Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Oiiieeeeeeeeee
JulietaCapuleto, sua lindaaaaaaaa Amei sua recomendação. Simplesmente amei, você é sempre linda e especial comigo. Obrigadaaaaaaa! Adoro quando vocês fazem isso, fico toda boba e muito feliz.
MENINAS ESSE É O ÚLTIMO CAPITULO DO ANO.
FELIZ ANO NOVO!!!!! Que os sonhos de todas se realizem, que seja um ano cheio de vitórias e muito BOA SORTE!
AMO VOCÊS! BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSS



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/665232/chapter/10

Pov – Hannah

Eu nunca imaginei revê-lo. De modo algum, achava que estava vivo. Daryl Dixon é forte e esperto. Só nunca me passou pela cabeça encontra-lo, principalmente quando não restava mais nada.

Ele me salvou. Salvou Brook na verdade, mas com ela acabei salva. Jamais vi tamanha força em ação. Todos os cérebros que esmagou, tudo que ele fez sem ao menos parecer assustado.

Brook está absolutamente encantada. Completamente fascinada por ele. No fundo sempre foi ele. A verdade é que quando descrevi o caçador de monstros era nele que pensava. Agora ele está aqui. Materializado na força do herói que ela sonhou.

Daryl caminha pelo pequeno círculo de pessoas, é madrugada, mas ele está de pé, atento a tudo a nossa volta.

Egoísta! Minha mente ferve ao pensar em Charlotte. Nunca passou pela cabeça dela me contar? Como pôde me deixar acreditar que ele não se importava? Tantas coisas podiam ter sido diferentes. Talvez eu não tivesse deixado a cidade. Talvez ele estivesse por perto cuidando de tudo quando o mundo morreu e eu não tivesse acabado como acabei.

Não importa que me achem covarde pelo que fiz. Teria sido mais corajoso se tivesse atirado na própria cabeça como Debby? Não. Teria sido mais fácil, mas Brook estaria perdida. Eu me submeti e talvez eu faça de novo.

Eu sou apenas a sombra do que fui. Um resto esmagado e apodrecido, nem mais nem menos que os mortos a caminhar. A vida de Brook é o que importa. Apenas isso.

Daryl caminha mais um pouco. Rick assim como ele está acordado. Ele parece ser o líder. Será que Daryl me protegeria se Rick decidisse cobrar pela proteção e comida?

Talvez ele mesmo queira em algum momento fazer sua cobrança. Envolvo meu corpo com os braços. Acho que ele gosta de Brook mesmo. Lyn está apertada em seus braços e fico pensando naquele dia terrível.

Ele foi até lá, deu dinheiro a Charlotte, um presente para minha menininha. Prometeu levar Merle. Era isso que ela queria me dizer. Que veria Merle de novo. Estava emocionada e ansiosa. Tanto que acabou não resistindo. Se eu soubesse teria agido diferente.

Daryl para de caminhar e se aproxima. Quando decide descansar vem para perto de mim, na verdade da sobrinha. Estranho pensar que temos ela em comum.

─Pode mesmo dormir. – Ele me diz se encostando numa árvore.

─Sem paredes, cercas. Não posso. Ela...

─Pessoas. Cercada de pessoas. Vão te proteger. – Ele fecha os olhos e não acho que está mesmo relaxado. Apenas quer parecer isso. No fundo fico grata pela preocupação.

Fico muda, ele também. Olho em volta e penso em todas essas pessoas. Não sei se posso confiar em qualquer um deles. Eles parecem unidos, como se soubessem como lidar com tudo isso, como se pudessem confiar sempre uns nos outros.

Pouco antes de clarear as pessoas começam a despertar. O bebê que está nos braços do irmão resmunga. Logo o pai se aproxima. Tem uma bolsa com ele, depois de trocar sua fralda e dar a ela um pouco de água ele a entrega ao irmão mais uma vez.

Dessa vez o menino a leva presa as costas como se fosse uma mochila. A garotinha está com sono e adormece. Parece acostumada a ser carregada assim. Tyreese é um homem alto, corpulento, mas parece ter um olhar doce e acho que é como se fosse um tipo de guardião da pequena e se posiciona a seu lado.

Todos parecem prontos, eu toco Brook com todo cuidado para não assusta-la, é inútil. Logo ela salta me agarrando o pescoço. Seus olhos percorrem assustados em busca de Daryl. Quando o vê o aperto em meu pescoço diminui e sinto seu alivio.

