Dear America escrita por Yuma Ashihara


Capítulo 4
Carta 4




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03 de agosto de 1941

Querido América,

eu não posso me prolongar, então eu irei resumir. Eu quero ver você pela ultima vez antes de morrer. Há cerca de um ano que não lhe envio novas cartas e não é porque não quero, e sim porque não tive oportunidades para fazê-lo. Neste mesmo momento estou pegando nesse pedaço de papel pela enésima vez e escrevendo praticamente uma palavra por dia.

A situação está pior do que todos imaginaram, eu vi homens morrendo de formas terríveis e presenciei atrocidades que jamais imaginei que pudessem ser realizadas com outro ser humano. Do fundo da minha alma, mais do que nunca, espero que esteja distante de todo esse inferno desumano. Parece até mesmo um enredo de um livro de terror e horror, porém com imagens coloridas que se movem e sons tão altos que quase estouram meus tímpanos.

Minha audição também não é mais a mesma, o que me prejudica no campo de batalha. Uma bomba inimiga explodiu próximo de onde estava há alguns dias e, sinceramente, pensei que fosse morrer naquele momento apenas pelos ferimentos infernais que se abriram em meu corpo por conta dos estilhaços. Por isso minha caligrafia está pior que o normal.

Alfred, eu ainda carrego a sua foto no bolso esquerdo da minha farda e fico olhando para ela sempre que tenho um tempo livre entre as trocas incessantes de tiros e a hora da comida. Ontem de madrugada, por exemplo, fiquei me martirizando durante horas enquanto me lembrava daquela cerveja não tomada, daquele filme não assistido e daquela viagem não feita. Eu deveria ter feito mais coisas com você, hoje eu me arrependo amargamente de sempre ter deixado para depois, para outro dia, para quando você criasse maturidade suficiente.

Não farei pedido algum dessa vez Alfred, esta carta é apenas uma prevenção, pois tenho certeza de que não conseguirei me despedir de você pessoalmente. Por mais que eu não consiga resumir aqui tudo o que eu tenho para lhe dizer, sinto-me na obrigação de te deixar minhas palavras finais. Aquelas que eu deveria ter lhe dito há muito tempo.

Eu te amo, Alfred, desde o dia em que te encontrei no Novo Mundo.

Atenciosamente,

Arthur Kirkland.

The United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland.


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