guildas. E eu admiro muito quem tem paciência de ser esse tipo de jogador.

—Você gosta de mmorpg também?

—Joguei poucos até hoje, não tenho muito afinidade com jogar em grupo, geralmente jogo mais com meu irmão mesmo.

—Um dia a gente joga um desses então.

O sinal tocou bem nesse momento, entreguei a caneca para Hiro.

—É, pode ser, vai ser legal... Acho. E obrigada pelo bolo de caneca.

—Vai ser legal sim e não foi nada... Até amanhã... E não esquece de ver se você conhece meu amigo, ele é bem legal.

Eu saí e ele permaneceu no mesmo lugar sorrindo, menino estranho e provavelmente um pouco doido, mas algo me diz que seremos bons amigos.


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