─Pessoal temos que ir. Precisamos de um abrigo. Um lugar mais firme e protegido. – Rick comunica. – O que levou os zumbis para Terminus foi a explosão, o barulho acabou, eles devem estar dispersos agora. Então não estamos mais tão seguros. Vamos ficar perto. Como sempre foi. Se não for preciso matar não paramos. Evitem esforço, não sabemos quando vamos parar de novo.

Ninguém questiona. Todos aceitam e apenas seguimos caminhando. Daryl me coloca no centro do grupo ao lado do menino com o bebê. Brook segura minha mão, mas seus olhos fixam nele. Ela teme que de algum modo Daryl desapareça, ou apenas o admira.

O resto não existe para ela. Ainda sussurra, ignora pessoas e me obedece, a menos que decida correr para ele. Nesse caso eu não sou ouvida.

Nem dez minutos de caminhada e escuto barulho na mata, por entre as árvores vejo um zumbi, não sou a única a vê-lo, mas sou a única a me apavorar, aperto a mão de Brook, as pessoas apenas continuam a caminhar.

O zumbi não parece problema para eles, ao menos não ainda já que ele começa a nos seguir. Daryl agora caminha um pouco a minha frente, o ruivo está ao meu lado e do outro lado um casal.

Eles vão conversando tranquilos, Sasha e Bob, é como se chamam. Não sei se são namorados ou apenas pretender ser, mas dá para ver que são próximos. Zumbis aparecem na nossa frente. São por volta de quatro e caem de modo impiedoso. Nem muito esforço é preciso para isso. Rick, Daryl e Michonne dão cabo deles.

Não paro de me impressionar. Paramos um momento para descanso. Dividir uns goles de água. O bebê passa dos ombros do irmão para os de Tyreese.

─Ainda tem água? – Daryl surge ao meu lado. Mostro a garrafinha ainda pela metade. Ele balança a cabeça confirmando. Olha para Brook. – Tudo bem Brooklyn?

─Brook. – Eu corrijo. Ele dá um quase sorriso.

─Charlie dizia que odiava o nome. – Cada vez que ela fala nela e deixa claro que conviviam eu sinto meu peito apertar. As coisas que pensei, o modo como fui embora, sinto um misto de raiva e vergonha. Como as pessoas se enganam. – Eu gosto. Tudo bem Brooklyn? – Ele insiste.

─Não. – Ela volta a sussurrar. – Tem um monte de monstros. – Agora o sorriso dele se alarga.

─Verdade. Pergunta idiota essa minha.

Um grito de socorro ecoa pela floresta. O garoto é o primeiro a correr para ajudar. Ignora o pedido do pai. Quando Rick corre atrás do filho e todos fazem o mesmo só me resta segui-los.

Paraliso quando finalmente chego ao local. O grupo exterminava uma pequena reunião de zumbis em torno de um padre sobre uma pedra. Olho em volta para ter certeza que não tem mais deles. Brook está no meu colo.

Quando tudo se acalma eu a coloco no chão e ela corre para Daryl. Se agarra a ele que mais uma vez fica sem reação. Sinto que ele não gosta muito disso, não reage bem quando ela o abraça. Parece que sente vergonha.

─Monstros caçador! – Ela grita. Pela primeira vez ele realmente toca nela. Seu grito apavorado alerta a todos e ele a ergue imediatamente.

─Shiu! – Daryl pede com ela no colo agarrada a seu pescoço. – Não pode gritar. Eles já morreram.

Brook se acalma. No instante seguinte ele a devolve no chão. Se aproxima de mim para me devolver Brook. As pessoas forçam o padre a falar. Parecem duros com ele.

Depois decidem segui-lo em direção a sua igreja. Acompanho a todos com medo. Pessoas são perigosas e isso pode ser outra armadilha. Fortes ou não, todos eles caíram nas garras de Garett em Terminus.

Nenhum perigo até chegarmos a igreja. Teto e paredes. Fico grata. Nunca fui muito religiosa, depois do fim do mundo minha fé se foi. A religião não parece ser capaz de responder por que tudo se acabou assim.

Me sento em um dos bancos com Brook.

─Tia a gente vai morar aqui agora?

─Não sei Brook. – Ela está suada. – Quer água? – Agora ela não está interessada. Seus olhos vasculham o ambiente em busca de Daryl. – BrooK! Quer água?

─Tia cadê o caçador?

─O nome dele é Daryl. Se lembra dele? – Ela acena e então eu o vejo se aproximar.

