Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 55
Bônus 1


Notas iniciais do capítulo

Oiiieeee
Aqui está a introdução ao bônus. Espero que gostem, não sei direito ainda quantos capitulos serão. Vamos ver como as coisas acontecem.



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Pov – Hannah

   Atrasada de novo. Porque eu ainda ando atrás dela? Que mania eu tenho de achar que posso salvar Charlotte, ela não quer ser salva. Minha irmã mais velha quer apenas seguir sua vida.

   Tudo que ela quer é beber, se drogar e perseguir os imprestáveis irmãos Dixons. Charlotte nunca foi santa, mas não era assim tão perdida como hoje, tudo mudou quando se enfiou na cama de Merle Dixon. Aquele canalha não tem um pingo de respeito por ela, mas mesmo assim é atrás dele que ela anda dia e noite. Ela e o irmão Daryl.

   Os olhos azuis me vêm à mente. O jeito quase mudo e sempre meio perdido. Não sei mesmo o que esse trio espera da vida. Só não digo que se dane porque Charlotte é minha irmã e tudo que tenho desde a morte do meu pai.

   Primeiro minha mãe vai embora. Some no mundo sem deixar pistas, eu acho que devia ter pouco mais de dez anos, meu pai até tentou, era carinhoso, não nos faltava nada, mas também não sobrava. O maldito vicio da bebida.

   Quando Charlotte começou a sair e chegar bêbada ele achava engraçado. Ela sempre voltava para casa, não andava com os Dixons e ele achava que estava apenas crescendo. Foi depois que ele morreu que tudo degringolou de vez.

   Estaciono nos fundos da loja, área reservada aos funcionários. O Walmart já está lotado de carros, não sei o que tanto essa gente compra. Corro para a porta dos fundos, ainda bem que venho sempre já vestida, alguns funcionários preferem se trocar aqui, mas não tenho vergonha do meu trabalho, nem me importo que as pessoas fiquem pela rua me perguntando os preços das coisas.

   Quando chego ao meu setor são vinte minutos de atraso. Não demora e meu chefe se aproxima com aquele olhar de repreensão. Eu devia ser só uma garota tentando uma universidade, mas estou aqui, tentando manter minha irmã viva.

   ―Hannah, é a segunda vez essa semana.

   ―Me desculpe. Vou ficar um pouco mais, compenso meus atrasos.

   ―Olha Hannah, você é ótima funcionaria, já podia ter uma promoção, mas precisa dar exemplo para isso. Então pense a respeito.

   ―Sim senhor. Obrigada.

   O dia corre. Eu devia sair as cinco, mas fico até as sete e não vou ganhar um centavo por isso, apenas compensar os atrasos. Juro a mim mesmo que não vou mais perseguir Charlotte, pelo menos não no horário de trabalho. Dirijo para casa, está escura e vazia, ela deve estar no trabalho, pelo menos é o que desejo. Garçonete num bar, a cara dela, quando seu expediente acaba está mais bêbada que seus clientes, se aquilo não fosse uma grande espelunca onde o pior da sociedade se reúne ela já teria sido demitida.

   Preparo o jantar, comida rápida e leve, ligo a televisão e tento não pensar nela e nas coisas que está aprontando por aí. Depois das nove eu começo a ficar tensa. Ela não vem.

   Queria não me preocupar, mas sempre fico imaginando minha irmã jogada numa sarjeta, bêbada, inconsciente e a mercê de tudo de ruim que esse mundo cria. Não consigo ignorar e pego as chaves da caminhonete. Só uma volta, nada demais.

   Dirijo até o bar. Paro do outro lado da rua e vejo Charlotte pendurada no pescoço de Merle, cada um com uma garrafa na mão, sua risada ecoa pela noite. É histérico, não feliz. Minha irmã não é feliz. Está tão mergulhada em sua angustia que não vê nada, não produz nada, só existe.

   A porta do bar se abre, Daryl sai de lá de dentro com sua própria garrafa, tropeça, o irmão ri assim como Charlotte. Ele os ignora, caminha pela rua e não responde aos chamados dos dois. Some virando a esquina e fico sem saber se chamo minha irmã ou volto para casa. Ela afinal não está sozinha.

   Sem coragem de brigar eu vou para casa. Todo dia isso. Suspiro me atirando na cama. O rosto de Daryl me vem a mente, ele é bonito, tem seus mistérios e sempre fico mais confusa e assustada perto dele.

   Acho que não passa de minha necessidade por alguma aventura. Coisa de menina. Menina presa a vida de um jeito que não encontra tempo de viver, nunca tive ninguém, nunca na vida alguém cuidou de mim, gostou de mim, me abraçou ou beijou.

   ―Vai dormir Hannah! – Reclamo comigo mesma e luto pelo sono.

   Pela manhã a casa está como deixei, nada de Charlotte. Decido ir encontra-la. Ela precisa manter o emprego, precisa de alguma dignidade.

   Faço força para ignorar Charlotte e seu sumiço, vou para o trabalho e passo o dia angustiada, o coração dolorido e culpada. Eu me sinto culpada, ela não. Charlotte não conhece essa palavra.

   Jantar mais uma vez sozinha. Penso quando ligo a televisão com um prato na mão, mastigo tentando me concentrar no programa, mas a verdade é que só quero mesmo largar tudo e ir busca-la sabe Deus onde.

   Escuto uma batida na porta, meu coração dispara, sempre acho que é a policia com más noticias. Olho para o trinco tomando coragem, mas então o riso fácil de Charlotte me chega aos ouvidos e me apresso.

   Ela está pendurada em Daryl Dixon. A visão desfocada, a caminhonete dele está na frente com a porta aberta e a música ligada.

   ―Pronto Charlie, está em casa. Consegue andar? – Gosto do timbre da voz dele e Daryl não parece estar bêbado. Ele a solta e no mesmo instante ela escorrega. Daryl a segura de novo e dou espaço para que ele a carregue.

   Ele entra ajudando Charlotte. A acompanha até o quarto e a coloca na cama. Não sei o que está tão engraçado para ela. O que vejo é apenas humilhação.

   ―Eu... ela... bom, eu trouxe ela porque ela não conseguia vir sozinha. – Daryl diz deixando o quarto eu o sigo até a porta. Quero agradecer, devia, mas só consigo sentir vergonha e raiva. Então só fecho a porta assim que ele passa.

   Volto para Charlotte que canta, ou tenta cantar.

   ―Oi maninha! Pega ali na segunda gaveta uma garrafa? Ou terceira, sei lá, ela vive mudando de lugar. – Tiro seus sapatos. – Porra Hannah, faz esse favor.

   ―Precisa dormir Charlotte. Foi trabalhar hoje?

   ―Trabalhar, trabalhar. Cala a boca! Estou é vivendo! O pequeno Dixon é muito bonzinho.

   Ela fecha os olhos e apaga. Agradeço, jogo uma coberta sobre seu corpo e vou para cama. Os dias seguem sem nenhuma grande mudança, tudo continua como sempre. Eu tentando salvar Charlotte da destruição e ela me odiando por isso.

   Tem vezes que me sinto esgotar, sonho com o dia que vou convence-la a largar tudo isso e partir dessa cidade, mas não acho que vá acontecer. Não enquanto Merle Dixon a quiser.

   Quando eu penso que não tem mais nada que pode acontecer o pior e melhor acontece. Charlotte está grávida. Já amo o bebê que vive dentro dela, mas isso só torna minha vida que sempre foi ruim num pequeno inferno.

   Merle a chutou assim que minha boca grande deixou escapar a novidade, Charlotte não consegue amar essa criança, talvez quando nascer, mas não agora, quando cresce em seu ventre.

   Fico mais e mais preocupada. Com medo de algo acontecer ao bebê que amo tanto e quero tanto que nasça com saúde. Nada vem de Merle, nenhuma ajuda, nenhuma presença, somos de novo apenas eu e minha irmã.

   Ela está tentando, mas tem algo dentro dela que a empurra para tudo que deve evitar e as vezes, mesmo com a barriga crescendo e a gravidez tão a vista Charlotte se esquece das promessas e cai no mundo.

   Nessas horas eu sinto medo, não queria ser tão sentimental, me apear desse modo ao filho que ela carrega, mas não consigo evitar e amo o bebê.

   Sou eu e não ela a chorar quando ouvimos seu coraçãozinho bater pela primeira vez, ou quando o médico anuncia com toda certeza que se trata de uma menina.

   Brooklyn, o nome foi escolhido a dedo apenas para me perturbar. Brook, é assim que vou chama-la quando chegar ao mundo.

   As vezes, no meu ir e vir do trabalho passo por Daryl, não nos falamos, não falávamos antes, por que falaríamos justo agora? Mesmo assim quando acontece eu passo o resto do dia pensando nele.

