100 OneShot's escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 2
This Love - Taylor Swift


Notas iniciais do capítulo

Voltei depois de muuuuuuito tempo... Relendo minhas histórias antigas, vi essa One inacabada desse projeto que pretendo colocar para frente novamente. Enviem seu feedback, espero que alguém apareça!!! Não esqueçam de enviar seus pedidos de músicas para serem eternizadas por aqui. ♥



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            This Love

            Taylor Swift

            Dois anos antes

 

 

Água azul cristalina

A maré alta veio e te levou junto

E eu poderia continuar, continuar e continuar e continuar

E eu irei

            — Eu não vou conseguir lidar com isso. — Gemi, enfiando o rosto no travesseiro.

            Não há como traduzir em palavras o amargo que se infiltrou em minha alma. A dor que lateja sem parar na minha cabeça. As mãos que tremem desesperadamente. O tempo que não passa. A angústia diária, aquela sensação de vazio que preenche todos os cantos. A certeza que isso nunca vai passar e a dor que é ver quem você mais ama ir embora e não poder fazer mais nada.

            Como disse, não há palavras para traduzir.

            — Bella, eu sei que parece o fim do mundo agora... — Alice murmurou.

            Ela estava comigo, apesar de tudo. Ela não aprovava meu estado. Ela não aprovava nada disso.

            Eu senti sua mão gelada tocar meu braço, enquanto ela me levantava e oferecia uma caixa de lenços fechados. Eu recolhi as pernas, sentando-me encolhida, encostada na cabeceira da cama. Abri a caixa, observando Alice se sentar também. Perguntei-me quanto tempo ela aguentaria disso. Quanto tempo ela ficaria aqui, me ouviria chorar, teria paciência. Quanto tempo até ela explodir, como eu fiz com Rosalie no ano passado?

            — É o fim do mundo. — Respondi para ela. — Você não tem ideia de que isso...

            — Não é o fim do mundo. — Ela me interrompeu, com seus olhos doces e com o rosto passível ela sorriu para mim. — Você ainda se lembra de Rosalie Halle?

            Eu me deixei rir um pouquinho. Ela estava sendo completamente sarcástica, e eu estava mal, mas não o suficiente para deixar de rir de um comentário sarcástico de Alice. Ela é na Terra a pessoa mais bondosa que eu já conheci. A amiga mais leal. Ela não levantava falso testemunho de ninguém, e demorou mais de seis meses, desde que tudo começou, para que ela pudesse simplesmente dizer o que pensava sobre a pessoa que me deixou nesse estado.

            Sabia bem onde ela queria chegar. No ano passado, nossa amiga Rosalie se separou do marido. Royce era o cara mais cafajeste que eu conhecia até aquela época. Eu fui tão rude com ela, enquanto ela se lamentava do triste fim da sua história de amor. Havia encontrado seu marido com sua babá. E ao invés de eu ajuda-la a passar por esse momento, fui hostil dizendo que ela estava melhor sem ele e não deveria se lamentar. Eu era a pessoa mais babaca que eu conhecia – até mais que Royce. Lógico que minhas palavras surtiram efeito – efeito negativo. Rose ficou tão magoada, que realmente parou de chorar. O que foi bem pior, ela encarou momentos difíceis e ela não podia contar com ninguém, porque eu tinha sido uma amiga ruim e disse a ela que as pessoas tinham mais o que fazer e que ela deveria parar de chorar.

            No ano passado... Eu era egoísta demais. Eu tinha minha vida... Perfeita. Eu achava que minha vida era perfeita. Havia conseguido todas as realizações profissionais que almejava. Estava na gerencia de uma das mais importantes empresas de tecnologia da América do Norte. Tinha uma casa além de confortável em um bairro agradável em minha cidade. Casada e “feliz” com meu namorado de adolescência. Mas, ainda assim, eu queria mais. Eu queria estar na chefia da minha empresa. Eu queria uma casa maior. E eu queria que meu marido parasse de me cobrar filhos e fosse mais compreensivo por eu não ter tempo para nossos planos de infância. Para mim... Ah, para mim Edward deveria me entender, como eu o entendia. Entendia seu emprego flexível, seus horários livres e entendia que ele gostava de assistir TV e estava na cama antes das onze. Coisas simples... Eu não percebia que isso — eu – só nos afastava, até que fosse tarde.

            — Mas você sabe que hoje ela está muito bem. Namorando Emmett há quatro meses. Eles querem se casar. — Alice estimulou minha mente, enquanto eu derramava algumas lágrimas a mais.

            O que ela queria dizer com aquilo?

