A volta de Chihiro...

Essa simples frase, parecia ter uma definição muito diferente de simples, era algo complexo, enigmático em algum contexto, e sem sombra de dúvidas, era algo que ele ansiava mais do que ser aprendiz de feiticeiro. Ela voltar para aquele lugar, era algo que ele esperou durante uma década, e ela...

Ela não veio, não sabia dizer se podia a culpar, passar por tudo aquilo que ela passou e querer voltar, teria que ter um ótimo estômago pra digerir todas as loucuras que aconteceram com ela, ver os pais se tornarem porcos, quase perder seu nome, o nome mais lindo que ele havia escutado e tido o prazer de escrever todos os dias em suas aulas de Kanji, era algo que ele não entendia, pelo menos naquela época. Hoje ele sabia o que significava aquela frase Kamaji, ‘’- Nada pode segurar o amor –‘’.

Era algo curioso também. Ele era uma criança na época, apesar de ser muito velho, ele ainda pensava como uma criança, e o mais engraçado é que assim que ela se foi seus pensamentos se desenvolveram a uma proporção imensa, ele era grato a Chihiro, em muitas coisas, a ajuda dela para recuperar seu nome, era uma delas.

Kohaku não sabia dizer se ele a veria de novo, mas quando ele se pegava pensando nela, ela voltava magicamente, como um feitiço que ele levou anos pra dominar, e que agora sempre usava, em constância, era algo próprio dele, algo que ele aprendeu sem a ajuda das duas velhas irmãs.

Foi divertido a reação de Yubaba ao perceber quem era o bebê, nada mais que o rato que ela desprezava, lhe rendeu boas lágrimas, e ela ficou irada, e ele tratou de voar pra longe dali, afinal a mulher estava expelindo fogo pela boca e seus cabelos estavam avoados.

Foi divertido, foi...

Mas agora não era mais divertido, a diversão morreu nele, ao menos um pouco, Lin se tornou uma ótima confidente dele, ambos choravam ás vezes ao se lembrar da boa vontade de Chihiro para com seus pais, e ambos a invejavam no início por ela ter conseguido voltar para o lugar de onde veio, mas logo entenderam que isso não era mais nada do que o merecido para uma pessoa como ela, com um coração sem ganância e sem interesses próprios, ela só queria seus pais.

Deve ser por isso que ‘’ Sem Rosto’’ se interessou nela, a última vez que ele o viu foi na casa da irmã de Yoruba, Aogaeru, uma irmã idêntica a Yoruba, apenas com um humor mais lascivo... Talvez muito mais, ele pensava isso dela.

Mas ele mudou de opinião sobre ela alguns anos atrás. Quando eles tiveram uma conversa sobre Chihiro.

Ela talvez, quando fosse independente e muito mais velha, voltaria aquele lugar, onde com certeza todos estariam esperando por ela.

Onde todos a receberiam muito bem dessa vez, onde ele ficaria com ela.

Mas por enquanto, a volta dela estava apenas na sua cabeça, não aconteceu mais, durante muito tempo, mas aí uma frase surgiu em sua cabeça, algo que lhe rendeu um sorriso e o deixou dormir a noite muito melhor do que todas as noites nos anos que ela se foi.

- Nada que acontece é esquecido, mesmo que não seja lembrado... – ele repetiu pra si mesmo, se virando e deixando o cobertor de lado, dando um suspiro alegre, em muitos tristes que ele costumava fazer. – Você já veio para cá, e eu nunca esquecerei disso, Chihiro...