─Eu lembro tia, minha mãe tossia, lembra que ela tossia?

─Sim. – Daryl se senta. Os olhos dele refletem a mesma devoção que vejo nos dela. Saber que ela se lembra o deixa abobado e mudo. Brook como que recordando aquele dia pega Lyn presa a seu cinto e abraça a boneca.

Como nada além do que a cerca nesse momento importa ela se distraí com a boneca. Ficamos eu e Daryl, sentados em bancos de uma igreja assistindo Brook brincar e acho que nunca na vida imaginei tal momento.

─Vou procurar água, eu não demoro. Fique aqui dentro com ela.

─Eu tinha uma pistola e uma faca. Ficaram naquele inferno. Me tomaram. Vi vocês dividindo armas. Eu não tenho nada para proteger Brook. Se algo der errado... não sou um perigo para seu grupo. Acredite.

─Claro. Desculpe. Devia ter pensado nisso. Precisa estar armada. Ninguém acha que vai nos fazer mal, apenas... Espere eu trago uma arma. Sabe atirar?

─Em teoria. Vendia armas no Walmart.

─Verdade. – Ele fica de pé. Brook imediatamente faz o mesmo segurando sua mão. Daryl fica tão confuso. Sem saber o que fazer ele apenas caminha com ela para a sacristia.

Quando os dois entram na sala e não vejo mais Brook meu coração dói. Sinto um razio gigantesco me dominar. É como realmente morrer. Sempre amei minha garotinha. Fui sempre mais mãe que tia, mas depois do apocalipse ela é minha existência. Os dois retornam e se ainda soubesse como, eu sorriria.

Daryl me entrega uma semiautomática e uma faca de cabo longo.

─Obrigada.

─O padre falou de um lugar onde pode ter comida. Um grupo vai até lá. Eu vou em busca de água com Carol. Fique aqui, alguns vão ficar para ajudar. Tem um ônibus e eles querem tentar consertar.

─Eu vi. – Daryl dá mais um passo em minha direção chegando mais perto e reprimo o desejo de correr.

─Não confio nesse padre. Ele esconde algo. Não fica sozinha com ele, não se aproxima muito. – Balanço a cabeça concordando. Ele está vivo. Fez isso sozinho, trouxe gente com ele até aqui. Tem seus instintos e devo confiar nisso.

─Pode deixar. – Brook está tranquila segurando sua mão. O modo como olha para ela chega dá alguma inveja. Parece pronta para segui-lo. Daryl baixa os olhos para poder olhar para ela.

─Eu tenho que ir.

─Matar monstros? – Brook e seus sussurros, fico pensando se um dia vai voltar a ser uma garotinha normal.

─Buscar água. – Ela solta sua mão e segura a minha. Não parece contente com isso, mas aceita e ele apenas nos deixa ali. Penso se em algum momento ele vai nos ver como peso. Se somos mesmo prioridade para ele.

A igreja fica vazia. Uns minutos depois Carl entra com a irmã, se aproxima de nós duas, senta e coloca a garotinha deitada no banco sob um cobertor grosso.

É uma linda garotinha. Difícil resistir ao seu jeitinho tranquilo. Quase como se estivesse acostumada a viver esse mundo. Achei que jamais voltaria a ver uma criança tão pequena. Penso que deve ter sido assustador.

─Ela está cansada. – Ele diz tentando puxar assunto. Brook se aproxima mais de mim. Nada confiante. – Ela é sobrinha do Daryl? – Afirmo apenas com a cabeça. – Meu pai me disse. É bem estranho pensar no Merle tendo filhos.

─Conheceu ele? – Pergunto sem resistir.

─Sim. Quando o apocalipse começou encontramos os dois na estrada. Daí ficamos juntos um tempo numa pedreira. Era legal. Quase ninguém sobrou de lá. Éramos muitos. Apenas cinco chegaram até aqui. Eu, meu pai, Daryl, Carol e o Glenn.

─Sinto muito.

─Merle sumiu por um tempo. Depois voltou e ficou com a gente na prisão. Era bom. O melhor lugar do mundo. Nosso grupo limpou. Estava repleta de zumbis. Ficamos morando lá. Um cara quis tomar o que era nosso. Merle ajudou nessa época. Acabou morrendo. Virou zumbi.

Olho para Brook, não sei bem o quanto ela compreende do assunto. É chocante de ouvir isso, Merle zumbi, sinto pena. É o pai dela.

─Muito triste.