            — Alice, eu não quero namorar outra pessoa. Quero meu marido de volta. — Repeti a ela, Alice suspirou.

            Tudo aquilo havia começado há seis meses. Edward estava preparando o jantar naquela noite, quando eu cheguei do trabalho e fui lhe contar as novidades. Acontece que eu ficaria como CEO provisória, já que meu chefe estava afastado do trabalho por 15 dias após cair e fraturar a tíbia. Edward não parecia tão empolgado quanto eu achei que ele ficaria, e eu tinha ficado chateada por isso. Na verdade, eu fiquei furiosa. Eu gritei com ele, perguntando qual era o problema dele nas últimas semanas... Então, ele calmamente me disse “Bella, nós precisamos conversar” nesse momento eu sabia que algo iria desandar.

            — Eu sinto muito, mas você fez tudo que podia... Ele disse que não, Bella.

            Chorei um pouco mais; a angústia de antes me atingiu. Edward havia sido meu único namorado e parceiro de vida. Nós estávamos juntos há quase seis anos... Eu nunca imaginei que um dia viveria longe dele. Eu nunca imaginei que um dia ele fosse ir.

            — Eu implorei, Alice. — Chorei enquanto dizia. — Edward me falou que era tarde demais. Eu acho que ele tem outra pessoa... Como o Royce.

            Ela não me respondeu, porém. Alice segurou minha mão.

            Há seis meses Edward disse que queria o divorcio. Naquela noite que ele me deu essa notícia, eu dei uma risada cínica e disse que tomaria meu banho para o jantar. Ele não pronunciou uma palavra enquanto comíamos. O silêncio era ensurdecedor. Ele não reclamou se quer de nada. Ele não se queixou por eu estar trabalhando há duas semanas sem folga, inclusive nos finais de semana, como ele havia feito na noite passada. Ele não quis falar da viagem para Forks – para visitarmos nossos pais – quando eu toquei no assunto, no momento em que retirei a mesa do jantar.

            Ele só saiu da sala. Tomou seu banho. Se deitou. E repetiu a mesma coisa no dia seguinte quando voltei do trabalho.

            Nossa vida se tornou um inferno desde então. Eu disse a Edward que ele estava com ciúmes das minhas conquistas e isso feriu o ego dele. Eu disse que sua vida era medíocre e que ele não era feliz com seu emprego. Então ele cuspiu rudemente dizendo que na verdade não era feliz comigo. Ele saiu de casa no dia seguinte, indo passar um tempo com Alice e Jasper. Esse tempo de três semanas, até eu finalmente me dar conta que eu estava perdendo meu marido.

Os céus escurecem

As correntezas te levam de volta

E você só se foi e foi, se foi e foi

            Eu implorei. Eu disse que tiraria férias e nós poderíamos fazer o que ele quisesse. No momento que eu me toquei que Edward estava mesmo falando sério e que aquilo não era uma tentativa absurda de chamar atenção... Aí já era bem tarde.

            — Quando ele me disse que acabou... Naquele dia, na sua casa. Ele me olhou nos olhos e disse “isso realmente acabou, Isabella”, Alice... Naquele dia... Eu achei que fosse morrer. Estou achando que vou morrer todos os dias depois daquele. Faz quatro meses, Alice.

            — Eu sei. — Ela me disse.

            — Ele se foi. — Eu chorei um pouco mais.

            — Eu sei. — Ela repetiu, ainda segurando minha mão.

            — O que eu faço, Alice? — Perguntei para ela, em desespero.

            Alice me encarou profundamente, temendo até no que diria. Ela estava nervosa, mas eu sabia que agora ela me diria aquilo que eu não gostaria de ouvir.

            — Agora você vai chorar um pouco mais. E amanhã você vai chorar mais um pouco. E depois de amanhã também. Mas vai ter um dia, Bella, que você vai acordar e não vai doer tanto assim. Você vai conseguir ser como antes. Um pouco mais... Quebrada emocionalmente, mas muito mais forte.

            DIAS ATUAIS

 

Em gritos silenciosos,

Em sonhos selvagens

Eu nunca sonhei com isso

 

Esse amor é bom, esse amor é mau

Esse amor está vivo de volta dos mortos

Essas mãos tiveram de deixa-los livres

E esse amor voltou para mim

            Levantei meus olhos e arfei, colocando a mão na testa e suprimindo um grito. Estava acordando de um pesadelo. Mais um pesadelo. Meu relógio no criado mudo despertou um segundo depois, olhei a hora: 05h15. Empurrei minhas pernas para fora das cobertas quentes, tentando me reorientar enquanto travava o despertar. Era 16 de junho. E hoje fazia dois anos em que ele havia me deixado. Agora eu entendia os sonhos com Edward aparecendo em minha vida novamente.

