Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 42
Capítulo 42


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Espero que gostem. Sexta-feira sai mais um.



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   Pov – Jesus

   Richard acena me abrindo os portões do Reino. O dia está chegando ao fim e me sinto cansado. Desviei de uma horda e mudei meu caminho três vezes. Devia ter chegado aqui no começo da tarde. Foram horas de caminhada a mais.

   Aperto a mão de Richard. Ele usa a armadura de sempre. Todos os soldados do Reino usam essa roupa esquisita e normalmente acho engraçado. Já eles acham seguras.

   ─Bem-vindo. Ezequiel não me disse nada sobre estar vindo.

   ─Não estava. Foi uma decisão de última hora. Ele está aí?

   ─Sim. Na varanda da casa dele. Como de costume.

   ─E o gatinho? Está com ele?

   ─Quando não está? – Sorrio acenando e caminhando ao encontro de Ezequiel. Nossa rede de comércio começou há um ano. Desde então nos entendemos muito bem. Não fosse os salvadores o mundo estaria perto do perfeito. Me aproximo da varanda de Ezequiel. Ele está sentado com um livro nas mãos, os cabelos compridos, a barba, o bastão e Shiva deitado preguiçoso ao seu lado. Parece uma figura mítica, se brincam que pareço Jesus então ele é Deus e Ezequiel não faz isso por acaso. Ele gosta de dar essa impressão.  

   ─Ei King! – Cumprimento antes de me aproximar. Shiva protege Ezequiel ferozmente e não quero arriscar chegar sem aviso e irritar o tigre.

   ─Jesus! – Ele faz sinal para me aproximar, depois acaricia os pelos sedosos do tigre que abre a boca num bocejo preguiçoso e me encara entediado, depois volta a se acomodar fechando os olhos. Não valho seu esforço e fico feliz com isso.

   ─Como está? – Ele me aponta um banco a seu lado e me sento.

   ─Tudo como sempre. Os Salvadores deviam ter vindo ontem. Até agora nada. Quem sabe foram devorados por uma horda?

   ─Não estamos com toda essa sorte. Nem acho que zumbis comam carne tão ruim.

   ─Não te esperava. O que faz aqui? Algo errado na Colônia?

   ─Está tudo bem em Hilltop. Vim trazer novidades. – Penso o que Ezequiel vai achar de um novo grupo. Ele é pacifico, ao menos na maior parte do tempo, mas o grupo de Rick mete medo. Algumas pessoas em Hilltop estremecem só de vê-los. Por que sabem o que esperar dos salvadores, mas não tem ideia de onde o grupo de Rick pode ir. O rosto angelical de Beth me invade a mente. Sinto falta de olhar para ela. Sinto saudade e já devia ter curado isso. Balanço a cabeça para afastar o pensamento.

   ─Bonita? – Ezequiel me pergunta e fico confuso. – A mulher que não quer pensar. -  Sorrio, linda e perfeita e distante de todos os modos.

   ─Bobagem. – Meus olhos se esticam pelas ruas do Reino, se é que podemos chamar de ruas. Um homem treina com um bastão e conheço aquele rosto, mas não do Reino, franzo a testa tentando me lembrar.

   ─Chegou ontem, ele e uma mulher muito machucada. Tiros, um encontro com os salvadores, os dois saíram em vantagem pelo que parece, nem sei se é boa ideia mantê-los aqui. Negan pode criar problemas. A mulher estava ferida e Richard não pôde negar ajuda.

   ─Alexandria. – É isso, eu o conheço de Alexandria.

   ─O que?

   ─Encontrei uma nova comunidade King. Por isso eu vim. Para falar sobre eles.

   ─Aumentando o comércio?

   ─Mais que isso king. Muito mais que isso. Posso ver a mulher?