─Muito. Daryl que teve que fazer. Ficaram frente a frente. – Meu coração se aperta com a ideia. – Também fui eu que tive que fazer quando minha mãe morreu no parto dela.

Meus olhos arregalam. Até esse garoto parece mais pronto que eu. Isso é duro. Todos eles passaram por muitas coisas.

─Nem sei o que dizer. – Carl dá de ombros.

─Fazemos o que é preciso. Depois a prisão virou um ótimo lugar. Com horta. Pessoas. Daryl sempre trazia mais, todo mundo que ele encontrava do lado de fora. Ele é bom nisso. No mundo aqui fora.

Aposto que é, dá para ver no pouco tempo que ficamos juntos e sempre acreditei nisso.

─O que aconteceu?

─O homem voltou. Dessa vez ele estava mais armado e acabou derrubando as cercas, matou muita gente, trouxe zumbis. Nos separamos. Eu e meu pai acabamos sozinhos e pensamos que ela tinha morrido.

Levo minha mão ao peito com a dor de pensar sobre isso.

─E aquele foi o reencontro, naquela cabana depois de Terminus?

─Sim. Todo mundo se perdeu. Daryl ficou com a Beth, mas eles se perderam também. Depois ele nos encontrou num momento bem ruim. Queriam nos matar. Ele disse que podiam matar ele no nosso lugar. No fim conseguimos resolver.

Matar eu acho que ele quer dizer. Nem sei se ainda existe outro modo de resolver coisas, mas o que me chama mesmo a atenção é Daryl oferecendo a vida por eles. Mais uma vez sinto tanta vergonha das coisas que pensei. Esse homem que vejo hoje não tem nada a ver com aquele cara que achava que via. Sempre meio bêbado. Sem futuro. Só uma imitação do irmão mais velho.

─Hannah a gente vai achar um lugar bom. A gente sempre consegue.

─É o que eu espero. – O padre se aproxima. Lembro das palavras de Daryl e fico tensa. Carl parece tranquilo. O garoto é confiante. Anda armado. É só um menino ou devia ser. Seria se fosse outro mundo.

─Na sacristia tem um bom sofá. As crianças podem descansar lá. – O padre avisa e acho que ele parece mais inseguro que misterioso. Pelo que entendi ele está sozinho desde o começo. Deve ser estranho poder conversar.

─Estamos bem aqui. – Carl responde. Brook se aproxima mais ainda de mim. A cada minuto encara a porta e sinto um pouco de medo de Daryl um dia se afastar. Ela não aguentaria.

O padre se afasta. Ficamos de novo sozinhos. Carl não encontra mais assunto e apenas deixa a igreja para se juntar aos outros lá fora. Brook acomoda a boneca no colo.

─Tia, a gente tem que ficar sem o caçador toda hora? – Afasto seus cabelos do rosto. Ela parece tão cansada.

─Que acha de dormir um pouquinho? – Brook olha para a porta. – Ele já vem.

─Quero que fica só eu, você e ele. Tem muita gente. Depois acontece coisas ruins. Né tia?

─As vezes não querida. – Ela aceita, se deita e dorme algum tempo. Depois se senta encarando o quarto.

Daryl retorna. Me entrega um galão de água. Brook se ilumina, ele toca seu rabo de cabalo um tanto desajeitado.

─Achei um rio não muito longe. Não é muito, mas acho que dá para lavar ela um pouco. Aposto que Brooklyn vai se sentir melhor.

─Brook. – Eu o corrijo mais uma vez.

─Não acha que vai se sentir melhor Brooklyn? – Ele é como Charlotte. Suspiro. Desde que continue a cuidar dela que chame como quiser.

─Vamos até o banheiro Brook? – Ela acha perda de tempo ir ao banheiro e perder qualquer minuto da companhia do seu herói. – Voltamos logo. – Balanço seu braço tentando chamar sua atenção. Ela deve se acostumar em algum momento.

Uso a água do melhor modo que posso, lavo minha garotinha um pouco, adoraria fazer o mesmo, mas não posso. Não tem água o bastante para as duas.

Quando saímos o grupo está todo de volta. Felizes comemorando a comida que Rick encontrou com os outros.

Um banquete começa a ser colocado. Estão todos tão alegres, vinho é servido e sinto medo. Me sento com Brook num canto. A bebida muda as pessoas e não posso deixar de me lembrar de Daryl cambaleando bêbado, vi isso mais de uma vez. Ele sem nem mesmo conseguir falar.

