Marcada escrita por Violet


Capítulo 2
Flocos de Neve


Notas iniciais do capítulo

Cá está novo capítulo, hahaha. Tentei fazer o mais curto possivel pra não ficar chato. Obrigada aqueles que estão acompanhando, desculpem as pequenas falhas. E prometo tentar manter constante o fluxo de posts. Deixe sua review se puder. Até o próximo capítulo! Kyaaa
~Violet



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“Fuja Jess, fuja! Não deixe eles pegarem você, esconda a marca, custe o que custar”

– Quem está ai? – lá estava eu novamente em meio aquela escuridão, não via nada, era como se estivesse de olhos fechados, mesmo assim conseguia ouvi-lo perfeitamente. Em meio a escuridão lá estava aquele par de olhos cor de mel me encarando, corro em sua direção, ergo meus braços, mas não consigo alcançá-lo.Corro mais um pouco, mas tudo que consigo ouvir é o barulho do toque da escola, com a visão ainda embaçada retorno a realidade.

– O que aconteceu? – balbucio tocando a marca em meu braço que volta a queimar

– O que aconteceu Jess? Você dormiu a aula toda e perdeu toda a revisão! Que diabos ta acontecendo com você?!

Volto minhas mãos para a cabeça, murmurando de dor. Sentia como se meu corpo fosse uma máquina com defeito, prestes a parar de funcionar de vez. Olho o relógio na parede marcando meio dia. A maioria da turma já saiu da sala, meu corpo dói, lembro da cena de ontem, quero acreditar que aquilo não passou de outro pesadelo, mas algo que me dizia que esse pesadelo ia se tornar realidade.

– Jess, você ta bem? – July se pronunciou, seu semblante era de preocupação. Tinha que disfarçar

– Hum? Sim, só noites mal dormidas – fingi uma risada apanhando meu material e pondo na mochila

– Não me diga que a Kat te forçou a ficar até tarde assistindo aquelas novelas dramáticas?!- retrucou

– Nem vou considerar isso que você falou July Klerck - bufou cruzando os braços

– O quê? Isso é tão típico seu, assistir novelas dramáticas com a blusinha dos ursinhos carinhosos e se afundando num pote de sorvete, Katerina Gonzales – gargalhava

– Shiu! Sabe que não pode dizer isso alto!

– Por que? É tão mais autêntico. Devia ser você mesma uma vez na vida

– E você devia parar de ser tão chata uma vez sequer – retrucou apanhando a bolsa com raiva.Ah essas duas...

– Será que as donzelas podem parar de brigar e irmos logo almoçar? Ou querem que eu monte um ringue aqui mesmo? – ambas se entreolharam com desdém, mas não demorou muito para que me acompanhassem. Por causa da diferença de personalidade, sempre acabavam discutindo por algo, mas no fundo eram como carne e unha, e eu, o alicate que as separava quando necessário.

E por mais um dia eu me deparava com a mesma rotina exaustante de sempre. As mesmas pessoas, mesmas coisas, embora vivesse assombrada pela morbidez, sentiria falta disso quando acabasse. Depois de passar quase vinte minutos numa lesma de fila, finalmente conseguimos nosso almoço, não era lá essas coisas, mas dava pra digerir. Na mesa ao lado um grupo de jogadores do time de futebol da escola berravam coisas, como fora fácil a última partida, marcavam de comprar cervejas e secavam as meninas que passavam, comentando sobre o tamanho do traseiro delas. No canto esquerdo alguns nerds tentavam resolver um cubo mágico, e outro lia gibis. Na extremidade da nossa mesa, meninas comentavam empolgadas sobre vestidos novos e sapatos, apontando nervosamente para as figuras de uma revista. Por um momento paro, observo a vidraça do refeitório, há menos neve que na noite passada, lembro do lobo negro, minha pele arrepia, enfio os braços no bolso do casaco.

– Nossa cara, não acredito que levei bomba nessa prova de novo- ouço July reclamar

– Se tivesse estudado não tinha se saído mal. Por que não pediu ajuda pra alguém? Tipo aquele ali – ela a cutuca com o cotovelo erguendo o rosto em alguma direção

– O que? – tento seguir seu olhar em meio a multidão

– Tá falando daquele nerdizinho que baba nos livros e tira meleca do nariz? – July dispara, e tento conter uma risada

– Eca! Bom, não custa nada tentar

– Prefiro reprovar a matéria, obrigada – July a encara com indiferença – Além disso, não faz o meu tipo!

– Ah é, esqueci que o seu tipo é aqueles caras emos e góticos com piercings no cérebro

– Melhor do que os seres acéfalos com quem você sai

– Ow ow, vamos parar ne! Chega de briga por hoje – interrompi, voltando a tomar meu suco de laranja levemente azedo

– Mas então, já decidiram onde vão passar o feriado? –July questionou

– Eu tava falando exatamente isso com a Jess ontem.Tem um barzinho legal aqui perto, podíamos ir pra lá, tem uma música boa, e gatinhos! – senti uma malicia na terminação da frase de Kat

– Ah claro, vamos num bar de esquina, beber até subirmos na mesa e tirar a roupa e acordarmos no dormitório do time de futebol, bravo Kat! Plano perfeito!

– O que sugere então querida July? Irmos todas para um cemitério e escavar tumbas, fazermos algum ritual diabólico com seus amiguinhos vampirescos?!

– Chega! – gritei- Não vamos a nenhum bar, e nem escavar tumbas ok? – as pessoas nos encaravam, respirei fundo e normalizei o tom da voz – A gente pode acampar- supus

– Acampar? – as duas disseram em uníssono

– Sim, acampar ué. Podemos acampar na floresta próximo a minha casa, será divertido

– Ah claro! Acampar só nós três no meio do nada numa floresta escura, cheio de mosquitos, animais selvagens e em pleno inverno! Que ideia maravilhosa Jess, por quê não pensamos nisso antes?! – a vi retorcer o olhar irônica, encarei July em busca de uma resposta, mas a única que tive foi um dar de ombros – Olha, estamos terminando o colegial, vocês não queriam aventura? Então...

Longos segundos de silêncio se arrastaram ali, até que pude ver o olhar de aprovação nas duas. Kat estava certa, acampar na floresta em pleno inverno não era uma boa ideia, era uma péssima na verdade. Mas alguma coisa me atraía lá, minha marca nunca queimara tanto como naquela noite, precisava descobrir a relação disso tudo. Precisava vê-lo novamente, sim, era um risco, mas um risco que eu tinha que correr. A próxima aula se aproximava, as meninas foram devolver alguns livros na biblioteca enquanto fui devolver as bandejas. Parei por um momento pra observar a vidraça, a sensação de estar sendo observada ficava cada vez mais forte, mais uma vez estava vagando nos meus pensamentos, quando senti uma mão grande e fria pousando no meu ombro. Me virei subitamente, era o diretor da escola.

– Senhorita Parker? – seu tom era frio e seco

– D-diretor Silver – gaguejei

– A senhorita está bem? – ele me analisava indiferente. Não sei o por quê mas de repente minha marca começou a arder violentamente, como se estivesse encostado numa panela quente, pus o braço para trás

– Hum? N-não, está tudo bem sim – forcei um sorriso fraco

– Está sentindo alguma dor? Ele olhava fixamente para o meu braço atrás de mim

– Não, só não tenho dormido direito, sabe como é... Essas provas têm sido difíceis – menti

– Tem certeza? Seu braço... há algo errado? Deixe- me ver – tentei recuar, mas foi em vão. Com um excesso de força ele o puxou e observou fixamente toda a sua extensão, parando na minha marca, essa por sua vez já queimava incontrolavelmente, puxei o braço rapidamente

– Desculpe senhor diretor, mas eu realmente tenho que ir agora – saí em passos rápidos e sem olhar pra trás

Esbarrei em alguns estudantes no caminho até o banheiro. Com a mão ainda pressionando a marca, meu coração batia a mil por hora, por sorte não havia ninguém lá. Abri a torneira ao máximo, estendi o braço na pia, e deixei a água escorrer, a dor foi diminuindo aos poucos, ao observar melhor a região, notei que a marca havia crescido um pouco, encarei o espelho num ato impensado de encontrar respostas, mas tudo que vi ali foi um rosto apavorado e um cabelo despenteado.

Respirei fundo, uma, duas, três vezes... Encarei o espelho novamente, e a imagem que vejo refletida nele me assusta, não é a minha. Era ele, o lobo negro de frente pra mim, com aqueles olhos amarelados me encarando solenemente, instantaneamente estendo minha mão devagar pra tocar o espelho, a imagem se distorce até desaparecer e voltar ao meu antigo reflexo. Jogo água no rosto tentando voltar a mim, se não bastasse as vozes, agora estava tendo alucinações.

Algumas horas depois, não muito longe dali...

– Oh, já chegou da caçada, garotão?

– Não enche Kaeth! – bate a porta, pendurando o casaco de couro

Esses são os irmãos Ackles, o cara jogado ao sofá jogando vídeo-game é Kaeth, alto, de corpo malhado mas não tanto, se torna um pouco magro comparado ao restante dos irmãos. De cabelos lisos em corte “surfista”, de olhos azuis claros e sorriso estonteante, é o mais sociável de todos. Lugares em que você pode encontrar Kaeth: Em festas com muitas mulheres, bares com muitas mulheres, jogando video-games, ou assistindo jogos de futebol na tela plana.

O que acaba de chegar pela janela é Derick, o mais velho. De estatura mediana, cabelos negros e lisos, quase a altura do queixo meio bagunçados, seu tom de pele bronzeado não passava despercebido pelos músculos salientes. De personalidade mais abrasiva, e arrogante. Você o encontrará em academias de luta, em telhados de casas, em canil pra cachorros abandonados, ou vagando por aí, não se sabe muito sobre esse ser.

No andar de cima na biblioteca está o irmão do meio, Sam.De cabelos castanhos claros em um corte perfeccionista, de altura um pouco maior a de Kaeth, mas sem os seus atributos físicos, é o mais magro dos três, sempre preferiu bibliotecas à academias. Sempre cauteloso, não é de desperdiçar as palavras, está quase sempre lendo sobre algum assunto novo, preferindo socializar com os livros à pessoas. Lugares em que você pode encontrar Sam: Bibliotecas, arsenais de livros, peças de teatro, orfanatos ou simplesmente observando pessoas.

– Cadê o Sam? – perguntava enquanto chutava os sapatos sobre a mesinha de centro

– Na biblioteca, onde mais seria? E por Deus, que cheiro horroroso é esse? Morreu um rato aí dentro?! – agitava o ar com as mãos em repulsa

– Precisamos conversar Kaeth, acho que encontramos o que estávamos procurando – foi o bastante para chamar a atenção do loiro que imediatamente largou o controle sobre a mesa, o semblante de todos se tornavam tensos ali

– Tem certeza disso?

– Sim, eu achei! E temos que fazer algo rápido

– Para que essa pressa, Derick? Está tudo sobre controle, irmão – descia pelas escadas lentamente o terceiro irmão

– Você não entende Sam. Eu a vi, ela tem a marca! E não é só isso, outros já viram também. A essa altura, todas as criaturas já devem saber sobre a existência dela. Não vai demorar muito até que venham atrás de nós. Temos que pôr um fim nisso logo

– Calma, ainda é cedo. Acho melhor esperarmos as ordens do nosso pai – ele estreitava o olhar e roçava dois dedos no queixo avaliando a situação, fazia isso quando queria se concentrar

– Agora que você falou, ando tendo um mal pressentimento também. Algumas visões chegaram até mim, meio turvas mas... dá pra sentir o caos que está por vir – pronunciou-se Kaeth

– Viu? Esses caos vai acontecer mais cedo ou mais tarde.Nosso pai está viajando, ele nos deu carta branca, você sabe disso. Olha Sam, você sabe o quanto aquela coisa é poderosa, em poucos dias essa cidade vai estar infestadas de monstros, anjos, demônios, feras, cada ser sobrenatural vai vir atrás dela. Mesmo que a gente tente, não vamos conseguir detê-los, vai ser um massacre, precisamos impedir isso o quanto antes

– Hum... – Sam encarava um ponto cego por longos minutos, a tensão e o medo começavam a se manifestar – O que você sugere então?

Derick se levanta, caminha a passos curtos em direção à janela, seu olhar pousa nos flocos de neve que caem lentamente, sua mão vai de encontro ao seu reflexo no vidro, um leve suspiro se tem ali.

– Temos que matá-la!


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