   Merle vivia insinuando que eu devia me envolver com ele, fico mesmo sem querer criando teorias de que talvez ele tenha dito algo, que Daryl pensa em mim, tolices de uma menina de dezoito anos que não pode nem mesmo sonhar.

   Claro que são bobagens, vindas de Merle Dixon o que mais seria? Ele também diz que não passo de uma freirinha medrosa, que o mundo vai me engolir, que sou chata e patética e nisso eu quase sempre acredito também.

   O nascimento de Brook não podia ser mais complicado. Charlotte fica bêbada com um dinheiro que não sei de onde vem, me telefonam no trabalho e quando chego é hora do nascimento da minha garotinha.

   Minha, já me acostumei com a ideia, minha irmã não está pronta para ser mãe e só de ter mantido Brook em seu ventre todos esses meses já me sinto grata.

   Fico olhando o rostinho mais lindo e delicado pelo vidro do berçário. Não vai conhecer o leite materno. Charlotte foi proibida de amamentar, tem os olhos azuis dos Dixons, mas parece com a mãe, ao menos eu acho.

   Meus olhos embaçam e eu devia ter o direito de faltar no trabalho para cuidar dela, como as mães podem fazer, mas não sou sua mãe e deixo o hospital com o coração apertado.

    O plano de Charlie tem que dar certo, se ela cumprir a parte dela cumpro a minha, nunca mais caço minha irmã se quando ela estiver com Brook se comportar.

   Nos primeiros anos funciona bem. Charlote não muda, leva a mesma vida, mas quando está com Brook a trata com carinho, passa seus dias a comparar o par de olhos azuis com os do pai que jamais apareceu para vê-la.

   Tudo se complica quando a tosse chega, com ela a febre e um dia minha irmã não pode mais fugir, está morrendo, câncer de pulmão, não tem mais nada a ser feito e assisti-la definhar sem poder mudar nada me machuca.

   Fico pensando se foi para isso que nasci, para uma maldita vida de sucessões de dores, nunca tive paz. Os dezoito anos se foram, agora são dias e dias de cuidado, crises de tosse, vizinhos me ajudando e Charlotte enfraquecendo no sofá.

   Nunca partimos da cidade como sempre sonhei, mas vou fazer isso com Brook no dia que ela nos deixar.

   Quatro anos, essa é a idade de Brook quando perde a mãe, nunca teve pai e agora não tem mais a mãe, seguro sua mão na frente da casa onde cresci, vestimos preto, foi um funeral triste, apenas alguns poucos vizinhos de bom coração.

   Minhas malas e as dela estão no carro, consegui transferência para outra loja do Walmart e vamos tentar.

   ―A gente não volta mais aqui tia?

   ―Não querida. Vamos morar numa casa novinha. – Ela balança a cabeça concordando, aperta mais a nova boneca nos braços. Um mistério que não vai ser respondido jamais.

   Alguém esteve em nossa casa no dia da morte de Charlote, deu uma boneca a Brook que ela chama de Lyn e dinheiro a Charlotte, três mil dólares que vai financiar nossa partida.

   Minha irmã estava ansiosa para me contar, tão ansiosa que teve uma crise e depois da tosse e do ar sumir ela se foi, na frente da filha.

   ―Pronta para nossa aventura mocinha?

   ―Sim. – Me abaixo para olhar no par de olhos azuis, tão linda, esperta e carinhosa. – Minha mãe não vem nunca mais tia?

   ―Não querida. Ela está no céu. É uma estrelinha.

   ―Podemos dar boa noite quando as estrelas chegarem?

   ―Podemos. Vamos? É uma viagem longa.

   Coloco Brook no carro. Dirijo sem parar até Cynthiana. A loja onde vou trabalhar fica na beira da estrada, dirijo em direção a casa alugada via internet, não sei como é, se é como nas fotos, fiz tudo as pressas, desesperada para deixar a casa onde assisti minha irmã morrer no dia seguinte de sua morte.

   Uns quarteirões antes eu vejo a pequena pré-escola onde pretendo matricular minha sobrinha. Paro o carro. A diretora nos recebe com um sorriso, parece uma senhora gentil, me mostra o prédio, as salas e as crianças brincando.

   O horário é perfeito. Deixo Brook na escola e chego a tempo no trabalho, no fim do expediente eu a busco e vamos juntas para casa. Fiz um bom acordo no trabalho. Duas horas a mais todos os dias e tenho os fins de semana livres.