Daryl me entrega um prato cheio de comida. Quando meus olhos encontram os dele sinto uma confusão de sentimentos. Nem consigo entender bem o que se passa comigo.

─Não bebo mais, Hannah. – Ele diz de modo simples. Desvia os olhos, tem as mesmas lembranças que eu. Aceito o prato. Ele se senta próximo. Brook já comia sentada ao meu lado. As conversas e o riso ao mesmo tempo que me incomodam me fazer querer me sentir como eles. Não sinto. Não consigo.

─Tia agora que a gente comeu você tem que ir no quarto com um deles? – Um silencio absoluto se instala. É o momento mais constrangedor da minha vida. É como estar nua diante deles, tudo fica tão claro e chocante, me sinto morrer, sem forças para falar, desejando que a terra se abra. Mesmo falando baixinho como de costume, Brook consegue a proeza de escolher um segundo entre uma frase e outra para se expressar e deixar claro o que eu tive que fazer.

Não sei o que fazer. Encaro o prato agonizando, dura um minuto, parece a eternidade. Os sorrisos e a leve alegria do grupo se esvai, mesmo encarando o prato eu sei. Não é preciso olhar para eles, talvez eu nunca mais olhe.

─O Abraham quer conversar. – Glenn diz em voz alta. – Falar sobre DC. – Sinto tanta gratidão pelo coreano que podia abraça-lo se isso não fosse tornar tudo ainda maior. Ele tenta ser gentil me salvando do constrangimento. Todos embarcam no seu jogo. As pessoas começam a falar ao mesmo tempo e me ignoram.

Queria ter forçar para erguer a cabeça, não tenho. A humilhação parece me corroer. Crianças observam tudo, mesmo quando parece que não entendem. Nunca expliquei a ela, mas a verdade é que de algum jeito Brook sempre entendeu que comer e beber estava relacionado a algo que eu tinha que fazer.

Naquele pequeno e infernal minuto eu tomo consciência de toda minha fraqueza. Inocente como o anjo que é Brook fica a me olhar. Talvez ainda espere por minha resposta. Evito até mesmo seus olhos, principalmente os seus olhos.

─Brooklyn. Quer ver como funciona a besta? O Carl está aprendendo. – O chamado de Daryl é o bastante para fazer com que ela me esqueça.

Abraham começa a contar algo sobre Washington e seu amigo Eugene. Como ele tem conhecimento de um modo de parar o caos dos mortos, sobre abrigos e cientistas trabalhando no vírus.

Eles querem convencer a todos sobre como é importante chegar lá com ele. Tudo parece ficar na decisão do líder e Rick está em dúvida. Não me admira, ele tem um bebê. Atravessar o país numa aventura como essa é no mínimo uma loucura.

Por fim Rick parece concordar com a missão. Acho que eles precisam de mais do que sobreviver como desafio. Eles precisam de uma missão, um objetivo claro que os faça seguir em frente.

Se dependesse de mim, diria não. Preferia achar um lugar seguro para Brook. Não depende e a escolha já foi feita. Não me resta outra opção se não, segui-los. Seguir Daryl Dixon. Esse parece ser o único jeito de dar uma chance a minha menina.

Se tivesse coragem eu procuraria seus olhos para saber o que pensa disso. Não tenho. Sei o que ele pensa de mim agora. É um bom castigo para tudo que já pensei dele.

─Um pouco de vinho? – Bob toca meu ombro e me esquivo do contato no mesmo instante. – Desculpe. – Ele tenta sorrir. – Quer um pouco de vinho?

─Não. – Eu me ponho de pé. Me afasto de todos seguindo até os vitrais coloridos com desenhos religiosos.

─Rick sabe o que faz. – A voz de Daryl chega aos meus ouvidos no momento que sinto sua presença perto de mim. Dou um passo para longe. Não é ele. É todo mundo, eu não sei mais confiar em pessoas. De um jeito ou de outro elas te machucam. – Se ele acha que pode funcionar...

─Entendi.

─Você e a Brooklyn ficam com o grupo.

─Vamos ver até quando um obrigado vai bastar. – Me sinto tão magoada com tudo e todos. Tão cansada. Não quero mais olhar para ninguém. Já me sinto ferida demais para ainda enfrentar seu olhar e me afasto.

Vejo quando Carol deixa sorrateira a igreja. Daryl pega sua besta e a segue. Já posso imaginar o que vão fazer sozinhos no meio da noite. Meu coração se aperta ainda mais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS