Olhei pela janela, novamente, estava branco, tudo branco. O cemitério estava branco também. E a neve ficava parada nas florestas, esperando para alguém pega-las, ou apenas ficarem lá, ou também, esperam derreter, ou nenhuma das hipóteses.

            Desci as escadas, com meus sentimentos vazando pelos meus poros. Parecia que eles estavam mais sensíveis, pois quase todos conseguiam senti-lo, mas não comentavam, eu achava uma falta de educação.

            Thain, não tinha chegado naquela manha, e eu vi que meu aviso foi bem pronunciado aquela noite, e não iria tentar fazer aquilo novamente.

            Também podia dizer o mesmo sobre Bruno, pois ele entendeu certamente que eu não iria transformá-lo naquela hora, e me arrependi por ter feito. Ele quase nunca falava comigo, e ele vivia saindo pela porta, enquanto meu coração de contorcia. Algumas vezes eu dizia um “oi”, mas ele apenas acenava com a cabeça, e não olhava para o meu rosto, o que me dava vontade de chorar, e eu chorava de um jeito estranho. Mas era um choro.

            Saia mais vezes com a Flor de Tanya, mesmo que ela não me respondesse, estava me desabafando com ela.

            Sim, isto não foi por apenas um dia, e sim por uma semana. Uma semana lenta e dolorosa, que eu apenas tinha visto Thain nos últimos três dias. E, contrário de Bruno, olhava para meu rosto, sorrindo, é claro, com ironia. E eu, sorria com mais ironia ainda. É, seria uma disputa se você quer saber, mas ninguém ganhava.

            No terceiro dia de tortura, pensei em transformar Bruno, e que era melhor eu transformá-lo, mas quando tentava falar com ele, este apenas andava mais rápido. Mas podia sentir seus sentimentos, e via que estava sofrendo também, e estava sendo mais ou menos “forçado” a fazer isto. Mas eu queria libertá-lo, e que nós vivemos nossa vida em paz, mas a palavra “paz” é difícil de se achar.

            Nos penúltimos dias, vi que Bruno não agüentava mais a pressão, e ele falou comigo, por algum tempo, depois ele parou, e voltou a fazer alguma coisa inútil, e eu fui caçar.

            A caça, sim, ela mudou. Não tanto, pois voltou ao normal. Pois eu tinha raiva o tempo todo, e esse sentimento não me dava folga de uma hora, pois eu tinha raiva cada minuto que se arrastava, pois odiava Thain, odiava que Bruno não falasse comigo. Mas, além de tudo, não o odiava, pois sentia isto.

            Eu caçava com mais freqüência, e todos os dias. Não era quase os todos os dias, era todos os dias, e eu ficava mais de meia hora, apenas caçando e matando, e não importava com quem estava na minha frente. Mas não matava crianças.

            Thain continuava a mesma coisa, por todos esses três dias, como Bruno, por isso, não tinha muitas novidades sobre os dois.

            Mas sobre os outros da Casa, eles estava muito preocupados comigo, e tentavam falar com Bruno o tempo todo, principalmente Jake e Jane, que sempre querem o meu bem. Mas Bruno, não fazia nada, como não dizia nada, e eu acreditava, que ele não ouvia nada que nós dizíamos, o que me deixou com raiva.

            Minha raiva, era amor, pois comecei a xingá-lo, em múrmuros, mas nunca em voz alta, mas estava de mais. Aquela ignorância me irritava, e fazia minha cabeça borbulhar e minha mente ver sangue, por isso, eu corria, e matava, o quanto estava no meu alcance. E vi que, novamente, estava aquela assassina de antes.

            Se era isto que a desgraçada da Thain queria, ela tinha conseguido. Se ela queria Bruno... Ela nunca iria conseguir.

Em um dia, gélido, que tinha a impressão que Thain estaria no cemitério, e que, era minha hora de ir para lá. Peguei minha rosa, e fui em direção do cemitério, lentamente.

            Quando cheguei, ergui meus olhos para cima, e não acreditei o que eu estava vendo. Meu corpo inteiro paralisou, e deixei cair a rosa da minha mão, batendo no chão branco. E então, fugi.