   ─Vai. Na nossa enfermaria. Não demore. Quero saber o que faz aqui e quem são essas pessoas. – Pulo a varanda e caminho apressado. Quando entro na enfermaria o homem com o bastão se junta a mim. Carol está deitada. Tem o rosto pálido e olhos abatidos. Não posso negar que fico aliviado. A ideia de que podia ser Beth me acelerou o coração de medo.

   ─Você esteve em Alexandria. – O homem me diz. Afirmo e estico a mão. – Morgan.

   ─Jesus. O que aconteceu? – Pergunto enquanto trocamos um aperto de mãos. ─ Como estão todos em Alexandria? Deu algo errado?

   ─Não exatamente. Não enquanto estava lá. Carol partiu. Eu e Rick viemos atrás dela, na verdade alguns grupos se dividiram para encontrá-la. Rick voltou e eu continuei. Ela matou uns homens que a encontraram na estrada. Um deles a seguiu e cheguei a tempo de pega-lo antes que... Ela não está bem. Emocionalmente eu quero dizer. Richard surgiu e nos trouxe. Estou aqui até que se recupere. Não sei se ela pretende voltar.

   Carol não parece disposta a conversar, escuta nossa conversa sobre ela, mas é como se não estivesse presente e penso se Beth não está preocupada.

   ─Levo a notícia ao Rick. – Aviso achando uma ótima desculpa para voltar a Alexandria. – Está num bom lugar. Seguro. Não se preocupe. – Ele afirma. Como sou ignorado por Carol apenas aceno para Morgan e volto ao encontro de Ezequiel.

   Ele está no mesmo lugar. Conversa com Marcus que quando me vê se despede e me sento de novo no banco. Shiva ainda dormindo. O tigre é poderoso mesmo dormindo. Ainda me lembro do susto que tomei quando dei de cara com Ezequiel e Shiva num de seus passeios pela floresta. Sorrio com a lembrança.

   ─Fale de Alexandria. – Ele me pede.

   ─Um bom grupo. Muito forte, armados, é bom tê-los como amigos, eles não têm limites para os inimigos, o líder e parte do grupo esteve muito tempo do lado de fora, nas ruas, tem experiência, criativos, boas pessoas.

   ─Dispostos a negociar?

   ─Sim, mas antes eles estão dispostos a mais que isso. Fizeram um acordo com o Douglas, resolver a questão com os Salvadores.

   ─Por que fariam algo assim? Os Salvadores extorquiram eles?

   ─Ainda não, na verdade eles mataram muitos salvadores esses últimos dias, mais do que jamais sonhei. – Marcus retorna com um prato de comida e uma garrafa de água, me estende e aceito com um movimento de cabeça. – Vim pedir autorização para traze-lo aqui. Confio neles, não será um risco. Pode acreditar.

   ─Negócios? Porque não sei se quero colocar meus homens em uma guerra.

   ─Ei King. Você cuida do reino com tudo que tem. É um grande líder para seu povo, trouxe melhorias para o lugar, mas não odeia que aqueles canalhas nos tomam metade do que temos? Até quando vamos viver assim? Como escravos?

   ─Jesus, o risco de entrar em confronto com Negan é imenso, ele não terá piedade.

   ─Só quero trazer Rick Grimes aqui. Vocês conversam. Quem sabe pode oferecer abrigo, apoio no caso de necessidade, alguns homens que estejam dispostos, só ouvi-lo.

   ─Se está dizendo que são confiáveis eu posso recebe-lo, mas no momento é só isso que prometo.

   ─É o bastante.

   ─Douglas continua um pouco arrogante?

   ─Completamente. – Mastigo faminto.

   ─Nunca entendi porque não toma a frente da liderança. Hilltop precisa muito mais de você do que dele. Sabemos disso.

   ─Ele é um político. Eu sou apenas um homem e não me sinto pronto, além disso não paro muito em casa, você sabe. – Ele afirma e passa a observar o dia partindo enquanto termino de comer. Shiva se levanta. Feito um gato gigante se espreguiça manhoso, caminha elegante por entre nós dois, me encara superior, altivo, depois se senta próximo as escadas, dominante como se ele fosse o rei do lugar.