            Droga.

            Obriguei-me andar para o banheiro, me adaptando com o quarto escuro e tateei a luz na parede lateral. O fluorescente da lâmpada me ofuscou os olhos e eu gemi. Sentia como se um trator tivesse me atropelado. Minhas costas doíam e sono predominava. Eu estava exausta, e apesar de ter ido dormir cedo, os pesadelos acabaram comigo em níveis imensos. Transcendiam todo meu autocontrole.

            Água quente me ajudou um pouco, mas só o café expresso do Starbucks conseguiu espantar a depressão que eu sentia ás seis e meia da manhã.

            Meu celular tocou em minha mão, enquanto eu andava na calçada. Não havia muitas pessoas na rua. Afinal, era muito cedo e um sábado.

            — Oi Alice. — Lhe cumprimentei assim que atendi. — Você está acordada há essa hora?

            — Oi Bells! Sim... Nessie não me deixou dormir essa noite. Ela está com aquela infecção no ouvido novamente. Como eu sabia que você já está de pé há essa hora...

            Eu dei uma risada. Alice era minha melhor amiga e ela me conhecia muito bem. Quando ela disse que um dia eu acordaria sem chorar a dois anos, ela tinha toda razão. Isso demorou mais quatro meses e meio depois de ouvir, mas teve um dia que eu simplesmente acordei e a última coisa que eu fiz no dia foi chorar. Literalmente a última coisa.

            Algumas coisas haviam mudado nos dois últimos anos, menos uma: eu continuava uma máquina para trabalho. Depois que Edward se foi, isso foi à única coisa que me manteve de pé. Eu me dediquei 100% ao trabalho e tive retorno de 100%. Era o único lugar que eu não me frustrava e podia entrar e sair, que seria admirada e elogiada por todos. Eu era 100% eficiente. Nisso, ao menos nisso, eu jamais iria fracassar.

            Outras coisas também mudaram, como Nessie. A filhinha de Alice e Jasper que nasceu há três meses. Rosalie se casou com Emmett e eles se mudaram para Los Angeles, já que Emmett era comentarista oficial de um programa de esportes em Angeles. Meus pais me ligavam regularmente, de Forks, e às vezes eles me diziam de Edward, que se mudou oficialmente para lá após assinar o divórcio. Eles não me diziam muita coisa, porém. Eu não queria saber e tornei o assunto como proibido para eles.

            — Sinto muito Alice. O tempo esfriou. Você vai leva-la ao médico? — Perguntei, realmente preocupada.

            Eu me realizava como pessoa através de Alice. Ela tinha um casamento feliz e agora ela e Jasper estavam completamente apaixonados como dois bobos pela filhinha deles. E eu entendia completamente, porque também estava.

            — Vou sim, mas não foi exatamente por isso que eu liguei.

            — Alguma coisa mais grave aconteceu? — Perguntei assustada.

            Eu empurrei a porta de vidro do prédio onde eu trabalhava. Vi Jane, a recepcionista, acenar um pouco sonolenta.

            — Não e sim. — Ouvi-a bocejar enquanto eu chamava o elevador — Jasper recebeu um telefonema ontem, eu até ia te ligar, mas... Pela sua última postagem no facebook...

            — Não foi uma indireta Alice. Nós nem somos amigos nas redes sociais...

            Entrei no elevador, apertando o botão 23 e esperando. Ouvi minha amiga rir baixo do outro lado da linha e analisei minha própria imagem no espelho. Eu estava um caco, mas eu tinha bastante maquiagem em meu rosto. Uma roupa bonita, cabelos brilhosos e perfume forte. Eu conseguiria sobreviver a esse dia 16 sem derramar nenhuma lágrima.

            — “Amor é aquilo que permanece” — Ela recitou a frase que eu havia postado exatamente meia noite. — Esme curtiu.

            — Esme curte tudo por puro deboche. — Esme, minha ex-sogra.

            Ela sempre me odiou, então eu não fiquei realmente surpresa quando ela acolheu seu filho em sua casa, mesmo ele ter ficado fora por tanto tempo contrariando aquilo que ela sempre sonhou para a vida dele.

            — Sim, eu sei. — Alice continuou rindo.

            Eu entrei no escritório vazio na manhã de sábado.

            Somente minha assistente e nosso gerente e eu trabalhávamos aos sábado até meio dia. Eu sabia que eles me odiavam totalmente por isso.

            — Ângela, você tem meu relatório da conta dos Clinton pronto? — Eu perguntei rudemente sem nenhum cumprimento antes.

            Ângela que estava bocejando quando cheguei, consertou a postura abrindo a gaveta de sua mesa.

            — Sim e eles já ligaram hoje para confirmar a reunião das dez. Você tem reunião às oito e meia com Michael Newton.

            — Eu não acredito — Murmurei de mau humor, pegando a pasta — Se Mike aparecer antes das oito e meia você não me chama, entendeu?

            — Entendi — Ela confirmou com a cabeça e eu saí sem despedidas.

             Entrei em minha sala, batendo a porta e caminhando para a minha mesa.

 

Dançando, girando

Lutando através da noite por alguém novo

E eu poderia ir em frente, em frente e em frente

 

Iluminando, queimando

Piscaram em minha mente só por você

Mas você ainda se foi, se foi, se foi

            — Mike, aquele que quer entrar nas suas calças e você está terrivelmente sem saber qual desculpa dar para a próxima investida?

            — Não tem a menor graça, Alice. — Bufei. — Diga-me logo o que é que você está me escondendo, ou você acha que eu não percebi que você está enrolando?

            — Você tem razão. Eu estou enrolando mesmo. — Eu ouvi um chorinho no fundo. — Traga ela para mim, Jazz — Eu a ouvi falar com Jasper.

            Houve um silêncio profundo na outra linha, menos pelo choro de Nessie. Eu esperei alguns segundos até ouvir o barulho no fone novamente.

            — Oi Bella, Jasper falando. — A voz dele era um pouco sonolenta.

            — Oi Jazz, como vão as coisas, fora Nessie que está doentinha? — Eu estiquei as pernas, sabendo que lá vinham mais notícias.

            — Estamos bem. Você virá amanhã?

            Sorri largamente. Jasper faria aniversário e eu não perderia a oportunidade de vê-los. Estava com saudades de Nessie.

            — Claro! — Exclamei animada.

            — Certo. Espero mesmo que você venha, mesmo com, você sabe, ele aqui... — Jasper se interrompeu porque ouviu Alice chama-lo alarmada.

            — Ele? — Perguntei a Jasper, dando atenção ao assunto agora — Ele quem, Jazz?

            — Merda, Jasper. Dei-me o telefone! — Alice ralhou com ele — Bella, eu ia falar, mas meu marido é um idiota completo.

            — Quem irá à festa de Jasper?

            — Olhe... Não surte. Ele ligou ontem e... Edward perguntou se ele podia passar um tempo aqui.

            — O quê? — Eu estava em choque, meu coração acelerou e eu estava com um pouco de falta de ar — Passar um tempo, Alice?

            — Pelo o que eu entendi ele tem uma entrevista de...

            — Entrevista? Ele vai voltar?

            Eu me levantei, alarmada. Eu segurei minha respiração enquanto Alice silenciava do outro lado.

Vim perdendo a cabeça

Navios naufragando

Você apareceu a tempo

 

Esse amor é bom, esse amor é mau

Esse amor está vivo de volta dos mortos

Essas mãos tiveram de deixa-los livres

E esse amor voltou para mim

            Meu autocontrole. Tudo que eu construí nesses dois anos. Eu iria ver ruir bem na minha frente.

            — Se der tudo certo na entrevista, então sim. — Ela me disse calmamente. Alice e sua calma... Lembravam-me bem dois anos antes.

            — Alice do céu. — Desabei em minha cadeira.

            — Eu sei, isso é tão ferrado. — Nem se quer um palavrão ela se permitia.

            — Fodido. FODIDO. FO. DI. DO. — Falei um pouco alto demais.

            NO DOMINGO...

            Estava pensando seriamente em bater ou dar meia volta e ligar inventando uma desculpa. Alice e eu tínhamos conversado seriamente durante todo o sábado sobre eu vir ou não a festa de Jasper. Eles disseram que não era justo que eu não viesse, mas que nenhum deles ficaria chateado por isso. Eu sabia que no fundo Jasper ficaria. Nos últimos dois anos nós nos aproximamos muito e ele era uma espécie de irmão para mim, apesar de ser o melhor amigo dele.

            — Bells, linda — Ouvi a voz de Rosalie, ela havia acabado de sair do elevador com seu marido e seu filho de sete anos, Ryan.

            — Oi Rose — Trocamos um abraço apertado e Emmett me cumprimentou — Pequeno Ryan, você está bem maior. Não sabia que vocês estariam aqui para o aniversário do Jasper.

            — Já sou um menino grande — Ele me disse como um menino grande. E eu sorri reparando o sorriso banguela do menino.

            — Nós chegamos ontem à noite, Bella — Emmett contou — E quando você vai aparecer em Angeles?

            Eu sorri um pouco, acenando com a cabeça enquanto dava um beijo na bochecha de Ryan.

            Os três adultos riram encantados para a criança.

            — Você já chamou? Jasper está louco esperando as cervejas light que eu fiquei de trazer para Alice — Rosalie respondeu, se aproximando e tocando a campainha.

            — Eles devem estar com a casa cheia — Emm disse — O cara me fez trazer um monte de coisas.

            Eu reparei que eles estavam com sacolas de supermercado, sorri fracamente tentando não transparecer meu nervosismo. Mas isso foi por água a baixo quando a porta fora aberta. E não havia sido nem Alice ou Jasper os responsáveis por abri-la.

            — Céus, Edward Cullen? — Rosalie disse o óbvio em voz alta.

            Minha visão ficou turva por alguns segundos, enquanto eu me escorava fortemente no ombro de Emmett. Eu vi Rosalie trocar um abraço apertado com meu... Ex-marido, enquanto o marido dela ficava meio desconfortável com a cena.

            — E aí, cara. — Emmett o cumprimentou, passando algumas sacolas para ele.

            Edward tinha seu rosto impassível.

            Eu havia imaginado ao longo desses dois anos nosso reencontro. Se ele estaria ainda igual, como eu lembrava. E para minha ruína total ele parecia bem melhor. Com os olhos um pouco mais brilhantes, cabelo bem aparado. Sem barba no rosto... Bem vestido com uma camisa social preta e jeans escuro. Ele não parecia nada com o homem que usava camisa de flanela todo domingo e bebia cerveja barata no sofá da nossa casa. Ele estava sofisticado. Como qualquer menino de 20 anos, solteiro. Mas ele não tem vinte anos.

            Ele trocou um olhar comigo, apenas um. E meio sorriso. Abriu passagem para que Ryan disparasse para dentro, assim como Rose e Emmett. E ele continuou ali, segurando a porta com o corpo, algumas sacolas, enquanto eu passava também.

            — Isabella. — Ele disse. O tom da voz dele era leve e descontraída, como se ele não tivesse ficado uma grama abalado em me rever.

            Isso me deixou em pânico. O fato de que eu significava menos que nada para ele me arrasava. Eu fui casada seis anos com esse homem. Nós namoramos alguns anos antes disso, então... Ele me olha... Olha para única mulher que ele conviveu tantos anos da vida, e diz o nome de uma maneira tão displicente, enquanto sorri feliz?

Esse amor deixou uma marca permanente

Esse amor está brilhando no escuro

Essas mãos tiveram que libertá-lo

E esse amor voltou para mim

 

Esse amor...

            — Oi Edward.

            Minha voz, porém... Era embargada, acompanhada de dezenas de sentimentos.

            — Bells, você chegou. Nessie fique com a titia Bella! — Alice disse animadamente para o bebê gordinho em seu colo, enquanto me dava um beijo na bochecha e passava Nessie.

            Ela pegou minha bolsa e o pacote que eu segurava em meus braços, para Jasper.

            — Certo; isso é de Emmett? — Perguntou para Edward e ele assentiu. — Ok, me dê, eu levo para a cozinha.

            — Oi querida! — Finalmente minha voz saiu em tom normal, enquanto encarava Nessie em meus braços — Você está melhor? Céus, eu acho que você cresceu uns cinco centímetros... Hein? Tia Bella estava morrendo de saudades, bebê!

            Amassei a pequena bolinha cor de rosa em meus braços, enquanto ouvia uma risada descontraída. Edward ainda permanecia ao meu lado.

            Saímos do hall de entrada do apartamento de Alice e Jasper, adentrando a sala. Havia algumas pessoas ali para o almoço de Jasper. Eu acenei de longe para alguns, enquanto estacionava em um lugar próximo à lareira. Fazia frio e eu queria aquecer Nessie.

            — Você fica bem com um bebê no colo. — Ele me disse, encarando a pequena Vanessa.

            Não sabia o que responder. Principalmente porque ele estava me encarando de uma maneira estranha. Agindo estranho o tempo inteiro, e também porque se não fosse Nessie, eu provavelmente estaria tremendo inteira. Eu somente assenti, enquanto eu o via sorrir, brincando com o bebê em meus braços.

            — Edward, você pode me ajudar aqui? — Ouvi a voz de Jasper.

            Respirei em profundo alívio, enquanto ele me encarava e dizia que já voltava. Não, não queria que ele voltasse. Edward era aquele agindo como se eu não o visse há dois anos. E como se nós não tivéssemos sido ‘algo’ antes de sermos dois completos estranhos.

            — Quer um conselho, pequena? — Murmurei para Nessie — Nunca se case. Esses caras... Eles destroem corações.

            Eu caminhei pelo apartamento. Cumprimentei os pais de Jasper e passei Nessie para uma prima de Jasper, ela queria bajular o bebê e mesmo contra a vontade, eu deixei. Quando via Nessie, entendia o porquê de Edward querer tanto filhos e até conseguia me lembrar da época em que eu também os queria. Mas... Já fazia muito tempo.

            — O churrasco está saindo! — Alice gritou para sala inteira ouvir.

            Eu vi os convidados irem para a área descoberta ao fundo do apartamento de Alice. Era como uma grande varanda-quintal. Eu continuei ali, enrolando um pouco mais, encarando Alice e esperando todos irem.

            — Aguentando firme? — Ela me perguntou, tirando o avental — Eu estou cheirando a cebola. Então, você pode assumir a cozinha para que eu tome um banho?

            — Eu posso. — Disse a ela — Estou aguentando, firme nem tanto.

            — Edward está diferente, não é? — Alice cochichou para mim, assenti. — Ele ficou o tempo inteiro perguntando se você viria. E Jasper me disse que enquanto eles acendiam a churrasqueira, Edward comentou o quanto você está bonita.

            Eu revirei os olhos. Não estava bonita. Eu estava magra, bem vestida e maquiada. Mas se ele me visse sem toda essa produção para rever o ex-marido depois de dois anos de distância, então ele não diria isso...

            — Isso se deve ao fato de eu estar usando vestido e salto alto enquanto todo mundo veste jeans e sapatilha?

            — Rosalie também está usando saia e salto. — Alice disse — E você sabe muito bem que eu estou indo vestir o que tenho de melhor também.

            — Eu sei. — Disse a ela, profundamente agradecida — Você acha que eu preciso passar mais maquiagem?

            — Não, está perfeito.

            Eu deixei Alice ir e caminhei para os fundos, passando pela cozinha. Encontrei com Rosalie que mexia algumas verduras, fazendo uma salada.

            — Eu amo que você e Alice estejam vestidas como eu. Imagine se eu chego aqui e encontro todo mundo de chinelo e camisa de flanela?

            — Ainda assim você se sentiria bem, Rose. — Eu ri para ela, que assentiu.

            Era assim que as mulheres divorciadas se comportavam então? Foi bem nítido a mudança comportamental que eu tive, Rosalie também teve. Começava com corte de cabelo. Unhas feitas semanalmente. Depilação em dia, mesmo que ninguém estivesse vendo isso. Compras mensais de sapatos, bolsas, roupas e maquiagem. Era como se eu estivesse de volta ao último ano do colegial, só que agora eu faço tudo isso sem precisar pedir dinheiro aos meus pais.

            Alcancei algumas folhas de couve e alface que Rosalie havia lavado e comecei a cortá-las, sentindo minhas mãos ainda tremulas e pensando no que o homem que eu fui casada por tanto tempo estaria fazendo nesse exato momento há um cômodo de distância. O que ele estaria pensando? Por que ele estava agindo de uma forma tão despretensiosa estranha?

            — Quando eu reencontrei Royce no tribunal... — Rosalie sussurrou ao meu lado. — Ele não me olhou nos olhos. Ele nem me encarou quando assinou o divórcio. Ele não debateu sobre seus direitos paternais, ele fingiu que eu não existia.

            Eu deixei a faca cair sob a tábua de cortes e virei lentamente meu rosto em direção a Rosalie, ela soltou um suspiro longínquo enquanto piscava repetidamente, como se quisesse afugentar a lembrança. Em seguida ela me deu um sorriso que dizia muitas coisas.

            — Cerca de seis meses depois disto eu encontrei Margareth no supermercado, lembra-se dela? Aquela minha vizinha? Bom, ela havia sido testemunha no processo e ela disse o quanto ele ficou um caco após aquele dia. — Continuou, Rosalie mordeu os lábios soltando outra risada. — O que eu quero dizer é... Royce era um marido horrível e você teve razão em dizer que eu estava me livrando dele. Mas como todos os homens, Edward não é tão diferente assim... Ele não vai olhar para você e demonstrar o que sente. Ele vai segurar isto e chorar escondido.

            Eu soltei um sorriso para ela. Não foi somente eu que havia notado a diferença no comportamento dele e aquilo m causava um profundo alívio. Ouvir este relado confortava até o ponto de conseguir suportar esse evento sem ter um surto nervoso. Sentia-me fora de controle e aquela sensação não era vivenciada com frequência.

            — Obrigada Rose.

            — Mas você sabe... Eu o vi olhando para você quando você não estava olhando... — Ela riu partindo as verduras com a mão e adicionando ao saladeiro ao nosso lado.

            Nós finalizamos a salada com tomates, rúculas e brócolis bem a tempo de Alice deixar seu quarto. Ela estava maravilhosa em um vestido tubinho, salto altos e maquiagem no rosto. Elas sabiam me confortar...

Seu beijo, meu rosto

Eu assisti você partir

Seu sorriso, meu fantasma

Eu caí de joelhos

Quando você é jovem

você simplesmente foge

Mas volta

Para o que precisa

            Eu tive Nessie no meu braço mais algumas vezes antes de anoitecer. Os parentes mais distantes de Jazz já haviam se despedido e deixado sua casa, ficando somente nós... Os amigos mais próximos. E eu sabia que teria que ir antes que Rosalie resolvesse se levantar e eu ter que ficar porque Alice se recusaria a ficar só com Edward e Jasper.

            Os homens estavam envolvidos em conversas longas e animadas sobre assuntos que só eles gostavam de compartilhar. Eu podia sentir me rosto formigar, porque Rosalie tinha razão, eu vi os olhos de Edward dançar sob mim mais de uma vez.

            Resolvi imaturamente testar algo que eu ainda não havia testado, mas pelo olhar surpreso de Alice, ela havia entendido este gesto como a dança explicita do acasalamento. Com Jasper e Emmett de costas para nós sentados ao chão escorados à mesa de centro, Edward encontrava-se à frente de seus dois amigos. Inclinando para o lado, despretensiosamente – e com muita pretensão mascarada – ergui minha perna para cruzá-la, deixando boa parte da minha coxa exposta. Joguei meu cabelo para o lado, deixando cair pelo ombro e sorri exageradamente sobre algo que Rosalie falava, algo que consistia em cálculos matemáticos e professoras sem paciência na escola de seu filho.

            — Você vai mata-lo. — Alice ralhou em voz baixa.

            Minha visão periférica funcionava perfeitamente, eu vi os olhos de Edward saltar das minhas para me colo a mostra duas vezes seguidas antes de pigarrear e se levantar. Eu imitei os movimentos quase que roboticamente.

            — Bom, está na minha hora. — Eu disse para todos, mas encarava-o profundamente. Não entendia qual era seu jogo de conhecido distante enquanto eu era apenas a sua ex-mulher com zero contato durante dois anos.

            — Você já vai? — De repente, ele me surpreendeu ao dizer.

            — É, BELA, você já vai? Pensei que pudesse ficar! Não é Jazz?

            — Ficar? De jeito nenhum... Amanhã é segunda-feira, Alice... — Eu digo rapidamente procurando minha bolsa.

            Eu ouvi uma risada que me paralisou por alguns segundos, era uma risada muito conhecida. Sarcástica e cheia de sentimentos reprimidos.

            — Você quer me falar alguma coisa Edward? — Eu perguntei rispidamente, ele me encarou com um olhar de desafio e eu sustentei isso.

            — Eu não tenho nada para falar, I           sabella.

            — Não é o que parece, eu conheço muito bem essa risada. — O encarei e ele sorriu de lado.

            — Conhecia, você quis dizer?

            Então rapidamente ele adotou sua postura inicial. Agressivo-passivo, defensivo, cauteloso e muito displicente. O sorriso no seu rosto não escondia a hostilidade através da sua frase calma e despreocupada, porém era como uma flecha atravessando meu peito. Mas não em desestabilizou.

            Essa foi minha vez de sorrir.

            — Parece que eu conheço você ainda. — Dei ênfase no ainda e o encarei, descendo meus olhos por todo seu corpo, mirando em uma parte que dediquei um pouco mais de atenção até chegar a seus pés.

            — Muita tensão sexual... — Emmett comentou baixo. Mas todos ouvimos e Alice soltou uma risada.

            — Tenho certeza que deveríamos conferir Vanessa em seu berço Jasper.

            Eu vi meus amigos se retirarem rapidamente.

            — Vamos ver o que nosso menino está fazendo, amor.