   Faço sua matrícula e vamos para casa. É uma construção pequena, numa esquina, uma sala simples, sofá, televisão e um móvel com o aparelho de telefone, um banheiro, um quarto pequeno e outro um pouco maior, a cozinha leva a um pequeno quintal nos fundos. Vai ser bom para Brook brincar nos fins de tarde.

   ―O que acha?

   ―Adorei muito tia. Agora já posso ir na escola?

   ―Não meu amor. Daqui dois dias, hoje vamos trazer nossas coisas para dentro, arrumar tudo, ir ao mercado fazer compras, que acha de comprarmos um chocolate e ficarmos assistindo desenho abraçadinhas?

   ―Oba! Eu quero tia Hannah. Amo você. – Ela me abraça. – A Lyn também. Não é LYn?

   Beijo Brook e depois a boneca.

   ―Como é mesmo o nome do moço que te deu ela de presente?

   ―Eu não sei tia. Não me lembro.

   ―Não tem importância meu anjo. Vamos me ajudar?

   Quando o dia termina e a casa está pronta e os armários cheios, eu coloco minha cansada garotinha na cama. Acaricio o rostinho delicado, ela me lembra tanto a mãe, meus olhos marejam. Sinto medo de pensar que estamos sozinhas, que se algo me acontece Brook fica jogada no mundo.

   Sou tudo que ela tem, ela é tudo que eu tenho e temos juntas um longo caminho para percorrer.

   ―Vou fazer tudo que posso meu anjinho. Eu prometo. – Beijo sua testa. Deixo o quarto. Brook é mais corajosa que eu, muito mais, dorme tranquila em sua primeira noite nesse lugar estranho.

   Já eu ando pela casa, confiro portas e janelas, quando vou para cama é apenas porque não tenho escolha.

   Aos poucos vamos criando nossa rotina, nos meses seguintes faço alguns amigos no trabalho. Brook se apaixona pela escola e nos fins de semana nos divertimos em casa. O dinheiro é justo para nossas despesas, não sobra nada, mas não falta e recomeço meus esforços para uma promoção que nunca aconteceu na outra loja.

   Brook completa seis anos, um ano e oito meses desde a morte de Charlotte, ela já não fala mais tanto da mãe. Faço um bolo no domingo, convido duas amiguinhas da escola, e Jane. Ela e eu nos conhecemos no trabalho, Jane também mora sozinha na cidade e acabamos nos aproximando.

   Depois dos parabéns e de servir o bolo as amiguinhas vão embora, jane me ajuda com a bagunça.

   ―Me leva até a porta, por hoje chega. Amanhã pegamos cedo. – Acompanho Jane.

   ―Obrigada pela ajuda.

   ―Quem está tentando enganar Hannah. Você dá conta de uma casa e três garotinhas, só vim mesmo pelo bolo. – Ela brinca enquanto conversamos na porta de casa. A noite está silenciosa, nada acontece nessa cidade e fico mesmo grata. Morro de medo de viver sozinha aqui.

   ―Nem foi dos melhores, estou economizando para a lista de materiais escolares. Agora é sério. Primeiro ano.

   ―Como o tempo passa. Ela está cada dia mais bonita, e que par de olhos azuis. Quem ela puxou?

   ―Os olhos dão da família do pai, os irmãos Dixons tem olhos azuis realmente bonitos.

   ―Sabe deles?

   ―Nada desde que partimos, Brook ainda não pergunta, mas não sei direito o que vou dizer quando crescer mais e começar a perguntar.

   ―Triste demais tudo isso. Agora vive sozinha com uma garotinha tendo que guardar dinheiro e economizar para a lista de materiais quando o pai dela podia fazer ao menos isso. Se fosse eu o procuraria.

   ―Brook não está perdendo nada acre... – Paro de falar quando noto dois homens caminhando lentos a nos olhar, Jane acompanha meus olhos e pega a chave do carro.

   ―Entra. Vou embora. Esses caras estão me dando medo. – Ela me beija o rosto, os homens ainda nos olham e quando ela abre a porta do carro eu dou as costas para entrar.

   Um segundo antes de fechar a porta escuto seu grito, me viro e dou de cara com uma arma em meu rosto. O outro homem segura Jane pelo braço e a arrasta para minha direção.

   ―Conversinha esclarecedora a de vocês. Quer dizer que vive sozinha e tem dinheiro guardado, pediu garota. Pediu por isso.

   ―Desculpe.

   Jane pede chorando. Eles nos empurram para dentro. Brook aparece correndo abraçada a boneca. Grita de susto ao mesmo tempo que a porta atrás de nós bate.

   ―E a menina Wade? O que fazemos com ela?

   ―Vai para o quarto menina. Agora!

   ―Tia!

   ―Obedece ele querida. Por favor. Eu já vou te encontrar. – Ela corre para o quarto, os dois homens nos encaram.

   ―Muito bom. Agora onde estão as economias?

   ―No armário, no meu quarto, terceira porta...

   ―Vamos buscar gata. Eu e você, a gente aproveita para conversar a sós.

   Ele me empurra para meu quarto. Meus dedos tremem tanto que deixo a caixa com o dinheiro cair e as notas se espalham. Ele as junta. Enfia no bolso.

   ―Quinhentos dólares? É só isso? – O homem me puxa para junto dele pelo braço. – Acho que vai ter que fazer valer a pena minha visita.

   ―Já tem o dinheiro, vai embora.

   Ele beija meu pescoço, sua mão livre escorrega por minhas pernas e puxa meu vestido. Tento me defender, empurra-lo. Gemo baixo com medo de Brook ouvir.

   ―Fica quieta ou vai sobrar para sua garotinha. É isso que você quer? – Ele me acerta um tapa no rosto, me puxa pelos cabelos e deixo escapar um grito, ele aperta minha boca com força, mordo a língua e sinto o gosto do sangue, sinto uma joelhada no estomago que me tira o ar um momento. ―Vou te largar se debatendo aqui e vou buscar a menina.

   ―Não. Por favor deixa ela em paz. – Da sala vem os gritos de Jane. Rezo para os vizinhos nos ouvirem, coisas parecem cair e meu coração acelera.

   ―Sua amiga não vai sair viva se continuar assim, quer o mesmo? – Brook, penso nela e só nela, não tem mais nada para minha menina além de mim, fico imóvel, ele sorri quando nota minha aceitação. Me empurra para cama e logo está sobre mim.

   Tudo é rápido, dolorido e nojento, fecho meus olhos e deixo as lagrimas correrem, escuto sua respiração pesada, seus gemidos e rezo silenciosa, depois ele se afasta de mim, me puxa pelo braço e me arrasta para sala, Jane está caída no chão. Do seu lado o homem tem um ferimento na testa e parece não reagir.

   ―Vadia. – Wade, ao menos foi como o amigo o chamou puxa a arma, antes disso vejo Jane erguer uma pistola, arregalo meus olhos e me afasto, tudo é tão rápido, o homem da um tranco e cai quase ao mesmo tempo que escuto do disparo.

   Ela solta a arma no chão, corro para junto dela. Nos abraçamos.

   ―A policia está vindo. – Jane me mostra o celular em sua mão suja de sangue, está toda rasgada, machucada assim como eu.

   O choro de Brook no quarto finalmente chega aos meus ouvidos no mesmo instante que escuto as sirenes. Corro para ela. Abraço Brook, depois tudo parece se tornar um filme.

   Policiais, perguntas, hospital, confusão, remédios, os dois homens estão mortos, Jane fez isso, legitima defesa é o que o xerife Rick Grimes nos garante.

   Já é dia quando somos dispensadas, Jane é levada pelos pais de volta a sua cidade natal, nos despedimos com um abraço, ela garante não voltar mais.

   Não quero ir para casa com Brook, não quero ver todo aquele sangue, estamos sujas de sangue, famintas e assustadas, eu não sei o que fazer, não tenho ninguém para ligar, nenhum lugar para ir. Só me resta retornar e enfrentar aqui.

   Brook está calada, me assusta tanto ver sua expressão de medo. Me olho no espelho do retrovisor, estou péssima. Machucada e cheia de sangue. Acho que veio de Jane, de mim mesma. Não importa. Brook aperta Lyn nos braços. Paro o carro na porta de casa.

   Descemos de mãos dadas. Encaro a porta e vejo gotas de sangue que vem de dentro até a calçada.

   ―Hannah! – Me encolho ao ouvir uma voz masculina a me chamar. Brook se aperta a mim tão assustada quanto eu. Procuro com os olhos e bem diante de mim está Daryl Dixon.


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Notas finais do capítulo

A história começa mesmo daqui, vamos ter uma pequena introdução do nosso Dixon lindo, e logo partimos para o encontro deles e como eles vão se ajudar. Adaptei o que aconteceu na história com Hannah, Queria manter um pouco o modo como ela estava no limite de suas forças e ao menos perto das mesmas emoções. BEIJOSSS



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