   ─A noite chegando e ele louco por uma volta. Não é amigo? – Shiva se volta para o homem por um momento. Depois mantem a atenção aos movimentos a sua volta. – Quer passar a noite aqui?

   ─Não. Eu tenho que ir. Quero chegar pela manhã em Hilltop. Descansar um pouco e seguir para Alexandria.

   ─É lá que ela está! – Ezequiel ri. – Agora as coisas fazem sentido. A tal mulher é uma Alexandrina. Por isso toda essa pressa.

   ─Tenho que ir King. – Fico de pé e deixo o prato sobre o banco, evito a conversa porque é a pura verdade. – Obrigado pela comida e pela conversa. Trago Rick Grimes.

   ─Faça isso. – Olho para os degraus que Shiva bloqueia com seu corpo gigante.

   ─Shiva! – Como um cãozinho treinado o tigre se ergue e caminha de volta para Ezequiel.

   ─Obrigado. – Desço os degraus apressado e caminho para o portão. O Reino é mais perto de casa do que Alexandria. Uma noite de caminhada e estou em casa, se não tiver nenhum encontro desagradável.

   Sigo pela estrada com minha lanterna e a mochila nas costas, a faca vai na mão para uma emergência. Normalmente sou silencioso o bastante para não chamar atenção dos zumbis.

   Mestre em artes marciais desde garoto me fez bom o bastante para o apocalipse. Ter me metido com as pessoas erradas também, mas isso é passado. Escuto meus pés pisando sobre as folhas secas, no fundo até gosto do barulho, é tanto silencio e tanta solidão.

   As vezes sinto falta de companhia, as vezes sinto falta de dividir as coisas com alguém. Ter alguém a minha espera. A verdade é que não sentia falta de nada disso. Essa droga toda de sentimento de solidão surgiu depois que bati os olhos em Beth.

   Eu podia sossegar por ela. Aquietar e construir uma vida a dois. Podia mesmo e já que são só eu e meus pensamentos posso confessar isso.

   Vi a garota duas vezes e simplesmente sei que posso construir algo com ela. Talvez isso me faça tão decidido a ajudar Rick contra os salvadores, porque só quando eles forem exterminados é que talvez eu tenha uma chance com Beth.

   No meio da madrugada o sono me domina. Encontro uma árvore perto da estrada e subo para descansar. Fecho os olhos e não demora para abri-los preocupado quando escuto motores.

   Vejo um pequeno comboio de carros passar pela estradinha e reconheço neles alguns homens de Negan. Um arrepio percorre meu corpo, estão indo em direção ao Reino eu acho. A questão é de onde vem e porque não foram antes como sempre?

   Volto a me recostar no tronco. Só naquele grupo que acelerou para longe em carros e caminhonetes tem pelo menos cinquenta homens. Uma luta difícil. Não sei se Ezequiel está disposto a aderir, ou Douglas. Aquele covarde vaidoso não vai arriscar a vida por ninguém. O que interessa para ele são apenas comida na mesa e garotas bonitas, se forem bonitas e jovens tanto melhor. Me embrulha o estômago pensar.

   Quando amanhece e sem pregar os olhos eu decido descer. Dois zumbis arranham a árvore desde o fim da madrugada. Irritantes e fedidos esperam pacientes que eu desça. Suspiro meio cansado.

   Pego a garrafa de água. Tomo o ultimo gole e atiro uns metros à frente. O barulho os convida. Os paspalhos se viram em direção a ela achando que é uma presa mais fácil e aproveito para saltar. Quando meus pés tocam o chão um deles se vira, passo por debaixo do braço que tenta me alcançar e só encontra o ar.

   Rio quando ele perde o equilíbrio e cai, o outro está vindo em minha direção. Maior e mais pesado, cinza, sem metade dos órgãos e rasgado. Nojento como todos os mortos. Que bela merda nos tornamos. Apresso meu passo para longe.

   Algumas pessoas simplesmente não conseguem fazer isso, elas têm que derrubar um a um todo zumbi que cruza seu caminho. Eu não. Posso só desviar deles e seguir em frente, meu lema é sempre economizar energia para uma emergência e já tive muitas. Foram muitas as vezes que fiquei por um fio, mais ainda as vezes em que vi pessoas a minha volta sucumbir apenas pelo pânico e cansaço. Por isso evito encrenca quando não preciso delas.

   O resto do caminho para Hilltop eu faço de modo tranquilo. Vou descansar, ver como as coisas estão e amanhã parto para Alexandria. Depois levo Rick até o Reino e se isso ajudar na luta contra aqueles lixos tanto melhor.

   Earl me abre o portão ansioso. Brianne está de guarda com sua lança. Me acena sorridente. Também gosto de voltar. Assim que atravesso os portões vejo o trailer de Alexandria.

   ─O trailer de Alexandria? – Pergunto alarmado. Earl afirma ajeitando a camisa dentro da barriga protuberante. – O que aconteceu? Problemas?

   ─Rick chegou com seu grupo. Encontraram Negan no caminho. Pelo que entendi boa parte do grupo. Uma emboscada feita para eles. Alguém andou falando sobre ele. – O homem avisa tenso. – Mataram um deles, do jeito de sempre, com aquela merda que ele trata como uma das amantes. – Lucille. Tenho nojo daquele taco quase tanto quanto do próprio Negan.

   ─Quem morreu Earl? – Me apresso ansioso.

   ─Eles estavam vindo trazer a moça grávida, Maggie?

   ─Isso. – Começo a ficar mais tenso. – Quem morreu?

   ─O oriental, que esteve aqui, marido dela. – Aquilo é horrível, tenebroso, na frente dela, grávida. Beth vai ficar arrasada quando souber. – Agora ela está aqui se tratando com o David, vão enterrar ele daqui a pouco no nosso cemitério. A irmã dela está com ela, as duas...

   Não espero que continue. Não depois de ouvir que Beth está aqui. Apenas corro pelo terreno de Hilltop em busca dela. Nem imagino como ela deve estar arrasada e assustada com tudo isso. Só quero poder dizer que estou aqui para o que precisar.

   Eu os encontro reunidos no nosso pequeno cemitério. Vejo de longe ainda correndo uma cova aberta. Algumas pessoas próximas e entre elas Beth. Os cabelos dourados se destacam entre todos.

   Ela me vê, quero parar de correr como se o mundo estivesse acabando, até porque já acabou, mas não consigo. Meus olhos se prendem nos dela que me espera paciente, ela dá dois passos em minha direção e se destaca dos outros que observam sem entender.

   Finalmente eu chego até ela e a abraço. Não sei direito o que estou fazendo, só deixo que meus instintos me guiem e envolvo Beth em meus braços, ela retribui me envolvendo, se encosta em mim aceitando o carinho.

   ─Estou aqui Baby. Machucaram você? – Me afasto para olhar para ela. Ter certeza que está bem, seguro seu rosto com as mãos, é tão linda e delicada e parece tão triste.

   ─Não estou machucada. Eles... eles... Glenn...

   ─Eu sei. Eu sei, já me contaram. – Ela não precisa contar se isso a machuca. – Como está sua irmã?

   ─Se recuperando. Foi... ainda não posso falar Paul. – Seus olhos azuis se enchem de lágrimas e volto a abraça-la. Sinto como se não pudesse mais me afastar. Enquanto espero que se acalme eu noto os olhares curiosos. Os do grupo de Rick e principalmente os olhos incrédulos de Hilltop. Jamais me envolvi com qualquer pessoa desde que formamos a comunidade, eles não compreendem bem isso.

   ─Não precisa dizer nada Baby. – Beijo sua testa, depois seus lábios, eu nem sei o que estou fazendo, só não consigo controlar e que se dane. Eu penso nela dia e noite desde que nos separamos e agora ela está aqui e não está me recusando.

   Me afasto dela, a cabeça voltando ao lugar, ela seca lágrimas. Vamos ter tempo para falar disso, acho que esse não é o momento.

   ─Rick. – Caminho até ele.

   ─Nós vamos acabar com eles. O acordo ainda está de pé. – Ele dia determinado.

   ─Sei disso. Eu vou ajudar. Do que precisa nesse momento? – Olho para todos eles. Fechados em sua dor, cabisbaixos, Daryl em especial parece fraco, talvez ferido. – Comeram, dormiram?

   ─Chegamos no meio da madrugada Jesus, seu povo nos recebeu, o médico cuidou da Maggie e preciso que a deixe ficar aqui. Ela e Beth. – Ficar? Beth ficar aqui? Isso parece bom e no fundo é tudo que quero. – Douglas não parece disposto a manter o acordo, nem muito contente com nossa presença, está com medo daquele canalha. Por isso ele foi tão longe e se fortaleceu tanto, porque as pessoas se curvam.

   ─As duas vão ficar. Isso é entre mim e Douglas agora. Não se preocupe. Quanto a você, precisamos conversar.

   ─Claro, mas não agora. – Ele aponta a cova vazia. – Vamos enterrar o Glenn. – Aquilo dói nele. De um jeito que não sei como suporta. Não conheço muito do grupo, mas o pouco que vi, eles são como uma família e não parecem acostumados a morrer.

   ─Sim. Eu vou só... ficar aqui.

   Me coloco próximo ao grupo sem me misturar a eles, algumas pessoas de Hilltop vem prestar respeito e se juntam a mim. Abraham e Eugene surgem com Maggie, os dois carregam um corpo envolto a lençóis claros.

   Beth se precipita em direção a irmã, as duas dão um longo abraço, depois caminham de mãos dadas. Maggie está pálida, o tempo todo tem uma mão sobre a barriga e suponho que o bebê esteja bem.

   Hannah está ali abraçada ao marido. Os olhos marejados, todos muito tristes. Sinto pena, e proximidade. No fundo é bom quando temos a chance de nos despedir, o que sempre acontece é deixarmos para trás o corpo de alguém que um dia nos importou, mas que não se pode carregar.

   ─Glenn foi irmão, companheiro e marido, pai. – Rick engasga um momento. Os soluços de Beth e Maggie me cortam o coração e queria poder estar perto de Beth. – Salvou minha vida, me devolveu a minha família, fez isso numa Atlanta cercada e dominada por zumbis, porque era corajoso, porque era bom. Soube perdoar, soube ajudar e amar sua família. Nunca deixou ninguém para trás, nunca esqueceu um amigo, foi isca de zumbi, guardador de segredos, cresceu como ninguém entre nós conseguiu. De menino se tornou homem em pleno apocalipse e morreu por todos nós. Não vamos esquecer. Não vamos perdoar.

   Maggie se curva e joga um pouco de terra sobre o corpo na cova, a irmã faz o mesmo, os soluços me partem o coração.

   Depois Daryl se junta a Rick na tarefa de cobrir a cova com a terra. Cada um com uma pá. Quando terminam no silencio que só os soluços quebram Hannah deposita um maço de flores que devem ter colhido há pouco.

   ─Vem Maggie, precisa se deitar. – David se aproxima apoiando Maggie. Beth tenta segui-la, ela para a irmã.

   ─Quero ficar aqui um pouco, sozinha por favor. – Imediatamente todos se dispersam, eu me aproximo de Beth. Afasto uma mecha dos cabelos dourados, os olhos azuis me encaram e parece um soco na boca do estômago mais uma vez.

   ─Fica um pouco comigo? – Eu convido e ela afirma. Seguro sua mão e a levo ao meu quarto. Ela observa a cama, uma cômoda e o guarda-roupas, é tudo que tem ali e tudo que preciso para descansar o corpo em dias ruins.

   ─É aqui que vive?

   ─Não é grande coisa, eu sei.

   ─É bom. – Ela diz caminhando até a janela. Olha as montanhas e a beleza de tudo a nossa volta. O alto do morro tem a melhor vista que o apocalipse pode produzir. – Bonito.

   ─Tranquiliza. – Ela balança a cabeça concordando. – Vai ficar?

   ─Sim. Maggie decidiu. É mais seguro para o bebê. Somos tudo que temos agora e vamos cuidar uma da outra.

   ─Não vai sentir falta dos outros?

   ─O tempo todo, mas não é assim a vida? Um eterno sentir falta?

   ─Agora é. – Me aproximo, ela está cansada, seguro sua mão. – Quer dormir um pouco? Pode ficar aqui. Maggie está na enfermaria, não é?

   ─Sim. O doutor disse que prefere que ela fique lá mais hoje.

   ─Eu pensei em você todo esse tempo. Senti sua falta por mais estranho que seja Baby. Não sei bem porque estou dizendo e fazendo essas coisas, mas eu não consigo evitar.

   ─Que bom. – Ela ensaia um sorriso, desiste.

   ─Dorme um pouco aqui. Está segura. Eu não vou fazer nada. Te deixo sozinha se preferir.

   ─Mais tarde, preciso me despedir do resto da minha família. Rick, Hannah, Daryl... – Ela seca uma lágrima. – Carl. Eles vão embora e vou vê-los pouco e pode ser que... – Beth me abraça entre soluços. – Talvez nunca mais...

   ─Shiu. Vai vê-los de novo sim. Sempre. Começamos um comércio se lembra? Te acompanho a Alexandria toda vez que precisar.

   ─Obrigada. – Ela chora em meus braços. Depois se afasta um pouco. Sinto vontade de beija-la de verdade, no último encontro foi tudo tão leve e divertido, agora ela parece tão abatida.

   ─Vem. – Seguro sua mão. ─ Fica um pouco com sua família enquanto converso com Rick.

   No pátio ela segue para perto de Hannah. Faço sinal e Rick e Daryl se juntam a mim. De pé de frente um para o outro sinto que Daryl não tem mais aquela reserva toda comigo.

 ─Tem uma outra comunidade. O Reino. Ezequiel é seu líder. Carol e Morgan estão lá. Foram encontrados, Carol ferida, parece que teve um confronto com os salvadores.

   ─É seguro? Ela está bem?

   ─Sim Daryl, é seguro. São boas pessoas, ajudaram Carol, só que ela está meio confusa, sei lá, parece aérea. Morgan disse que ficam até que se recupere. Falei com Ezequiel sobre Alexandria e o acordo de derrubar Negan. Quem sabe não o convence a ajudar? Disse que o levaria até lá e ele está disposto a recebe-lo.

   ─Isso é bom. – Ele e Daryl se olham. – Daryl você volta para Alexandria, você e Hannah cuidam das coisas por lá. Leva o resto do grupo com você. Eu e Mich vamos ficar e seguir com Jesus até esse lugar, ver o que conseguimos.

   ─Está certo. Estou preocupado com Alexandria. Brook deve estar angustiada.

   ─Só preciso descansar umas horas Rick. Estou na estrada há dois dias sem dormir. – Aviso e ele balança a cabeça concordando. – Vou falar com o Douglas sobre Maggie e Beth, não se preocupe e pedir que preparem suprimentos para todos. Tentem descansar um pouco. – Eu me separo deles. São muitas providencias a tomar. Muita coisa a fazer e uma guerra nas fronteiras. Vão ser dias difíceis.


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Notas finais do capítulo

Beijossssss
Comentem. Obrigadaaaaaaaaaaaa