Esse amor é bom, esse amor é mau

Esse amor está vivo de volta dos mortos

Estas mãos tiveram de deixá-lo livre

E esse amor voltou para mim

            Meus amigos não eram de forma alguma conhecidos pela sutileza. Eu encarei Edward, sustentei meu olhar firmemente até o seu, enquanto me aproximava dele. Eu queria entender qual era a sua. O que ele queria? Por que ficou me olhando a noite toda como quem não tinha nada a dizer? E por que, agora, ele está caminhando também para mim tão furiosamente...

            Oh...

            Eu não tive tempo de reagir, tão pouco pensar. As mãos de E           dward cercavam minha cintura fortemente. Seus lábios sugavam os meus em um beijo tempestivo e eu quase tive certeza que ele estava ansioso por isso a noite toda. Quase não, eu tenho certeza.

            Meu Deus...

            Eu não sabia que eu sentia tanta falta dele até agora. Quando ele me suspende do chão e cambaleamos até o sofá, Edward deita se corpo sobre o meu e continua me beijando de uma forma avassaladora. Seus dentes repuxam meus lábios e dói um pouco, sua língua suga a minha. Ele interrompe se beijo quando estamos sedentos por ar. Ao me encarar, Edward está completamente diferente desde a primeira vez que meus olhos repousaram sobre os dele hoje. Há um brilho diferente, um fascínio que beira a obsessão. Ele está me encarando com pura luxuria. Não há indiferença.

            — Eu quero você... — Ele sussurra. A voz grave soa roucamente entre seu sussurro, ele me encara esperando uma resposta.

            — E... Eu...

            Eu não sei o que responder.

            Isso me toma completamente de surpresa, ele percebe isso. Porém continua me encarando fixamente, esperando sua resposta.

            — Acho que você não entendeu... — Edward sussurra novamente. — Eu quero você... De volta.

            — O quê? — Minha cabeça gira um pouco.     

            Ele acabou de me surpreender para caralho.

            — Você acha que eu voltei por quê?

            Ele saiu um pouco de cima de mim, puxando-me para sentar ao sofá. Edward não tirou seus olhos sob os meus nem por um segundo enquanto dizia. Ele não piscou, sua respiração não oscilou, ele não gaguejou. Aqui está um homem completamente convicto do que quer.

            — Eu cometi um erro. — Ele continuou. — Eu fui orgulhoso. Eu não tentei mais uma vez por achar que você não mudaria, eu passei dois anos pensando nisso. Em como poderia ter sido se eu tivesse dado outra chance a você.

             — Você pensou? — Aquilo era muito inacreditável para mim.

            — Você não pensou?

            É claro que eu pensei. Todos os dias antes de dormir e muitas vezes quando acordei e não o encontrei ao meu lado na cama.

            — Eu sei que você pode não querer isso e eu vim pronto para o não. Mas Bella... Você não faz ideia do quanto estou disposto a correr atrás de um sim.

            — Por quê? — Essa pergunta estava piscando como um refletor em minha mente.

            — Por quê? Pelo único motivo que me faria largar tudo e vir aqui, voltar para essa cidade. Porque eu amo você.

            Meus olhos estavam lacrimejando novamente. O medo passou por mim acompanhado de muitas outras emoções. O tempo parecia parar. Eu via o rosto de Edward tomado pela ansiedade, enquanto esperava que eu dissesse alguma coisa. Qualquer coisa, até mesmo não.

            — Eu também amo você... — Mas eu respondi a única coisa que eu poderia dizer.

            O sorriso que escapou dos lábios dele logo estava estampado nos meus lábios também. Ele me abraçou tão forte e era por esse abraço que eu estive esperando por dois anos. Era por este abraço que eu chorava mesmo depois de muito tempo. Era falta desse cheiro, que nenhum outro homem poderia se capaz de substituir.

            — Eu morri de saudades de você... — Ele disse, praticamente adivinhando o que eu estava pensando. — Eu não quero deixar você nunca mais. Eu vou ser o seu amigo, seu namorado... O que você desejar.

            — Por hora... Eu só desejo ir para casa... Com você...

            Meu rosto enrubesceu com essa declaração, mas Edward pareceu apreciar isso.

            E eu só queria tê-lo. Sem cobranças, exigências, sem planos... Só queria eu e ele, esse momento, a sós... E que se eternizasse em uma lembrança maravilhosa.

Se daria certo? EU não sei... Se seria difícil? Não faço ideia. Se era insano? Talvez um pouco. Se eu queria? SIM, SIM, SIM!

Esse amor deixou uma marca permanente

Esse amor é brilha no escuro

Estas mãos tiveram de deixá-lo livre

E esse amor voltou para mim

Fim!


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Notas finais do capítulo

Essa sugestão foi enviada pela leitora Vitoria Gomes! Obrigada Vii!



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